quinta-feira, 10 de março de 2011

Seca e calor - Norte de Minas


Estamos atravessando mais uma vez, a região norte de Minas Gerais, um período de seca e muito calor. A precipitação pluviométrica está muito abaixo da média histórica. Quero salientar que isto não é conseqüência do aquecimento global, como muita gente se apressa em definir. Sempre houve seca e calor no semi-árido mineiro, assim como em muitas regiões do país. Também o desmatamento apenas não é o responsável pela falta de chuvas e aumentos da temperatura.

O aquecimento global, os desmatamentos e outras agressões à natureza são vilões que devem ser combatidos com determinação e firmeza, pois provocam sérios danos ao meio ambiente e à qualidade de vida. Assim, devemos analisar com cuidado as informações sobre mudanças climáticas e ter perspicácia na preservação ambiental.

Estamos inseridos no semi-árido por que nos enquadramos dentro dos parâmetros estabelecidos para esta região, quais sejam:
- precipitações médias anuais iguais ou menores que 800 mm;
- insolação média de 2.800 horas por ano;
- temperaturas médias anuais entre 23º C e 27º C;
- evaporação de 2.000 mm por ano;
- umidade relativa do ar média em torno de 50%.

Sendo assim, temos uma considerável escassez hídrica e regimes temporários dos rios, córregos, ribeirões, riachos e outros corpos d’água (lagoas, lagos etc) e rebaixamento do lençol freático, o que reduz e dificulta a captação de água subterrânea.

Com exceção de Janaúba, que possui a Barragem do Bico da Pedra, a qual armazena um considerável volume de água, e alguns outros locais com mananciais perenes, a região da Serra Geral sofre bastante com os rigores da estiagem prolongada. Por isso, é importante a adoção de técnicas modernas de convivência com a seca, tais como cisternas caseiras que captam a água da (pouca) chuva e consegue armazenar uma quantidade suficiente para uma família por algum tempo.

A construção de barragens na região é defendida com veemência pelos moradores e autoridades como um meio de aliviar um pouco as necessidades da população.

Entretanto, são poucos ainda os estudos técnicos exigidos para a implantação de barragens nos cursos d’água existentes por aqui. Os impactos ambientais – e sociais – provenientes de barramentos não foram suficientemente analisados e estudados para que tal empreendimento possa ocorrer.

A desertificação é o fantasma maior que assombra várias partes do globo e aqui não é diferente. É uma luta que deve ser encarada com seriedade.
* Aroldo Cangussu, colaborador e articulista do EcoDebate

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César Torres