Em uma conjuntura de negacionismo e polarização, o Brasil teve o censo possível, refletindo a nova realidade da sociedade brasileira.
Na corrida de obstáculos, o recenseamento foi a campo com a sociedade dividida e em meio a uma eleição extremamente polarizada. Houve atraso na coleta dos dados e não foi nada fácil aplicar os questionários nos domicílios brasileiros.
No dia 28 de junho passado, o IBGE divulgou os dados sobre o tamanho da população brasileira em suas diversas escalas geográficas. Nos próximos meses serão divulgados uma enorme gama de informações que vão contribuir para o Brasil conhecer o perfil sociodemográfico do país. O censo é fundamental para a formulação das políticas públicas e para a decisão de investimentos da iniciativa privada.
A tabela abaixo mostra a evolução da população brasileira nos últimos 150 anos. O primeiro censo demográfico foi realizado ainda na época do Império, em 1872 (nos cinquenta anos da Independência) e contabilizou uma população de quase 10 milhões de habitantes (menos do que a atual capital de São Paulo).Em 1950, a população já era de quase 52 milhões de habitantes. O maior crescimento ocorreu nas décadas de 1950 e 1960. A desaceleração do crescimento começou no início dos anos de 1970. A transição demográfica é a marca principal das últimas décadas e acréscimos menores de população eram esperados, mas o número de 203 milhões ficou aquém do estimado.
De maneira surpreendente, várias capitais tais como Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Belém, dentre outras, diminuíram de tamanho. Cidades grandes como São Gonçalo também diminuíram de maneira inesperada. São João de Meriti, na baixada fluminense, retrocedeu para o nível anterior ao censo de 1991.
O censo demográfico é a principal fonte de informações sociodemográficas do país. Apesar das dificuldades, o IBGE fez um esforço tremendo para realizar as entrevistas e chegar aos domicílios. Mas em uma conjuntura de negacionismo e polarização, o Brasil teve o censo possível, refletindo a nova realidade da sociedade brasileira.
Ao longo dos próximos meses o Instituto vai divulgar as demais informações do censo demográfico de 2022 e os cientistas sociais poderão analisar com mais precisão as informações censais.
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César Torres