domingo, 28 de novembro de 2010

Relatório do PNUD denuncia que quase metade do planeta não tem energia moderna em casa


Mulher cozinha com lenha na vila de Kohlua, na Índia. Foto de Adam Ferguson/NYT, no Portal G1

Cerca de três bilhões de pessoas, aproximadamente a metade da população do planeta, não possui fontes modernas de energia para se aquecer e cozinhar, enquanto quase uma em cada quatro sequer tem luz elétrica, denuncia um relatório da ONU sobre recursos energéticos divulgado hoje.

O estudo foi elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e destaca as enormes dificuldades que os países em desenvolvimento enfrentam em matéria energética, além do impacto na saúde e no meio ambiente de práticas como a queima de lenha ou carvão nos lares mais pobres. Reportagem da Agência EFE.

O acesso a fontes de energia modernas como gás, petróleo ou eletricidade varia de acordo com o país, mas, em geral, as carências nesta matéria se concentram nos países em desenvolvimento mais pobres, particularmente na África Subsaariana.

O diretor de Política de Desenvolvimento do Pnud, Olav Kjorven, ressaltou hoje que a universalização do acesso à eletricidade e às fontes de energia moderna tem que fazer parte do futuro acordo global que será negociado no mês que vem em Copenhague durante a Conferência da ONU sobre a Mudança Climática.

“Se o acesso às energias modernas não fizer parte disso, não vai funcionar”, alertou Kjorven durante a apresentação do relatório.

Um total de 74% dos subsaarianos, ou seja, 560 milhões de pessoas, vivem sem luz elétrica em seus lares. Além disso, 625 milhões dependem da lenha ou do carvão para cozinhar ou combater o frio, segundo o Pnud.

Por outro lado, em regiões pobres mais desenvolvidas, como o Leste da Ásia e o Oceano Pacífico, o acesso à eletricidade é muito mais disseminado, embora 1,1 bilhão de pessoas ainda precisem recorrer a combustíveis primitivos.

Na grande maioria dos países latino-americanos e do Caribe, a proporção de gente que vive sem eletricidade caiu para abaixo de 25%, com a exceção de Haiti, Honduras e Nicarágua.

Além do problema do acesso a fontes de energia modernas, há o de que boa parte desses lares conta com fogões rudimentares, que costumam ser pouco eficientes e originam grande quantidade de fumaça, uma situação particularmente comum no mundo rural.

O relatório adverte que a fumaça criada pela queima de carvão ou lenha junto à ausência de equipamentos modernos e ventilação adequada formam a origem de inúmeros problemas respiratórios.

Quase dois milhões de mortes anuais por doenças como pneumonia, câncer de pulmão e outras patologias respiratórias se associam à inalação da fumaça produzida pela queima de combustíveis sólidos, assegura o estudo, que adverte que os mais afetados costumam ser crianças e mulheres.

No total, 44% dos mortos anualmente por causa destas doenças são menores de idade, enquanto 60% dos adultos são mulheres, detalha o relatório.

“Diante do enorme impacto destas doenças nos países menos desenvolvidos”, os responsáveis pelo estudo asseguram que “uma maior atuação em matéria de energia doméstica teria consequências muito positivas no âmbito da saúde das populações afetadas”.

Outro efeito nocivo da dependência do carvão e da lenha que se deve levar em conta é a emissão de gases poluentes gerada por sua combustão.

O relatório do Pnud alerta que uma melhora na situação do consumo energético doméstico nos países em desenvolvimento é “indispensável” caso haja a intenção de cumprir a meta de reduzir a pobreza mundial pela metade em relação aos níveis de 1990, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) fixados pela ONU.

Concretamente, para que essa meta seja atingida, quase 1,2 bilhão de pessoas deveriam ter acesso à luz elétrica e 1,9 bilhão precisariam abandonar os combustíveis sólidos em lugar de outros menos danosos.

“Os países em desenvolvimento estão muito atrasados em relação à universalização do fornecimento de energia elétrica, seja para cumprir suas metas nacionais ou para alcançar os ODM”, afirma o documento.

Nesse contexto, o estudo destaca que metade dos Governos dos países em desenvolvimento se comprometeu a alcançar metas concretas na ampliação do acesso à eletricidade, mas muito poucos o fizeram em relação ao uso de combustíveis sólidos na cozinha ou para calefação

Reportagem da Agência EFE, no UOL Notícias.

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César Torres