A ocorrência de fenômenos naturais extremos vem nos dando sinais de que algo incomum está acontecendo na natureza. Estamos vivenciando uma época de intensas ondas de
calor em todo o mundo, de tempestades, secas e furacões cada vez mais severos, assim como o aumento de epidemias e a extinção de inúmeras espécies. Esses fenômenos têm sido apontados como conseqüência da mudança do clima na terra.
No filme “Uma Verdade Inconveniente: o que devemos fazer (e saber) sobre o
aquecimento global” dirigido por Davis Guggenheim e apresentado pelo ambientalista e exvice-
presidente dos Estados Unidos Al Gore, o aquecimento global e suas conseqüências são
retratados de forma realista. De caráter informativo e ao mesmo tempo impactante, o filme é
exibido em forma de um documentário, elaborado a partir das palestras proferidas por Al
Gore o redor do mundo.
Lançando mão de uma eloqüente retórica e de excelentes recursos audiovisuais que
exibem dados científicos e imagens de fenômenos naturais recentes, Al Gore argumenta de
forma convincente que a temperatura da terra está aumentando e que a principal causa desse
aquecimento são as ações do homem. A veracidade com que o tema é tratado é capaz de
remover qualquer dúvida de que as atividades humanas exercem influências na mudança do
clima. Além de nos deixar alarmados com os conseqüentes desastres ambientais a que
estamos sujeitos, ou melhor, que já estamos vivenciando.
O aquecimento global é causado pela intensificação do efeito estufa que, por sua vez, é
conseqüência do excesso da concentração de determinados gases na atmosfera, os chamados
gases de efeito estufa, dentre eles o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso. A
principal fonte desses gases tem sido atribuída particularmente à queima de combustíveis
fósseis e ao desmatamento.
Embora pesquisas científicas demonstrem claramente a correlação entre o aumento da
concentração de dióxido de carbono na atmosfera e da temperatura, embora existam várias
simulações do comportamento do clima através de modelagens computacionais, embora a
ocorrência de eventos climáticos extremos esteja se intensificando, há ainda aqueles que
questionam a veracidade de que o clima na terra está mudando e ignoram seus efeitos.
Informações publicadas no meio científico, e enfatizadas por Al Gore, são
constantemente julgadas quanto à sua consistência. Mesmo havendo um sólido consenso
científico, afirmando a correlação entre o aumento da temperatura e a concentração de
dióxido de carbono, muitos ainda resistem em acreditar que o homem seja o principal
culpado.
Os chamados “céticos do aquecimento global” defendem a teoria de que a terra está se
aquecendo devido a causas naturais. Eles afirmam que mudanças climáticas periódicas
ocorrem desde a origem da terra, com ou sem a interferência do homem como, por exemplo,
as “Eras Glaciais”. E ainda, que o que estamos presenciando hoje são apenas flutuações
cíclicas da natureza. Sabemos que eventos desse tipo já aconteceram em épocas passadas, mas
vale ressaltar que tais mudanças ocorreram com variações naturais nos níveis de dióxido de
carbono bem menores do que as que presenciamos hoje.
É sabido também que, além do efeito estufa, outros fatores internos ao sistema Sol-
Terra-Atmosfera afetam o clima, tais como, variação de albedo planetário, porcentagem da
radiação solar incidente e concentração de aerossóis. Entretanto, tais fatores não bastam para
explicar tanto aquecimento em tão pouco tempo.
O fato é que existe um conflito de informações, as quais devem ser tratadas de forma
cautelosa. De um lado estão aqueles que afirmam que a ciência é imprecisa, que os dados são
incoerentes e que ainda existem dúvidas quanto à verdadeira causa dos fenômenos ocorridos.
De outro, aqueles para os quais o aquecimento global já é uma realidade. A verdade é que está
cada vez mais evidente que há algo de errado acontecendo em nosso planeta: fenômenos que
antes ocorriam ao longo de eras geológicas agora se sucedem no decorrer de uma geração.
A hipótese de que o aquecimento da Terra é fruto da ação humana foi confirmada,
com mais de 90% de probabilidade, com a divulgação recente de uma parte do Quarto
Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). No relatório
anterior, publicado em 2001, essa probabilidade havia sido estimada em 60%. Os cientistas
ressaltam que até o final deste século a temperatura na Terra vai aumentar em torno de 3 a
5ºC, caso não ocorra uma redução imediata da emissão de poluentes. E ainda, que o
aquecimento global vai causar derretimento de geleiras e o conseqüente aumento do nível do
mar, gerando tufões e furacões menos freqüentes, porém mais intensos.
No filme “Uma Verdade Inconveniente” Al Gore chama a atenção para os diversos
fenômenos catastróficos já ocorridos em todo o mundo, como o furacão Katrina nos Estados
Unidos, as intensas ondas de calor na Europa, as inundações na China e o derretimento das
geleiras do Monte Kilimanjaro. Ele ressalta que esses fenômenos serão cada vez mais
freqüentes e violentos. Cita também que sempre foi considerada impossível a formação de
furacões no Atlântico Sul, mas, em 2004, o Brasil foi atingido pelo furacão Catarina.
Entretanto, a intenção principal do filme não é ser alarmista, não é deixar as pessoas
apavoradas com o que possa acontecer, e sim informar, esclarecer a realidade e,
principalmente, mostrar que algo tem que ser feito.
Intercalado a uma exposição didática da problemática ambiental, o filme apresenta
histórias da vida pessoal do protagonista, como o acidente que quase matou seu filho, a morte
de sua irmã, as aulas de um professor na universidade e a sua derrota nas eleições
presidenciais dos Estados Unidos. Isso “quebra” um pouco o cenário científico do
documentário e revela claramente o interesse do ex-candidato à presidência dos Estados
Unidos em reerguer-se no cenário político.
Al Gore diz ter tornado a questão “mudanças climáticas” prioridade número 1 de sua
vida profissional. É inegável o entusiasmo com que ele aborda o assunto e demonstra sua
paixão pela luta ecológica. Mas, inegável também é a tentativa de promoção política explícita
nas entrelinhas do filme. O “quase-presidente” dos Estados Unidos realça sua imagem pública
quando aborda a politização do aquecimento global. Além disso, ele ressalta a enorme culpa
de seu país neste processo, lembrando que os Estados Unidos, país que mais polui -
responsável por aproximadamente ¼ das emissões de gás carbônico - foram um dos dois
únicos países a não ratificar o Protocolo de Quioto, juntamente com a Austrália. Desse modo,
faz críticas à posição do seu último oponente eleitoral, o presidente George W. Bush, em
relação à não-adoção de políticas em prol da minimização do aquecimento global.
Independentemente de quem seja o protagonista deste assunto, seja ele cidadão norteamericano
ou não, contra ou a favor do governo Bush, temos que admitir que é impossível
falar de “aquecimento global” sem considerar os Estados Unidos o maior vilão da história.
Embora Bush admita que o mundo esteja ficando mais quente, ele ainda insiste em
afirmar que não existem provas conclusivas de que o aquecimento global seja causado por
atividades humanas, resistindo, desta forma, em adotar medidas de redução de emissões de
poluentes. O motivo da não-ratificação do Protocolo de Quioto pelos Estados Unidos não é
segredo para ninguém. Para o país com a maior economia mundial, reduzir emissões de
poluentes significa mudança nos padrões de produção, no modo de vida dos norte-americanos
e, indiretamente, prejuízos à economia. Talvez seja mais conveniente ignorar a verdade,
mesmo sabendo que suas conseqüências são inconvenientes. Entretanto, mesmo sem o apoio
do governo, os norte-americanos vêm se demonstrando preocupados com essa questão. Várias
cidades já adotaram medidas por conta própria, implementando políticas em prol da redução
de poluentes causadores do aquecimento global.
“Uma Verdade Inconveniente” desperta o público para as reais conseqüências do
aquecimento global, mostra que nenhuma forma de vida a habitar o planeta Terra foi tão
agressiva quanto a raça humana. Ao mesmo tempo, mostra que existem soluções viáveis para
que, pelo menos, tentemos minimizar seus impactos. Várias dessas soluções dependem de
políticas governamentais, mas a maioria delas terá que partir de cada um de nós.
“Cada um de nós é uma causa de aquecimento global; mas cada um de nós pode se
tornar parte da solução - em nossas decisões sobre o produto que compramos, a eletricidade
que usamos, o carro que dirigimos, o nosso estilo de vida. Podemos até fazer opções que
reduzam a zero as nossas emissões de carbono.” Al Gore
Independentemente das razões que levaram Al Gore a abraçar esta causa, realizar
conferências, escrever livros e produzir o filme, a adoção de ações que minimizem os efeitos
das mudanças do clima são necessárias e urgentes. Temos que nos conscientizar que somos os
culpados da crise climática do nosso planeta e cabe a nós fazermos algo para revertê-la.
Por Michele Karina Cotta Walter
Engenheira Florestal; Doutoranda em Planejamento e Desenvolvimento Rural Sustentável
Devemos considerar que a Educação Ambiental para uma sustentabilidade efetiva, necessita de um processo contínuo de aprendizagem, baseado no respeito de todas as formas de vida, afirmando valores e muitas ações que contribuam para a formação social do homem e a preservação do meio ambiente. Cat
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Poderão ser sugeridos temas considerando o público alvo.
O que os capixabas pensam sobre Mudanças Climáticas?
ResponderExcluirDe modo a conhecer o perfil de percepção ambiental da sociedade frente à problemática (causas, efeitos, prós e contras) das Mudanças Climáticas, tendo como base a Região da Grande Vitória, ES - municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica - o Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA (grupo sem fins lucrativos), desenvolveu uma pesquisa (35 aspectos abordados) com 960 pessoas (+ - 3% de erro e 95% de intervalo de confiança), com o apoio da Brasitália Mineração Espírito Santense.
Metade dos entrevistados foi de pessoas com formação católica e, os demais, evangélica. Apesar de a amostra ter sido constituída dessa forma o objetivo da pesquisa não visa individualizar os resultados para cada segmento religioso em questão. Em um segundo estágio da análise dos dados (banco de dados do SPSS) isso ocorrerá, quando serão explicitadas diferenças de percepção ambiental dos dois grupos – católicos e evangélicos – mas sem nominar a origem de formação religiosa dos membros da amostra.
Os entrevistados admitem ler regularmente jornais e revistas (48,1%), assistem TV (58,3%), não participam de Audiências Públicas convocadas pelos órgãos normativos de controle ambiental (88,9%), bem como de atividades ligadas ao Meio Ambiente junto às comunidades (não – 43,2% / não, mas gostaria – 39,7%), apresentam um reduzido conhecimento das ONGs ambientalistas (4,9%), não acessam (72,8%) sites ligados à temática ambiental (19,1% não tem acesso a computador), além de indicarem o baixo desempenho das lideranças comunitárias no trato das questões ambientais (29,2% / sendo que 40,0% admitem não conhecer as lideranças de suas comunidades), e admitem interesse por temas ligados à temática ambiental (42,3% / 44,2% apenas às vezes).
Admitem conhecer termos (não verificada a profundidade do conhecimento assumido) como biodiversidade (63,6%), Metano (51,7%), Efeito Estufa (81,3%), Mudanças Climáticas (84,7%), Crédito de Carbono (26,0%), Chuva Ácida (57,8%), Agenda 21 (16,5%), Gás Carbônico (60,9%), Clorofuorcarbonos (36,6%), Aquecimento Global (85,4%), bicombustíveis (74,1%), Camada de Ozônio (74,3%) e Desenvolvimento Sustentável (69,5%), com 70,0% do grupo relacionando às atividades humanas às Mudanças Climáticas e que a mídia divulga muito pouco os temas relacionados ao meio ambiente (44,2%), apesar da importância do tema.
A ação do Poder Público em relação ao meio ambiente é considerada fraca (48,2%) ou muito fraca (30,2%), os assuntos ligados à temática ambiental são pouco discutidos no âmbito das famílias (60,1% / 15,5% admitem nunca serem discutidos), enquanto a adoção da prática da Coleta Seletiva só será adotada pela sociedade se for através de uma obrigação legal (34,3%) e que espontaneamente apenas 35,7% adotariam o sistema. Indicam que os mais consumos de água são o “abastecimento público” (30,3%), seguido das “indústrias” (22,9%) e só depois a “agricultura” (10,7%), percepção inversa a realidade.
Em análises em andamento, os resultados da pesquisa serão correlacionados com variáveis como “idade”, “gênero”, “nível de instrução”, “nível salarial”, “município de origem”, entre outras, contexto que irá enriquecer muito a consolidação final dos resultados, aspectos de grande importância para os gestores públicos e privados que poderão, tendo como base uma pesquisa pioneira no ES, definir ações preventivas e corretivas voltadas ao processo de aprimoramento da conscientização ambiental da sociedade.
É importante explicitar que, com o apoio do NEPA, está pesquisa já está sendo iniciada em outras capitais. O grupo está aberto a realizar parcerias.
Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
COEMA – CNI
CONSUMA – FINDES
COMARH - FAES
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
roosevelt@ebrnet.com.br