Com avanços, sr. Jones aumentou em mais de sete vezes produção de coco
Transformar algo ecologicamente correto em um negócio sustentável e rentável parece longe da realidade de muitas empresas. No ramo agrícola, isto é possível. Pelo menos é o que sugere um modelo chamado de agroflorestal. Ele consiste no uso da terra combinando espécies de árvores com cultivos agrícolas e animais, capazes de captar nutrientes do solo, segundo o Sistema de Informações Agroflorestais (Sisaf), elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). E é assim que Jones Severino Pereira – agora empresário – ganha a vida há mais de 15 anos. Reportagem de Augusto Leite, na Folha de Pernambuco.
“No começo, a vizinhança achava que eu tinha endoidado, porque as pessoas passavam na frente e viam o terreno cheio de mato. Quando surgiram os avanços, passei a tirar 500 cocos dos mesmos 40 pés que antes davam no máximo 70”, conta. Isso não é nada. Hoje, do Sítio São João, em Abreu e Lima, do qual ele é dono, saem 13 mil quilos de alimentos e 40 metros cúbicos de madeira por ano. A produção é garantida por mais de 75 espécies de plantas e uma diversidade de animais que o agricultor não consegue sequer estimar.
As flores não brotaram tão facilmente na vida de Sr. Jones. A inovação partiu por necessidade, já que o solo estava improdutivo e a família vivia da apicultura – criação de abelhas. Atualmente, ainda retiram 500 mil litros de mel todo ano, mas esta não é mais a principal atividade de sustento. “O sistema convencional monocultivo fez com que o solo chegasse a um ponto em que ficou completamente degradado. Na época (até 1993), se eu ganhasse dinheiro, comprava adubo e produzia. Só que não era mais viável. Ia cair num ciclo vicioso. Sempre dependeria de adubo e a natureza não funciona dessa forma”, aponta.
O empresário lembra que “nos primeiros três anos de experiência (agroflorestais) foram mais erros do que acertos”. A situação melhorou mesmo com a ajuda do Centro Sabiá, uma organização não-governamental que assessora famílias agricultoras em Pernambuco. Tanto trabalho, esforço e boa vontade levaram a área de um hectare do Sítio São João a ser reconhecida internacionalmente. De 1999 para cá, já foram mais de 3,5 mil pessoas visitando o local, muitas delas fazendo intercâmbios ou estágios.
Produtos passam por transformação
Mas o que seria de Sr. Jones sem a mãozinha da mulher, Lenir Ferreira Gomes Pereira? “Grande parte dos produtos que vendemos são por conta do talento dela, que parecia estar adormecido”, diz o agricultor. Era preciso dar destino a uma enorme quantidade de mamão, abacaxi, banana, café… E por aí vai. A saída foi diversificar os produtos em tortas, polpas, geleias e doces. Só do açaí, o grande carro-chefe do Sítio São João, com dois mil quilos produzidos por ano, são oito formas distintas de comercializar o produto.
“A ideia surgiu porque a produção estava muito grande. A intenção era não perder a fruta e tentar agregar valor. Recebi um treinamento e aproveitei para o que nós temos. Como não produzimos trigo, faço pão de macaxeira e jerimum. Faço também pastel de jaca com a carninha dela de verdade”, conta a simpática Leninha, como é chamada.
Os produtos são vendidos no Espaço Agroecológico, que acontece aos sábados, nas Graças, atrás do Colégio São Luís, e às segundas, em Boa Viagem, nas proximidades do Parraxaxá. Mas quem der uma passada no Sítio São João também pode aproveitar. Não deve ser fácil sair de mãos abanando. Também é possível fazer encomendas por telefone.
SERVIÇO
Sítio São JoãoTelefone: 3541-9083Centro Sabiáwww.centrosabia.org.br
EcoDebate, 29/06/2010
“No começo, a vizinhança achava que eu tinha endoidado, porque as pessoas passavam na frente e viam o terreno cheio de mato. Quando surgiram os avanços, passei a tirar 500 cocos dos mesmos 40 pés que antes davam no máximo 70”, conta. Isso não é nada. Hoje, do Sítio São João, em Abreu e Lima, do qual ele é dono, saem 13 mil quilos de alimentos e 40 metros cúbicos de madeira por ano. A produção é garantida por mais de 75 espécies de plantas e uma diversidade de animais que o agricultor não consegue sequer estimar.
As flores não brotaram tão facilmente na vida de Sr. Jones. A inovação partiu por necessidade, já que o solo estava improdutivo e a família vivia da apicultura – criação de abelhas. Atualmente, ainda retiram 500 mil litros de mel todo ano, mas esta não é mais a principal atividade de sustento. “O sistema convencional monocultivo fez com que o solo chegasse a um ponto em que ficou completamente degradado. Na época (até 1993), se eu ganhasse dinheiro, comprava adubo e produzia. Só que não era mais viável. Ia cair num ciclo vicioso. Sempre dependeria de adubo e a natureza não funciona dessa forma”, aponta.
O empresário lembra que “nos primeiros três anos de experiência (agroflorestais) foram mais erros do que acertos”. A situação melhorou mesmo com a ajuda do Centro Sabiá, uma organização não-governamental que assessora famílias agricultoras em Pernambuco. Tanto trabalho, esforço e boa vontade levaram a área de um hectare do Sítio São João a ser reconhecida internacionalmente. De 1999 para cá, já foram mais de 3,5 mil pessoas visitando o local, muitas delas fazendo intercâmbios ou estágios.
Produtos passam por transformação
Mas o que seria de Sr. Jones sem a mãozinha da mulher, Lenir Ferreira Gomes Pereira? “Grande parte dos produtos que vendemos são por conta do talento dela, que parecia estar adormecido”, diz o agricultor. Era preciso dar destino a uma enorme quantidade de mamão, abacaxi, banana, café… E por aí vai. A saída foi diversificar os produtos em tortas, polpas, geleias e doces. Só do açaí, o grande carro-chefe do Sítio São João, com dois mil quilos produzidos por ano, são oito formas distintas de comercializar o produto.
“A ideia surgiu porque a produção estava muito grande. A intenção era não perder a fruta e tentar agregar valor. Recebi um treinamento e aproveitei para o que nós temos. Como não produzimos trigo, faço pão de macaxeira e jerimum. Faço também pastel de jaca com a carninha dela de verdade”, conta a simpática Leninha, como é chamada.
Os produtos são vendidos no Espaço Agroecológico, que acontece aos sábados, nas Graças, atrás do Colégio São Luís, e às segundas, em Boa Viagem, nas proximidades do Parraxaxá. Mas quem der uma passada no Sítio São João também pode aproveitar. Não deve ser fácil sair de mãos abanando. Também é possível fazer encomendas por telefone.
SERVIÇO
Sítio São JoãoTelefone: 3541-9083Centro Sabiáwww.centrosabia.org.br
EcoDebate, 29/06/2010
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César Torres