sábado, 12 de fevereiro de 2011

Fumar destrói também o meio ambiente


Foto: SXC

Os governos estaduais começam finalmente a agir para o banimento do cigarro em ambientes de uso coletivo, defendendo do tabagismo não apenas o fumante, mas todos os demais, inclusive crianças, que também absorvem os danos.

Em agosto, a proibição virou lei no estado de São Paulo. A partir da semana que vem no Paraná também será proibido fumar em ambientes fechados. No Rio de Janeiro, cidade pioneira desta saudável onda, isto já acontece desde 2008.

A concentração de dióxido de carbono em um ambiente fechado pode atingir números altíssimos. Antes da proibição, ao medir a quantidade de fumaça de cigarro em boates de São Paulo, o jornal Folha de S. Paulo encontrou índices entre 10 e 14 ppm (parte por um milhão), quantidade parecida com a de ruas de tráfego movimentado, como a Avenida Paulista.

Os danos que o cigarro provoca para a saúde são tão indiscutíveis que a Philiph Morris, maior fabricante mundial, recentemente tentou conceituar positivamente a morte precoce dos fumantes, alegando que isso acabaria sendo favorável à economia. É um argumento revoltante, mas absolutamente coerente para uma indústria sempre implacável no relacionamento com a opinião pública.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo a principal causa de morte evitável em todo o mundo, com cinco milhões de mortes por ano. 100 milhões de pessoas morreram no século XX e para este século a OMS prevê a morte de mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo, se os governos não agirem com rigor.

O tabaco mata e causa deformações horríveis, como mostram as imagens obrigatórias impressas nas embalagens. Mas além dos males diretos sobre o corpo, o meio ambiente também é seriamente afetado.

A lavoura do fumo tem uma alta exigência de adubos químicos e agrotóxicos, fatores altamente prejudiciais para a terra, rios e mananciais. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de fumo, abaixo apenas da China. Por esse número, já dá para imaginar a quantidade de terras agriculturáveis tomadas por um tipo de cultura que, no final, não compensa os altos custos exigidos para combater seus danos.

A natureza sofre também os efeitos da secagem das folhas do fumo, em estufas alimentadas com lenha. Parte desta madeira vem do eucalipto, mas pelo menos 50% é extraído de matas nativas, com especial dano para a Mata Atlântica, que tem à sua volta grande parte das plantações brasileiras de fumo.

Segundo dados da Associação de Fumicultores do Brasil/Afubra, em 2006 a área plantada com o fumo no Sul do Brasil foi de 417 mil hectares.

Especialistas fizeram as contas em 2007 e chegaram à conclusão que os 120 mil fornos da chamada cura do tabaco consomem 13,2 milhões de metros cúbicos de lenha.

A queima de tanta madeira evidentemente também contribui para o aquecimento global. E como na produção do tabaco são utilizados fertilizantes nitrogenados, acaba sendo liberado para a atmosfera o óxido nitroso (N2O), um gás que é 310 vezes mais potente que CO2 para reter o calor na atmosfera do planeta.

Outro efeito sobre a cobertura vegetal nativa, que já sofre demais com o plantio, vem depois, com os inumeráveis incêndios que começam com uma ponta de cigarro jogada no mato seco. Estas queimadas, que destroem inclusive muitas áreas de preservação, são estimadas em 25% do total de incêndios na natureza.

E após a fumaça mortífera, vem o lixo do resto do cigarro ou charuto depois de fumado. Aquela sujeira que abarrota em pouco tempo um cinzeiro demora anos para se decompor. Um estudo realizado por biólogos da USP mostrou que uma bituca permanece na natureza por períodos nunca inferiores a dois anos. Os filtros dos cigarros são ainda mais resistentes, poluindo solo e água por mais de cinco anos.

O hábito de fumar, portanto, acaba com o fumante e com tudo e todos que o cercam.

Colaboração do Movimento Água da Nossa Gente para o EcoDebate, 28/09/2009

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César Torres