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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Suicídio da agricultura

 
Se a agricultura brasileira não conseguir sustentar a impressionante trajetória das últimas décadas, será devido à incapacidade de resolver com inteligência o desafio do meio ambiente.
Talvez não haja na história econômica do Brasil nenhum exemplo tão indiscutível de transformação de eficiência e produtividade como na agropecuária. Essa modernização só se tornou possível graças à pesquisa tecnológica, que erradicou o pessimismo sobre a agricultura tropical.
 
A tecnologia, afirma-se, permitiria expandir a produção sem devastar mais a floresta e o cerrado que restam. Os 70 milhões de hectares de pastagens degradadas poderiam servir de reserva à expansão agrícola ou florestal.
 
Em teoria, tudo isso é verdade. Na prática, o que se vê é pouco. Sinais positivos como o aumento de produção em proporção maior do que a expansão da área plantada são largamente compensados pela destruição. De forma inexorável, a fronteira agrícola avança rumo ao coração da Floresta Amazônica.
O choque da devastação em Mato Grosso estimulada pelo projeto de lei aprovado na Câmara provocou a mobilização do governo em verdadeira operação de guerra. O resultado foi pífio: a destruição apenas se reduziu marginalmente.
 
Essa mesma desproporção entre esforços de preservação e resultados precários, geralmente revertidos logo depois, caracteriza o panorama de desolação em todas as regiões e em todos os biomas: mata atlântica, caatinga, Amazônia, cerrado, árvores de Carajás convertidas em carvão para o ferro-gusa.
As entidades do agro protestam que suas intenções são progressistas. Contudo o comportamento de parte considerável de seus representados desmente as proclamações. Mesmo em Estado avançado como São Paulo e lavoura rentável como a da cana, quantos recuperaram as matas ciliares de rios e nascentes?
 
Tem-se a impressão de reeditar o debate sobre o fim da escravatura. Todos eram a favor, mas a unanimidade não passava de ilusão.
 
É fácil concordar sobre os fins; o problema é estar de acordo sobre os meios e os prazos. Sempre que se falava em datas, a maioria desconversava: o país não estava preparado, era preciso esperar por futuro incerto e distante.
 
Em 1847, um agricultor esclarecido, o barão de Pati de Alferes, se escandalizava com a aniquilação da mata atlântica no manual prático que escreveu sobre como implantar uma fazenda de café: ‘Ela mete dó e faz cair o coração aos pés daqueles que estendem suas vistas à posteridade e olham para o futuro que espera seus sucessores’.
 
De nada adiantou: o café acabou devido à destruição dos solos. A joia da economia imperial deu lugar às cidades mortas fluminenses e paulistas. Não foi só naquela época. No auge da pecuária no Vale do Rio Doce, como lembra o ex-ministro José Carlos Carvalho, um hectare sustentava 2,8 cabeças de gado; hoje, mal chega a 0,6!
 
Produto do passado da erosão e da secagem das nascentes, o processo agora se acelera por obra do aquecimento global, que atingirá mais cedo e mais fortemente áreas tropicais como o Brasil. Sem compatibilização entre produção e ambiente, o destino da agricultura será o do suicídio dos fazendeiros fluminenses e do Rio Doce.
Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da Faap  e ministro da Fazenda no governo Itamar Franco. Artigo originalmente publicado pelo Gazeta do Povo.

Cidades enfrentam dilema da sustentabilidade frente ao aumento da população mundial

 
Qualquer criança que nasça em aproximadamente quatro meses poderá se transformar no habitante nº 7... bilhões da Terra, mas tudo indica que esse hipotético bebê nasceu na Índia, onde ocorrem por ano 27 milhões de partos. Em pouco mais de um século a população da Terra se multiplicou por quatro e continuará crescendo de forma vertiginosa por mais meio século ainda, até alcançar os 9 bilhões. Até pouco tempo atrás, a ONU considerava que esse seria o ápice e que a partir desse número começaria uma lenta e progressiva redução da população. Reportagem de Georgina Higueras, El País.
 
No entanto, agora afirma que o planeta abrigará 10 bilhões de pessoas no final deste século. O desafio não é só a alimentação, mas muito especialmente organizar cidades para que os abriguem.
 
Urbanistas, arquitetos e dezenas de milhares de especialistas estudam como enfrentar o desafio de adaptar as urbes a tal volume de habitantes. Contam ainda com outro fluxo adicional: os 3 bilhões de pessoas que nas próximas décadas deixarão o campo para buscar um futuro supostamente melhor na cidade. E tudo isso dentro do temor cada dia mais generalizado da mudança climática e das catástrofes naturais que provoca, desde secas horrendas a inundações selvagens que se tornam cada vez mais frequentes conforme a Terra se aquece e aceleram a fuga do campo para a cidade.
 
O arquiteto e sociólogo José María Ezquiaga, um dos grandes urbanistas espanhóis, afirma que “o problema não é se cabemos, mas se nos alojamos bem”. E isto supõe que os recém-chegados devem ter acesso a educação, saúde, água potável e saneamento. Além disso, a autoridade local deve ser capaz de “mitigar o impacto ambiental pela perda de solo agrícola e a poluição da construção”.
 
Até agora, as cidades só ocupam 2% da superfície terrestre. Mas o alarme provocado pelo aumento dos preços da alimentação nos últimos três anos, porque a produção não cresceu tanto quanto o consumo, levantou as vozes dos que denunciam que o cimento arrasa solos férteis. Como Hans-Joachim Braun, diretor do Instituto Mexicano do Trigo e Milho, que afirma que a expansão urbana devora terras de cultivo e compete com os agricultores pela água.
 
Anthony Townsend, diretor de pesquisa do Instituto para o Futuro, da Califórnia, indica por telefone que uma das propostas do IFTF para a sustentabilidade das cidades é “promover o cultivo urbano”. Trata-se de criar edifícios com terraços e sacadas que facilitem o cultivo de hortaliças e verduras, de educar a população para que tenha pequenas hortas urbanas para suas necessidades.
 
A maioria dos urbanistas consultados não vê o crescimento populacional como uma praga, mas sim como uma oportunidade para utilizar melhor e com mais sabedoria os recursos que temos e para estudar e aplicar as inovações tecnológicas. Além disso, apontam que a cidade atua como um método bem-sucedido de controle de natalidade, já que ao melhorar o nível de vida e ter acesso à saúde se limitam voluntariamente os filhos, sem necessidade de medidas coercitivas, como na China, nem de esterilizações forçadas como as que fizeram a primeira-ministra da Índia Indira Gandhi perder o governo em 1977.
 
Na atualidade, 50% da população são urbanas e em 2050 essa porcentagem terá aumentado para 75%. “Mas também é importante levar em conta que as cidades já criam 80% da riqueza total”, salienta Ezquiaga.
 
Para o arquiteto Alejandro Zaera, que participou de diversos projetos internacionais, o urbanismo “é muito excitante porque afeta um número cada vez maior de pessoas”. Zaera, que tem um de seus textos incluído em “Endless City” [Cidade sem Fim], uma das principais obras teóricas da arquitetura mundial, de Ricky Burdett e Deyan Sudjic, afirma que “o grande desafio é a sustentabilidade das cidades”. Isto exige de forma urgente “diminuir seu consumo energético, fomentar o transporte público e eliminar o veículo particular”. Nesse sentido, aposta em urbes com alta densidade de população como Nova York, Xangai, Tóquio, Hong Kong ou Barcelona.
 
Zaera preconiza “modelos de vida com uma maior tolerância ao frio e ao calor”, de maneira que com edifícios “muito melhor isolados, com um melhor comportamento e que se verticalizam de forma natural” seja possível prescindir em grande parte da calefação e do ar-condicionado. Para combater a mudança climática que afeta a todos, ele defende que a comunidade internacional adote um imposto sobre as emissões de dióxido de carbono, já que, por exemplo, “os cidadãos americanos emitem quatro vezes mais do que deveriam para ser sustentáveis”.
 
Ezquiaga indica que na hora de preparar as cidades para a avalanche que se prevê é preciso distinguir entre as do mundo desenvolvido e as dos países emergentes. Nos primeiros haverá um mínimo aumento de habitantes. O problema é “conter a dispersão da população”.
 
Nos países emergentes, por outro lado, a população urbana aumentará 91% entre 2010 e 2030. “O importante não será tanto conter o crescimento das urbes”, afirma Ezquiaga, “como enfrentar a pobreza e facilitar a todos água potável, saneamento, energia e transporte. Além disso, será preciso limitar o impacto ambiental provocado pela passagem do solo agrícola para urbano.”
 
A UE financia estudos e instituições dedicadas a investigar as chamadas “cidades inteligentes”, nas quais a conectividade desempenha um papel muito importante para garantir “a criação de riqueza, a sustentabilidade social e o meio ambiente”, afirma Panagiotis Tsarchopoulos, diretor do Urenio, um instituto de Salônica (Grécia). Acrescenta que já tem projetada a futura Salônica inteligente, que inclui seis bairros com serviços diferentes e plena conectividade, através de sensores e sistemas de software. E lamenta que a crise econômica tenha impedido que o município financie a implementação do projeto.
 
Nesta linha também se encontra a Agenda Futura: o Mundo em 2020, um projeto do qual participam numerosas empresas para estudar as possibilidades oferecidas pelo crescimento da população nos próximos dez anos. A ideia foi lançada em Istambul, a maior megalópole da Europa, com mais de 10 milhões de habitantes e, segundo o semanário “The Economist”, a cidade de “melhor comportamento” de 2010, não só pela melhora de seu nível de vida como porque criou 7,3% de emprego, um dos grandes desafios das grandes cidades. De fato, a busca de um emprego remunerado é a grande aspiração dos que abandonam a vida rural pela urbana.
 
Zaera indica que no futuro “talvez seja necessário prescindir” dos grandes templos que são construídos hoje, “como a Cidade da Cultura de Valência”, em nome da “sustentabilidade e de dedicar recursos financeiros a estruturas urbanas que tornem as cidades mais habitáveis”. Esse é o grande objetivo de urbanistas e especialistas: que embora se transformem em megalópoles de até 100 milhões de habitantes continuem oferecendo aos cidadãos trabalho e esperança em um futuro melhor.
Joan Clos, diretor do Programa da ONU para os Assentamentos Humanos (Habitat): “Uma cidade geriátrica seria terrível”
 
Ele tem 62 anos e é médico, mas boa parte de sua vida profissional está ligada ao governo das cidades. Foi ministro, mas sobretudo prefeito de Barcelona de 1997 a 2006, cargo que dividiu em vários anos com muitos outros, como presidente da Associação Mundial para a Coordenação das Cidades e Autoridades Locais, presidente do Comitê Assessor de Autoridades Locais da ONU ou vice-presidente de Cidades e Governos Locais Unidos. Desde outubro de 2010, como secretário-geral adjunto da ONU, dirige o organismo Habitat, com sede em Nairóbi (Quênia), que cuida da promoção em todo o mundo de cidades sustentáveis. A entrevista foi feita por correio eletrônico.
 
P. Hoje a urbanização é mais preocupante que a alimentação?
 
R. Mais de um bilhão de pessoas vivem em condições de vida terríveis em favelas e zonas de “barraquismo”. A alimentação e a moradia são direitos fundamentais das pessoas, e é preocupante que um número elevado não tenha qualquer um deles.
 
P. As cidades estão preparadas para absorver o crescimento da população e a migração rural?
 
R. As cidades dos países desenvolvidos não estão crescendo em população. O problema está nas cidades que não viveram o processo de industrialização e que não são capazes de oferecer aos novos cidadãos um lugar de trabalho e um espaço de produtividade e geração de riqueza.
 
P. É preciso promover cidades com maior densidade?
 
R. O principal desafio é a organização da convivência urbana. Quando isso se consegue, a cidade se transforma em um espaço de liberdade e em um grande instrumento de prosperidade e desenvolvimento em todos os níveis. É o momento mágico de eclosão da cidade como elemento de progresso humano. Nas últimas décadas as cidades souberam aproveitar a economia da urbanização, a que deriva dos ativos reais do entorno urbano: edificação, mais valia, venda do solo, hipotecas… Todos conhecemos suas virtudes e infelizmente também seus defeitos. No entanto, ainda há muitas cidades que devem descobrir as oportunidades da economia da densidade, da aglomeração, que permite criar valor, reduzir custos, aumentar a especialização, multiplicar o crescimento dos fluxos de informação, diminuir os custos de produção. A densidade é sem dúvida necessária para conseguir uma cidade produtiva e mais sustentável.
 
P. É melhor a megalópole ou cidades médias?
 
R. Não há um tamanho ideal. O que deve ser é uma cidade bem planejada e governada, na qual a qualidade de vida dos cidadãos seja uma prioridade, na qual o urbanismo tenha uma função de melhora da conectividade, de evitar a congestão, de eficiência energética, capaz de se financiar com o valor gerado pela economia da densidade e criar postos de trabalho.
 
P. É possível construir cidades sustentáveis com emissões zero?
 
R. Ainda não sabemos como construir uma cidade com emissões zero, mas o desenvolvimento das energias renováveis em escala maciça é a única solução. Entretanto, os esforços estão sendo dirigido para reduzir as emissões por habitante e por unidade de produto econômico com uma cidade bem estruturada.
 
P. O Ocidente e a própria China avançam rapidamente para o envelhecimento da população. Trabalha-se no projeto de cidades para aposentados?
 
R. As cidades devem ser diversificadas, mistas. Com serviços adequados e sustentáveis tanto econômica como ambientalmente para nossos jovens, idosos, trabalhadores, estudantes, criadores ou os que fazem tudo isso ao mesmo tempo. A beleza e o interesse da cidade estão na diversidade. Uma cidade geriátrica seria terrível.
 
P. A população da África duplicará em três décadas. Como enfrentar esse “boom”?
 
R. Sessenta e cinco por cento dos africanos urbanos vivem em barracos e podem chegar a 80% nos próximos anos. Eles farão isso sem água, sem luz, em péssimas condições de higiene. O barraquismo é um problema em escala global, e só medidas radicais poderão alterar essa terrível realidade. É preciso reintroduzir o planejamento urbanístico na África, assim como se fez na Europa e na América durante a Revolução Industrial.
 
P. A globalização é positiva para o urbanismo?
 
R. A globalização está produzindo uma aceleração da urbanização não planejada que termina em barraquismo. Gerações de jovens estão crescendo em favelas, com os riscos e a perda de capital humano que isso representa para os países emergentes e os menos desenvolvidos, que são os que mais o necessitam.
 
P. Como a inovação tecnológica ajuda o urbanismo?
 
R. Se a política urbana existe e há capacidade política, a tecnologia ajuda, mas se não houver essa capacidade a tecnologia frequentemente se transforma em um falso instrumento de progresso que não ajuda a enfrentar os problemas de fundo.
 
P. Politicamente caminhamos para tempos passados, nos quais as cidades eram mais importantes que os Estados?
 
R. Nunca se volta literalmente ao passado. O que faz falta é um novo contrato entre o Estado-nação e a cidade, porque a importância econômica, social e cultural desta é indubitável. Segundo o Banco Mundial, das cem economias mundiais mais importantes 37 são cidades.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Reportagem de El País, no UOL Notícias

Distribuição do consumo energético

 
A questão energética, talvez mais do que todos os demais itens desnuda e expõe com grande clareza a consagrada expressão mudança de paradigmas.
 
O que se busca expressar quando se utiliza estes termos são mudanças profundas, não materiais, mas filosóficas na forma de pensar a vida, nos fatores e condicionantes da felicidade humana.
Ninguém condena a melhoria da qualidade de vida das populações. Ao contrário, todos nós desejamos que o desenvolvimento traga melhoria de condições de conforto e qualidade de vida para todos.
 
Mas existem limitações ambientais que devem ser consideradas, e a questão energética nos demonstra esta realidade com clareza.
 
A população do planeta terra superou os 7,0 bilhões de habitantes. A população dos Estados Unidos da América oscila em torno de 300 milhões de habitantes.
 
Dividindo 7,0 bilhões por 300 milhões encontramos o número 22. Ou seja, a população do planeta terra é aproximadamente 24 vezes maior do que a população americana.
 
Logo não é possível que aproximadamente 4,5% da população mundial, situada nos Estados Unidos, seja responsável por mais de 70% dos gastos energéticos do planeta.
 
Ou que o consumo de energia dos Estados Unidos, com aparelhos de ar condicionado seja maior do que o consumo de energia para todas as finalidades de aproximadamente 1,3 bilhões de habitantes da China.
 
Este paradoxo poderia ser facilmente equacionado. Poderia se dizer que o crescimento econômico e o desenvolvimento futuro equalizariam o consumo energético.
 
Pois bem, esta é a questão. O planeta não suportaria, nem teria recursos para ampliar em 22 vezes a produção de energia, por mais alternativas e renováveis que fosse as fontes energéticas por melhor que fossem os programas de otimização, racionalização e eficiência no uso de energia por instituições, empresas e consumidores individuais.
 
Obviamente a questão da eficiência energética tem importância singular. É preciso tornar a utilização da energia racional e eficiente ao máximo possível, por parte de todos. E para isto existem tecnologias e empresas capacitadas e dedicadas ao desenvolvimento de metodologias apropriadas para a melhoria da eficiência energética.
 
A eficiência energética pode ser resumida pelo parâmetro conhecido como Razão de Energia Líquida (REL) que relaciona a energia obtida por um processo em função do gasto energético considerado do mesmo processo.
 
Mas a questão fundamental é a mudança de padrões. A mudança de paradigma, de uma ou outra forma, talvez precise passar pela mudança do conceito de bem estar e felicidade.
 
Partindo de uma sociedade extremamente consumista, da qual ninguém questiona a qualidade de vida e o conforto material, para padrões mais compatíveis com as quantidades de recursos disponíveis e com critérios mais justos de distribuição das riquezas.
 
Definitivamente, o planeta Terra não suportaria o aumento de 22 vezes na produção de energia.
O mesmo raciocínio talvez possa ser estendido para o consumo de várias matérias-primas naturais que servem se base para transformações industriais importantes.
Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate.
 

Noruega pagará US$ 150 milhões para manter floresta em pé na Libéria

A Libéria abriga espécies à beira da extinção.
 
 
Através de uma parceria feita com o governo norueguês, a Libéria se tornou o primeiro país africano a se comprometer em ter 30% das suas florestas sob leis de preservação até 2020. A Noruega irá pagar para manter a vegetação nativa em pé.
 
Apesar de não ter uma área florestada tão grande, a Libéria abriga espécies à beira da extinção, como chimpanzés, elefantes e leopardos. Para garantir a sobrevivência desses animais é imprescindível frear o desmatamento e criar reservas que garantam a proteção integral da fauna e flora.
 
Desde 2003, quando a guerra civil no país africano acabou, o corte ilegal cresceu abundantemente. Em 2012, a presidente Ellen Johnson Sirleaf aprovou medidas que permitiam a derrubada de 58% da floresta primária da Libéria. A decisão foi muito protestada e a líder acabou cancelando as autorizações.
 
O acordo entre Noruega e Libéria deve contribuir para a preservação ambiental, ao mesmo tempo em que reduz a emissão de poluentes, por manter a floresta em pé. “Financiamos projetos na Indonésia e no Brasil, mas eu acho que esta é a primeira vez que entramos em um acordo em nível de país”, esclareceu o conselheiro político do governo norueguês, Jens Frolich Holte, em entrevista à BBC.
 
O país africano não disponibilizará mais concessões para que novas madeireiras explorem as florestas até que, ao menos, 30% das reservas estejam protegidas e classificadas como áreas oficiais de preservação. Em troca, a Noruega se compromete em fornecer US$ 150 milhões. “Nós precisamos dar à Libéria uma esperança de longo prazo para o desenvolvimento, que é o que este dinheiro da floresta irá fornecer para eles, uma visão de longo prazo para um país, com a redução da pobreza e do desmatamento”, informou Holte. Redação CicloVivo

Prefeitura de São Paulo também quer multar quem joga lixo no chão

A prefeitura considera a medida um “programa educativo”.
 
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pretende multar as pessoas que jogam lixo nas ruas. A medida aplicada na capital paulista deve seguir o modelo já em vigor no Rio de Janeiro, com algumas diretrizes inspiradas em uma política semelhante usada em Bruxelas, na Bélgica.
 
Conforme informado pela Secretaria de Serviços, o “Plano de Educação Ambiental para Resíduos Sólidos” será uma espécie de punição destinada a quem descarta lixo nas calçadas, não cumpre os horários de colocação de lixo para a coleta residencial ou descarta materiais em pontos viciados.
 
A prefeitura considera a medida um “programa educativo” e, mesmo sem data definida, a expectativa é de que ele entre em vigor no próximo semestre. Para facilitar a aplicação do programa, o secretário de Serviços, Simão Pedro, explica que não será necessária a burocracia da criação de uma nova lei. Segundo ele, a legislação municipal já possui artigos suficientes que determinam multas a quem descarta inadequadamente seus resíduos.
 
Além da punição, que atualmente pode variar de 500 a 12 mil reais, de acordo com a gravidade da infração, a prefeitura de São Paulo já iniciou uma campanha de conscientização. Com o apoio das empresas responsáveis pela coleta na cidade, a ação “Eu jogo limpo com São Paulo” incentiva a população a também separar os resíduos recicláveis e encaminhá-los à coleta seletiva. O objetivo das autoridades municipais é universalizar a coleta dos resíduos recicláveis em toda a cidade de São Paulo até 2016.
 
No Rio de Janeiro e medida já está em funcionamento desde agosto de 2013, com multas podem ir de R$ 157 a R$ 3 mil, dependendo do tamanho do resíduo descartado. Redação CicloVivo

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Desmatamento e aquecimento global

 
Enquanto os serviços dos ecossistemas da floresta Amazônica não forem integrados nas estruturas políticas e financeiras, a floresta será considerada mais valiosa morta do que viva, aponta o INPE.
 
O relatório de Riscos de Mudanças Climáticas no Brasil, divulgado em maio de 2011 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), conclui que a redução do desmatamento pode oferecer benefícios imediatos em termos de balanço global de carbono e, consequentemente, otimismo quanto ao aquecimento global.

 Para Paulo Artaxo, membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), a contribuição do Brasil nas mudanças climáticas ocorre principalmente nas emissões de dióxido de carbono (CO2).
 
O CO2 é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa e pelo aquecimento global, sendo que o Brasil e a Indonésia juntos contabilizam cerca de 60% do desmatamento mundial, segundo o pesquisador.
 
A responsabilidade da emissão de dióxido de carbono é atribuída em 56% por queimadas na região da Amazônia, 24% pela agropecuária e o restante pelos meios de transporte e pela geração de energia. Visando este quadro, alguns acordos foram fixados, como por exemplo, a Agenda 21 e o Protocolo de Quioto.
 
De acordo com o INPE, a Agenda 21 é um guia de planejamento que deve ser internalizado em qualquer política setorial de governo como na agricultura, na cultura, na educação e na saúde, send valiosa para reelaborar idéias sobre desenvolvimento, formular propostas e capacitar recursos.
 
Já o Protocolo de Quioto é um tratado internacional que estabelece compromissos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados como a principal causa do aquecimento global.
 
Um exemplo da consequência do aquecimento global está diretamente ligado à regulação de água e vazão dos rios, pois as chuvas são essenciais à manutenção dos ecossistemas da Amazônia. “Caso aumente a temperatura do planeta, terá incidência de perdas do potencial energético provido de usinas hidrelétricas e também a reformulação das margens e das encostas dos rios” afirma o pesquisador.
 
Estudos sobre o ciclo hidrológico na Amazônia indicam que a floresta recicla em torno de 50% das precipitações pluviométricas e que, se o desmatamento for da ordem de 30%, ela será incapaz de gerar chuvas suficientes para se manter.
 
Outra consequência remetido ao aumento da temperatura, segundo o relatório de Mudanças Climáticas e possíveis alterações nos Biomas da América do Sul que faz parte do projeto Mudanças Climáticas Globais e Efeitos sobre a Biodiversidade ligado ao Ministério do Meio Ambiente, é a indução a uma maior evapotranspiração, que é a soma da evaporação da água à superfície com a transpiração das plantas, reduzindo a quantidade de água no solo, mesmo que as chuvas não diminuam significativamente.
 
Este fator pode por si só desencadear a substituição dos biomas existentes hoje por outros mais adaptados a climas com menor disponibilidade hídrica para as plantas, por exemplo, savanas substituindo florestas, caatinga substituindo savanas, semi-deserto substituindo caatinga. O que para Artaxo pronunciaria um futuro desértico à Amazônia. “Se quisermos evitar um aquecimento de 3 a 5 graus, não há outra alternativa a não ser reduzir as emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível, e usar os recursos naturais de nosso planeta de modo mais inteligente”.
Luana Copini é participante do Projeto Repórter do Futuro, que visa à interação de alunos de jornalismo e da sociedade civil sob estudos e experiências com relação à Amazônia e ao meio ambiente. Ecodebate.

Crise que mudará hábitos de consumo já está a caminho

 
 
Você deve se perguntar se daqui a alguns anos nós olharemos para a primeira década do século XXI – quando preços dos alimentos dispararam, preços da energia subiram, a população mundial cresceu, tornados arrasaram cidades, inundações e secas estabeleceram recordes, populações foram desalojadas e governos ameaçados pela confluência de tudo isso – e nos perguntaremos: o que estávamos pensando?
 
A reportagem é de Thomas L. Friedman, do The New York Times e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 11-06-2011.
 
Como foi que não entramos em pânico quando havia evidências óbvias de ter cruzado algumas linhas vermelhas de crescimento/clima/recursos naturais/população todas de uma vez? “A única resposta pode ser a negação”, argumenta Paul Gilding, veterano empresário ambientalista australiano que descreve este momento em um livro intitulado The Great Disruption: Why the Climate Crisis Will Bring On the End of Shopping and the Birth of a New World (A grande ruptura: por que a crise climática trará o fim da compulsão da compra e o nascimento de um novo mundo, em tradução livre).
 
“Quando se está cercado por algo tão grande que requer que se mude tudo na maneira de pensar e ver o mundo, negar é a resposta natural. Mas quanto mais se espera, maior será a resposta requerida.” Gilding cita o trabalho da Global Footprint Network, uma aliança de cientistas que calcula quantos “planetas Terra” precisaremos para sustentar nossas taxas de crescimento correntes. O grupo mede quanta área de terra e água é necessária para produzir os recursos que consumimos e absorver nosso lixo, usando a tecnologia existente.
 
Estamos crescendo a uma taxa que está usando os recursos da Terra bem mais rapidamente do que eles podem ser sustentadamente repostos, de modo que estamos comendo o futuro. Neste momento, o crescimento global está usando o equivalente a 1,5 Terra. “Ter apenas um planeta torna esse problema realmente significativo”, diz Gilding. Isso não é ficção científica.
 
Quando estive no Iêmen, no ano passado, vi um caminhão-tanque entregando água na capital, Sanaa. Por quê? Porque Sanaa pode ser a primeira cidade grande do mundo a ficar sem água dentro de uma década. É isso que ocorre quando uma geração de um país vive a 150% de capacidade sustentável.
 
“Se você cortar mais árvores do que planta, ficará sem árvores”, escreve Gilding. “Se colocar nitrogênio adicional num sistema de água, mudará o tipo e a quantidade de vida que a água pode suportar. Se engrossar o lençol de gás carbônico da Terra, a Terra ficará mais quente. Se fizer todas essas e outras ao mesmo tempo, mudará a maneira como o sistema todo do planeta Terra se comporta, com impactos sociais, econômicos e na sustentação da vida. Isso não é especulação, é ciência do colegial.”
 
É também um assunto atual. “Nos milhares de anos de civilização da China, o conflito entre humanidade e natureza nunca foi tão grave como é hoje”, disse recentemente o ministro do Meio Ambiente da China, Zhou Shengxian. “A diminuição, deterioração e exaustão de recursos e o desequilíbrio do ambiente ecológico se tornaram gargalos e empecilhos graves ao desenvolvimento econômico e social da nação.” O que o ministro chinês está nos dizendo, diz Gilding, é que a Terra está cheia. Estamos usando agora tantos recursos e eliminando tanto lixo na Terra que atingimos uma espécie de limite.
 
A economia vai ter de encolher em termos de impacto físico.” Não mudaremos sistemas, contudo, sem uma crise. Mas não se preocupem, estamos chegando lá. Estamos hoje apanhados em dois circuitos. Um é que aceleração do crescimento populacional e aumento do aquecimento global juntos provocam uma elevação dos preços dos alimentos. Uma elevação dos preços dos alimentos causa instabilidade política no Oriente Médio, que provoca uma alta nos preços do petróleo, que acarreta preços mais altos dos alimentos, que provocam mais instabilidade. Ao mesmo tempo, a produtividade aumentada significa que menos pessoas são necessárias em cada fábrica para produzir mais coisas. Sendo assim, se quisermos mais empregos, precisaremos de mais fábricas. Mais fábricas produzindo mais coisas causam mais aquecimento global. Aí os dois circuitos se encontram.
Solução
 
Gilding é, ao final, um “eco-otimista”. Quando o impacto da Grande Ruptura iminente nos atingir, diz ele, “nossa resposta será proporcionalmente dramática, nos mobilizando como ocorre nas guerras. Mudaremos numa escala e velocidade que mal conseguimos imaginar hoje, reformando por completo nossa economia, incluindo nossos setores de energia e transporte, em poucas décadas”.
 
Nós perceberemos, ele prevê, que o modelo de crescimento movido pelo consumo está quebrado e que temos de mudar para um modelo de crescimento mais movido pela felicidade, com pessoas trabalhando menos e ganhando menos. “Quantas pessoas”, pergunta Gilding, “deitadas em seus leitos de morte dizem “gostaria de ter trabalhado mais duro construindo mais valor para acionistas” e quantas dizem “gostaria de ter jogando mais bola, lido mais livros para meus filhos, caminhado mais?””
 
Para isso, é preciso um modelo de crescimento baseado em oferecer mais tempo para as pessoas gozarem a vida, mas com menos coisas.” Parece utópico? Gilding insiste que é realista. “Estamos a caminho de uma escolha movida por crise”, diz ele. “Ou permitiremos que o colapso nos atinja ou desenvolveremos um novo modelo sustentável. Escolheremos a segunda. Podemos ser lentos, mas não somos estúpidos.”

O caminho da sustentabilidade

 
O conceito amplo representado pelo desenvolvimento sustentado considera todo um conjunto de concepções e atitudes, destacando-se:
 
1. Buscar contemplar a satisfação das necessidades básicas da população, integrando a todos e propiciando educação, saúde, lazer, etc.;

 2. Priorizar a preservação das condições ambientais para possibilitar boas condições de vida para as gerações futuras;

 3. Estimular a participação para obter resultados relevantes, o que somente é possível após a descentralização de poder, governança corporativa e gestão solidária com democracia;

 4. Implementação de um sistema social que estimule e realimente estas atitudes, com erradicação da miséria e inclusão social.

 5. Valorização adequada da importância da função educacional dentro deste contexto.
Para atingir os objetivos fundamentais do desenvolvimento sustentável a ferramenta da educação ambiental é indispensável e estratégica.
 
Representa a maneira funcional de participação responsável e a criação e multiplicação de consciências integradas ao processo de sustentabilidade, que vão disseminar os conceitos e práticas entre os diversos estamentos sociais.
 
Existem limites ambientais para o desenvolvimento, mesmo que de forma sustentada. Em 1987, um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) já alertava que na medida que os países em desenvolvimento começassem a atingir padrões de consumo de energia próximos ao dos países desenvolvidos, dentro da atual matriz energética, este fato se tornaria insuportável para o ecossistema planetário.
 
Conhecido como relatório Brundtland em referência a primeira ministra da Noruega, anfitriã do encontro, este documento denominado Nosso Futuro Comum, deixa bem nítido que estamos no mesmo barco, este barco é o planeta terra e tudo que acontecer para alguns, mais cedo ou mais tarde acontecerá para os demais integrantes da “nau” terra.
 
O antigo relatório já sintetizava as preocupações que hoje estão cada vez mais evidenciadas: “No passado nos preocupamos com os impactos do crescimento econômico sobre o meio ambiente. Agora temos que nos preocupar com os impactos do desgaste ecológico – degradação dos solos, regimes hídricos, atmosfera e florestas – sobre nossas perspectivas econômicas”.
 
Mais que a própria intensidade de ocupação do meio físico pelo imenso crescimento demográfico descontrolado, são a falta de planejamento no uso e ocupação do espaço e as incorreções e absurdos técnicos na concepção e implantação das ocupações, quando estas não são totalmente improvisadas e espontaneístas, que geram a maior potencialização dos problemas ambientais.
 
A enorme quantidade de acidentes ambientais produzidos por fenômenos climáticos naturais ou planejamento inadequado de uso e ocupação dos solos tem exposto claramente a improvisação de nossa sociedade, que antes era consentida ou explicada como um traço cultural e que atualmente explicita nossa falta de vocação para o planejamento e a organização sistemática em todos os campos.
 
É necessário planejar as aptidões das rochas e dos solos para o assentamento de populações. É necessário impedir assentamentos em área impróprias como áreas de preservação ambiental ou antigos lixões. É necessário impedir novos assentamentos em áreas de risco e remover as atuais habitações das áreas de risco.
 
O conceito de área de risco há muito é muito bem definido pela engenharia. São basicamente as áreas sujeitas a alagamentos em baixios pertencentes à planícies de inundação de bacias hidrográficas ou áreas de elevadas declividades.
 
As planícies aluviais são áreas de recarga natural de aquíferos e áreas de extravasamento natural de enchentes e devem ser preservadas tanto quanto possível. Não adianta fazer uma cidade e construir um dique de proteção, pois esta ação embora seja muito eficaz na proteção das populações, gera uma série de desequilíbrios naturais sistêmicos que mais cedo ou mais tarde apresentam sua conta natural.
 
As áreas de elevada declividade, principalmente em rochas sedimentares anisótropas com acamadamentos ou rochas metamórficas com foliação ou xistosidade muito pronunciadas são instáveis. Os solos formados sobre este tipo de rocha herdam as descontinuidades e mais cedo ou mais tarde tendem a se tornar áreas instáveis à urbanização.
 
Até mesmo em rochas ígneas que não apresentam este tipo de problema pois são isótropas e produzem solos de elevada homogeneidade e resistência, se a declividade for muito elevada, o empuxo hidrostático gerado pelas águas das chuvas tende a sustentar parte do peso dos solos, diminuindo a efetivadade do ângulo de atrito interno e da coesão e instabilizando solos.
 
Empuxo hidrostático é um conceito que todo mundo conhece na prática. É mais fácil carregar uma pessoa dentro da água do que fora, dentro da água ela pesa menos porque parte do peso dela é suportado pela água, no velho princípio de Archimedes.
 
Quando isto acontece com os solos por falta de obras adequadas de drenagem e pelo próprio empuxo hidrostático, tendem a ocorrer acidentes urbanos de maior gravidade.
Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

A vida em equilíbrio

 
 
Para poder discutir a vida em equilíbrio é necessário adotar ao menos uma premissa básica dentro do silogismo que se impõe. Não é possível esquecer ou negligenciar a premissa básica de que a finalidade última de nossa vida na terra é alcançar a máxima felicidade.
 
Podemos conceituar a vida em equilíbrio dentro de uma concepção técnica como os estágios vivenciais harmônicos que estejam inseridos em contextos de desenvolvimento sustentável, solidariedade, democracia e justiça social.
 
O melhor conjunto de idéias, que permitem uma aproximação para definir desenvolvimento sustentável que patrocina a vida em equilíbrio, pode ser resumido num pequeno conjunto de fatores:
1.Para o nosso sustento, estarmos participando de empreendimentos inseridos em contextos físicos e biológicos adequados;
 
2.Se for o caso, que haja noções de “ecodesign” dentro do processo, ou seja, que as possibilidades de uso otimizado de matérias, da forma que sejam recicláveis, seja hegemônica;
 
3.Que haja respeito pelos princípios de sustentabilidade que envolvem usos conservativos de recursos materiais, hídricos e energéticos;
 
4.Em caso de serem necessários tratamento de efluentes líquidos industriais, gestão de resíduos sólidos e monitoramento ambiental de emissões atmosféricas, que os mesmos sejam realizados dentro dos melhores conceitos e padrões técnicos, atingindo níveis de elevada eficiência e eficácia;
 
5.Participação em ações de educação ambiental relevantes e projetos comunitários com finalidade ambiental.
 
6.Disposição e comprometimento social com a transparência, a solidariedade, a democracia e a justiça social.
 
Não se tem a pretensão de esgotar o assunto. Tem maravilhosos sites de empresas e bancos discutindo com grande propriedade estes conceitos. Progresso não significa apenas estradas, indústrias, usinas, cidades e máquinas. Tudo isto melhora a qualidade de vida dos seres humanos, mas isoladamente não pode permitir uma dimensão de equilíbrio e felicidade coletiva.
 
Para isto precisamos de harmonia e sustentabilidade dentro de uma visão holística abrangente. O progresso de forma descontrolada tem alto custo social e ambiental sendo responsável por grande parte dos impactos hoje identificados.
 
O atual modelo de crescimento econômico produziu enormes desequilíbrios. De um lado nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, e por outro, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Não é possível imaginar que este modelo de crescimento obtenha condições de perenidade.
 
Diante desta constatação, surge a necessidade do Desenvolvimento Sustentável, buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o fim da pobreza no mundo. A enorme violência cotidiana que vivenciamos experencialmente em nosso país tem suas origens vinculadas com os desequilíbrios econômicos.
 
O jornalista Washington Novaes sempre cita que não é possível separar o econômico do ambiental, como não é possível separar o social do político e do cultural. Não se pode imaginar que legiões de pessoas se dediquem ao tráfico de drogas e à violência dele decorrente se tivesse ao uma oportunidade concreta e digna de exercerem sua plena cidadania. Caso não adotassem a oportunidade seria uma situação próxima a patologia ou à marginalidade mesmo e isto sempre irá ocorrer.
O que se discute é a extensão deste fenômeno dentro de uma sociedade sadia.
 
Desenvolvimento sustentável pode ser definido de forma mais abrangente como a busca de equilíbrio entre tecnologia e ambiente, com participação de todos os grupos sociais e nações, em busca da qualidade de vida, equidade e justiça social.
 
Para atingirmos desenvolvimento sustentável, a proteção do ambiente tem que ser considerada integrante do processo de desenvolvimento.
 
Neste momento, deve ser enfatizada a diferença entre crescimento e desenvolvimento. Crescimento não conduz de forma automática à igualdade ou à justiça social, pois não considera estes aspectos. Neste sentido, crescimento desprovido de outros atributos, agride a conceituação básica de sustentabilidade criada por Gros Brundtland, primeira ministra da Noruega na primeira conferência ambiental patrocinada pela ONU e depois tão desenvolvido por Ignacy Sachs em várias obras.
 
O desenvolvimento sustentável, ou a tão propalada sustentabilidade planetária que envolve variados tipos de sustentabilidade, considera a geração de riquezas e sua distribuição, de forma a melhorar a qualidade de vida de toda população, dentro do contexto de preservação ambiental do planeta.
 
Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate

Agrotóxicos impactam saúde do homem e ambiente



 
 

Educação e fiscalização. Esses, de acordo com o pesquisador da Ensp Josino Costa Moreira, são os dois principais aspectos para conter os danos provocados pela utilização dos agrotóxicos na agricultura brasileira. O pesquisador, que coordenou estudos sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde e ambiente na região centro-oeste e nordeste do país, revelou que as consequências são diversas. “Os agrotóxicos contaminam os alimentos, o ambiente e selecionam as espécies mais resistentes em determinado local. Esse impacto chega ao homem tanto pela exposição direta nas lavouras como pelas alterações que ele provoca no ambiente”, alertou.
 
De acordo com Josino, o Brasil compõe a lista dos principais consumidores de agrotóxicos. Em volume, é o maior do mundo, sendo também, um dos primeiros quando se observa o consumo por hectare plantado. Dessa forma, o pesquisador direcionou uma de suas pesquisas à região que mais produz soja e grãos no país. “O Estado do Mato Grosso foi o que mais consumiu pesticidas no Brasil em 2008 e 2009. É o que mais produz soja, e isso traz um grande impacto no ambiente, pois lá temos biomas importantes, e essa utilização vem acompanhada de vários riscos, já que o cerrado e mesmo a floresta estão sendo substituídos por áreas de cultivo”.
 
A pesquisa evidenciou grande contaminação em pessoas, segmentos ambientais, ar e animais. “Observamos contaminação em águas de rios, chuva e de poços artesianos, por exemplo. Outro resultado obtido foi em relação à contaminação de anfíbios. Animais que habitam as áreas contaminadas apresentaram alterações morfológicas mais frequentes quando comparadas às mesmas espécies que habitam áreas não contaminadas. Achamos um aumento de mais de 50% de deformações nessas áreas”, justificou. O estudo também observou as minhocas. “Comparamos a situação dessas espécies nos dois ambientes. Ficou comprovado que os herbicidas estudados (2,4 D e glifosato), quando não matam, impedem a reprodução da minhoca. Também foram encontrados resíduos de agrotóxicos no leite materno. Apesar de estarem em níveis muito baixos, podem, eventualmente, comprometer o desenvolvimento normal ou a saúde dos bebês.”
 
O crescimento do agronegócio no país é preocupante, segundo o pesquisador. Porém, deve ser enfrentado com duas ações. “O primeiro fator para solucionar esse problema é a educação! Conscientizando a população de que os agrotóxicos contaminam os alimentos, o ambiente, o homem, além de selecionarem as espécies mais resistentes em determinado ambiente, fica mais fácil trabalharmos. Por conta disso, nossa linha de ação busca focalizar a educação em todos os níveis, mas, principalmente, na escola primária. O trabalhador ficará mais sensibilizado se a informação vier pela fala de seu filho, pois, para eles que já trabalham há muito tempo com a substância, é difícil relacionar seus problemas de saúde ao uso dos agrotóxicos.”
 
Outra linha de ação, na opinião do pesquisador, deve ser a fiscalização. Nesse aspecto, ainda de acordo com ele, o Brasil vem deixando a desejar. “O governo tem de ser ativo na fiscalização e orientação das pessoas, particularmente dos trabalhadores rurais. Eles acabam sendo os responsáveis pela manipulação dessas substâncias que são tóxicas em alguma extensão. A falta de suporte técnico e científico a estes trabalhadores na utilização dos produtos é uma das falhas que estamos cometendo.”
 
Em relação à pesquisa no Nordeste, Josino afirmou que o trabalho está na fase final de tratamento dos dados. Nessa região, as pesquisas contemplam o município de Arapiraca, em Alagoas, com o impacto dos agrotóxicos sobre o homem e o ambiente como resultado da fumicultura; para os impactos resultantes da produção de frutas na região do São Francisco bem como de mulheres que trabalham na plantação do tomate em Pernambuco.  
Informe Ensp/Agência Fiocruz de Notícias, publicado pelo EcoDebate

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