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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pesquisadores alertam para danos de insumos químicos aos polinizadores


A pesquisadora Roberta Cornélio Ferreira Nocelli, da Universidade Federal de São Carlos, alerta que o uso de agrotóxicos pode ser extremamente prejudicial para os polinizadores. A depender do pesticida, apenas 81 nanogramas são suficientes para matar uma abelha.

Para ela a aplicação dos pesticidas nas propriedades precisa obedecer, de forma rigorosa, as quantidades especificadas nos rótulos dos produtos. Além disso, os agricultores devem respeitar o horário de visitação dos insetos polinizadores nas culturas e não aplicar os insumos no final da tarde e início da noite.

Roberta ainda defende a revisão da lei que regula a liberação de produtos químicos para o mercado. Atualmente, todo agrotóxico para ser liberado precisa ter avaliado o seu efeito em abelha. “Acontece que esse teste é feito somente com um tipo deste inseto. O ideal é que ele seja realizado com outras espécies, inclusive com abelhas nativas”, explica.

Práticas culturais

De acordo com a bióloga Márcia de Fátima Ribeiro, pesquisadora da Embrapa Semiárido, os manejos das áreas agrícolas precisam se valer de práticas culturais que favoreçam a presença e permanência desses insetos nas áreas de plantios.

A agricultura moderna voltada para maximizar os índices de produtividade se vale de técnicas que afetam de forma muito negativa a população de polinizadores nativos, em especial as abelhas. Por esse motivo, em muitas propriedades os agricultores são obrigados a recorrer à polinização artificial, a exemplo da manual, o que eleva os custos de produção.

Para a bióloga da Embrapa Semiárido, o que fica evidente mesmo para segmentos do negócio agrícola mais competitivo é que a ação benéfica dos polinizadores não pode ser descartada. As abelhas, por exemplo, contribuem “significativamente” para incrementar os índices de produtividade de várias culturas agrícolas de importância econômica.

Conservar

A conservação dos habitats naturais desses insetos nas áreas próximas dos cultivos e o uso de boas práticas agrícolas são fundamentais para preservar a diversidade dos que polinizam as plantas. Uma das melhores medidas que podem ser adotadas pelos agricultores é a aplicação controlada de defensivos químicos e o manejo da paisagem, de modo a manter suas bordas com vegetação nativa local que fornece recursos aos polinizadores.

Geração de renda

As abelhas, além de serem estratégicas para aumentar a produção agrícola, podem ser uma sustentável fonte de renda para quem vive na caatinga. Alexandre Torres, morador de Ouricuri, cidade do sertão pernambucano, quer esse bioma preservado, pois há 22 anos tira do mel que vem das folhas dessa vegetação sua principal fonte de renda. Com 500 colméias, ele chega a faturar 40 mil reais por ano.

“As abelhas foram o que me fixaram no campo”, revelou Alexandre. O apicultor que também participou da Semana de Polinizadores, o evento foi “uma ótima oportunidade para aprender mais sobre o apaixonante mundo das abelhas”.

No Território do sertão do São Francisco, somente em Campo Alegre de Lourdes são produzidas 600 toneladas de mel por ano, de acordo com dados encaminhados ao Sebrae de Juazeiro pelos próprios apicultores do município.

Texto de João Marques, Embrapa Semiárido, publicado pelo EcoDebate, 21/12/2010

Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa


Ranking de emissões. Ranking Internacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Fonte: Elaboração própria baseada em tabela publicada no Jornal Folha de São Paulo.

O Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não controladas pelo Protocolo de Montreal (Inventário) é parte da Comunicação Nacional à Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima. Este é um dos principais compromissos de todos os países signatários desta Convenção, documento elaborado pelo Ministério de Ciências e Tecnologia datado de 24 de novembro passado.

Informações gerais e valores preliminares foram divulgados com referência a prazos legais para submissão da Segunda Comunicação Nacional e responsabilidade da elaboração da Comunicação Nacional, entre outras.

Segundo o MCT, a obtenção das informações para o Inventário teve a participação de 700 especialistas e de 150 entidades governamentais e não-governamentais, incluindo ministérios, institutos, universidades, centros de pesquisa e entidades setoriais da indústria.

Como o Inventário deverá ser completo, acurado, transparente, comparável, consistente e ser submetido a processo de controle de qualidade, segundo premissas do MCT, pergunta-se: 1- qual o cálculo da meta brasileira para redução de gases-estufa a partir de 2010? 2- quais os critérios utilizados nas emissões e remoções de gases de efeito estufa? 3- como interpretar as emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa relacionados à página 6 do Inventário que expõe o Sumário de Dióxido de Carbono onde o somatório das parcelas consideradas são as do setor de energia, processos industriais e Mudanças no Uso da Terra e Florestas?

Em 30 de novembro, os ouvintes da TV Cultura que exibe o Roda Viva ficaram sabendo da conceituação das emissões líquidas, ou seja, (emissões – remoções), muito embora o Inventário não tenha discriminado a parcela referente às remoções. Por que não se contabilizam todas as tecnologias postas em prática de tal forma que tenhamos um valor total menor do que aquele que é veiculado? São operações de soma e subtração. Simples assim.

O Portal G1, através de Ricardo Muniz, tentou contatar (sem sucesso) quatro ministérios para saber qual o cálculo da meta brasileira de corte de gases-estufa, uma vez que, segundo ele, ela ainda não se tornou pública. Se 700 especialistas participaram do Inventário junto a 150 organizações governamentais e não governamentais, isso implica em afirmar que todos eles assinaram o Inventário? Se não assinaram, o Inventário pode ter sido alterado? A última versão do Inventário representa um consenso de todos os setores aqui citados?

O governo nos fornece dados aquém da expectativa do leitor de artigos ambientais. A sensibilização e conscientização ambiental demonstradas pela sociedade brasileira como um estágio mais avançado nos degraus a serem escalados, não têm ecoado de forma positiva aos que auscultam as demandas desta mesma sociedade. Prova disso é que até a imprensa reclama da falta de comunicação de dados uma vez que, em algum dia, o governo não poderá agir isoladamente no combate à redução das emissões dos gases de efeito e precisará da contribuição de toda a população educada ambientalmente.

Por que ocultar, esconder ou não informar dados significativos que interessam a todos já que o governo não poderá manter uma posição isolada do resto da sociedade?

Segundo o engenheiro agrônomo Dr.Carlos Clemente Cerri, do Cena (Centro Espacial de Energia Nuclear) na área de agricultura é recomendado que seja levado em consideração o esforço que o Brasil tem feito para por em prática tecnologias com mecanismos mais limpos de desenvolvimento. Se as remoções fossem contabilizadas, o Brasil estaria no septuagésimo oitavo lugar no ranking internacional de emissões ao invés de ser o 5º maior emissor de GEE.

Foi veiculado que os dados deveriam ser contemplados no Inventário com as premissas de transparência, acurácia, comparabilidade, etc. Para quem?

A ISO 14.064/2006, norma empregada para o cálculo dos gases de efeito-estufa está dividida em três partes. São elas: Parte 1 – especificação com orientação a organizações para a quantificação e a elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa; Parte 2 – concentra-se em projetos ou em atividades baseadas em projetos de GEE especificamente concebidos para reduzir emissões ou aumentar a remoção de GEE. Isso inclui princípios e exigências para determinar os cenários de referência (baseline) do projeto. Ela também tem o papel de monitorar, quantificar e relatar o resultado do projeto em relação ao baseline definido e prover as bases para que projetos de GEE sejam validados e verificados; Parte 3 – Especificação com orientação para a validação e verificação de declarações de gases de efeito estufa.

Como esta norma vem sendo aplicada nos cálculos das emissões de gases de efeito estufa aqui no Brasil?

João Wagner Alves, da CETESB, apresentou artigo técnico intitulado “Inventários de gases de efeito estufa” em que transcreveu as percentagens consideradas no ranking internacional publicado em tabela pelo Jornal Folha de São Paulo. O Brasil ocupa confortável 16º lugar entre os países que mais emitem gás carbônico para gerar energia. Mas se forem considerados os GEE liberados pela mudança do uso do solo e pela agropecuária, o país é o quarto maior emissor (em % das emissões totais de GEE).

Este artigo tem a finalidade precípua de comungar com os interesses do Portal EcoDebate que é promover um debate dos artigos publicados. Deixo aqui mais perguntas do que respostas na expectativa de obter esclarecimentos que satisfaçam a todos nós, articulistas, leitores e comentaristas, eventualmente céticos em relação ao Inventário.

Fontes:
http://www.mct.gov.br/upd_blob/0207/207555.pdf
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/O,,MUL1403138-5603,00-ENTENDA+OS+PRINCIPAIS+TERMOS+SOBRE+MUDANÇA+CLIMATICA
Carol Salsa

As 10 cidades mais poluídas do mundo.

Você acha que sua cidade é sujinha? Então deve conferir a lista com as 10 cidades mais poluídas do mundo! Atualmente nenhuma cidade é limpa e completamente ecológica, mas sempre há como ficar pior.


Lá a mortalidade infantil é muito alta – e a principal causa disso é a poluição. Em algumas áreas da cidade as pessoas convivem com o lixo e cerca de 3 mil toneladas de poluentes são despejadas no ar todos os dias.

2. Mumbai, Índia


Mumbai é conhecida pelo filme “Quem quer ser um milionário” e é uma das mais populosas do mundo. Não há a mínima conscientização por parte do governo em relação ao meio ambiente e estima-se que cerca de 1 bilhão de dólares precisaria ser gasto para recuperar minimamente a cidade.

3. Maputo, Moçambique


As 60 mil famílias residentes na capital do Moçambique despejam seu esgoto diretamente no Oceano Índico.

4. Moscou, Rússia


Pode até ser chocante para alguns ver Moscou nessa lista, mas a capital da Rússia é conhecida por muitos como a cidade com o maior índice de poluição atmosférica do mundo. Por causa disso, muitos de seus habitantes têm problemas pulmonares.

5. Cidade do México, México


Nos anos 40 a Cidade do México era uma cidade muito limpa – era possível ver 100 km a sua frente. Agora, por causa da poluição atmosférica, a visibilidade foi reduzida a 1,5 km. Há muito nitrogênio no ar, o que também dificulta uma respiração eficaz.

6. Lagos, Nigéria


Lagos é a casa de 8 milhões de pessoas e a sede de muitas indústrias. Desde o ar até as ruas – a cidade é completamente poluída.

7. Karachi, Paquistão


A poluição causada pelo aumento da concentração industrial na cidade, seja atmosférica, aquática ou sonora, faz com que 35% da população esteja com a saúde comprometida diretamente por esses problemas.

8. Dhaka, Bangladesh


Dhaka é uma cidade muito populosa que enfrenta sérios problemas de poluição aquática. A coleta e destinação dos resíduos sólidos urbanos (basicamente, o lixo) também são praticamente inexistentes. A água é grossa e contaminada por pesticidas e agrotóxicos.

9. Bandar Seri Begawan, Brunei Darussalam


Brunei Darussalan é um pequeno e próspero país da Ásia. O problema é que o ar de lá está comprometido, por causa da grande concentração de veículos.

10. Bagdá, Iraque


Por causa dos conflitos que o país enfrenta, a questão do meio-ambiente foi deixada de lado. A queima de combustíveis fósseis e a falta de coleta de lixo fazem com que Bagdá seja uma das cidades mais poluídas do mundo. [Most Interesting Facts]

Construa uma árvore sustentável e bonita com latinhas de refrigerante




Se você quer reciclar, fazer sua parte com o meio ambiente, e ainda assim ter um natal bonito, confira essa árvore incrível feita de latinhas de refrigerante. Agora é tarde para copiar a idéia, mas a inspiração já fica para o ano que vem!

Para construir essa árvore, foram necessárias mais de 400 latinhas de refri (e três meses bebendo refrigerante), mas o efeito com certeza vale a pena. Perceba que a iluminação das árvores tradicionais se manteve e a estrela do topo foi substituída por uma enorme garrafa plástica.

Confira mais imagens:






Mundo se preocupa menos com as mudanças climáticas, aponta pesquisa.


A preocupação mundial com a mudança climática diminuiu nos últimos dois anos, de acordo com uma pesquisa de opinião deste domingo, às vésperas do encontro de 190 nações em Copenhague que objetiva um acordo global para combater o aquecimento global.

A pesquisa Nielsen/Universidade de Oxford mostrou que 37 por cento de mais de 27 mil usuários de Internet em 54 países disseram estar “muito preocupados” com a mudança climática, menos que os 41 por cento de uma pesquisa similar de dois anos atrás.

“A preocupação global com o clima esfriou”, disse a Nielsen sobre a pesquisa realizada em outubro, que ligou a redução das preocupações com o clima à crise econômica mundial. Matéria da Agência Reuters.

Nos Estados Unidos, o segundo maior emissor de poluentes após a China e a única nação industrializada fora do Protocolo de Kyoto das Nações Unidas (ONU), o número dos muito preocupados caiu de 34 para 25 por cento.

O presidente dos EUA, Barack Obama, quer que o país corte as emissões de gases de efeito estufa e planeja se unir aos mais líderes mundiais ao final do encontro entre os dias 7 e 18 em Copenhague para tentar alcançar um novo acordo climático na ONU.

A China, principal emissora de gases de efeito estufa, está entres as poucas nações pesquisadas em que o número de pessoas muito preocupadas cresceu, de 30 para 36 por cento.

A pesquisa indicou que os níveis mais altos de preocupação estão na América Latina e em países da Ásia e do Pacífico, liderados pelas Filipinas com 78 por cento, país atingido pelo tufão Ketsana em setembro. A pesquisa não cobriu a maior parte da África.

Os menos preocupados com o aquecimento global estão sobretudo no leste europeu. A Estônia ficou em último, com 10 por cento de muito preocupados.

O diretor de negócios para a Europa da empresa Nielsen, Jonathan Banks, disse que a preocupação pode aumentar agora com o foco na cúpula de Copenhague.

“Os temores econômicos tiraram a questão climática do topo da agenda temporariamente, mas à medida que a recessão cede, imaginamos que a reunião de Copenhague conduza esse assunto importante para a linha de frente novamente”, disse.

Mundialmente, a poluição da água e do ar, seguida pela mudança climática, foram as maiores preocupações da população mundial, mostrou a pesquisa.

Reportagem da Agência Reuters, no Estadao.com.br.
EcoDebate, 07/12/2009

Até hoje não existe uma clara ideia do que é tecnologia limpa.


Para o professor José Marengo, países ricos, pobres e em desenvolvimento devem ter metas diferenciadas em relação às emissões de gases de efeito estufa. Embora diferenciadas, as metas devem ser obrigatórias, segundo ele. “Mas, em troca, deverão receber recursos de algum fundo de adaptação para enfrentar o problema de mudanças climáticas e reduzir os impactos e vulnerabilidade”, opinou. Na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line, Marengo falou sobre as metas de redução de emissão de gases dos Estados Unidos e China – os maiores produtores na atualidade – e do Brasil. Além disso, analisou questões que serão abordadas na conferência que acontece neste mês, em Copenhague. “REDD é uma boa opção, mas tem que ser analisada e regulamentada, pois ainda não está claro como será aplicada em cada realidade. Há variações da REDD, REDD Plus etc., e tudo isso vai ser discutido na COP 15”, explicou.

Graduado em física e meteorologia pela Universidad Nacional Agraria (Nicarágua), José Marengo é mestre em engenharia de Recursos da Água e da Terra pela mesma instituição, e doutor em meteorologia pela University of Wisconsin (EUA). Recebeu o título de pós-doutor pela NASA-Goddard Institute for Space Studies e Florida State University (EUA). Atualmente, é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Escreveu os livros Mudanças climáticas globais e seus efeitos sobre a biodiversidade – Caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do Século XXI (Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2007) e The Large Scale Atmopshere Biosphere Experiment In Amazonia (Lba), Concise Experimental Plan. (SC-DLO, Wagenigen, The Netherl: Staring Centre-DLO, 1996)

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Até o momento, a decisão do presidente Obama é de reduzir 17% das emissões americanas de gases de efeito estufa até 2020. O presidente da China anunciou meta de redução de 40% a 45% até a mesma data. Qual sua opinião sobre essas metas?

José Marengo – Ora, é melhor que nada, não podemos esperar promessas de cortes altos demais, e que depois os países possam se arrepender e não cumprir. A meta dos Estados Unidos é muito baixa, mas é melhor que uma ausência de metas.

IHU On-Line – Um dos pontos em discussão em Copenhague é o mecanismo para a transferência de tecnologias limpas. Esse debate em Copenhague vai para frente?

José Marengo – Pode ser que sim, mas isso entra na categoria de mitigação e adaptação. Porém, até hoje não ficou claro quais são os mecanismos de financiamento para estas tecnologias. Até hoje não existe uma clara ideia do que é tecnologia limpa, e quão limpa será a matriz hidroenergética comparada com a de termoelétrica a gás, por exemplo.

IHU On-Line – Entre estas soluções, podemos citar o reflorestamento e a preservação. O REDD (Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação) é visto como uma alternativa importante neste sentido. Esta medida pode ser considerada satisfatória?

José Marengo – REDD é uma boa opção, mas tem que ser analisada e regulamentada, pois ainda não está claro como será aplicada em cada realidade. Há variações da REDD, REDD Plus etc., e tudo isso vai ser discutido na COP 15. Preservação é a melhor opção, e reflorestamento funcionaria só se fosse feito com espécies nativas como as que foram cortadas.

Corta-se floresta tropical e substitui-se por eucalipto, isso não é reflorestamento, é simplesmente uma plantação florestal. O clima atual da Amazônia funciona com a vegetação atual da floresta tropical, e, se toda a floresta é substituída por eucalipto, por exemplo, o clima vai mudar, pois a floresta tropical funciona de uma forma muito peculiar.

IHU On-Line – Quais os principais desafios que precisam de um retorno urgente durante a conferência de Copenhague?

José Marengo – Listo:
- Mecanismos de mitigação (metas de emissões, tanto das atividades derivadas de queima de combustível fóssil quanto do desmatamento);
- Mecanismos de adaptação e criação do fundo de adaptação;
- Metas considerando responsabilidades históricas nas emissões de gases de efeito estufa;
- REDD e regulamentação deste mecanismo, e as suas variações para vários países;
- Metas de redução de desmatamento;
- Criação do fundo de adaptação mundial.

IHU On-Line – As metas brasileiras de redução, de 36,1% e 38,9% até 2020, são satisfatórias?

José Marengo – Sim, são satisfatórias e representam uma grande contribuição do Brasil nos debates e metas da COP 15.

IHU On-Line – Os pólos norte e sul já sentem os grandes impactos das mudanças climáticas. O que o senhor acha da proposta da Universidade do Arizona, de colocar espaçonaves cobertas com material reflexivo entre o Sol e a Terra?

José Marengo – Isso é especulação! Estas propostas são caras demais e quase não são fatíveis de construir ou de garantir resultados satisfatórios. O problema não é a energia que chega do sol, mas sim aquela parte que fica na baixa atmosfera “presa” pela camada de gases de efeito estufa, e a solução seria não engrossar esta camada, reduzindo as emissões o máximo possível.

IHU On-Line – Países pobres, em desenvolvimento e ricos devem ter metas de redução de emissões diferentes?

José Marengo – (Ecodebate, 04/12/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

domingo, 19 de dezembro de 2010

A tentação do retorno ao malthusianismo



“Entre aqueles que duvidam da capacidade do planeta para alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050 – depois disso o número deverá diminuir – e aqueles que estão convencidos de que a luta contra o aquecimento global exige uma pressão demográfica menor, as teses malthusianas fazem novos adeptos”, escreve Frédéric Lemaître em artigo publicado no Le Monde, 25-11-2009. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Há superpopulação mundial? Tida como tabu durante muito tempo, a questão vem à tona nos debates, trazidos por um duplo fenômeno: a insegurança alimentar e o aquecimento global. Entre aqueles que duvidam da capacidade do planeta para alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050 – depois disso o número deverá diminuir – e aqueles que estão convencidos de que a luta contra o aquecimento global exige uma pressão demográfica menor, as teses malthusianas fazem novos adeptos.

Lembremos que no final do século XVIII o economista (e pastor) britânico Thomas Malthus explicou, em seu Ensaio sobre o Princípio da População, que a progressão geométrica (2, 4, 8, 16…) da população causaria a sua perda, pois os recursos alimentares seguiriam uma progressão aritmética (2, 4, 6, 8…).

A revolução industrial e a explosão da produtividade agrícola provariam que ele estava errado. Mas hoje, vários fatores se combinam para torná-lo atraente novamente. O economista Daniel Cohen resumiu a situação nas Jornadas de Economia de Lyon. No momento em que, graças à globalização, grande parte da humanidade deixa a lei de Malthus e se prepara para aderir a padrões de vida dos ocidentais, os constrangimentos ecológicos nos lembram que o mundo que acreditávamos infinito, não o é. Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) confirmava que “o PIB per capita e o crescimento demográfico foram os principais fatores do aumento das emissões mundiais de gás de efeito estufa durante as três últimas décadas do século XX”.

Embora ela negue, uma agência das Nações Unidas considerou necessário, a três semanas da Cúpula de Copenhague, voltar ao assunto, observando que “o medo de parecer favorável a uma regulamentação demográfica tem evitado até recentemente qualquer menção à ‘população’ no debate sobre o clima”. Contudo, observa a ONU, “cada nascimento implica não apenas as emissões imputáveis a esse novo ser ao longo de sua vida, mas também as emissões produzidas por todos os seus descendentes”. Certamente, o estilo de vida também influencia o clima – alguns especialistas acreditam, por exemplo, que ao diminuir o número de pessoas por lar, o divórcio tem um impacto maior sobre o aquecimento global do que um nascimento -, no entanto, a questão demográfica é central. A ONU parece endossar a observação feita em 1992 pela Academia de Ciências dos Estados Unidos: “Sólidos programas de planejamento familiar são consistentes com os interesses de todos os países sobre as emissões de gases de efeito estufa bem como sobre o de bem-estar social”.

Não se poderia ser mais explícito. Os líderes chineses não se cansam de lembrar aos ocidentais que o estado do mundo seria pior se não tivessem limitado os nascimentos a uma criança por família. Na França, o deputado Yves Cochet, dos Verdes, propõe deixar de pagar subsídios a partir do terceiro filho. Os defensores do decrescimento por mais que explicaram que aos seus olhos não há superpopulação, mas motoristas demais, a resposta é um pouco curta. Alguns concordam. O é tanto mais que, como lembra Daniel Cohen em La prospérité du vice [A prosperidade do vício] (Albin Michel, 2009), independentemente do nível de vida alcançado, não é a riqueza que traz a felicidade, mas a enriquecimento. O sempre mais.

Como resolver a contradição? Os economistas clássicos apostarão no progresso tecnológico. Afinal, Malthus enunciou a sua teoria no momento em que, não muito longe dali, o escocês James Watt inventava a máquina a vapor, que iria permitir a revolução industrial e tornar obsoleto o medo malthusiano. O crescimento verde e sustentável está apenas balbuciando. Além disso, algumas soluções já estão ao alcance da mão.

Sabendo que um quilo de carne requer até 15.000 litros de água e que o gado consome quase a metade dos cereais produzidos na Terra, uma diminuição do nosso consumo de carne poderia resolver parte do problema. De acordo com a utilização dos cereais, a Terra poderia alimentar no começo do século XXI entre 3,7 e 10 bilhões de pessoas.

Mudar os nossos hábitos alimentares será tanto mais imperativo quanto é inútil tentar regular a população. Em um breve ensaio bem pedagógico, Vie et mort de la population mondiale [Vida e morte da população mundial] (Editions Le Pommier/ Cité des Sciences et de l’Industrie, 2009), o demógrafo Hervé Le Bras observa que “a invocação da população do mundo dá a ilusão de que se pode modificá-la, mas não há nenhuma instituição capaz de impor uma legislação destinada a limitar o crescimento da população (ou de encorajá-lo)”.

A aspiração das mulheres por mais igualdade e as esperanças de ascensão social de seus filhos através da educação são, segundo ele, os dois motores da diminuição da fertilidade. A paridade de gênero e a igualdade de oportunidades seriam os dois pilares do desenvolvimento sustentável? Esta seria, em todos os casos, a melhor resposta para Malthus que não considerava que os pobres pudessem se beneficiar da menor ascensão social.

(Ecodebate, 02/12/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

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