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domingo, 20 de dezembro de 2009

Saiba o que fazer com óleo de cozinha reciclado





O sabão em barra é o principal produto obtido, mas também é possível fazer biocombustível e resina para tintas. Além de reaproveitar os materiais, a reciclagem do óleo também preserva o meio ambiente (veja o infográfico), porque evita a poluição das águas, a morte da fauna aquática, a contaminação do solo e o efeito estufa.

DESCARTE ERRADO
No ralo
Quando é jogado no ralo da pia da cozinha, o óleo causa muitos males. O primeiro deles é o entupimento dos canos da residência.

Na água
Se descartado em rios ou lagos (ou se o esgoto não é tratado), 1 litro de óleo pode contaminar 1 milhão de litros de água.

No solo
O óleo pode impermeabilizar a terra e agravar o efeito estufa, pois sua decomposição libera gás metano.

RECICLAGEM

Purificação
Primeiro, o óleo usado para fritar alimentos é filtrado para ficar sem impurezas. Em seguida, é aquecido a 60ºC, em média.

Ativos Químicos
Ao atingir a temperatura, é levado a um misturador e filtrado novamente. São então adicionadas soda cáustica e outras substâncias.

Produto final
O líquido é colocado em fôrmas para esfriar e secar. Com a massa solidificada, são feitos cortes a fim de criar as barras de sabão.

Principais pontos do Acordo de Copenhague:

Terminou oficialmente neste sábado, 19 de dezembro, a 15a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que teve como principal resultado o “Acordo de Copenhague”, elaborado por um alguns países na noite de sexta-feira e formalmente aceito pela ONU. Sem aprovação unânime, o acordo terá como anexo uma lista de países contrários a ele. A iniciativa de “tomar nota” foi a saída encontrada para que o documento tenha status legal suficiente e seja funcional, sem que seja necessária a aprovação pelas partes. Segundo o jornal dinamarquês ‘Berlingske”, o presidente COP15, primeiro-ministro dinamarquês Lars Løkke Rasmussen, está satisfeito com desfecho. “Temos conseguido resultados. Agora, as nações terão que assinar o acordo, e se o fizerem, o que foi acordado terá efeito imediato”, destacou. O otimismo do primeiro-ministro dinarmaquês não é o mesmo de muitos líderes. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já na tarde da sexta-feira, 18/12, havia anunciado sua frustração com a conferência do clima. “Se a gente não conseguiu fazer até agora esse documento, eu não sei se algum anjo ou algum sábio descerá neste plenário e irá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até agora”, alertou o presidente brasileiro. Já para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que nos momentos finais chefiou a delegação brasileira, o acordo é insuficiente para que os países, principalmente os mais pobres, tenham condições de agir de forma efetiva. De acordo com o texto, os países ricos se comprometeram a doar US$ 30 bilhões, nos próximos três anos, para um fundo de luta contra o aquecimento global. O acordo prevê US$ 100 bilhões por ano, em 2020. "Isso aqui é insuficiente, vamos continuar a luta pelo planeta", disse Minc. O ministro Carlos Minc ressaltou que esse valor que será colocado no fundo até 2012 - US$ 10 bilhões por ano - é menos do que o Brasil vai gastar para atingir sua meta voluntária de reduzir em até 39% das emissões de gases de efeitos estudo, até 2020. Ele explicou que para atingir sua meta, o Brasil vai gastar US$ 16 bilhões por ano. "Esse valor de US$ 30 bilhões para todos é menos do que o Brasil sozinho vai gastar para cumprir as nossas metas, aprovadas pelo nosso parlamento", destacou Minc. O documento diz ainda que os países desenvolvidos se comprometeram em cortar 80% de suas emissões até 2050. Já para 2020, eles apresentaram uma proposta de reduzir até 20% das emissões, o que está abaixo do recomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que sugere uma redução entre 25% e 40% até 2020. Para a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e membro do IPCC, Suzana Kahn, o resultado da COP15 foi decepcionante, uma vez que os chefes de estado discutiram mais a questão econômica das nações ricas e emergentes e se esqueceram daqueles que vão sofrer dramaticamente os efeitos da mudança climáticas. "Existem muitos países africanos, por exemplo, que irão sofrer demais com o aumento da temperatura. No entanto, parece que a discussão tomou um viés econômico e político, o que eu acho muito preocupante. A questão climática ultrapassa a fronteira ambiental. É uma questão de desenvolvimento, de justiça, de equidade", afirmou Suzana Kahn. Principais pontos do Acordo de Copenhague: - O acordo é de caráter não vinculativo, mas uma proposta adjunta ao acordo pede para que seja fixado um acordo legalmente vinculante até o fim do próximo ano. - Considera o aumento limite de temperatura de dois graus Celsius, porém não especifica qual deve ser o corte de emissões necessário para alcançar essa meta - Estabelece uma contribuição anual de US$ 10 bilhões entre 2010 e 2012 para que os países mais vulneráveis façam frente aos efeitos da mudança climática, e US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para a mitigação e adaptação. Parte do dinheiro, US$ 25,2 bilhões, virá de EUA, UE e Japão. Pela proposta apresentada, os EUA vão contribuir com US$ 3,6 bilhões no período de três anos, 2010-12. No mesmo período, o Japão vai contribuir com US$ 11 bilhões e a União Europeia com US$ 10,6 bilhões. - O texto do acordo também estabelece que os países deverão providenciar "informações nacionais" sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, por meio de "consultas internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos". - O texto diz: "Os países desenvolvidos deverão promover de maneira adequada (...) recursos financeiros , tecnologia e capacitação para que se implemente a adaptação dos países em desenvolvimento" - Detalhes dos planos de mitigação estão em dois anexos do Acordo de Copenhague, um com os objetivos do mundo desenvolvido e outro com os compromissos voluntários de importantes países em desenvolvimento, como o Brasil. - O acordo "reconhece a importância de reduzir as emissões produzidas pelo desmatamento e degradação das florestas" e concorda promover "incentivos positivos" para financiar tais ações com recursos do mundo desenvolvido. - Mercado de Carbono: "Decidimos seguir vários enfoques, incluindo as oportunidades de usar is mercados para melhorar a relação custo-rendimento e para promover ações de mitigação.

Síntese das ações e debates no Klimaforum09, Copenhague

O Klimaforum09, evento que ocorreu paralelamente a COP15 em Copenhague, foi organizado para as pessoas comuns. Ao contrario da COP15, no Klimaforum09, os seus frequentadores estavam ali por compartilharem os mesmos ideais, dividir experiências e encontrar soluções construtivas para a crise das mudanças climáticas. Ao final, um relatório será entregue à COP 15. O Klimaforum09 foi elaborado com o objetivo de ser um espaço aberto, pensante, intenso, vivo. Foi baseado na crença de que a luta contra mudanças climáticas requer mais que tecnologias e sim, novas formas de pensamento, novos valores culturais, novas formas de organizar a sociedade. O fórum representou a união, diferentemente da COP 15, onde somente as divergencias se sobressairam. Durante a sua existência, ocorreram mais de 150 debates, palestras, workshops, alem de exposições nas suas diversas salas, discussões, mesas redondas, filmes, musica e deliciosa comida orgânica local. Definitivamente, pode ser considerado o maior evento aberto do planeta dedicado`a mudanças climáticas. O Klimaforum09 não e uma organização e sim a representação de todas as organizações, movimentos sociais, cidadãos, cientistas, comunidades, artistas, escritores, ativistas e curiosos, enfim todos aqueles comprometidos com a crise climática. E vale ressaltar, o nível altíssimo de seus palestrantes, sem desconsiderar o debate promovido por diversas organizações sociais de diferentes paises, mas passaram por lá Naomi Klein (em seu discurso de abertura ressaltou que o Bella Center era o maior exemplo de desastre do capitalismo), Vendana Shiva, o Presidente Nasheed das ilhas Maldivas, Tim Jackson, Marina Silva (que durante seu discurso foi intensamente aplaudida), Nnimmo Bassey, George Mombiot entre muitos outros ambientalistas. Os temas abordados foram abrangentes, inteligentes e interdisciplinares, tratando de questões indígenas, florestas, consumo, capitalismo, carbono zero, transporte, a destruição da floresta amazônica, justiça, democracia, direitos humanos, movimentos populares, desenvolvimento sustentável, energia, pobreza, o consumo de carne, o papel da mulher, o mercado de carbono, segurança alimentar, biocomumbustível, ética, educação e REDD. Temas estes, apresentados sob diferentes perspectivas e cenários. Um dos pontos altos do Klimaforum09 foi a Marcha de 12/12. O fórum se tornou o ponto de encontro para todos aqueles que participaram da maior ação de mobilização internacional. Tal demonstração contou com mais de 100.000 pessoas de todos os cantos do mundo e 530 organizações de 67 paises, além dos próprios cidadãos de Copenhague que aderiram a marcha. Acredito que o Klimaforum09 provou, através de suas ações (depois de duas semanas, o fórum passou a ter vida própria) que a discussão não e mais climática, mas sim, sobre a própria existência humana. Foi evidenciado, como os nossos hábitos afetam o planeta em que vivemos em todas as esferas, de tal maneira que seres humanos estão morrendo e ecossistemas desaparecendo. Nenhuma novidade até então, contudo, o modo em que estas questões foram abordadas e discutidas foi inovativo, abrangente, multicultural e participativo. Os delegados da COP 15 deveriam dividir experiências com os participantes do KlimaForum09. Certamente, o KlimaForum09 foi muito mais construtivo do que a COP 15. A verdade é que não existe uma solução global para mudanças climáticas e as ações contra essa crise começam dentro de casa. Cada um de nós pode contribuir com a sua parte. A mudança depende, também, de todos nós e não tão somente de decisões políticas. Entretanto, o KlimaForum09 demonstrou, felizmente (e diferentemente da COP 15), que muitas pessoas estão dispostas a mudar, a quebrar o paradigma. Outrora, ainda ouvíamos dizer que devemos construir um mundo melhor para nossos filhos. Contudo, chegamos ao limite em que nossos filhos não podem mais esperar. Salve o Clima, Salve o Homem. Esta era a frase escrita em muitos cartazes que circularam pelas ruas de Copenhague. Entenda-se ai, um Homem integrado com o Ambiente em que vive, respeitando todos os seres vivos do planeta Terra. O KlimaForum09 foi um exemplo de solidariedade. Aquele amigo que te abraçou e te amparou, te iluminou com um facho de esperança. Exatamente o oposto do que se viu na COP 15. Nossos representantes políticos precisam freqüentar mais eventos como este, pois quem sabe assim, eles aprendem a serem mais humanos, dignos, solidários e comprometidos com suas obrigações. Obrigado a todos que fizeram desse fórum um dos maiores eventos construtivos do planeta. O debate, a troca de idéias sob diferentes pontos de vista, a circulação de informação são essenciais para o fortalecimento dos cidadãos e dos movimentos sociais. E como salientou o Presidente Nasheed das ilhas Maldivas, “somente os movimentos sociais tem o poder de salvar o planeta”. *Priscila Salvino, advogada, gestora ambiental e ativista do Friends of the Earth, Londres. priscilasa{at}hotmail.co.uk

COP 15 fracassou como esperado.


Descontando as bravatas, os impasses, os jogos de cena, etc., a COP 15 caminhou ‘resolutamente’ para lugar algum, como muitos já haviam adiantado.

Diante do fracasso é irrelevante discutir se os EUA e China não cederam um único milimetro, além dos interesses dentro de suas próprias fronteiras.

Algumas, questões, entretanto ficaram muito visíveis:

1) Ninguém colocou em debate o atual modelo de desenvolvimento, predatório por definição. Sem esta discussão, continuaremos discutindo como tratar câncer com placebo.

As únicas e honrosas exceções foram Luiz Inácio da Silva e Evo Morales.

Evo Morales, presidente da Bolívia, que tomou a palavra para manifestar contrariedade com a forma como um acordo sobre o clima estava sendo discutido por um pequeno grupo de líderes do mundo no último minuto. “Quem é responsável?” ele perguntou. E concluiu: “A responsabilidade recai sobre o sistema capitalista -, temos de mudar o sistema capitalista”.

O presidente Luiz Inácio da Silva, de sua parte, em discurso duro, criticou, com todas as letras, o comportamento dos países ricos e em desenvolvimento para se chegar a um acordo sobre as mudanças climáticas. “Estamos dispostos a participar do financiamento se nos colocarmos de acordo aqui em uma proposta final, mas não estamos de acordo que as figuras mais importantes do planeta Terra assinem qualquer documento para dizer que assinamos.” disse

2) De fato e formalmente, apenas foram fixados os padrões e valores para os projetos REDD, o que comprova a falsidade ideológica do ‘capitalismo verde’, tendo em vista que aprovou-se critérios para ‘recuperação de degradação’, o que abre caminho para as monoculturas e nada se acordou para os serviços ambientais das florestas em pé;

3) O tal ‘fundo’ é um complemento dos projetos REDD porque ele não ‘financiará’ mudanças nas matrizes energéticas, não financiará energias alternativas, apenas ‘projetos’ de ‘adaptação’. É evidente que boa parte destes recursos será absorvida pela transferência de tecnologia, o que interessa às maiores e mais tecnológicas economias. De novo, é mais uma ação do tal capitalismo verde;

4) e por último ninguém discutiu ou aprovou ações ou fundos de redução de danos para os países pobres.

Os senhores do mundo pouco se importam que, atualmente, a insegurança alimentar pese sobre 1 bilhão de pessoas ou que 1,5 bilhão não tenha acesso à água tratada e saneamento. Por que se importariam se, em 2050, 1/4 da população do planeta sofra com a desertificação, as secas, a fome, as doenças e as ondas de calor?

É inútil querer discutir metas de CO2 passando ao largo de um modelo de desenvolvimento predatório, insustentável e excludente em sua essência.

O capitalismo gera desequilíbrios em inúmeros aspectos. Para os ricos as doutrinas de hegemonia econômica, segurança interna e garantia de uso dos bens naturais não podem ficar na corda bamba. As decisões deveriam ser de baixo para cima e não o inverso.

Segundo Desmond Tutu, arcebispo sul-africano “Os que tomam as decisões sobre a mudança climática são os mesmos que a causaram“. Então, como fica a responsabilidade histórica dessa devastação da natureza? Eles mentiam e mentem quando não aceitam a pura verdade e vão em rota de colisão com a maioria da população mundial.

Ninguém está disposto a reduzir a demanda crescente de energia elétrica, mesmo que isto signifique mais barragens, mais termelétricas a carvão, gás ou nuclear, represando ou vaporizando volumes imensos de recursos hídricos cada vez mais escassos. Todos concordam com este “sacrifício”, desde que ele seja no quintal do vizinho.

Nosso delírio consumista já consome o equivalente a 1,4 planeta a mais do que temos. E ninguém está disposto a reduzir o padrão de consumo.

E não adianta fugir do assunto, porque, cedo ou tarde, enfrentaremos as consequências de nossa hipocrisia. Ou, para ser mais exato, nossos netos enfrentarão as consequências de viver em um planetinha horrível.

Se optamos por nada mudar, por que esperamos que a COP 15, como incontáveis outros convescotes ambientais internacionais, tivesse um resultado diferente do que mais um estrondoso fracasso.

Todos os governos decidiram nada decidir, porque é o mesmo que todas as pessoas, hipocrisias à parte, também decidiram.

O risível ‘Acordo de Copenhague’ firmou o ‘compromisso’ de empreender esforços para manter o aquecimento global médio em no máximo 2ºC, tido como o limite máximo aceitável. Isto no entanto significará imensos custos sociais e ambientais, como discutimos no editorial “Os reais ‘custos’ de manter o aquecimento global médio em no máximo 2ºC“.

O argumento, amplamente usado por ricos e emergentes, de que as medidas mitigadoras do aquecimento global e a redução das emissões de gases estufa implicariam em pesados custos econômicos é estúpido porque este custo será pago de uma forma ou de outra. A diferença é que nossos netos estarão pagando muito mais caro para apenas tentar sobreviver.

Ê evidente que a redução das emissões de gases estufa e a opção por um modelo sustentável implicarão em pesados custos sociais e econômicos, mas não temos outra alternativa para garantir a vida no planeta.

Talvez ainda tenhamos uma nova chance na COP 16, na cidade do México, em dezembro de 2010. Talvez…

Por Henrique Cortez, do EcoDebate, 19/12/2009, com a colaboração de Carol Salsa.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Veneno à nossa mesa: Produtor usa mais agrotóxico que o necessário




Um estudo [Farm History, Insecticide Use and Risk of Autoimmune Rheumatic Disease in the Women's Health Initiative Observational Study] recente mostra que as mulheres que usam inseticidas possuem elevado risco de desenvolvimento de doenças auto-imunes, como artrite reumatoide e lúpus. Os resultados do estudo, ainda não publicado, foram apresentados, em 17 de outubro de 2009, durante a reunião anual do Colégio Americano de Reumatologia, realizada em Filadélfia, PA, EUA.
Para José Roberto da Ros, diretor do Sindag, agrônomo tem que ser responsável-técnico e não “apenas receitador”

Os produtores rurais brasileiros têm usado mais agrotóxicos do que seria necessário para combater as pragas e doenças em suas lavouras. Ao vincular o receituário dos engenheiros agrônomos à dosagem recomendada nos rótulos dos produtos, a atual Lei de Agrotóxicos mantém aberta essa brecha que estimula um alto consumo de químicos no país.

“O agrônomo não pode receitar doses menores de defensivos porque a Lei nº 7.802, de 1989, exige a dose completa do rótulo. Os veterinários podem fazer, mas os agrônomos não podem”, afirmou o coordenador de Controle de Resíduos e Contaminantes Vegetais do Ministério da Agricultura, Carlos Ramos Venâncio. Em 2008, os produtores gastaram US$ 7,12 bilhões para adquirir 734 mil toneladas de agrotóxicos no Brasil. Reportagem do Valor Econômico.

Impacto do agronegócio sobre ambiente e saúde: desafios à produção de conhecimento
O grupo de trabalho (GT) Saúde e Ambiente da Abrasco convocou, na manhã de domingo (1/11), um debate sobre o processo produtivo do agronegócio e suas relações e consequências para a saúde pública e o meio ambiente no IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Na mesa, coordenada pela pesquisadora da Universidade Federal do Ceará, Raquel Rigotto, os palestrantes Vicente Almeida (Embrapa), Marcelo Firpo (ENSP/Fiocruz), Wanderlei Pignati (UFMT) e Lia Giraldo (CPqAM/Fiocruz) falaram do macrofenômeno do agronegócio e sua relação com a economia, a produção industrial, a política, a pesquisa e a necessidade de transição para um novo modelo agroecológico no país.

Acre deve adotar medidas efetivas de atendimento a vítimas do DDT
Responsáveis poderão ser presos em flagrante caso persista a morosidade no cumprimento das decisões judiciais

O juiz federal David Wilson de Abreu Pardo exarou decisão acolhendo manifestação do Ministério Público Federal no Acre (MPF/AC) na ação civil pública que trata da prestação de atendimento a servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) vitimadas pelo contato com o DDT. A decisão foi motivada por pedido do MPF/AC para que houvesse efetivo cumprimento de ordens judiciais anteriores para a formulação do plano de atendimento e indicação de entidade idônea para o diagnóstico dos possíveis enfermos. São réus na ação o estado do Acre, a União e a Funasa.

Agrotóxicos: Censo Agropecuário constatou 25 mil casos de intoxicação de agricultores
No país que é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, os casos de intoxicação aguda e crônica são pouco registrados. Censo Agropecuário constatou 25 mil casos de intoxicação de agricultores, 300% acima das notificações oficiais.

No campo, o envenenamento diário com os agrotóxicos – José Faria Pinto, de 55 anos, Márcia Cristina Tayt-Sohn, 47 anos, Norival Ferreira da Silva, 39 anos, Sonia Maria de Oliveira, 39 anos. Quatro histórias de vida de agricultores ligadas pelo mesmo drama: a intoxicação por agrotóxicos, que usam desde a infância. Reportagem de Cássia Almeida, no O Globo, 25/10/2009.

Censo Agropecuário 2006: Quase 80% de proprietários rurais usam agrotóxico
O uso de agrotóxicos nas propriedades rurais brasileiras é mais comum em unidades dirigidas pelos proprietários. De acordo com dados do Censo Agropecuário 2006 esse número chega a 78,4%, e o equipamento mais usado é o pulverizador costal (69,1%), que tem maior potencial de exposição. Além disso, em mais da metade das unidades onde a prática foi verificada, os responsáveis não receberam orientação técnica (56,3%) do governo, cooperativas ou da iniciativa privada.

Mudanças Climáticas: Degelo ameaça reservas de água na Bolívia


Na Bolívia, água e gelo contam uma história de mudança climática.
As geleiras que há muito fornecem água e eletricidade para esta parte da Bolívia estão derretendo e desaparecendo, vítimas do aquecimento global, segundo a opinião da maioria dos cientistas. Reportagem de Elisabeth Rosenthal, em El Alto (Bolívia), The New York Times.

Se o problema da água não for resolvido, El Alto, uma cidade pobre vizinha a La Paz, poderá talvez transformar-se na primeira grande baixa urbana causada pelo aquecimento global. Um relatório do Banco Mundial concluiu no ano passado que a mudança climática acabaria com várias geleiras nos Andes dentro de 20 anos, ameaçando a existência de quase 100 milhões de pessoas.

Os líderes mundiais há muito concordam que os países ricos precisam fornecer dinheiro e tecnologia para ajudar as nações em desenvolvimento a adaptarem-se a problemas que, em grande parte, foram criados por chaminés de fábricas e canos de descargas de veículos em lugares muito distantes. Mas os detalhes dessa transferência – que países arcarão com as despesas, quanto será pago e para que tipos de projetos – ainda continuam sendo fonte de polêmica.

“Temos um grande problema, e nem mesmo dinheiro resolverá isso completamente”, afirma Pablo Solon, o embaixador da Bolívia na Organização das Nações Unidas (ONU). “O que pode fazer um país se as suas geleiras desaparecerem ou, no caso de nações insulares, se ele ficar debaixo d’água?”.

Cientistas dizem que dinheiro e projetos de engenharia poderiam resolver os problemas de falta d’água de La Paz e El Alto, com projetos que incluiriam um reservatório bem planejado. As geleiras em torno das cidades proporcionaram basicamente reservas naturais de baixa manutenção, coletando água na curta estação chuvosa e liberando-a durante a estação seca para o uso da população e a geração de energia elétrica. Mas, com a elevação das temperaturas e as alterações dos regimes pluviométricos, essas geleiras não suprem mais estas necessidades.

“Os efeitos estão aparecendo muito mais rapidamente do que nós podemos responder a eles, e são necessários de cinco a sete anos para a construção de um reservatório. Não sei se temos tanto tempo”, adverte Edson Ramirez, um glaciologista que há duas décadas documenta e faz previsões sobre a redução do tamanho das geleiras. Ultimamente, essa redução tem superado as suas previsões mais pessimistas. Por exemplo, ele previu que uma da geleiras, a Chacaltaya, duraria até 2020, mas ela desapareceu completamente neste ano. Em 2006, ele afirmou que a demanda por água em El Alto superaria a oferta até 2009. Isso de fato aconteceu.

Nos últimos anos, a vida dos bolivianos tem sido castigada por uma série quase bíblica de fenômenos climáticos rigorosos, muitos dos quais, segundo os cientistas, estariam vinculados à alteração climática – embora atualmente seja difícil provar isso, já que países pobres como a Bolívia contam com poucos dados científicos de longo prazo. Neste ano o sol foi tão intenso e as temperaturas foram tão elevadas que que as mães indígenas viram os filhos de pele escura sofrer queimaduras solares. Uma seca matou 7.000 animais e deixou quase 100 mil doentes.

Os países desenvolvidos concordam que têm a obrigação de ajudar a aliviar esses problemas, mas muitos deles hesitam em fornecer verbas, em parte porque os países pobres têm poucos planos concretos para enfrentar os problemas climáticos. Por exemplo, os efeitos das alterações climáticas ainda não foram analisados nem quantificados pela Epsas, a companhia de água.

Mas com pouco dinheiro e conhecimento técnico, é difícil projetar um novo reservatório gigante ou um sistema para a transferência de água para diferentes partes do país.

“Os pobres da Bolívia não são responsáveis por aquilo que está ocorrendo com a geleira, mas são eles os que sofrem mais, e infelizmente o governo não tem um plano concreto”, opina Edwin Torrez Soria, um engenheiro da Aqua Sustentable, que trabalha nas vilas próximas à geleira Illimani.

Neste ano, os últimos dias de novembro proporcionaram um pouco de alívio e a estação chuvosa começou, embora com um atraso de um mês. A torneira em frente à casa de Celia Cruz voltou a fornecer água.

Mas a chuva que costumava suprir as geleiras de gelo, agora, com frequência, só faz com que aumentem as enxurradas, já que a temperatura está muito elevada para que a água congele.

“Neste momento estamos vivendo com uma quantidade de água adicional, proveniente do derretimento da geleira, que daqui a alguns anos não estará mais disponível”, diz Hoffmann, do programa de mudança climática. “Isto não é irônico?”.

Jean Friedman-Rudovsky, em El Alto, Bolívia, contribuiu para esta matéria

Educação Ambiental, Mudanças de Comportamento e o novo Acordo Climático, artigo de Valdir Lamim-Guedes


[EcoDebate] A Educação Ambiental (EA), tendo por base a alfabetização ecológica, conforme colocada por Fritjof Caprai como a assimilação de princípios ecológicos para o entendimento dos problemas ambientais e soluções destes, é uma das principais ferramentas para a sustentabilidade planetária. Além da EA, o desenvolvimento e adoção de novas tecnologias menos impactantes, com a redução das emissões de poluentes e uma menor extração de recursos naturais, aliada a uma nova conduta da política, com a valorização das pessoas, principalmente, as excluídas socioeconomicamente, são outros fatores integrantes desta busca pela sustentabilidade planetária. Assim, é parte inerente da EA as mudanças de comportamento, como por exemplo, atuar na diminuição do consumo, tomar atitudes menos poluidoras, reduzir o uso do carro, dar preferência aos transportes públicos, comprar produtos socialmente justos e produzidos de maneira mais limpa.

Apesar deste papel central da EA, esta não tem sido alvo dos debates na COP15. As negociações estão baseadas apenas em soluções técnicas para a redução da emissão dos Gases causadores de Efeito Estufa (GEE), com a criação de mecanismos financeiros, como o REDD, e o desenvolvimento e transferência de tecnologia para mitigação e adaptação as mudanças climáticas.

A atual crise não é apenas ambiental ou econômica, e sim civilizatória. A cultura do consumismo leva as pessoas a ignorarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente e sobre a sociedade. O meio ambiente é atingindo por causa da extração de matérias-primas e por receber os dejetos da produção dos bens de consumo. A sociedade é atingida porque é impossível que todas as pessoas consumam como uma pessoa rica, este nível de consumo está baseado nas desigualdades sociais, já que algumas pessoas acumulam riqueza, enquanto muitas pessoas mal têm condições para manter um consumo calórico diário adequado, traduzindo em números, cerca de 1 bilhão de pessoas estão subnutridas no mundo inteiro (uma em cada seis pessoas).

O combate a estas desigualdades, incentivando a justiça socioambiental, deveria ser um dos carros chefes do debate sobre clima, porque os mais atingidos pelas mudanças climáticas serão os mais pobres (africanos e habitantes de países-ilha) e os maiores impactos ambientais são causados, em sua maioria, por uma minoria rica.

Com este discurso pode-se questionar que a melhoria de vida das pessoas irá levá-las a consumir mais, passando a exercer uma pressão maior sobre o meio ambiente? A resposta é sim. Porém, é justamente aí o desafio, uma maior igualdade entre as pessoas reduzirá o impacto ambiental dos ricos, por outro lado, aumenta o impacto ambiental das pessoas mais pobres. Mas, em resposta a este problema, deve-se buscar estratégias de combate ao consumismo, lembrando que, é justamente o consumismo que mantém o capitalismo e o nível atual da exploração dos recursos naturais.

Desta forma, o novo acordo climático, além de criar estratégias técnicas e financeiras para mitigação e adaptação as mudanças climáticas, deve também ter um forte compromisso pela inclusão de todas as pessoas no processo de respostas às mudanças climáticas e outras questões ambientais. Por que não cada pessoa ter a sua meta de redução da emissão de GEE? Isto pode integrar políticas públicas e institucionais?

Ao invés disto, focam o debate em soluções tecnológicas, caras e, em muitos casos, ainda utópicas ou em desenvolvimento, sem a certeza de que irão funcionar. Este tipo de discurso está intrinsecamente ligado à idéia de que poderemos responder às mudanças climáticas apenas com as novas tecnologias, que o padrão de consumo e outros comportamentos (transportes, por exemplo) não precisam ser alterados.

Uma evidência de que o avanço tecnológico nem sempre é a melhor solução para os problemas enfrentados atualmente é a crise dos alimentos, que não é conseqüência das fracas colheitas a nível global, mas causada pela crise econômica mundial, que tem reduzido rendas e oportunidades de emprego e restringindo o acesso aos alimentos por parte da população mais pobre. Existe uma relação direta entre a crescente mecanização da produção agrícola e o aumento da fome, como conseqüência da concentração da propriedade e da renda. O uso de máquinas deveria atender a produção de alimentos, priorizando o ser humano e não o lucro, já que os alimentos têm sido vistos como commodity, sendo um artigo de especulação negociado em mercados futuros, sem qualquer relação com a demanda real da populaçãoii.

É possível reduzir a nossa pegada ecológica e, ainda assim, alcançar melhores condições de vida para todos de forma sustentável. Esta conquista está visceralmente ligada ao processo de tomada de consciência ambiental, junto com mudanças individuais e coletivas de comportamento. Como já dizia Paulo Freire, reforçado pelo Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, a educação é um ato político! Desta forma, quando a EA engloba uma visão ampliada do meio ambiente, ou seja, considerado em sua totalidade, incluindo suas dimensões ecológicas, físicas, sociais, políticas, estéticas e econômicas ela passa a ser um fator de transformação da sociedade. Assim, a EA não deve ser ignorada durante esta ultima semana de negociações da COP15, sendo justamente o contrário, que ela passe a ser vista com uma das principais estratégias de combate as mudanças climáticas.

Valdir Lamim Guedes Junior
Mestrando em Ecologia de Biomas Tropicais
Universidade Federal de Ouro Preto

Cop 15 - CONFRONTOS EM COPENHAGUE - Leonardo Boff


“A visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos“, escreve Leonardo Boff, teólogo, constando que duas visões se confrontam em Copenhague.

Eis o artigo.

Em Copenhague nas discussões sobre as taxas de redução dos gases produtores de mudanças climáticas, duas visões de mundo se confrontam: a da maioria dos que estão fora da Assembléia, vindo de todas as partes do mundo e a dos poucos que estão dentro dela, representando os 192 estados. Estas visões diferentes são prenhes de conseqüências, significando, no seu termo, a garantia ou a destruição de um futuro comum.

Os que estão dentro, fundamentalmente, reafirmam o sistema atual de produção e de consumo mesmo sabendo que implica sacrificação da natureza e criação de desigualdades sociais. Crêem que com algumas regulações e controles a máquina pode continuar produzindo crescimento material e ganhos como ocorria antes da crise.

Mas importa denunciar que exatamente este sistema se constitui no principal causador do aquecimento global emitindo 40 bilhões de toneladas anuais de gases poluentes. Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas. Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo.

Ocorre que estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana.

Não passa pela cabeça dos representantes dos povos que a alternativa é a troca de modo de produção que implica uma relação de sinergia com a natureza. Reduzir apenas as emissões de carbono mas mantendo a mesma vontade de pilhagem dos recursos é como se colocássemos um pé no pescoço de alguém e lhe dissésemos: quero sua liberdade mas à condição de continuar com o meu pé em seu pescoço.

Precisamos impugnar a filosofia subjacente a esta cosmovisão. Ela desconhece os limites da Terra, afirma que o ser humano é essencialmente egoista e que por isso não pode ser mudado e que pode dispor da natureza como quiser, que a competição é natural e que pela seleção natural os fracos são engolidos pelos mais fortes e que o mercado é o regulador de toda a vida econômica e social.

Em contraposição reafirmamos que o ser humano é essencialmente cooperativo porque é um ser social. Mas faz-se egoísta quando rompe com sua própria essência. Dando centralidade ao egoísmo, como o faz o sistema do capital, torna impossível uma sociedade de rosto humano. Um fato recente o mostra: em 50 anos os pobres receberam de ajuda dois trilhões de dólares enquanto os bancos em um ano receberam 18 trilhões. Não é a competição que constitui a dinâmica central do universo e da vida mas a cooperação de todos com todos. Depois que se descobriram os genes, as bactérias e os vírus, como principais fatores da evolução, não se pode mais sustentar a seleção natural como se fazia antes. Esta serviu de base para o darwinismo social. O mercado entregue à sua lógica interna, opõe todos contra todos e assim dilacera o tecido social. Postulamos uma sociedade com mercado mas não de mercado.

A outra visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos.

Essa cooperação não é uma virtude qualquer. É aquela que outrora nos permitiu deixar para trás o mundo animal e inaugurar o mundo humano. Somos essencialmente seres cooperativos e solidários sem o que nos entredevoramos. Por isso a economia deve dar lugar à ecologia. Ou fazemos esta virada ou Gaia poderá continuar sem nós.

A forma mais imediata de nos salvar é voltar à ética do cuidado, buscando o trabalho sem exploração, a produção sem contaminação, a competência sem arrogância e a solidariedade a partir dos mais fracos. Este é o grande salto que se impõe neste momento. A partir dele Terra e Humanidade podem entrar num acordo que salvará a ambos

(Ecodebate, 17/12/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

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