VOCE É NOSSO VISITANTE N°

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Sem tinta: este papel pode ser impresso apenas com luz

Em um esforço para conter os impactos da produção de papel no meio ambiente, pesquisadores das universidades da Califórnia (EUA) e Shandong (China) desenvolveram um papel que permite impressão com a luz. Este material recebe as informações visuais por meio de luz UV, e o conteúdo pode ser apagado ao aquecê-lo a uma temperatura de 120°C. O processo pode ser repetido mais de 80 vezes.
O segredo para imprimir com luz está na química das nanopartículas, que mudam de cor conforme a temperatura. A camada deste material é aplicada sobre uma folha de papel comum.
Os pesquisadores principais Lawrence Berkeley e Wenshou Wang publicaram um artigo sobre este novo tipo de papel na última edição de Nano Letters.
“A maior importância do nosso trabalho é desenvolver uma nova classe de sistema fotoreversível e muda de cor para produzir um papel sem tinta que usa a luz e que tenha a mesma textura e aparência que um papel convencional, mas que pode ser impresso e apagado repetidamente sem a necessidade de tinta adicional”, diz Yadong Yin, professor de química da Universidade da Califórnia, ao site Phys.org. “Nosso trabalho pode trazer grandes méritos econômicos e ambientais para a sociedade moderna”, aponta.
    Atualmente, a produção de papel e seu descarte causam um grande impacto negativo no meio ambiente: a fabricação é uma das maiores fontes de poluição industrial, e papel descartado é um dos maiores componentes (cerca de 40%) dos lixões e aterros sanitários. Mesmo o processo de reciclagem contribui para a poluição, especialmente no momento de remover a tinta.
Em estudos anteriores, os pesquisadores encontraram obstáculos ao tentar produzir um material estável, reversível, com baixo custo e baixa toxicidade, além da dificuldade de aplicar a camada em papel poroso comum. Já este material desenvolvido no novƒletras

Este mapa mostra os países com os ambientes mais tóxicos do mundo


Kuwait e Arábia Saudita são os países mais tóxicos do mundo, de acordo com dados organizados pela empresa Eco Experts. A análise envolveu 135 países e levou em consideração cinco fatores para definir os países mais e menos tóxicos do mundo: nível de consumo de energia per capita, emissão de CO2 a partir de combustíveis, poluição do ar, mortes causadas pela poluição do ar e produção de energia renovável.
Isso quer dizer que além de levar em conta dados como poluição do ar e mortes causadas por poluição, o estudo também considerou o que está sendo feito pelo país para lutar contra o aquecimento global.
Os países com piores níveis de toxicidade são, em sua maioria, os produtores de petróleo e aqueles que não tiram vantagens das gerações de energia limpa. Famosa por gerar energia elétrica da combustão de lixo sem liberação de poluentes, a Suécia é um dos países que se destacam positivamente na Europa. Apesar de estar em uma péssima situação neste momento, a China deve melhorar em breve, já que deve investir US$388 bilhões em geração de energia renovável até 2020, de acordo com o The Guardian.
  • Poluição de ácido na atmosfera quase retorna ao nível que era antes da industrialização
A situação do continente americano é boa em geral, com destaque negativo para o Canadá e Estados Unidos. Entre os 10 países mais tóxicos do mundo, temos apenas um no nosso continente, que é Trinidade e Tobago. O Brasil está entre os menos tóxicos do mundo, tanto por suas hidrelétricas quando pela baixa industrialização quando comparado com outros países.

Refugiado usa garrafas de plástico para construir moradias resistentes ao clima do deserto

ONU
Em um campo para refugiados do Saara Ocidental, próximo à fronteira com a Argélia, Tateh Lehbib Breica constrói residências com garrafas de plásticos que iriam para o lixo. Material permite erguer residências mais resistentes às chuvas e às tempestades de areia da região. Ajudado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o rapaz está construindo 25 unidades residenciais que darão abrigo a deslocados forçados vulneráveis.
Em um campo em Tindouf, na Argélia, um jovem refugiado saarauí constrói abrigos resistentes a tempestades — de chuva e de areia — usando garrafas de plástico. Foto: ACNUR/Russell Fraser
Com um mestrado em eficiência energética, o refugiado Tateh Lehbib Breica planejava construir uma casa reaproveitando recursos e respeitando o meio ambiente. O jovem de 27 anos pensava em erguer uma residência no deserto, usando garrafas plásticas descartadas para plantar mudas no jardim do terraço.
A ideia inicial, porém, revelou-se inviável, devido ao formato circular do telhado. Tateh se viu, então, rodeado de garrafas que haviam perdido seu propósito.
“Perguntei a mim mesmo: ‘O que posso fazer com essas garrafas?’”, lembra o rapaz, que nasceu e cresceu no campo de refugiados de Awserd. Com uma bolsa de estudos, Tateh frequentou uma universidade em Argel, capital da Argélia, e depois entrou para o mestrado em uma faculdade espanhola.
“Eu lembrei de um documentário que eu tinha visto, durante meus estudos universitários, sobre construir usando garrafas de plástico, e pensei: ‘Por que não tentar isso?’”
Oferecer habitação adequada, capaz de resistir às duras condições climáticas do deserto, é um desafio no campo de Awserd. O acampamento é um dos cinco na região que circunda Tindouf, província argelina, e que abriga refugiados que escaparam da Guerra do Saara Ocidental, há mais de 40 anos.
Casas feitas com tijolos de argila são vulneráveis às fortes chuvas que periodicamente atingem o deserto do Saara. Ao final de 2015, uma tempestade demoliu milhares de moradias. As frequentes tempestades de areia — chamadas “haboobs” — também atingem as residências e tradicionais barracas. A poeira é tanta que a população é chamada a evacuar temporariamente certas áreas.
A primeira casa construída por Tateh usando garrafas do lixo era para sua avó idosa, que tem dificuldade para caminhar. A senhora ficou ferida ao ser levada para um centro comunitário durante uma tempestade de areia.
Além de ter maior resistência estrutural à água, a casa circular de paredes espessas provou ser melhor para bloquear a areia e a poeira das “haboobs”.
O interesse de Tateh em construir com recipientes de plástico descartáveis lhe rendeu o apelido de “Majnoun al qarurat”, o “Louco das garrafas”. O aspecto peculiar da estrutura e as publicações do rapaz no Facebook renderam às casas uma fama que ultrapassou os limites da zona rural.
Entre os que se interessaram pelos benefícios da casa e vieram conferi-la de perto, estavam alguns funcionários da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
“Após as chuvas pesadas de outubro de 2015 que danificaram e destruíram dezenas de milhares de casas construídas com tijolos de argila, o ACNUR vem trabalhando com os saarauís (nome dado aos refugiados do Saara Ocidental) no aprimoramento das técnicas de construção, para melhor resistir ao clima severo desta região”, explicou a coordenadora sênior do ACNUR em Tindouf, Juliette Murekeyisoni.
“Incentivamos o uso de tijolos fortificados com cimento e, agora, estamos estimulando o uso de garrafas de plástico”, acrescentou a representante do organismo internacional.
O oficial de Abrigo do ACNUR, Otis Moore, explica que as garrafas de plástico são opções melhores do que as casas de blocos de argila e do que as tendas familiares tradicionais utilizadas pela maioria dos saarauís.
“Como as casas de argila podem ser destruídas por chuva pesada ou prolongada, o uso de garrafas de plástico cria estruturas mais duráveis. Adotamos a forma circular porque é aerodinâmica e pode resistir a tempestades de forma mais eficaz”, explicou o especialista.
Atualmente, em um projeto financiado pelo Fundo de Inovação do ACNUR, Tateh está trabalhando para construir 25 casas usando garrafas de plástico em cinco campos — Awserd, Boujdour, Dakhla, Smara e Laayoune. As residências serão destinadas a pessoas vulneráveis.
Em reconhecimento pelo seu projeto criativo, o refugiado recebeu recentemente o prêmio de Personalidade do Ano de 2016 de uma revista local. O apelido que lhe foi dado no campo pegou: “As pessoas ainda me veem como o cara obcecado com a reciclagem de garrafas e construção de casas incomuns”, confessa o rapaz.
Da ONU Brasil, in EcoDebate

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O nível do mar pode subir 2,5 metros até 2100

Um novo relatório divulgado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), dia 19/01/2017 (último dia da presidência de Barack Obama), apresenta uma série de estimativas atualizadas para o futuro aumento do nível do mar, tanto nos Estados Unidos como em todo o mundo. Sugere que, sob extrema mudança climática futura, os níveis globais do mar poderiam aumentar mais de 2,5 metros (8,2 pés) até o final do século, conforme mostra o gráfico acima. Isto representa uma das maiores estimativas já apresentadas em um relatório federal dos EUA.
Relatório anterior da NOAA, de 2012, sobre a elevação global do nível do mar incluía quatro possíveis cenários climáticos, cada um envolvendo diferentes graus de aquecimento do oceano e derretimento dos glaciares ao redor do mundo. No cenário mais extremo, a elevação poderia resultar em 2,0 metros (6,6 pés) de elevação do nível médio do mar global até o ano 2100. No mínimo, sugeriu 21 cm (0,7 pés) de aumento do nível do mar o final do século.
O novo relatório inclui seis possíveis cenários climáticos e atualiza tanto as estimativas mais elevadas quanto as menores do nível do mar. Sugere que, no cenário mais extremo, os níveis médios do mar possam subir 2,5 metros (8,2 pés) até o ano 2100. E no cenário mais baixo, o nível do mar pode subir cerca de 30 cm (um pé) até o final do século. As probabilidades estão apresentadas na tabela abaixo (p. 22 do relatório).

probability of exceeding GMSL scenarios in 2100

É importante notar que a estimativa mais alta representa o pior cenário, que tem uma baixa probabilidade de ocorrer mesmo sob uma trajetória climática normal. A probabilidade de um aumento de 50 cm até 2100 é de 96% (RCP8,5). Apenas este aumento já vai provocar grandes prejuízos em áreas urbanas e rurais.
As estimativas destinam-se a ajudar os tomadores de decisão a formular políticas sobre como proteger as comunidades no caso improvável de que tal cenário ocorra no futuro. O novo relatório também inclui uma série de projeções regionais, que os autores desenvolveram usando um modelo informado por suas estimativas globais de aumento do nível do mar. O modelo foi capaz de explicar uma ampla variedade de processos conhecidos por afetar o nível do mar regional.
Em muitos lugares, o movimento da terra desempenha um grande papel no aumento dos níveis de água. Em partes da Louisiana, por exemplo, o solo está realmente afundando – este é um processo chamado “subsidência”, que pode ser exacerbado por uma variedade de atividades humanas, incluindo a extração de água subterrânea. Mudanças nas correntes oceânicas ao longo do tempo também podem afetar a forma como a água é distribuída em todo o mundo. E pesquisas recentes sugerem que o derretimento de geleiras também pode afetar o campo gravitacional da Terra – e até mesmo sua rotação – de formas que podem influenciar a distribuição de água ao redor do globo.
O fato é que tem crescido a concentração de CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera. Isto faz aumentar o aquecimento global. Os anos de 2014, 2015 e 2016 foram os mais quentes já registrados. A temperatura global está aumentando cerca de 0,19º C por década. Neste ritmo, a temperatura do Planeta pode ultrapassar os 2,5º C até o final do século, tornando mais provável a elevação do nível do mar ao patamar de 2,5 metros.
O degelo do Ártico e da Antártica atingiu níveis recordes em 2016 e já há indicações de que em 2017 será ainda pior. O gráfico abaixo (a atualização diária pode ser acompanhada no link abaixo do site ArctischePinguin) mostra o declínio da área do gelo marinho global (soma do Ártico e Antártica) e não deixa dúvidas de que o degelo está aumentando. O mês de janeiro de 2017 já bateu todos os recordes de colapso da área de gelo nos dois hemisférios. O ritmo de degradação é extremamente inédito e preocupante.

from NSIDC sea ice concentration data

O gráfico abaixo mostra claramente a redução do volume de gelo nos dois hemisférios. Existe uma tendência de longo prazo do degelo que pode ser vista pelas curvas anuais cada vez mais baixas. Mas a queda observada a partir de setembro de 2016 é um fato sem precedentes e mostra que o processo de desglaciação está se acelerando perigosamente. No passado, foi o Ártico e a Groenlândia (hemisfério Norte) que lideraram o derretimento, a partir do segundo semestre do ano passado a Antártica passou a ser o grande destaque para a elevação do nível dos oceanos.

GIOMAS monthly global ice volume

O avanço do mar já tem provocado muitos prejuízos nas áreas litorâneas de todo o mundo. Muitas praias brasileiras foram afetadas. Em 2016, houve várias inundações nas praias da cidade de Santos, em São Paulo. A travessia de balsas entre Santos e Guarujá ficou paralisada e a orla da Ponta da Praia ficou cheia d’água diversas vezes. No dia 29 de outubro, uma ressaca destruiu trechos do calçadão do Leblon e invadiu a avenida Delfim Moreira, levando areia e entulho até a calçada dos prédios, interrompendo o trânsito e gerando prejuízos nas garagens dos edifícios de um dos bairros mais ricos da cidade do Rio de Janeiro.
No longo prazo, o degelo do Ártico, da Antártica, da Groenlândia e dos glaciares vai provocar o aumento do nível do mar, que pode chegar a mais de 2 metros até 2100 e até algo entre 6 e 9 metros nos próximos dois séculos. Isto seria terrível para as cidades e as áreas baixas de produção agropecuária, provocando fome e refugiados do clima.
Com a posse de Donald Trump o quadro climático global deve piorar muito nos próximos anos. Pode ser o sinal de colapso, que sempre acompanha aquelas civilizações que não conseguem respeitar os limites ecológicos do Planeta.
Referências:
John Upton. Study Reveals Stunning Acceleration of Sea Level Rise, Climate Central
Open Mind. Sea Level Acceleration
NOAA, Global And Regional Sea Level Rise Scenarios For The United States, Silver Spring, Maryland, January 2017
Judith Curry. The ‘threat’ of climate change
ArctischePinguin
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Estado do Rio de Janeiro se mantém em nível de desmatamento zero de Mata Atlântica

O Rio de Janeiro permanece em nível de desmatamento zero de Mata Atlântica, segundo dados divulgados ontem (6) pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em um estudo dedicado ao estado do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. A unidade da Federação já foi uma das campeãs de desmatamento deste bioma no passado.
“Teve menos de um quilômetro quadrado de desmatamento nos últimos levantamentos anuais. Desde 2011, o Rio de Janeiro se encontra no nível de desmatamento zero”, disse a diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota. Entre 2014 e 2015, foram 27 hectares (um hectare tem uma área equivalente à de um campo de futebol) desmatados.

No período de 1985 a 2015, foram regenerados no estado 4.092 hectares, ou o equivalente a 40,92 km², diz o estudo. Marcia Hirota diz que, à medida em que se tem o controle do desmatamento, principalmente das áreas acima de 13 hectares, porque ainda ocorre desmatamento no Rio de Janeiro com a extensão urbana, o desafio agora é aumentar a cobertura florestal nativa, em especial nas áreas de preservação permanente.
O levantamento visa a alertar o Poder Público, as autoridades e os proprietários de terra sobre a importância de proteger a Mata Atlântica e promover a recuperação florestal.

Regeneração

Em todos os 92 municípios fluminenses têm ocorrência de Mata Atlântica. Desse total, o Atlas identificou regeneração em 77. Os municípios que apresentaram mais áreas regeneradas no período compreendido de 1985 a 2015 foram Casimiro de Abreu, com 267 hectares (ha); Itaperuna (223 ha); Duas Barras (220 ha); Rio de Janeiro (209 ha); Vassouras (203 ha). A diretora disse que a área da Bacia do Rio São João, que registra a ocorrência do mico leão dourado, onde existem várias reservas particulares, tem contribuído para a formação de um corredor e a interligação dessas florestas para garantir a biodiversidade da região.
Não foram descobertos pelo estudo os fatores que contribuíram para a regeneração da Mata Atlântica no estado. Marcia avaliou que algumas áreas que sofreram queimadas ou foram desmatadas e depois abandonadas podem ter tido um processo de regenação natural. Em outras, a regeneração foi provocada pela ação do ser humano, por meio do plantio de mudas de espécies nativas, em ações de restauração florestal.
De acordo com o Atlas, a Mata Atlântica cobria originalmente 100% da área do estado do Rio de Janeiro, o que corresponde a cerca de 4,37 milhões de hectares. Hoje, restam 820,23 mil hectares desse bioma. “Somando a isso todas as áreas naturais, não chega a 21% do total do estado”, disse Marcia.
Apesar de o Rio de Janeiro ter alcançado o posto de estado com nível de desmatamento zero, ele ainda integra a lista dos municípios que mais desmataram no período pesquisado, com 13 representantes. O Atlas mostra que, juntos, esses municípios desmataram 94,82 mil hectares de Mata Atlântica, o correspondente à área do município de Nova Friburgo (RJ).

Compromisso


Mata Atlântica
O Brasil assumiu o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares até 2030. Foto: Arquivo/Agência Brasil
 

Marcia destacou a existência de um esforço governamental para a regeneração da Mata Atlântica no Brasil. O país assumiu o compromisso, no Acordo de Paris, firmado em dezembro de 2015, de restaurar 12 milhões de hectares até 2030. O Brasil integra também um pacto pela regeneração da Mata Atlântica que reúne várias organizações, cuja meta definida é de 15 milhões de hectares restaurados até 2050. “Nós temos muitas áreas que precisam ser restauradas, recuperadas, especialmente para garantir serviços ambientais como, por exemplo, águas”. A mata ciliar tem um papel importante nesse processo para evitar assoreamento, para proteger os solos nas margens dos rios, garantir qualidade e quantidade de água para o consumo.
“Nós precisamos fazer com que a floresta garanta os serviços ambientais e que isso seja feito a partir de esforços coletivos. Poder público, iniciativa privada, fontes de financiamento e proprietários de terras têm de se aliar nesse esforço, de modo a contribuir para o desenvolvimento, aliado à restauração florestal, gerando empreendedorismo, trabalho, renda. É uma agenda positiva para o país”, disse.
Para Márcia, isso depende também de maior sensibilização da população. “Começa dentro de casa, no nosso bairro. Vocês do Rio de Janeiro são privilegiadíssimos. Em qualquer lugar que esteja, está próximo de uma floresta, riqueza em termos de espécies animais, vegetais. Isso faz muita diferença”. Segundo ela, um ambiente com menos poluição, melhor qualidade de vida, garante também mais saúde e bem-estar para a população. “É muito o que a gente vem reforçando, que todo mundo tenha um ambiente melhor e que esse ambiente melhor também seja compartilhado com as futuras gerações”.
O Atlas mostra, ainda, que o estado do Rio de Janeiro se preocupa em ampliar as unidades de conservação privadas, chamadas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), totalizando 150 unidades desse tipo. Os destaque são os municípios de Nova Friburgo e Silva Jardim, com 20 reservas privadas, cada.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394

OPINIÃO

artigo de opinião
       Digo de início que o lulopetismo foi desastroso. Um populismo com linguagem (a linguagem serve mais para enganar do que esclarecer) de esquerda. Ou bolivariana, vertente política tosca e carente dos mínimos fundamentos científicos. O “socialismo científico”, pelo menos, tinha como fonte o marxismo.
       Marxismo que incorreu em graves desvios: o “ismo”, que o próprio Marx renegou; a “mais-valia”, fenômeno a que se deu enorme complexidade, a simplesmente exprimir que boa parte do lucro patronal vem de salários e rendimentos baixos; o postulado de que a livre concorrência gera a crise, o que ocorreu na sociedade planificada e opressiva das vocações proposta por Marx; o socialismo como sucedâneo de economias desenvolvidas, quando se verificou o contrário; a consciência de um “homem novo”, enquanto o homem contemporâneo é pior que os homens velhos.
    O PT se perdeu, primeiro, com a infiltração de uma série de “militantes”, provavelmente a maioria, que sequer tinham folheado as primeiras páginas da cartilha “História da Riqueza do Homem”, de Leo Huberman, fartamente conhecida pelos estudantes de 1968; segundo, porque seus “intelectuais” foram considerados “menores” que os trabalhadores de fábrica; terceiro, porquanto se posicionaram contra o Parlamentarismo, para glória de seus líderes, assim como ocorreu com o PDT, o PSDB e o PMDB, todos difusores de um lamentável culto à personalidade; finalmente, porque o peculiar “presidencialismo de coalizão” do Brasil serviu para todos os tipos de negociação, política, econômica, e para a corrupção mais devastadora da história do Brasil.
Da outra banda, os críticos de três governos desbussolados foram professores, especialistas, jornalistas, escritores, não a grande massa que tomou as ruas, contaminada de um número menor de direitistas, sem nenhuma visão sistêmica da política e de seus corretos propósitos.
E do embate burro dos leigos surgiram os coxinhas e as mortadelas. Coxinha de rico e mortadela de pobre. Um sanduíche de boa mortadela quente é muito mais gostoso do que uma coxinha. E, desse modo triste, dividiu-se a sociedade brasileira, os grupos sociais, de amigos e até mesmo famílias. Como se fossem dois segmentos opostos fundados na Lei da Boa Razão. São todos quixotescos.
Antes das redes sociais, tudo ficava latente, sem maiores consequências. A partir dessa comunicação superficial de um povo carente de educação elementar, vêm à luz as coisas mais disparatadas. Nossa cultura empobrece e nossos horizontes são cada vez mais sombrios.
A morte de Dona Maria Letícia demonstrou, com a reunião cavalheiresca de inimigos, a natural essência do homem. Contudo, a morte está tão banalizada que não tem significado algum. Inclusive para sobre ela tripudiar, como o fizeram alguns idiotas de tais redes.
Por outro lado, alguns não deixaram de vaiar, inclusive o Presidente da República, ao ir abraçar Lula. A que ponto chegaram as relações sociais no Brasil! Um país sem respeito à vida humana, pela maioria de seu povo. Coxinhas e mortadelas adorariam um fuzilamento recíproco. E todos reclamam de um menino que mostra um revólver, distribuído a mancheias, para obter 100 reais num semáforo. As instituições brasileiras estão em crise, mas, muito mais grave, é a crise das consciências.
Amadeu Roberto Garrido de Paula, é Advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.
Fonte: EcoDebate

Impactos da produção de carne

Até há bem pouco tempo atrás, as discussões ambientais restringiam-se a proteger ursos panda, evitar desperdício de água e reciclar latinhas de cerveja.
A crise ambiental mais complexa, é resultante da repetição ao longo de décadas, de hábitos de consumo coletivos e individuais predatórios, mas abençoados pela lógica de mercado e por uma cultura de sobre-consumismo permanente.
Entre os hábitos está o consumo indiscriminado de carne de qualquer origem. A atual manutenção, em “estoques vivos”, de 30 bilhões de aves, peixes e mamíferos de dezenas de espécies exerce uma tremenda e inédita pressão sobre todos os ecossistemas.
Basta lembrar que cada um desses animais, assim como cada um dos quase sete bilhões de animais humanos, demandam sua porção de terra, de água, de comida e de energia, despeja seus dejetos sobre a terra e gera emissão de poluentes no solo, no ar e na água.
Não há como negligenciar que cada hambúrguer, nugget, salsicha e lata de atum provoca um impacto e um respectivo custo ambiental que aproximam a civilização humana da bancarrota ecológica.
E urgente repensar os paradigmas de consumo global, como única alternativa viável para evitar as grandes catástrofes que se anunciam com tanto vigor.
Estima-se, que no mundo, a cada segundo, uma área de floresta tropical do tamanho de um campo de futebol seja desmatada para produzir carne de boi equivalente a 257 hambúrgueres.
O custo total de determinada coisa não é apenas o valor do dinheiro que se gasta para comprar. Este é apenas o “preço nominal” ou “custo econômico”.
Os procedimentos tem custos econômicos, culturais, sociais, estéticos, ambientais e até morais. E a produção de carne gera vários tipos de custos, quase todos desconhecidos dos indivíduos.
Além do que se paga diretamente no balcão do mercado e que corresponde ao custo econômico da carne, há outros fatores envolvidos que deveriam compor o preço final do produto.
O custo ambiental da carne é um dos maiores problemas ambientais da Terra. Uma série de cálculos e estudos estabelece a relação do consumo de carne com a saúde do planeta.

No Brasil, em média, um quilo de carne bovina é responsável por cerca de 10 mil metros quadrados de floresta desmatada, pelo consumo de 15 mil litros de água doce limpa, pela emissão de relevantes quantidades de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera e pelo despejo de fósforo, mercúrio, bromo, chumbo, arsênico, cloro, entre outros elementos tóxicos provenientes de fertilizantes.
Também pelo descarte de efluentes como sangue, urina, gorduras, vísceras, fezes, ossos e outros que acabam chegando aos rios e oceanos, depois de contaminarem solo e aquíferos subterrâneos.
E pelo consumo de energia elétrica e de combustíveis fósseis, e também pela destinação de antibióticos, hormônios, analgésicos, bactericidas, inseticidas, fungicidas, vacinas e outros fármacos, via urina, fezes, sangue e vísceras, que inevitavelmente atingem os lençóis freáticos.
Isto gera pesados encargos para os cofres públicos com tratamentos de saúde, decorrentes da contaminação gerada pela pecuária e gastos do poder público com infraestrutura e saneamento necessário para equilibrar os danos causados pela pecuária, além de custos pelas isenções fiscais e subsídios concedidos pelos governos estaduais e federal para as atividades pecuárias.
Tudo isso está presente em cada quilograma de alcatra, maminha, picanha e outros cortes, consumidos diariamente e nos churrascos domingueiros. Mas nada disso é computado no balcão do açougue.
É importante observar que estes dados relativos à produção de 1kg de carne de boi não são estimativas alarmistas, são constatações lúcidas de estudos científicos e dados oficiais.
A criação de suínos, caprinos, bubalinos e ovelinos gera números semelhantes.

Ou seja, a produção industrial de carnes é uma das fontes mais importantes de poluição do meio ambiente, exigindo áreas gigantescas, consumindo enorme volume de recursos naturais e energéticos e onerando os cofres públicos, além de gerar bilhões de toneladas de resíduos tóxicos sólidos, líquidos e gasosos, que contaminam solo, água, plantas, animais e pessoas.
A legislação brasileira é rigorosa em relação à poluição industrial. Porém, não há fiscalização para o setor pecuário e a aplicação das leis ambientais tornaria praticamente inviável a atividade.
Se o governo brasileiro retirasse incentivos e subsídios, cobrasse impostos e obrigasse a internalizar os custos energéticos, o uso de recursos naturais e os danos ambientais, cada quilo de alcatra custaria uma pequena fortuna.
Em 1960, um grande tsunami atingiu a costa de Bangladesh. Apesar dos prejuízos materiais, não houve uma única perda humana. No entanto, vários milhares de pessoas morreram quando um tsunami de magnitude similar arrasou a mesma área, em 1991.
Neste meio tempo, os imensos manguezais, que davam proteção natural àquela região, foram devastados para dar lugar a inúmeras fazendas industriais de carnicicultura (criação de camarões em cativeiro).
Um outro mundo é possível. Ocorre enfatizar que a manifestação não é de natureza ideológica, sendo apenas pequena reflexão isenta. Mas uma nova autopoiese sistêmica para o arranjo social, é imprescindível.
Fonte: http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=2736&Itemid=33
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Verão e chuvas reacendem discussão sobre qualidade da água no litoral

Especialista alerta para cuidados permanentes com a qualidade da água e não apenas durante a temporada.

De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que acompanha constantemente a balneabilidade do litoral, na cidade do Rio de Janeiro, a maioria das praias estão impróprias para banho. Na região da Ilha do Governador e Sepetiba, todas as praias estão com qualidade abaixo do aceitável para banho. Apenas as regiões da Zona Oeste e Zona Sul apresentam praias próprias para banhistas.
De acordo com Ariel Scheffer, biólogo e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, a preocupação com a qualidade da água deve ser constante e não apenas durante a temporada. “Embora o aporte de esgoto diminua fora da temporada de verão, para os moradores fixos do litoral o problema de comprometimento da balneabilidade persiste fora dessa época e deveria receber atenção constante ao longo do ano”, reforça.
Um estudo da SOS Mata Atlântica, de 2015, sobre a qualidade das águas de 183 rios de 11 estados revelou que 36,3% dos pontos de coleta analisados apresentam qualidade ruim ou péssima, 59,2% estão em situação regular e, em 13 pontos foram encontradas águas com qualidade boa, representando apenas 4,5% do total. “Levando-se em conta que a qualidade das águas costeiras brasileiras é bastante influenciada pelas condições de saneamento básico existente nas cidades litorâneas, sendo que a média nacional de esgoto coletado é de apenas 24%, pode-se dizer que a situação é grave”, aponta Scheffer.
Praias e rios limpos são sinônimo de alegria no verão, mas também são sinais de saúde para todas as espécies. Para os humanos, as consequências de se banhar em um ambiente contaminado podem envolver infecções (garganta, ouvido e olhos), diarreia, doenças de pele, gastroenterite e, em casos mais graves, hepatite A, cólera e febre tifoide. Para a fauna marinha os riscos também existem.
“Temos que considerar que a qualidade de água não é dada somente pelos parâmetros da balneabilidade, mas envolvem tipos de contaminantes mais persistentes, como produtos ou substâncias químicas, que podem ser mais perigosos que a contaminação fecal trazida pelos esgotos. Ainda temos a poluição por resíduos sólidos, sedimentos e até poluição biológica por espécies invasoras, que podem prejudicar nossa saúde, a biodiversidade e a economia da região”, defende Scheffer.
O especialista alerta ainda para outros fatores que são determinantes na manutenção da qualidade das águas durante períodos mais longos. “É preciso estar atento ao papel dos ecossistemas costeiros, incluindo as florestas, matas ciliares, manguezais, restingas, dunas, praias e costões e, também, os benefícios tangíveis e intangíveis de sua preservação. Além da necessidade de cobrar dos governos estaduais e locais os investimentos para saneamento”, afirma.
Scheffer dá um exemplo de intervenção para a manutenção dos serviços relacionados à água, como a criação de unidades de conservação – que são áreas naturais legalmente protegidas –, públicas e privadas. Alguns exemplos na região litorânea do Paraná são o Parques Estadual do Pico Marumbi e a Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba. “Se mantivermos os ecossistemas naturais bem conservados, eventuais cargas difusas de contaminação não resultam na perda expressiva da qualidade da água no litoral. Esta manutenção ecossistêmica da qualidade ambiental ajuda a promover o ‘marketing’ positivo da região, potencializa a economia local e mantém a boa qualidade de vida para os moradores e turistas”, conclui.
* Ariel Scheffer é membro da Rede de Especialistas de Conservação da Natureza, uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
  EcoDebate


Siga-me

Seguidores

Literatura Brasileira

PALESTRAS.

Meio Ambiente:


*Educação Ambiental
*Desenvolvimento Sustentável
*Reciclagem e Energia Renovável
*Esgotamento Sanitário e Reuso da Água
*Novo Código Florestal

Poderão ser sugeridos temas considerando o público alvo.
CONTATO: cesaratorres@gmail.com
Telefones: (33) 8862.7915 / 3315.1683