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sábado, 17 de março de 2018

Árvores nos trópicos, especialmente importantes para o planeta, enfrentam ameaças crescentes

Por Tom Rickey, PNNL (Pacific Northwest National Laboratory)*
Resultado de imagem para extinção de arvores
Uma mistura de fatores está contribuindo para uma taxa de mortalidade crescente das árvores nos trópicos úmidos, onde as árvores em algumas áreas estão morrendo em cerca de duas vezes a taxa que faziam 35 anos, de acordo com um estudo de longo alcance que examina saúde das árvores na zona tropical que abrange a América do Sul para a África até o Sudeste Asiático.
E os cientistas acreditam que a tendência continuará.
“Não importa como você olhe para isso, as árvores no trópico úmido provavelmente morrerão em taxas elevadas até o final deste século em relação às taxas de mortalidade no passado”, disse Nate McDowell, do Laboratório Nacional do Pacífico Noroeste do Departamento de Energia , que é autor principal do estudo publicado em 16 de fevereiro na revista New Phytologist.
“Há uma série de fatores que parecem estar conduzindo a mortalidade, e a probabilidade de esses fatores ocorrerem está aumentando”, acrescentou McDowell, que encabeçou o time de cientistas de mais de duas dezenas de instituições do mundo envolvidas no estudo.
McDowell e colegas analisaram vários fatores que afetam as árvores nos trópicos úmidos, incluindo o aumento das temperaturas e os níveis de dióxido de carbono, a seca, incêndios, tempestades mais potentes, infestação de insetos e a abundância de vinhas lenhosas conhecidas como lianas. Com base em uma série de estudos, a equipe de McDowell compilou evidências que mostraram que quase todos esses drivers estão aumentando com a crescente taxa de mortalidade de árvores nos trópicos úmidos.
Embora confrontada com uma variedade de ameaças, a mortalidade das árvores nos trópicos geralmente se resume a dois fenômenos: “fome de carbono” por falta de comida e “falha hidráulica” por falta de água.
Uma vez que o aumento observado da temperatura global está correlacionado com os níveis crescentes de dióxido de carbono – uma fonte de alimento para árvores – pode parecer que as árvores floresceriam. Mas ironicamente, as temperaturas mais elevadas sufocam a capacidade das árvores de absorver CO2, além de intensificar a perda de água.
A razão se remonta aos poros minúsculos, chamados estômatos, que existem em folhas e agulhas e são os canais através dos quais as árvores absorvem o CO2 e esfriam através da evaporação. Quando as condições tornam-se quentes e secas, as árvores conservam a umidade, e fazem isso fechando seus estômatos. Esse encerramento, porém, significa que as árvores não podem absorver dióxido de carbono. E se os estômatos permanecerem fechados durante um tempo suficiente, isso pode resultar em fome de carbono.
“É como ir a um buffet todo-você-poder-comer com fita adesiva sobre sua boca”, disse McDowell. “Pode haver muita comida, mas não importa quanta comida esteja na mesa se você não pode comer”.
Mesmo com o fechamento de seus estômatos, as plantas ainda perdem água quando há calor e a falha hidráulica – a falta de água que uma árvore precisa para sobreviver – representa pelo menos uma ameaça como a fome de carbono.
A falta de água pode acontecer de várias maneiras. As temperaturas elevadas puxam mais umidade para fora das árvores devido a maiores taxas de evaporação. Além disso, o aumento dos incêndios não só mata árvores diretamente, mas o calor gerado literalmente suga a umidade das árvores próximas que sobreviveram. Finalmente, em um mundo de temperaturas crescentes, as lianas muitas vezes competem árvores tropicais para recursos como luz, água e nutrientes. As videiras podem quebrar os membros das árvores, criando novas feridas para o ataque de agentes patogênicos ou insetos.
As árvores que são capazes de lidar com um mundo mais quente absorvendo mais dióxido de carbono estão em maior risco de morte de várias maneiras. Árvores maiores são mais vulneráveis a ataques de raios e danos causados por ventos fortes, e eles devem consumir mais água do que suas contrapartes menores. Tudo o que os coloca em maior risco de estressores como o vento, o raio e a falta de água.
As árvores nos trópicos úmidos desempenham um papel especialmente importante na capacidade da Terra de regular o dióxido de carbono, absorvendo muito mais carbono proporcionalmente do que todas as outras florestas combinadas. Suas mortes reduzem a capacidade do planeta de lidar com os altos níveis de CO2 que os causaram a morte para começar, disse McDowell, cujo estudo foi financiado pelo Escritório de Ciências da DOE.
“As árvores têm uma ótima habilidade para sobreviver, mas quanto podem suportar ? A questão que enfrentamos agora é identificar esses limiares para que possamos prever o risco para as florestas tropicais”, acrescentou McDowell.
 Referênciapesq
Nate McDowell and others, Drivers and mechanisms of tree mortality in moist tropical forests, New Phytologist, Feb. 16, 2018, DOI: 10.1111/nph.15027.
http://dx.doi.org/10.1111/nph.15027
* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.

O aumento do padrão de vida da humanidade nos últimos 200 anos

Os gráficos acima, do site “Our World in Data”, mostram 6 indicadores que refletem os avanços sociodemográficos inquestionáveis, ocorridos desde o início do século XIX, nas áreas de pobreza, saúde, educação e democracia

 A Revolução Industrial e energética que teve início no final do século XVIII colocou em funcionamento uma máquina de produção de bens e serviços que ampliou a dominação e a exploração da natureza e abriu um período de grande elevação do padrão de consumo da humanidade. Nesta nova etapa do avanço civilizacional, o ano de 1776 foi marcante devido à conjugação de três acontecimentos históricos: a Independência dos Estados Unidos; O lançamento do livro “A riqueza das nações” de Adam Smith e a entrada em funcionamento da máquina a vapor aperfeiçoada por James Watt que deu início à utilização dos combustíveis fósseis em larga escala.
Entre 1776 e 2016 o crescimento da população foi de quase 9 vezes (de cerca de 850 milhões para 7,5 bilhões de habitantes), enquanto o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 120 vezes. O aumento da renda per capita foi superior a 13 vezes. Isto quer dizer que um cidadão médio da atualidade recebe em um mês o que um indivíduo médio do antigo regime, antes da Revolução Francesa, levava mais de um ano para receber. Acompanhando o crescimento da renda, houve uma melhoria nos indicadores sociais e políticos
Os gráficos acima, do site “Our World in Data”, mostram 6 indicadores que refletem os avanços sociodemográficos inquestionáveis, ocorridos desde o início do século XIX, nas áreas de pobreza, saúde, educação e democracia.
O primeiro gráfico mostra as estimativas da participação da população mundial em extrema pobreza. Em 1820, apenas uma pequena elite gozava de padrões de vida mais elevados, enquanto a grande maioria das pessoas vivia em condições que hoje se chamaria de pobreza extrema. Os dados da pobreza extrema consideram os valores abaixo de US$ 1,90 por dia.
Esses números consideram as formas de renda não monetárias (no passado, isso era importante, principalmente por causa da agricultura de subsistência). A medida da pobreza também é corrigida para diferentes níveis de preços em diferentes países e ajustada pelas mudanças de preços ao longo do tempo (inflação). A pobreza é medida no chamado dólar internacional que explica esses ajustes. Em 1820, 94% da população mundial estava em situação de pobreza extrema e apenas 6% estavam fora deste patamar crítico. Quase 200 anos depois, apenas 10% da população mundial estava em situação de pobreza extrema e 90% fora desta condição, em 2015.
O segundo gráfico mostra o processo de democratização da educação e confirma que o sonho iluminista de oferecer educação básica avançou incrivelmente nos últimos 200 anos. A escola era acessível apenas por uma pequena elite. Em 1820 apenas 17% da população mundial possuía educação básica ou mais, sendo que 83% não tinha nenhuma educação formal. Em 2015, os números se inverteram e 86% da população mundial tinha educação básica ou mais e apenas 17% não tinha nem educação básica. Foi nos últimos dois séculos que a alfabetização tornou-se a norma para toda a população.
O terceiro gráfico mostra que 88% da população mundial era analfabeta em 1820 e este percentual caiu para 15% em 2014. Atualmente, há 5,4 bilhões de pessoas no mundo com mais de 15 anos, sendo 85% alfabetizados, o que representa 4,6 bilhões de pessoas. Em 1800, havia menos de 100 milhões de pessoas com a mesma habilidade. Só uma educação em massa seria capaz de movimentar a ciência e a tecnologia, que se bem aplicadas, poderiam resolver os problemas da humanidade.
Os gráficos sobre saúde mostram que a vacinação em massa só começou na década de 1960 e a cobertura chegou a 86% em 2015. Com o desenvolvimento de antibióticos e vacinas, o mundo começou a ver por que a saúde pública é importante. Todos se beneficiariam se a vacinação for universal e com todas as pessoas obedecendo às regras de higiene pública.
Nos últimos 200 anos a conquista mais espetacular foi a redução da mortalidade na infância (0 a 5 anos), que era de 43% (430 por mil) em 1820 e caiu para 4% (40 por mil) em 2015. Nos países desenvolvidos esta taxa está abaixo de 1% (10 por mil). Ou seja, a mortalidade na infância caiu mais de 10 vezes em menos de dois séculos. A sobrevivência das crianças é não só um direito humano básico, mas é fundamental para o próprio bem-estar dos pais. Quanto a mortalidade de crianças é alta, em geral, a mulher passa mais tempo tendo filhos e cuidando da sobrevivência da prole.
A queda da mortalidade possibilita a queda da fecundidade e libera a mulher para investir seu próprio tempo em educação e na inserção do mercado de trabalho. Não só a mulher ganha, mas toda a família e o país como um todo, pois haverá mais pessoas atuando em nas atividades produtivas. A esperança de vida global que estava abaixo de 30 anos no início do século XIX ultrapassou 70 anos no início do século XXI.
O gráfico sobre democracia mostra que em 1820, somente 1% da população mundial vivia sobre regimes democráticos e este número passou para 56% em 2015. Embora seja difícil classificar o grau de liberdade política dos países, não há dúvidas que o mundo ficou mais democrático. Depois da Segunda Guerra Mundial, houve a queda dos impérios coloniais e o processo de descolonização possibilitou que mais países se tornassem democráticos.
O fim das ditaduras na América Latina, o fim da União Soviética e o fim do Apartheid na África do Sul são marcos da democratização global. A liberdade política e as liberdades civis são essenciais para o desenvolvimento científico e tecnológico e para o avanço cultural e o aumento do bem-estar das nações.
Evidentemente, existem muitos direitos humanos que não foram alcançados e a desigualdade social é uma realidade que não se pode ignorar. A pobreza extrema voltou a aumentar na América Latina e a democracia recebeu reverses com a ascensão de líderes fortes na Rússia, Turquia, Filipinas, China, etc. Há países em guerra civil que estão retrocedendo em ritmo acelerado como a Síria, Venezuela, Iêmen, etc. O ritmo do mundo moderno deixa as pessoas estressadas e a sensação de desesperança é grande.
Mas, sem dúvida, os ideais iluministas do século XVIII se materializaram em melhores condições de vida para a humanidade ao longo dos últimos 200 anos. As pessoas vivem mais tempo, com maior renda e com maior padrão de consumo. Nenhum Rei ou milionário do início do século XX, tinha acesso a vaso sanitário, luz elétrica, geladeira, telefone, celular, Internet, etc., como tem hoje em dia a maioria da população mundial. A fome e a pobreza ainda são uma realidade para boa parte dos habitantes do globo, mas a proporção de pessoas vivendo na miséria nunca foi tão baixa. O acesso à informação e à educação nunca foi tão alto.
Porém, não cabe ufanismos e comemorações míopes, pois todo esse avanço das condições de vida da humanidade ocorreu às custas do retrocesso das condições ambientais. Enquanto a humanidade avançou, as demais espécies vivas do Planeta regrediram e os ecossistemas foram degradados. O ser humano usou a riqueza ecossistêmica para usufruto próprio e reduziu as condições ambientais para as futuras gerações.
Portanto, o extraordinário avanço antrópico ocorrido nos últimos dois séculos pode não se repetir no futuro e diversas conquistas que pareciam sólidas podem se desmanchar no ar, pois sem ECOlogia não há ECOnomia.
Referência:
Max Roser. “The short history of global living conditions and why it matters that we know it”. Published online at OurWorldInData.org., 2017
https://ourworldindata.org/a-history-of-global-living-conditions-in-5-charts
Our World in Data https://ourworldindata.org/
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br - EcoDebate,

Estudo indica que principais marcas globais de água engarrafada estão contaminadas com partículas de plástico

MICROPLÁSTICO ENCONTRADO EM ÁGUA ENGARRAFADA GLOBAL
Por Christopher Tyree e Dan Morrison, Orb Media
FIBRAS MICROSCÓPICAS DE PLÁSTICO FLUORESCENTE FLUTUANDO EM UMA GARRAFA D’ÁGUA DURANTE TESTES NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE NOVA YORK EM FREDONIA.
O termômetro ultrapassa acelerado a marca dos 30 graus quase todos os dias na praia de Copacabana, famosa no Brasil e no mundo.
Marcio Silva é um vendedor com incontáveis quilômetros de experiência no calçadão. Ele vende água – meio litro de alívio em jeitosas garrafinhas de plástico. Com sua inseparável caixa de isopor, Marcio é um seguro contra a desidratação, tanto para os cariocas que adoram o sol quanto para os turistas de pele queimada.
“Eu bebo água porque água é vida, água é saúde, água é tudo”, diz Marcio, 51 anos. “Eu mesmo bebo e também vendo pros outros”.
Eu não venderia uma coisa que faz mal para as pessoas”.
A água da garrafa parece límpida, limpa, incorrupta. O plástico também. Para muitos, é uma opção prática. Para outros, uma proteção contra as impurezas da água da torneira.
O produto vendido por Marcio é comercializado como se fosse a essência da pureza. Avaliado em 147 bilhões de dólares1 por ano, trata-se do mercado de bebidas que cresce mais rápido no mundo.
Mas uma nova pesquisa da Orb Media, organização jornalística sem fins lucrativos sediada em Washington, mostra que uma única garrafa d’água pode conter dezenas ou talvez até milhares de partículas microscópicas de plástico.
Vários testes em mais de 250 garrafas de 11 marcas líderes de mercado revelaram contaminação por plásticos variados inclusive polipropileno, náilon e tereftalato de polietileno (PET).
Quando questionados por repórteres, representantes de duas marcas populares confirmaram que seus produtos contêm microplástico, mas que o estudo da Orb exagera significativamente a quantidade.
TweetNo caso das partículas na faixa dos 100 microns, ou 0,10 milímetros, a Universidade Estadual de Nova York conduziu testes para a Orb que revelaram uma média global de 10,4 partículas por litro. Essas partículas foram confirmadas como sendo matéria plástica usando um microscópio infravermelho de padrão industrial.
Os testes mostraram também uma quantidade muito maior de partículas de dimensões menores ainda e que provavelmente também são plástico, segundo os pesquisadores. A média global para essas partículas foi de 314.6 por litro.
“É desalentador; quer dizer, é uma coisa triste,” diz Peggy Apter, uma americana que investe em imóveis em Carmel, Indiana, e só bebe água em garrafa. “Como chegamos a esse ponto no mundo? Porque não podemos ter uma água limpa e pura para beber?”
Encontramos garrafas com tantas partículas que resolvemos pedir a um ex-astrofísico para usar sua experiência de contar estrelas do firmamento para nos ajudar a inventariar essas constelações fluorescentes.
TweetAs maiores eram da largura de um fio de cabelo humano e as menores do tamanho de uma hemácia sanguínea. Em certas garrafas vimos milhares de partículas. Em outras, efetivamente nenhuma.
Uma das garrafas acusou uma concentração de mais de 10.000 partículas por litro.
A água em garrafa dá uma impressão de segurança e praticidade em um mundo cheio de ameaças, reais ou deduzidas, contra a saúde pessoal e pública.
A água potável embalada é o sustento vital de muitas das 2,1 bilhões de pessoas que carecem de água segura para beber no mundo inteiro.2 Cerca de 4.000 crianças morrem todos os dias de doenças transmitidas pela água, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.3
O ser humano precisa de aproximadamente dois litros de fluidos por dia para se manter hidratado e saudável e até mais do que isso em regiões quentes e áridas.
As descobertas da Orb sugerem que uma pessoa que bebe um litro de água engarrafada por dia pode estar consumindo dezenas de milhares de partículas microplásticas a cada ano.
Os efeitos disso na saúde, tanto sua quanto da sua família, estão ainda envoltos em um certo mistério.
 Da Orb Media, in EcoDebate

quinta-feira, 15 de março de 2018

Mudanças climáticas colocam em risco metade das espécies de plantas e animais dos locais naturais mais importantes do mundo

Amazônia, Floresta do Miombo na África e o Sudoeste da Austrália serão os lugares mais afetados do mundo, de acordo com um novo relatório encomendado pelo WWF



Até a metade das espécies de plantas e animais nas áreas mais naturais do mundo, como a Amazônia e as Galápagos, podem enfrentar a extinção local até a virada do século devido às mudanças climáticas caso as emissões de carbono continuem a subir sem controle. Mesmo que o objetivo de 2° C do Acordo de Clima de Paris for atingido, esses locais poderiam perder 25% de suas espécies de acordo com um novo estudo histórico da Universidade de East Anglia, da Universidade James Cook e do WWF.
A dez dias da Hora do Planeta, o maior moudanças climáticas em quase 80 mil espécies de plantas e animais em 35 das árevimento global para o meio ambiente, os pesquisadores examinaram o impacto das mas mais diversas e naturalmente ricas em vida selvagem do mundo. O documento explora uma série de diferentes cenários futuros de mudanças climáticas – desde um cenário em que não haja cortes adicionais de emissões, em que a temperatura média global aumente em 4,5 °C, até um aumento de 2 °C, o máximo estabelecido no Acordo de Paris. Cada área foi escolhida por sua singularidade e a variedade de plantas e animais encontrados.
O relatório conclui que as florestas do Miombo, que abriga os cachorros selvagens africanos, o sudoeste da Austrália e as Guianas da Amazônia, são as áreas mais afetadas. Se houvesse um aumento médio global da temperatura de 4,5 °C, os climas nessas áreas deverão se tornar inadequados para muitas plantas e animais que atualmente vivem ali. Isso significa:
• Até 90% dos anfíbios, 86% das aves e 80% dos mamíferos poderiam ser extintos localmente nas florestas de Miombo, África do Sul
• A Amazônia pode perder 69% das suas espécies de plantas
• No sudoeste da Austrália, 89% dos anfíbios podem se tornar extintos localmente
• 60% de todas as espécies estão em risco de extinção localizada em Madagascar
• Os fynbos na região de Cabo Ocidental da África do Sul, que está sofrendo uma seca que levou à escassez de água na Cidade do Cabo, podem enfrentar extinções localizadas de um terço de suas espécies, muitas das quais são exclusivas dessa região.
Além disso, o aumento das temperaturas médias e a menor precipitação podem se tornar o “novo normal” de acordo com o relatório – com chuvas significativamente menores no Mediterrâneo, Madagascar e no Cerrado-Pantanal. Os efeitos potenciais incluem;
• Pressão sobre o abastecimento de água dos elefantes africanos – que precisam beber 150-300 litros de água por dia
• 96% das áreas de reprodução dos tigres de Sundarbans podem ficar submersas pelo aumento do nível do mar
• Comparativamente, haverá menos tartarugas marinhas macho devido à atribuição de sexo induzida pela temperatura de ovos.
Se as espécies puderem se mover livremente para novos locais, o risco de extinção local diminui de cerca de 25% para 20% com aumento de temperatura médio global de 2 ° C. Se as espécies não puderem, podem não poder sobreviver. A maioria das plantas, anfíbios e répteis, como orquídeas, sapos e lagartos não podem se mover rapidamente o suficiente para acompanhar essas mudanças climáticas.
O pesquisador principal, Prof. Rachel Warren, do Centro Tyndall de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas da UEA, disse: “Nossa pesquisa quantifica os benefícios de limitar o aquecimento global a 2 °C para espécies em 35 das áreas mais ricas em vida selvagem do mundo. Estudamos 80 mil espécies de plantas, mamíferos, aves, répteis e anfíbios e descobrimos que 50% das espécies poderiam ser perdidas nessas áreas sem política climática. No entanto, se o aquecimento global for limitado a 2 °C acima dos níveis pré-industriais, isso poderá ser reduzido para 25%. Limitar o aquecimento até 1,5 °C não foi explorado, mas seria esperado proteger ainda mais animais selvagens”.
Em geral, a pesquisa mostra que a melhor maneira de proteger contra a perda de espécies é mantendo o aumento da temperatura global o mais baixo possível. Os compromissos do Acordo de Paris, feitos por países, reduzem o nível esperado de aquecimento global de 4,5 °C para cerca de 3 °C, o que reduz os impactos. Porém, há melhorias ainda maiores a 2 °C – e é provável que o limite de aumento da temperatura em 1,5 °C proteja mais animais selvagens.
É por isso que, no dia 24 de março, milhões de pessoas em todo o mundo se reunirão para a Hora do Planeta, para demonstrar seu compromisso de proteger a biodiversidade e ser parte das conversas e soluções necessárias para construir um futuro saudável e sustentável – e para todos. De acordo com a CEO da WWF-UK, Tanya Steele, a mobilização global provocada pela Hora do Planeta também envia uma mensagem clara às empresas e ao governo de que existe uma vontade global de mudar essa trajetória.
“Dentro da vida de nossos filhos, lugares como as Ilhas Amazônicas e Galápagos podem tornar-se irreconhecíveis, com a metade das espécies que vivem lá, destruídas pelas mudanças climáticas causadas pelo homem. É por isso que esta Hora do Planeta pedimos a todos que façam uma promessa para o planeta e que façam as mudanças diárias para proteger nosso planeta”.
Impactos no Brasil
Para o diretor-executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, a pesquisa é importante porque traduz de forma direta quais são os impactos do aquecimento global na nossa biodiversidade. Um exemplo é a diminuição de espécies na Amazônia, cuja extinção poderia levar consigo várias soluções medicinais ainda não-descobertas. Além disso, Voivodic ressalta a urgência de trabalharmos as questões relativas às mudanças climáticas.
“Os dados do estudo são alarmantes e as consequências estão cada vez mais próximas. Para garantir a sobrevivência das espécies, é fundamental diminuirmos as emissões globais, com mais ambição nas metas do Acordo de Paris, reduzirmos a pressão sobre as florestas, além de aumentarmos as áreas de proteção ambiental e de conectividade entre elas. Sem isso, a biodiversidade está em risco e a nossa qualidade de vida também”, comenta o diretor-executivo

Colaboração de Giovanna Leopoldi, in EcoDebate.
https://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/wwf_climatespecies_report_portugues_v4.pdf

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