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domingo, 25 de outubro de 2015

Em 10 anos, geração do lixo aumentou cinco vezes mais que o crescimento da população

lixão

Depois da água, gestão do lixo pode ser o novo centro de crise no Brasil
Em 10 anos, geração do lixo aumentou cinco vezes mais que o crescimento da população. “Cenário é crítico”, afirmam especialista.
Um café com leite e um pão com manteiga iniciam o dia de milhares de brasileiros. O preço do pãozinho subiu. O do café também. E o banho matinal está mais curto por causa da crise hídrica. Fora isso, a vida segue. Ninguém se pergunta para onde vai o pote de manteiga quando seu conteúdo acabar, tampouco o que fazer com o resto de café no coador ou com a embalagem de leite. E esse será o centro de uma nova crise, caso o poder público e a população não se mobilizem.
A reportagem é de Marina Rossi e María Martín e publicada por El País, 18-10-2015.
O cenário é crítico. Só no Brasil, no ano passado, 30 milhões de toneladas de lixo foram parar nos lixões, que são aterros considerados inadequados e oferecem risco ao meio ambiente e à saúde. Esse número representa 40% do total de lixo gerado no país neste ano. Os dados fazem parte de um levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Sólidos (Abrelpe). “São cerca de 80.000 toneladas de lixo poluindo solo e água diariamente”, afirma Ednilson Viana, professor da USP e membro do Conselho de Curso de Gestão Ambiental. “As pessoas não têm noção do que isso significa”.
Para Viana, os números apontam para um possível colapso em um futuro não muito distante. “Estamos a caminho de uma situação crítica, como a situação da água. A próxima crise será a do lixo”, diz. E os passos dados pelo poder público nesse âmbito também são lentos. Em 2010, foi instituída a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que, dentre outras coisas, estabelecia que os municípios entregassem, até agosto de 2012, um plano de gestão para o lixo. Também concedia o prazo de agosto de 2014 para que as cidades acabassem com os lixões.
Nenhum dos dois prazos foi cumprido. Por isso, em julho deste ano, o Senado aprovou a prorrogação desse tempo, dividindo as datas para os diferentes tamanhos de cidades. Com a nova norma, as capitais e municípios de regiões metropolitanas têm até 31 de julho de 2018 para acabar com os lixões. As cidades com mais de 100.000 habitantes terão até o final de julho de 2019. Já os municípios entre 50.000 e 100.000 habitantes têm até 31 de julho de 2020, e os com menos de 50.000 habitantes têm até julho de 2021.
E essa é apenas uma das legislações decorrentes sobre o tema. Desde 1979 o Brasil condena o descarte em lixões e desde 1981 a poluição ambiental é considerada crime. Desde 1998 é necessário obter licenciamento ambiental para o descarte de materiais, algo distante da realidade dos lixões.
Para Marcelo Antunes Nolasco, professor em Sustentabilidade e pesquisador da USP, a aprovação da Lei de Resíduos Sólidos significou um marco regulatório importante para o país. Porém, faltou estrutura para que a norma fosse levada a sério. “O poder público federal não realizou um trabalho prévio adequado com as esferas estaduais e municipais e tampouco criou instrumentos econômicos que pudessem fazer caixa para as prefeituras adotarem as medidas adequadas para a disposição final de resíduos sólidos”, diz.
Segundo Nolasco, embora as leis não estejam sendo cumpridas, é difícil aplicar alguma pena por isso. “Dada a complexidade da questão e as dificuldades dos gestores públicos municipais em acessarem recursos, dificilmente poderia se dizer que os prefeitos que não cumpriram a lei sejam criminosos”, diz. “Mas essa é outra questão. O ponto é: o que os gestores públicos estão fazendo hoje, para que em 2019 não tenhamos mais surpresas negativas?”.
Além de legislações mais firmes e que se façam cumprir, é preciso que o poder público desenvolva políticas capazes de engajar a população para solucionar o problema. “Do total de resíduos sólidos no Brasil, 32% poderiam ser reciclados”, afirma Carlos Silva. “Atualmente e efetivamente, porém, são reciclados apenas 4%”.

Brasil ganha dossiê sobre impactos ambientais do consumo de carnes e derivados

Documento analisa a relação entre a criação de animais para consumo aos vários danos causados ao nosso bioma, clima e biodiversidade.

As relações entre a criação de animais para consumo e várias das crises ambientais atuais são o tema central do dossiê Comendo o Planeta: Impactos Ambientais da Criação e do Consumo de Animais. O livro foi produzido pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) sob coordenação de Cynthia Schuck, doutora pela Universidade de Oxford, consultora científica e coordenadora do Departamento de Meio Ambiente da SVB, em parceria com a jornalista Raquel Ribeiro.
O relatório, que pretende ser um guia abrangente no assunto tanto para leigos como para especialistas, deixa claro que as crises ambientais que nos ameaçam são profundamente ampliadas pelo consumo de carnes e derivados.
No mundo, por ano, são criados e abatidos mais de setenta bilhões de animais terrestres, e uma quantidade ainda maior de animais aquáticos para consumo dos sete bilhões de seres humanos do planeta. A criação desses animais demanda terra, água, alimento e energia, e emite dejetos sólidos, líquidos e gasosos que irão poluir a água, o ar e o solo. Gerando, por conseqüência, um grande impacto ambiental. “O uso extensivo de terras e recursos naturais pela pecuária resulta também da ineficiência energética na produção de alimentos por esse setor; em média, para alimentar os animais criados para consumo são usadas cerca de dez vezes mais calorias do que as contidas em sua carne. Ou seja, um desperdício de 90% das calorias dos cultivos vegetais usados como ração”, comenta Cynthia.
“A meta do guia é orientar a sociedade e mostrar que, sem uma mudança nos padrões de consumo alimentar atuais, as alterações ambientais em escala global já em curso poderão afetar a forma como viveremos em futuro próximo”, resume Ricardo Laurino, presidente da SVB.
As informações apresentadas no dossiê são respaldadas por estudos científicos recentes e dados oficiais de instituições governamentais e de pesquisa.
Comendo o Planeta apresenta alguns dados que ilustram o problema. Alguns exemplos:
– Atualmente, quase 30% das áreas terrestres do globo (a área do continente africano) são usadas como pastagem. Cerca de um terço de todas as terras aráveis se destina ao cultivo de ração.
– Quase 70% da área desmatada na Amazônia é usada como pasto. E, boa parte dos 30% restantes é ocupada para a produção de ração.
– A construção de fazendas aquáticas já eliminou metade dos manguezais da Terra e um terço dos mangues brasileiros. A taxa de destruição já é maior do que a de florestas tropicais.
– O setor agropecuário é responsável por mais de 90% do consumo global de água, e um terço deste volume se destina à irrigação e crescimento de cultivos para produzir ração.
– No Brasil, a cada quilo de camarão pescado, cerca de dez quilos de organismos marinhos são capturados acidentalmente.
– De 1990 a 2000, cerca de um terço da produção mundial do setor pesqueiro foi usado como ração para animais de cativeiro (inclusive para o gado).
– Sem a necessidade de criar e alimentar animais, poderíamos aumentar em cerca de 50% a quantidade de calorias disponíveis para consumo produzidas em terras agrícolas já existentes, e obter o suficiente para alimentar mais 3,5 bilhões de pessoas no planeta.
O relatório também discute a contribuição do setor pecuário nos níveis de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no planeta, apresentando estudos recentes que mostram que medidas voltadas exclusivamente a melhorias na produção não serão suficientes para mitigar os altos níveis de emissão do setor.
Com copyright livre, Comendo o Planeta: Impactos Ambientais da Criação e do Consumo de Animais pode ser reproduzido na íntegra ou em partes (desde que citada a fonte).
Acesse
A versão digital completa do livro está disponível gratuitamente para download no link:http://www.svb.org.br/publicacoes/livros. A versão impressa custa R$ 10, e pode ser adquirida na loja da SVB: http://loja.svb.org.br/.
Sobre a SVB
Fundada em 2003, a Sociedade Vegetariana Brasileira promove o vegetarianismo como uma opção alimentar ética, saudável e sustentável. Por meio de campanhas, convênios, eventos, pesquisa e ativismo político, a SVB realiza a conscientização sobre os benefícios do vegetarianismo, e trabalha para aumentar o acesso da população a produtos e serviços vegetarianos. No ano de sua fundação, sediou o 36º Congresso Vegetariano Mundial e, nesses anos, foi responsável por eventos como o VegFest – Congresso Vegetariano Brasileiro, 12º Festival Vegano Internacional, Parada Veg, Mostra Internacional de Cinema Pelos Animais, entre outros.
Filiação
Os filiados à SVB, além de ajudarem a viabilizar o trabalho de uma das organizações vegetarianas mais atuantes do mundo, têm uma série de vantagens: com a contribuição de R$ 10 mensais ou R$ 100 anuais, o associado ganha uma carteira de filiação e descontos em congressos, cursos, feiras e diversos estabelecimentos vegetarianos no Brasil. Também recebe dois livretos: “Comendo o Planeta:Impactos Ambientais da Criação e do Consumo de Animais” e “Tudo o Que Você Precisa Saber Sobre Alimentação Vegetariana”, ambos produzidos pela SVB. Há outras opções de valores para contribuição. Todos os detalhes estão no site www.svb.org.br.
Colaboração de Isadora Rupp, in EcoDebate

Crise hídrica e uma nova cultura de cuidado com a água. Um novo modelo é preciso



“A primeira coisa que precisa acontecer para resolver a crise hídrica é um gesto do governo de reconhecer a situação em que estamos, assumir a responsabilidade sobre medidas que não foram tomadas”, diz o membro da Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade e da Aliança pela Água.


crise hídrica no estado de São Paulo ocorre em decorrência de dois fatores: “trata-se de um modelo que lida com os recursos naturais de forma insustentável e, a partir dele, se constitui uma gestão que é baseada nessa visão que não busca alternativas”, diz Rafael Poço, membro daAliança pela Água, organização que, em parceria com outras instituições, elaborou orelatório de violação de direitos humanos na gestão hídrica do estado de São Paulo. De acordo com Poço, o relatório reuniu uma série de informações sobre a crise hídrica e foi entregue à Relatoria da ONU, a fim de dar repercussão internacional à questão. “O mecanismo da ONU permite que o relator, após receber essas denúncias, envie o documento intitulado ‘carta de alegações’ para o governo, requerendo informações sobre o que vem acontecendo e questionando quais medidas estão sendo adotadas com relação a essas violações. Esperamos que com isso consigamos mais uma força para, primeiro, dar visibilidade à crise hídrica e, segundo, para que possamos superar essa questão e, por fim, responsabilizar quem precisa ser responsabilizado pela situação”, explica à IHU On-Line, na entrevista a seguir, concedida por telefone.

De acordo com Poço, do ponto de vista do planejamento, observou-se que o governo paulista “ignorou diversos materiais, inclusive documentos oficiais de técnicos e da sociedade civil, que há mais de 10 anos estão alertando para a possibilidade de essa crise acontecer. São documentos desde a outorga do Sistema Cantareira, que já previam a diminuição da dependência do sistema, documentos sobre a questão hidrológica e climática, que poderia ter essa alteração”. Ele informa ainda que o “relatório mostra que os problemas gerados pela gestão de abastecimento vêm ocorrendo desde 2003, mas é muito difícil apontar o momento em que isso virou uma grande crise. Mas 2013 foi o ano em que a combinação de uma gestão equivocada, de uma falta de planejamento que considerasse inclusive os relatórios técnicos e as alterações climáticas, culminou na crise que existe hoje”.
Rafael Poço é membro da Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade e da Aliança pela Água, uma coalizão da sociedade civil para contribuir com a construção de segurança hídrica em São Paulo.
A Entrevista
IHU On-Line – Quais são os dados do Relatório de Violação de direitos humanos na gestão hídrica do estado de São Paulo, feito pela Aliança Pela Água, que apontam indícios de violação de direitos humanos na gestão hídrica do estado? Como vocês realizaram esse relatório?
Rafael Poço – A produção do relatório é fruto de um compromisso assumido entre a Aliança pela Água e oColetivo de Luta pela Água com o relator da ONU[Organização das Nações Unidas] sobre Água e Saneamento,Léo Heller. No mês de abril deste ano fizemos uma reunião com ele e nos comprometemos a elaborar um relatório que organizasse ou sistematizasse algumas das possíveis violações a direitos humanos que estão acontecendo no estado de São Paulo neste período de enfrentamento da crise hídrica. A crise não acabou e as violações seguem acontecendo, portanto o relatório será permanentemente atualizado para acompanhar o que vem acontecendo aqui.
O relatório foi dividido de modo a apontar as violações relacionadas à falta de planejamento que levou a crise a ter a proporção que teve; as violações relacionadas a medidas de enfrentamento da crise, ou seja, medidas que foram adotadas no sentido de tentar dar respostas à crise; e as violações dos impactos das obras e outras ações adotadas pelo governo estadual para tentar resolver a crise.
IHU On-Line – Quais foram os principais direitos violados?
Rafael Poço – A relatoria da ONU estabelece alguns princípios, e a água e o saneamento são compreendidos como direitos, ou seja, as pessoas têm direitos à disponibilidade e acessibilidade à água. Então, do ponto de vista de planejamento, observamos que o governo do estado de São Paulo ignorou diversos materiais, inclusive documentos oficiais de técnicos e da sociedade civil, que há mais de 10 anos estão alertando para a possibilidade de essa crise acontecer. São documentos desde a outorga do Sistema Cantareira, que já previam a diminuição da dependência do sistema, documentos sobre a questão hidrológica e climática, de que poderia haver essa alteração.
Com relação às medidas adotadas durante a crise, observaram-se os cortes de água não informados e negados, inclusive, pelo governo, que afetaram diretamente a dignidade da pessoa humana, fazendo com que as pessoas não tivessem nenhuma previsibilidade que permitisse que elas se organizassem e se preparassem para enfrentar a crise, para garantir higiene pessoal e necessidades básicas. Estamos pautando essa questão como uma violação do próprio acesso à água e ao saneamento, uma vez que as pessoas ficaram sem acesso à água.
Além disso, denunciamos as formas como novos contratos de venda de água foram feitos, com o governo de um lado negando a criticidade da situação, negando a própria crise e, de outro lado, fazendo contratações e fechando contratos emergenciais com base no argumento da urgência; portanto, flexibilizando a legislação para contratações, flexibilizando legislação de licitações, que trouxeram prejuízos para a população em geral.
Na última semana fomos informados de que havia uma ação do Ministério Público contra a obra de transposição da Bile, no sistema Alto Tietê, porque durante o teste da obra aconteceu o que avisávamos que aconteceria: houve um assoreamento do rio.

“A crise não acabou e as violações seguem acontecendo”

Então o relatório aponta a negligência do governo em relação à crise?
Rafael Poço – O relatório mostra que os problemas gerados pela gestão de abastecimento vêm ocorrendo desde 2003, mas é muito difícil apontar o momento em que isso virou uma grande crise. Mas 2013 foi o ano em que a combinação de uma gestão equivocada, de uma falta de planejamento que considerasse inclusive os relatórios técnicos e as alterações climáticas, culminou na crise que existe hoje. A partir de 2013 a crise começou a ter uma proporção muito maior e com efeitos mais agudos na vida da população. Nesse momento, inclusive, começaram os cortes sistemáticos de uma forma mais generalizada, digamos assim. Primeiro foram feitos cortes nas regiões mais vulneráveis e mais pobres, na periferia em geral e, depois, foram feitos cortes e redução de pressão da água em toda a cidade de São Paulo.
Seria equivocado apontarmos o momento do início da crise, mas ela de fato se inicia quando já não são adotadas as medidas que a previnem, mas podemos dizer que a partir de 2013 ela entrou nessagravidade inédita na história e aí o governo se viu nessa situação de negação da crise. Foi isso o que nos colocou à beira de um colapso, do qual ainda não saímos. Entendemos que a negação da crise, ou seja, negar a gravidade de um problema, leva em primeiro lugar a uma inação, uma imobilização no enfrentamento e na busca por alternativas, e é isso que o governo segue fazendo. Isso torna tanto a população quanto os órgãos governamentais muito amarrados para conseguir buscar soluções maduras e coletivas para enfrentar a crise.
IHU On-Line – Quais são motivos que levaram o governo a negar e depois tratar essa crise sem dar a devida gravidade?
Rafael Poço – Há uma combinação de dois fatores. Um deles é uma gestão equivocada, que é o principal fator, ou seja, há uma visão em relação aos recursos hídricos que é ultrapassada e equivocada, que lida apenas com a gestão da oferta. Ou seja, pensa-se em aumentar a oferta, sempre buscando água em locais mais distantes, com um custo maior, com maiores danos ambientais, com maior prejuízo a outras regiões. Acredito que esse é o aspecto mais chocante, ou seja, o governo segue um modelo de gestão segundo o qual os recursos naturais são vistos como algo quase sem fim. Trata-se de um modelo de gestão que não consegue se preparar para imprevistos porque tem uma visão ingênua em relação aos recursos, como se eles fossem algo infinito. Essa visão leva a uma gestão que não se prepara para o que está cada vez mais recorrente no mundo inteiro, que são as mudanças climáticas, as alterações de ciclo hidrológico e o aumento de consumo de água natural devido ao aumento populacional.
Então, tentando resumir, esses dois fatores ocorrem um em decorrência do outro. Trata-se de um modelo que lida com os recursos naturais de forma insustentável e, a partir dele, se constitui uma gestão que é baseada nessa visão que não busca alternativas.
IHU On-Line – Qual foi a recepção do relatório?
Rafael Poço – Do ponto de vista da sociedade foi visto como algo muito relevante e fundamental para o processo que estamos vivendo, porque acionar o mecanismo internacional, ou seja, arelatoria da ONU, é uma alternativa para conseguirmos, ao menos, ter mais transparência para dar visibilidade para o que vem acontecendo em São Paulo. Não recebemos reações do governo do estado em relação ao documento que foi endereçado à relatoria da ONU. Esse documento tem o caráter de organizar as informações que já estão disponíveis, que já estão presentes em outros documentos, e direcioná-las para a relatoria da ONU com a finalidade de buscar mecanismos da ONU para dar abrangência internacional e nacional para a crise hídrica que ocorre no estado de São Paulo. O mecanismo da ONU permite que o relator, após receber essas denúncias, envie o documento intitulado “carta de alegações” para o governo, requerendo informações sobre o que vem acontecendo e questionando quais medidas estão sendo adotadas com relação a essas violações. Esperamos que com isso consigamos mais uma força para, primeiro, dar visibilidade à crise hídrica e, segundo, para que possamos superar essa questão e, por fim, responsabilizar quem precisa ser responsabilizado pela situação.
IHU On-Line – Qual é a expectativa de a ONU confirmar as violações de direitos humanos na gestão dos recursos hídricos do estado de São Paulo? Como se dará esse processo?
Rafael Poço – O próximo passo agora, segundo o relator Léo Heller – que participou do evento que fizemos de lançamento do relatório –, é elaborar uma carta de adequações que tem a finalidade de colher o máximo possível de informações. Depois há outros mecanismos, como de tentar constranger o país ou o estado a tomar providências e até ser responsabilizado.

“O governo segue um modelo de gestão segundo o qual os recursos naturais são vistos como algo quase sem fim”

IHU On-Line – Há uma solução para a crise hídrica hoje? Quais são as medidas que devem ser adotadas para resolver essa crise e evitar futuras crises de abastecimento?
Rafael Poço – O primeiro aspecto é que qualquer crise precisa ser tratada com transparência, de maneira responsável e madura. Antes do aspecto técnico, de como se resolve isso tecnicamente, se se trata de trazer mais água de outros mananciais ou fazer novas obras para dar conta do abastecimento, a questão central é trabalhar com transparência, com maturidade e responsabilidade, ou seja, primeiro vamos encarar o problema. Portanto, a primeira coisa que precisa acontecer é um gesto do governo de reconhecer a situação em que estamos, assumir a responsabilidade sobre medidas que não foram tomadas. Isso passa, primeiro, por dar mais informações para a sociedade; segundo, pela redução do consumo; terceiro, fazer exigências àSabesp, que é a principal empresa do estado responsável pelo abastecimento de centenas de cidades, e à Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo – Arsesp, que é agência reguladora, para que elas assumam uma postura que cumpra as suas finalidades.
Depois disso, é preciso visualizar as condições para a adoção de um novo modelo e, a partir daí, poderemos discutir qual é o melhor modelo de abastecimento a adotar, como lidaremos com o número crescente da população e, portanto, do consumo, que relação queremos ter com os mananciais, ou seja, todas essas questões precisam estar envolvidas. Não é uma solução simples, de engenharia ou tecnológica apenas, é uma combinação de fatores: precisamos recuperar as áreas de manancial, respeitar as políticas que já existem e não são cumpridas, recuperar e preservar os mananciais, reduzir o consumo, estimular a redução de perdas de água na transmissão – em São Paulo a perda é de aproximadamente 30%.
Aliança pela Água tem proposto que precisamos de uma nova cultura de cuidado com a água, com os recursos hídricos, que irá passar por diversas questões: a maneira como se cuida e se preserva, a maneira como se obtém a água.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Estudo aponta as melhores frutas pra quem quer emagrecer – e outras que mais atrapalham do que ajudam

     Comer mais frutas – especialmente bagas (oxicoco, mirtilo, groselha), maçãs e peras – e vegetais sem amido, como soja e couve-flor, pode ajudar você a perder peso a longo prazo, sugere um novo estudo. No entanto, a adição de vegetais ricos em amido, como ervilhas, batatas e milho na sua dieta pode não ser tão bom se você está querendo ficar em forma: pessoas que aumentaram seu consumo desses vegetais ganharam peso ao longo do tempo, segundo o mesmo estudo.
Os pesquisadores apontam que as orientações nutricionais devem enfatizar as frutas e legumes individualmente ou em subgrupos que maximizam o potencial para a manutenção do peso e a prevenção de doenças específicas, para garantir que as pessoas consigam melhores resultados.
No estudo, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA, analisaram informações de mais de 130.000 adultos norte-americanos que foram acompanhados por mais de duas décadas como parte de vários estudos grandes e de longa duração conduzidos por profissionais de saúde. A cada quatro anos, os participantes recebiam um formulário onde deviam informar o controle dos alimentos que comiam todos os dias durante uma semana. Eles também relatavam seu peso a cada dois anos.
No geral, os participantes que aumentaram seu consumo de frutas e vegetais ao longo de um período de quatro anos tenderam a perder peso. Para cada porção adicional de frutas que os participantes comeram semanalmente, perderam cerca de 200 gramas, e para cada porção adicional de vegetais por semana, perderam cerca de 100 gramas.
É possível que a razão para a perda de peso esteja no fato de que as pessoas comem frutas e legumes em vez de comer outros alimentos menos saudáveis. Outra análise feita pelo estudo descobriu que a substituição de 5% de calorias provenientes de outros alimentos por 5% de calorias provenientes de frutas e vegetais ao longo de quatro anos está associada com cerca de 500 gramas de perda de peso.
Frutas: entre mocinhos e vilões
Os frutos com o maior impacto sobre a perda de peso, como já dito, são bagas, maçãs e peras: cada porção dessas frutas adicionadas ao longo de um período de quatro anos foi associada com cerca de 500 gramas de perda de peso.
Couve-flor e produtos à base de soja, como o tofu, também ajudam: cada porção adicional destes alimentos esteve associada com quase 1 kg de perda de peso.
No entanto, vários vegetais ricos em amido estão relacionados com o ganho de peso. Para cada porção adicional de milho ao longo de um período de quatro anos, os participantes ganharam cerca de 1 kg; para cada porção adicional de ervilhas, ganharam cerca de 500 gramas; e para cada porção adicional de batata assada, cozidas ou purê, ganharam cerca de 300 gramas.
Apesar dos vegetais ricos em amido serem alimentos ricos em nutrientes – eles contêm potássio, vitamina C, vitamina B6, ferro, fibras e proteínas -, eles podem causar maiores aumentos nos níveis de açúcar no sangue do que outros vegetais, o que poderia explicar por que estão ligados com o ganho de peso.
Fatores
Por outro lado, frutas e legumes com mais fibra podem aumentar a sensação de saciedade, e levar as pessoas a comer menos de forma geral, afirmam os pesquisadores. A ligação entre o maior consumo de frutas e vegetais e menor ganho de peso se manteve mesmo depois que os pesquisadores levaram em conta outros fatores que afetam nosso peso, como os níveis de atividade física, a quantidade de sono e o cigarro. No entanto, é possível que as pessoas que comiam alimentos saudáveis ​​também praticassem outros comportamentos saudáveis ​​que o estudo não levou em conta.
Além disso, como o estudo incluiu apenas adultos, principalmente brancos, com um nível elevado de educação, os resultados podem não se aplicar a outras populações. Ainda assim, os resultados “dão suporte aos benefícios do aumento de consumo de frutas e vegetais para prevenir o ganho de peso a longo prazo e fornecem mais orientações específicas de alimentos para a prevenção da obesidade”, apontam os pesquisadores. [Live Science]



Ônibus elétrico mais barato.

A empresa Proterra criou um novo ônibus elétrico que pode dirigir 415 quilômetros em uma única carga. Isso é mais longe do que a maioria dos carros elétricos existentes hoje pode ir, e também mais longe do que uma rota diária de ônibus urbano nos EUA.
Ryan Popple, que já trabalhou na Tesla, é o dono da Proterra. Seu objetivo é substituir as centenas de milhares de ônibus a diesel no país, muito mais poluidores por liberarem constantemente carbono, fuligem e agentes cancerígenos, como o arsênico.
Outro benefício é o custo. Como o ônibus elétrico da Proterra poupa combustível, é mais barato ao longo de uma vida de utilização do que as alternativas, incluindo ônibus híbridos ou a gás natural.
O desejo de Popple é aplicar essa tecnologia limpa no transporte mais acessível do país, os ônibus, ao invés de ser apenas um item de luxo. Ele está convencido de que todos os ônibus acabarão por correr em eletricidade, e a questão é quão breve isso pode acontecer.
Para a indústria do petróleo, é um grande negócio encorajar as pessoas a comprar carros. Do ponto de vista do meio-ambiente e do bolso da maioria da população que não é dona de uma indústria multibilionária, no entanto, é um terrível investimento.
“Você está exposto aos preços do petróleo, você tem custos de seguros. O que devemos fazer é colocar na rua transporte de massa livre de carbono, e ajudar as pessoas a voltar a trabalhar por centavos de dólares por dia, ao contrário de dólares”, argumenta Popple.

Vantagens estruturais

O ônibus da Proterra foi feito a partir do zero. Como modelos elétricos são fundamentalmente diferentes do que os que funcionam a gasolina ou diesel, velhas fórmulas não fazem sentido. O motor não é mais a parte mais pesada do veículo, e não é preciso se preocupar com exaustão ou um tanque de líquido inflamável.
Algumas partes do novo design foram otimizadas para energia elétrica, além de terem outras vantagens. O ônibus é feito de fibra de carbono, material ultraleve, de modo que o sistema de bateria não tem de ser tão grande. Como não é feito de metal, não enferruja e dura mais tempo na estrada. O peso é distribuído de forma mais uniforme do que em um ônibus regular, por isso a aceleração também é melhor.
É ainda mais fácil de fabricar. “A longo prazo, nós temos uma enorme vantagem sobre os fabricantes de ônibus de aço”, explica Popple. “Eles estão construindo ônibus como se fosse uma casa, com um esqueleto no qual adicionam coisas. Na nossa fábrica, construímos um corpo compósito, como se fosse uma fuselagem de aeronave”.

Testes bem-sucedidos

Um modelo anterior do ônibus, projetado para aeroportos e outras rotas curtas, rodava 50 quilômetros em uma carga. Uma bateria especial podia recarregá-lo em apenas 10 minutos.
A nova versão utiliza a mesma tecnologia que carros como o Tesla para armazenamento de longo alcance.
No teste mais recente, a empresa esperava que o ônibus rodasse 320 quilômetros, mas o veículo foi 80 quilômetros mais longe.
Em condições reais, com climas diferentes, carregado com passageiros e em estradas irregulares, provavelmente não irá tão longe. Mas o ônibus só precisa percorrer aproximadamente 200 km em uma carga para cobrir uma rota de ônibus média. Durante a noite, pode ser recarregado.

No futuro

No momento, Popple está conversando com diversas agências de trânsito dos EUA. Os primeiros ônibus da Proterra serão vendidos ano que vem para a Foothill Transit, empresa com rotas no sul da Califórnia.
Cinco ou seis anos mais tarde, no momento em que as baterias precisarem ser substituídas, Popple espera que tenham uma gama ainda maior, alcançando 160 quilômetros a mais, no mínimo. [Engadget]

Meta de zerar desmatamento até 2030 deveria ser antecipada, dizem especialistas

A contribuição brasileira que será levada à 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (COP21), em dezembro, em Paris, foi considerada em muitos aspectos um avanço por especialistas, que destacaram, no entanto, que a meta de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030 deveria ser antecipada.
A Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada, conhecida como INDC, apresentada ontem (27) pela presidenta Dilma Rousseff na Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, pretende diminuir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 43% até 2030, tendo 2005 como ano-base. Para isso, o país prevê, entre outras ações, chegar ao fim do desmatamento ilegal em 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares, recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e integrar 5 milhões de hectares de lavoura, pastagem e pecuária.
Para o pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental (Ipam), Paulo Moutinho, a Amazônia já está sofrendo sérias alterações com áreas atingidas por secas severas. “Não dá para esperar até 2030 para zerar o desmatamento. O governo sabe que tem condições para uma antecipação bastante considerável dessa meta. As alterações já ocorrem na Amazônia devido à combinação de desmatamento com a influência da mudança climática global. É preciso fazer um esforço com a sociedade de cumprir essa meta muito antes do que está anunciado”.
O coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, Tasso Azevedo, disse que a proposta brasileira não contempla a meta de zerar o desmatamento em outros biomas, como o Cerrado, que vem sofrendo forte degradação, o que, para ele, é um ponto falho na INDC.
Segundo o diretor de Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Adriano Santhiago, o governo incluiu apenas a Amazônia na INDC porque o sistema de monitoramento por imagens de satélite está mais desenvolvido para o bioma. Ele ressaltou que a meta de zerar o desmatamento pode ser antecipada. “Fizemos uma proposta ambiciosa mas que dialogasse com a realidade do país”.
“Ainda falta desenvolver o sistema de monitoramento nos outros biomas. O Cadastro Ambiental Rural vai ajudar no monitoramento dos outros biomas, estamos com 70% das propriedades já cadastradas no sistema”, acrescentou Santhiago.
Tasso Azevedo destacou que, no contexto internacional, a contribuição brasileira é muito importante. “É um país em desenvolvimento com metas de redução de emissões absolutas. O principal problema hoje é mover os países para metas absolutas, para poder ter um número de emissões. O Brasil está puxando a discussão para outro patamar porque constrange a China, a Índia e outros países a ter que pensar sua INDC de uma outra maneira”.
Os especialistas participaram na tarde de ontem do seminário COP 21 em Pauta, promovido pelas organizações Andi e Climate and Land Use Alliance- Por Ana Cristina Campos, da Agência Brasil

Compensação de áreas desmatadas

O novo código florestal, tema das maiores contendas já registradas no Congresso Nacional nos últimos tempos, permite regularizar de três formas legais as áreas de reserva legal. Pela recomposição induzida pelo plantio de espécies, pela regeneração natural, muitas vezes obtida com a proteção da área desmatada, ou por mecanismos de compensação da área anteriormente desmatada, em um mesmo bioma ou ecossistema considerado, ainda que em outro estado da federação.
A recomposição pode ser feita pelo próprio proprietário ou empreendedor considerado, com o plantio de espécies nativas, conjugado com a regeneração natural, em prazos não superiores a 20 anos, conforme entendimento criterioso do órgão ambiental responsável. As espécies consideradas exóticas não devem ocupar mais de 50% do total da área, conforme registra nota da secretaria de comunicação social do senado federal.
Na regeneração natural, toda e qualquer atividade econômica existente, deve ser interrompida e a área deve ser protegida para obtenção de resultados relevantes. Já a compensação ambiental é um mecanismo prático, agora ampliado e institucionalizado, pelo qual os proprietários das áreas podem recuperar suas reservas legais, adquirindo áreas remanescentes, cobertas com vegetação natural em um mesmo bioma, mas em outro local. Os mecanismos de materialização destas reservas legais complementares, pode ser tanto por aquisição, quanto por arrendamento ou doação das áreas.
O arrendamento pode ser realizado por intermédio de servidão ambiental, mecanismo legal quando o proprietário do imóvel rural destina a área excedente de cobertura vegetal, para a reserva de imóvel rural de terceiro, desde que esteja localizada no mesmo bioma considerado. Este prático mecanismo vem incentivando a atividade de “bolsas verdes” muito atuantes, que facilitam o encontro entre aqueles que dispõem de áreas de reserva legal e aqueles que necessitam adquirir áreas de reservas legais para complementarem suas necessidades.
Esta situação, passado algum tempo da sua institucionalização, tem patrocinado situações de extrema peculiaridade, antes inimagináveis. Hoje é comum a interação de ecologistas, com representantes de sindicatos rurais e operadores ou representantes de mercados financeiros, que agilizam operações em bolsas. Um caso notório ocorre no município paraense de Paragominas, pioneiro nas atividades de regularização. Toda esta movimentação de alguma forma “desanuvia” o clima e estabelece para todas as partes envolvidas que é preciso “compartilhar o mesmo barco” que é o planeta Terra. Não só o estado da federação ou o país.
Situado nas proximidades da capital do estado, a recuperação ou a regeneração da vegetação natural na área não gerava atrativos, assim como em outras áreas rurais próximas a núcleos urbanos, onde a compensação com áreas vegetadas do mesmo bioma é mecanismo mais atraente. Na Amazônia Legal, é permitida a utilização como área de servidão ambiental, o percentual de vegetação que exceder a 50% nas áreas de floresta e a 20% nas áreas de Cerrado.
A cota de reserva ambiental (também conhecida pela sigla CRA), é um título representativo de vegetação nativa sob regime de servidão ambiental, reserva particular do patrimônio natural (RPPN) ou reserva legal instituída em regime voluntário sobre a vegetação excedente, visando especificamente a comercialização. No caso, os proprietários das áreas poderão realizar plano de manejo, permanecendo responsáveis pela exploração da gleba conforme diretrizes emanadas pelo licenciamento.
A terceira e última forma de compensação ambiental é a doação ao poder público de área localizada no interior de unidade de conservação que ainda esteja pendente de regularização fundiária completa e implantação plena, podendo ainda se materializar em contribuição a fundo de natureza pública, que tenha como objetivo expresso, a mesma finalidade.
Notícia expressa pela agência Senado, manifesta que o Sr.Virgílio Viana, superintendente da Fundação Amazonas Sustentável considera positiva a compensação de áreas conforme previsto, incentivando uma economia virtuosa que incentiva a interação entre os agentes do agronegócio com os agentes ecológicos.
A grande discussão é sobre a data de 22 de julho de 2.008, como marco de referência para áreas que devem se submeter ou não a processos de recomposição e compensação. Mas lei se cumpre e não se opina ou discute. As pequenas propriedades mantiveram o atributo de não precisar recuperar áreas desmatadas antes desta data. Para a regularização das áreas desmatadas até a data limite considerada, os proprietários podem recompor a área com o plantio intercalado de espécies nativas e exóticas; isolar a área para que ocorra a regeneração natural; ou ainda compensar a reserva legal em outra propriedade. Em qualquer das possibilidades consideradas, será obrigatória a inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
A discussão sobre a viabilidade de identificar se o desmatamento foi anterior ou posterior a data limite considerada, se torna matéria vencida dentro da realidade materializada neste contexto. Para a compensação, cuja previsão é que também possa ser realizada em outro estado, também é necessário que a área escolhida seja considerada prioritária. Essa definição de prioridade deverá ser feita pela União e pelos estados, para a conservação e recuperação de ecossistemas ou espécies vegetais ou animais que estejam ameaçadas.
Em propriedades de até quatro módulos fiscais, tamanho este que pode variar entre os municípios, as regras são diferenciadas. Essas pequenas propriedades serão regularizadas com a porcentagem de mata nativa existente em 2008, mesmo que inferior ao percentual exigido na lei. A notícia da agência Senado destaca que para o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), a medida não significa anistia irrestrita, mas um benefício aos pequenos produtores, que têm menos condições econômicas de recuperar as áreas.
As regras continuaram as mesmas sobre os montantes das reservas legais. Em imóveis rurais localizados na Amazônia Legal, a reserva será de 80% da propriedade nas áreas de florestas, sendo de 35% nas de cerrado; e prosseguindo com 20% para os imóveis em áreas de campos gerais. Nas demais regiões do país, independentemente do tipo de vegetação, a área mínima de reserva é de 20%.
Este fortalecimento do mercado de compensação florestal que já se observa no país, segundo pesquisadores citados pela agência Senado, representa importante mecanismo de distribuição de renda. A resiliência apresentada pelos ecossistemas do país deverá contribuir para que a autorregeneração seja hegemônica. Os mecanismos das bolsas será muito importante, tanto para viabilizar mecanismos de distribuição de renda, como para viabilizar o encontro de cerca de 1 milhão de propriedades com excedentes de reserva legal, com as 4 milhões de propriedades, que são estimadas com necessidades de complementação.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate

Aquecimento extremo trará ‘mortes em massa’, alertam especialistas

Por Claudio Angelo, do Observatório do Clima.
Um vídeo exibido a uma plateia pequena na última segunda-feira, em Brasília, mostrava sem eufemismos o que poderia acontecer com o planeta caso o aquecimento global saísse de controle e atingisse o patamar de 4oC a 7oC. Imagens de florestas queimando, lavouras mortas e inundações se sucediam enquanto uma narradora vaticinava “mortes em massa para pessoas que não tiverem ar-condicionado 24 horas por dia” e “migrações forçadas”. “Nos tornaremos parte de um ambiente extinto”, sentenciou. O fato de que a cidade passava por uma onda de calor, tendo registrado dias antes a maior temperatura desde sua fundação, ajudava a compor a atmosfera.
Num pequeno palco, em poltronas brancas, um grupo formado em sua maioria por homens de meia idade assistia à exibição. Entre eles estavam alguns membros da elite da ciência do clima, como Carlos Afonso Nobre e José Marengo, membros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, e Sir David King, representante para Mudanças Climáticas do Reino Unido.
Até não muito tempo atrás, esses mesmos homens descontariam como alarmismo ou ficção científica as afirmações do vídeo. Hoje, são as pesquisas deles que embasam os cenários de apocalipse pintados ali.
Os cientistas reunidos em Brasília fazem parte de um grupo internacional reunido por David King em 2013 para tentar produzir uma avaliação de riscos de mudanças climáticas extremas. O trabalho foi iniciado nos EUA, na Índia, na China e no Reino Unido e agora começa a ser feito no Brasil. Ele parte do princípio de que a probabilidade de que o aquecimento da Terra ultrapasse 4oC é baixa, mas as consequências potenciais são tão dramáticas que os governos deveriam considerá-las na hora de tomar decisões sobre corte de emissões e adaptação.
“Trata-se de uma visão muito diferente da mudança climática”, afirmou King, um físico sul-africano que serviu durante anos como conselheiro-chefe para ciência do primeiro-ministro Tony Blair. “O IPCC fez um ótimo trabalho, mas é preciso uma avaliação do risco de que aconteça algo catastrófico ligado à mudança climática.”
Ele citou como exemplo os piores cenários de mudança climática projetados para a China: elevações do nível do mar que afetassem a costa leste do país, lar de 200 milhões de pessoas, quebras da safra de arroz – que têm de 5% a 10% de chance de ocorrer mesmo com elevações modestas na temperatura – e ondas de calor que estejam acima da capacidade fisiológica de adaptação do ser humano.
“Com mais de três dias com temperaturas superiores a 40oC e muita umidade você não consegue compensar o calor pela transpiração e morre”, afirmou King.
Com um aquecimento de 4oC a 7oC, estresses múltiplos podem acontecer de uma vez em várias partes do mundo. “Estamos olhando para perdas maciças de vidas”, afirmou King. “Seria o colapso da civilização.”
RUMO A 4o C
Os modelos climáticos usados pelo IPCC projetam diferentes variações de temperatura de acordo com a concentração de gás carbônico na atmosfera. Esses cenários se chamam RCP, sigla em inglês para “trajetórias representativas de concentração”, e medem quanto muda o balanço de radiação do planeta, em watts por metro quadrado. Eles vão de 2.6 W/m2 – o cenário compatível com a manutenção do aquecimento na meta de 2oC, considerada pela ONU o limite “seguro” – a 8.5 w/m2, que é para onde o ritmo atual de emissões está levando a humanidade.
“O RCP 8.5 nos dá quase 100% de probabilidade de o aquecimento ultrapassar os 4oC no fim deste século”, afirmou Sir David King. E quais seriam as chances de mais de 7oC? Até o fim do século, baixas. “Eu sou velho, então estou bem. Mas tenho dois netos que vão viver até o fim do século, e eles vão querer ter netos também. Não ligamos para o futuro?”
Segundo Carlos Nobre, avaliar e prevenir riscos de um aquecimento extremo é como comprar um seguro residencial: mesmo com probabilidade baixa de um desastre, é algo que não dá para não fazer, porque os custos do impacto são basicamente impossíveis de manejar.
Para o Brasil, esses riscos são múltiplos: vão desde a redução em 30% da vazão dos principais rios até o comprometimento do agronegócio e extinção de espécies. Cenários regionais traçados a partir dos modelos do IPCC já apontam para aquecimentos de até 8oC em algumas regiões do país neste século, o que tornaria essas áreas essencialmente inabitáveis por longos períodos.
“Mesmo se limitarmos as emissões a 1 trilhão de toneladas de CO2, [limite compatível com os 2oC] ainda podemos ultrapassar os 3oC”, afirmou o cientista, atualmente presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Segundo ele, não há outro caminho a tomar que não seja limitar as concentrações de CO2 na atmosfera a 350 partes por milhão. Ocorre que já ultrapassamos as 400 partes por milhão em 2014, e os compromissos registrados pelos países para o acordo de Paris não são capazes nem mesmo de garantir o limite te 1 trilhão de toneladas.
Única mulher do painel, Beatriz Oliveira, da Fiocruz, apontou o risco de muita gente no Brasil literalmente morrer de calor, em especial nas regiões Norte e Nordeste. “Você poderia ficar exposto e realizar atividades externas no máximo por 30 minutos. O resto do dia teria de passar no ar-condicionado”, disse.
Questionada pela plateia ao final do evento, a pesquisadora mencionou um único lado positivo do aquecimento extremo: a redução na incidência de doenças transmitidas por insetos, como a dengue. “Nem o mosquito sobrevive”, disse.
Fonte : Ecodebate

Câmara recebe 1.4 milhão de assinaturas propondo o Desmatamento Zero no país

Uma grande manifestação em defesa do meio ambiente marcou, nesta terça-feira (7), a entrega aos parlamentares ligados à causa socioambiental do projeto de lei de iniciativa popular, que contou com 1.4 milhão de assinaturas, propondo o Desmatamento Zero no Brasil. O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), que foi o primeiro a receber as assinaturas, afirmou que somente uma grande mobilização popular como esta coordenada pelo Greenpeace poderá deter os ataques à legislação, como ocorreu com as mudanças no Código Florestal que permitiram desmatar em áreas de proteção ambiental e de preservação permanente.
“Setores atrasados do agronegócio são hoje maioria na Câmara, mas não representam o sentimento da sociedade, como ficou claro hoje. Criando uma massa crítica, com mobilizações como esta, poderemos aprovar proposições que garantam o respeito aos direitos difusos da sociedade”, afirmou Sarney Filho.
Participaram da cerimônia, realizada no salão verde da Câmara e depois estendida à Comissão de Legislação Participativa, onde as assinaturas foram entregues em várias caixas, crianças, dirigentes de ONGs, representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e artistas, como Maria Paula, Caio Blat, Jorge Pontual, Paulo Vilhena e Valesca Popozuda. As assinaturas foram coletadas pelo Greenpeace durante três anos.
O dirigente do Greenpeace, Paulo Adário, comemorou o resultado da campanha. “Esta será a Lei Áurea do Desmatamento, porque, a partir dela, não será mais possível derrubar uma árvore nativa no país. Ao aprová-la estaremos lutando a favor das florestas e protegendo a água, que está desaparecendo devido aos desmatamentos”, afirmou.
Para marcar o momento, ativistas do Greenpeace realizaram uma intervenção artística no Salão Verde do Congresso, com a montagem de um mural de 2,16 metros de altura por 6,71 metros de comprimento, formada por mais de seis mil fotos enviadas pelas pessoas que colaboraram com a campanha com a mensagem “Desmatamento Zero já!”.
Crianças
Na Comissão de Legislação Participativa, a sessão foi presidida por uma criança que recebeu oficialmente as assinaturas. Artistas presentes se manifestaram contra os desmatamentos. “Chega de bla-blá-bla-“, afirmou Valérica Popozuda. “Não queremos mais nenhuma árvore derrubada no país”, reforçou Maria Paula, ex-Casseta e Planeta.
O representante da CNBB, dom Guilherme Werlang, falou sobre o compromisso do Papa Francisco com o meio ambiente em sua encíclica recente, “Laudato Si”, e do compromisso da Igreja de estar junto de todos que lutam contra a corrupção, eleições limpas e em defesa do meio ambiente e populações tradicionais.
“Espero que o projeto possa mobilizar e sensibilizar o Congresso Nacional. É um momento importante para que possamos continuar pressionando, não apenas por pequenas mudanças e costuras de apêndices, mas por uma mudança profunda”, afirmou Dom Guilherme.
A líder indígena Sônia Guajajara defendeu que o êxito da campanha do Desmatamento Zero mostra que “os parlamentares devem legislar sobre questões de interesse da sociedade e não sobre os seus próprios interesses”.
Informe da Liderança do PV, in EcoDebate

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