VOCE É NOSSO VISITANTE N°

domingo, 26 de março de 2017

Especialista dá dicas sobre benefícios e instalação de telhados verdes Opção leva mais respiro e vida aos grandes centros urbanos.


Especialista dá dicas sobre benefícios e instalação de telhados verdes
A grande vantagem é o isolamento acústico e térmico. | Foto: Divulgação

Colorir os centros urbanos de verde parece impossível, mas um projeto de arquitetura que utiliza plantas nas coberturas dos imóveis pode mudar essa realidade. Os chamados telhados verdes são uma forma de trazer a sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente para a casa ou apartamento. Além de alegrarem o cenário predominantemente cinza das cidades, eles auxiliam na drenagem da água da chuva e proporcionam isolamento acústico e térmico.
Os telhados vivos, como também são chamados, podem ser jardins em edifícios com telhado plano ou podem ser uma cobertura de gramíneas em telhados com inclinação. A grande vantagem é o isolamento acústico e térmico. Uma pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP) mostrou que a diferença de temperatura entre um prédio com telhado verde pode ser até 5°C menor do que um com cobertura de concreto. Além disso, nos edifícios com esse cuidado sustentável, a umidade relativa do ar é cerca de 15% maior.
A drenagem da água das chuvas também é feita por esse jardim no alto das residências, assim como a absorção de poeira e poluição. Com isso, reduz-se a necessidade de escoamento de água e de sistemas de esgoto. Nesse jardim, pode-se plantar pequenas hortas, com alface, brócolis e olerícolas em geral além de se colocar vasos e flores. “É uma maneira de trabalhar uma questão ambiental, com uma visão não tão urbana, além de retomar o contato com a natureza”, explica o engenheiro agrônomo da empresa curitibana Esalgarden, Gustavo Milak.
Para quem quer optar por esse projeto, é necessário muito estudo. Para casas e edifícios já construídos, a ajuda de um engenheiro é essencial, já que deve ser observada a capacidade da laje de suportar a estrutura.
“Hoje o que muitos fazem é trocar o telhado por uma laje para produzir hortas e ter um jardim, mas é importante verificar quanto a estrutura comporta de peso, para evitar rachaduras na casa”, destaca o engenheiro agrônomo. Com a aprovação de um engenheiro em mãos, o proprietário precisa seguir algumas dicas. Para locais com laje, por exemplo, ela deve ser impermeabilizada, para impedir vazamentos e infiltrações.



sexta-feira, 24 de março de 2017

Brasil carece de legislação para reúso de água, diz coordenador da ANA


água desperdício
No Dia Mundial da Água, a Unesco destaca a importância das águas residuais, aquelas já utilizadas em atividades humanas e que podem ser reaproveitadas. Foto: Divulgação/Cesan

No Dia Mundial da Água, lembrado ontem (22), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) destaca a importância das águas residuais, aquelas já utilizadas em atividades humanas e que podem ser reaproveitadas.
Diante de uma demanda crescente por recursos hídricos e da necessidade de buscar fontes alternativas, é necessário modificar a gestão dessas águas, “passar de um modelo de ‘tratamento e eliminação’ para um modelo de ‘redução, reutilização, reciclagem e recuperação dos recursos’”, diz a Unesco no Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2017, lançado hoje.
No Brasil, entretanto, as águas residuais não são aproveitadas como deveriam pois não há legislação específica sobre o tema.
O coordenador de Implementação de Projetos Indutores da Agência Nacional de Águas (ANA), Devanir Garcia dos Santos, destaca a importância do reúso, mas diz que a prática não é trivial e expõe as pessoas a riscos se não forem seguidas determinadas normas.
Para ele, a cobrança pelo uso da água mostra o real valor do recurso e induz as pessoas a refletirem sobre a melhor maneira de utilizá-lo. Ele acredita que esse é um dos caminhos para que as pessoas se interessem pelo reúso.
Na avaliação do especialista, o Brasil precisa de legislações que priorizem a segurança do meio ambiente e dos usuários, tanto no quesito manuseio como no consumo.
“Qualquer planta de reúso requer um licenciamento ambiental e esses licenciamentos são muito difíceis de serem conseguidos porque não temos clareza sobre limites e sobre parâmetros da qualidade que essa água, que vai ser feita reúso, deve ter para aplicação”, disse, explicando que há literatura mundial e resoluções do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, mas não há uma norma que deixe claro os critérios para o licenciamento.
Segundo Santos, existem discussões em andamento sobre o tema no Congresso Nacional e  a ANA trabalha, em parceria com o Ministério das Cidades, para a edição de um projeto de lei que atenda esse setor.
Novas regras
A Unesco também afirma que são necessárias novas regras sobre o reúso da água e a recuperação de subprodutos das águas residuais.
“Com frequência, existe pouca ou nenhuma legislação sobre os padrões de qualidade para esses produtos, o que cria incertezas de mercado que podem desencorajar os investimentos. Mercados para esses produtos podem ser estimulados por incentivos financeiros ou legais – tais como a mistura obrigatória de fosfatos recuperados em fertilizantes artificiais”, diz.
O coordenador da ANA conta que a Europa e os Estados Unidos têm legislações bastante rígidas e praticam o reúso naturalmente. Mas muitas iniciativas de reúso costumam surgir a partir da necessidade. Ele cita como exemplos a Namíbia que transforma esgoto em água para abastecimento das cidades, e Israel, que dessaliniza água do mar para consumo e, depois, reutiliza na irrigação; 70% da água é reutilizada em cerca de 19 mil hectares.
Segundo a Unesco, os benefícios sociais, para a saúde pública e o meio ambiente, decorrentes da gestão dos esgotos, são consideráveis. Para cada dólar gasto em saneamento, estima-se um retorno para a sociedade de US$ 5,50.
Reúso na agricultura
Apesar de algumas iniciativas da indústria, o reúso praticamente inexiste no Brasil de forma disciplinada e organizada.
“Não temos essa tradição do reúso porque o Brasil tem essa teoria da abundância [12% da água doce do mundo está no Brasil]. E agora estamos notando que, apesar de termos muita água, a distribuição não é uniforme e temos regiões extremamente carentes em água. Isso está provocando uma discussão mais forte em relação a reúso”, disse.
As águas residuais geridas com segurança são uma fonte acessível e sustentável de água e nutrientes para a agricultura de irrigação, que é responsável por 70% da água consumida no mundo.
“Estamos passando a maior seca do semiárido dos últimos anos. O gado está morrendo sem água e sem alimento. Mas as pessoas ainda estão vivendo lá e estão usando água, então temos algum efluente sendo lançado. Então, dá para trabalhar em cima disso e utilizar essa água na produção de alimento, principalmente para o gado”, explicou o coordenador da ANA. “Você consegue dar sustentabilidade [a esse tipo de projeto], mesmo em um período de crise como essa.”
A ANA tem incentivado o reúso agrícola a partir de efluentes em municípios com menos de 50 mil habitantes, que não tem escala ou recursos para tratar o esgoto antes de despejar nos rios. A ideia é que os municípios façam o tratamento intermediário da água, por meio de lagoas, por exemplo, e a reutilize na irrigação.
“Quando você lança essa água no solo o tratamento continua. O que tem nessa água? Quase sempre o poluente é fósforo, nitrogênio, matéria orgânica que são insumos para a agricultura. Além de reduzir os custos do saneamento, essa forma de utilização possibilita uma água de qualidade para o desenvolvimento da agricultura irrigada”, disse Santos.
Ele explicou que a ANA faz chamadas públicas para municípios que queiram desenvolver esse tipo de ação e demonstrar a eficiência do sistema.
Para a Unesco, as políticas e os instrumentos de regulação são implementados em âmbito local e precisam ser adaptados a circunstâncias variadas. “É importante que seja dado apoio político, institucional e financeiro para iniciativas ‘de baixo para cima’, bem como para a gestão dos serviços in loco e de pequena escala – ou seja, descentralizados – de águas residuais”, diz a organização em seu relatório.
Reúso doméstico
Santos contou ainda que a ANA desenvolveu um projeto com a Saneago, companhia de saneamento de Goiás, em um prédio de apartamentos, para a instalação de um sistema de tratamento das chamadas águas cinzas, aquelas utilizadas em lavatórios, máquina de lavar e cozinha. Ele ressaltou que o tratamento individual do esgoto doméstico ainda não pode ser incentivado de imediato por causa dos riscos de contaminação.
Além do tratamento, também foi feito um sistema de captação da água de chuva e a instalação de hidrômetros individuais nos apartamentos, para estimular os moradores a reduzirem os gastos e os custos.
“Com essas três alternativas reduzimos em torno de 60% a captação de água tratada da rede. É um resultado bem interessante, mostrando que é possível também ter plantas pequenas para fazer um tratamento dessa água residual e reutilizá-la para irrigação de gramado e lavagem de piso”, disse Santos.
Em relatório, a Unesco cita que as águas residuais podem ser uma importante fonte de abastecimento em algumas cidades localizadas em regiões áridas ou onde são necessárias transferências de longa distância para atender às demandas crescentes, em particular durante períodos de seca, como ocorreu em São Paulo.
Por Andreia Verdélio, da Agência Brasil, in EcoDebate

ONU alerta para a importância do tratamento e reuso das águas residuais


Cedae aproveita água de reuso para limpeza urbana no Rio
Cedae aproveita água de reuso para limpeza urbana no Rio. Foto: EBC

Para instituição, benefícios para a saúde humana e para a sustentabilidade ambiental são muito maiores que os custos da gestão dessas águas
O Dia Mundial da Água, celebrado neste 22 de março, marca discussões sobre uso e disponibilidade de recursos hídricos em todo o mundo. Este ano, o tema que guia os debates é a coleta, tratamento e reúso de águas residuais, ou seja, da água descartada pela indústria, comércio, residências e agropecuária.
Apesar de impróprias para o consumo, as águas residuais são os recursos hídricos que podem ser utilizados para outros fins após tratamento. Segundo a ONU, os benefícios para a saúde humana e para o desenvolvimento e sustentabilidade ambiental são muito maiores que os custos da gestão dessas águas, fornecendo novas oportunidades de negócios.
Atualmente, ao redor do mundo, apenas 20% desses recursos passam por tratamento sanitário. Os outros 80% voltam à natureza levando a poluição do uso humano, segundo a ONU.
Reúso da água
Apesar de não haver dados globais mais precisos, sabe-se que parcelas significativas da água que é retirada dos mananciais ou derivada de redes públicas de abastecimento acabam se tornado águas residuais. Em 2016, no Brasil, o volume dessa retirada foi de 2.275 m³/s (metros cúbicos por segundo), segundo informações da Agência Nacional de Águas (ANA).
O setor de irrigação foi responsável pela maior parcela dessa retirada (55% do total; 1.253 m³/s), seguido do abastecimento humano urbano (22%; 503 m³/s), setor industrial (15%; 346 m³/s), pecuária (6%; 135 m³/s) e abastecimento humano rural (2%; 38 m³/s).
O volume efetivamente consumido foi de 1.210 m³/s, correspondendo à irrigação 75% (913 m³/s), ao abastecimento humano urbano 8% (101 m³/s), ao setor industrial 6% (69 m³/s), à pecuária 9% (108 m³/s) e ao abastecimento humano rural 2% (19 m³/s).
No ano passado, a ANA estima que o País tenha gerado 1.065 m³/s de águas residuais, relacionadas às seguintes atividades: abastecimento humano urbano (402 m³/s), irrigação (340 m³/s), indústria (277 m³/s), pecuária (27 m³/s) e abastecimento humano rural (19 m³/s).
Parte dessa água é disposta no solo, de maneira planejada ou não, antes ou depois de receber tratamento. Ou seja, nem todo o volume de águas residuais gerado acaba disponível para reuso.
Segundo informações de relatório mundial das Nações Unidas sobre o desenvolvimento dos recursos hídricos, já de 2012, as ocupações urbanas são a principal fonte de contaminações pontuais. A água residual urbana é um “elemento particularmente ameaçador quando combinada com resíduos industriais não tratados”, alerta a entidade.
Desperdício
A Organização das Nações Unidas (ONU) chama atenção para o desperdício: as águas residuais restantes do uso humano que se tornam, então, impróprias para consumo, podem ser reaproveitadas em atividades que não exigem água potável, como sistemas de aquecimento e resfriamento.
Práticas como essa evitam o desperdício e são essenciais, pois, até 2030, a demanda por água deve aumentar 50%, o que exigirá mais esforços para melhorar os sistemas de coleta e tratamento de águas residuais e garantir o reaproveitamento máximo.
Individualmente, cada pessoa pode fazer sua parte para evitar o desperdício de recursos hídricos, como coletar água da chuva para atividades domésticas, de irrigação ou lavagem de veículos, por exemplo.
A ANA destaca que, diante da escassez hídrica verificada em muitas regiões, antes mesmo de se pensar em reúso, deve-se dar preferência a equipamentos e processos que utilizem menor volume de água e que gerem o menor volume possível de águas residuais.
Fonte: Portal Brasil, com informações da ANA, do ICMBio, do Pnuma e da ONU Brasil - EcoDebate

Mais de 850 municípios brasileiros estão em situação de emergência por falta de água


Reservatório quase seco. Foto: EBC
Reservatório quase seco. Foto: EBC
ABr
Em 2017, em todo o Brasil, já são 872 cidades com reconhecimento federal de situação de emergência causada por um longo período de estiagem. A região mais afetada é a do Nordeste e o estado da Paraíba é o que concentra maior número de municípios, com 198 que comunicaram o problema à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec).
O professor Sérgio Koide, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), explica que o que deflagra o processo da crise hídrica é o clima, mas a falta de planejamento faz com que a margem de segurança entre a oferta e a demanda seja muito pequena. “Com um bom planejamento e com investimentos, você consegue fazer uma gestão mesmo em situações de certa escassez de recursos”, explica. Para ele, o risco de insuficiência de água para o abastecimento ocorre quando o planejamento não é cumprido, na medida que a oferta vai se aproximando da demanda. “Neste caso, é preciso fazer um novo planejamento, com antecedência, e adotar as medidas necessárias, como investimentos em obras, para evitar a falta de abastecimento.”
O engenheiro explica que, no Distrito Federal, por exemplo, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) sabia desde o ano 2000 que “a partir de 2005 a demanda se aproximaria perigosamente da oferta”. “De maneira geral, as pessoas que trabalham com o planejamento conseguem antever quando vai começar a zona de risco, mas como o planejamento é longo prazo e os investimentos são altos, nem sempre eles são cumpridos.”


Com respectivamente 154 e 140 cidades em situação de emergência, os estados do Rio Grande do Norte e Ceará, também sofrem sem água. Segundo a meteorologista Morgana Almeida, chefe da previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esta situação é reflexo de um acúmulo dos impactos causados pelo El Niño. “Temos que olhar para o retrovisor. O El Niño é um fenômeno que acontece há cinco anos e atingiu seu ápice nos últimos três, o que levou o semiárido nordestino a uma situação de seca excepcional e isto impacta diretamente nos reservatórios que abastecem as cidades da região.”
O estado do Ceará, por exemplo, vem enfrentando secas seguidas desde 2011, o que fez com que o volume de água armazenado esteja atualmente em 8,8% dos reservatórios, o menor em mais de vinte anos. Mesmo com uma das situações mais críticas no Brasil, ainda não houve racionamento de água no consumo da população cearense.
De acordo com o diretor de negócios do interior da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Helder Cortez, a companhia e representantes do estado e do governo federal se uniram para elaborar ações que buscassem reverter o problema hídrico em cada um dos municípios. Como resultado destas ações o estado conseguiu reduzir em média 21% o consumo por ligação na Região Metropolitana de Fortaleza. Para Helder esse resultado foi “fruto de uma campanha de comunicação e sensibilização da sociedade”, mas não garante ainda o reabastecimento dos reservatórios. “A recarga da região metropolitana de Fortaleza ainda está fraca. Se continuarmos assim deveremos fazer um novo estudo e talvez chegar a um contingenciamento mais severo.”
Na Bahia, desde o mês passado, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) determinou o racionamento de água 13 municípios da região Centro Norte do Estado, por causa da falta de chuvas. De acordo com a Embasa, a Bahia está enfrentando “a pior seca dos últimos 100 anos”. O racionamento atingiu as cidades de Jacobina, Pindobaçu Antonio Gonçalves, Campo Formoso, Serrolândia, Várzea do Poço, Caldeirão Grande, Ponto Novo, Filadélfia, Itiúba, Jaguarari, Andorinha e Senhor do Bonfim. Além dos municípios do Centro Norte da Bahia, estão em situação de alerta outros 81 municípios baianos.
Na Paraíba, o número de cidades com problemas de abastecimento de água devido à estiagem aumentou 60% em um ano. Segundo dados da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), a quantidade de cidades em racionamento eram 102 no ano passado e, agora, são 198.
Outra região também afetada pelos efeitos do El Niño é o Centro-Oeste. O Distrito Federal decretou situação de emergência no fim de janeiro, quando sofreu reduções significativas no reservatório da Barragem do Rio Descoberto e atingiu o nível crítico abaixo de 20%. Diferente do estado do Ceará, ainda em janeiro o DF iniciou um calendário de racionamento que inicialmente atingiu 1,8 milhão de pessoas.
Com a estiagem e a diminuição do nível do segundo maior reservatório da região, o de Santa Maria, a região central de Brasília, o Plano Piloto, também foi incluído no racionamento, ficando de fora apenas a Esplanada dos Ministérios e os hospitais públicos.
Não é de hoje que o mundo chama a atenção para a importância da gestão racional da água, o debate é antigo e vem sendo reforçado ao longo da história com marcos como o Dia Mundial da Água, decretado em 1992, pela Organização das Nações Unidas, ou o Ano Internacional de Cooperação pela Água, que em 2013 foi dedicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura para reflexão sobre o tema.
No entanto, mesmo com tantos reforços para lembrar sobre a importância dos recursos hídricos do planeta, as pessoas ainda não aprenderam a gerir de forma adequada a água. No Brasil, algumas cidades já percebem este impacto em seus cotidianos, a história continuará se repetindo se não houver mais conscientização. Este ano regiões Nordeste e Centro-Oeste são as mais afetadas, mas há um ano São Paulo, por exemplo superou a maior crise hídrica de sua história, que teve início em janeiro de 2014.
Por Fabíola Sinimbu e Líria Jade, da Agência Brasil, in EcoDebate

Estudo revela que apenas 2,5% da água da Mata Atlântica têm qualidade boa

Resultado de imagem para agua contaminada
Dos 240 pontos de coleta de água distribuídos em 184 rios, córregos e lagos de bacias hidrográficas da Mata Atlântica, apenas 2,5% têm qualidade boa. Os dados são do estudo “Observando os Rios 2017”, da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre a qualidade da água nas bacias do bioma. Ele foi apresentado ontem (22) durante o seminário Águas do Brasil, que reuniu especialistas e representantes da sociedade civil no Ministério do Meio Ambiente para falar sobre os 20 anos da Lei das Águas.
Das águas analisadas, 70% estão em situação regular e 27,5% com qualidade ruim ou péssima. “Isso significa que 66 pontos monitorados estão impróprios para o abastecimento humano, lazer, pesca, produção de alimentos, além de não terem condições de abrigar vida aquática. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo”, diz o relatório.

Estudo revela que apenas 2,5% da água da Mata Atlântica têm qualidade boa
Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica
A especialista em recursos hídricos da fundação, Malu Ribeiro, explicou que uma das causas da poluição é o despejo de esgoto doméstico. Para ela, as decisões tomadas acerca da gestão da água não podem mais falhar, pois a poluição e o desperdício agravam a escassez hídrica e os eventos climáticos adversos. “O que trazemos é a voz dos rios da Mata Atlântica, das regiões mais adensadas e mais economicamente ativas do país. Regiões que passaram a ter que reconhecer o que é escassez e crise hídrica, isso não fazia parte do imaginário da população da Mata Atlântica, uma mata úmida, que produz água”, disse.
Malu defende que os rios urbanos não sejam enquadrados na classe 4 da Resolução nº 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que são rios destinados à paisagem e navegação e que, para ela, acabam servindo para diluir esgotos, como é o caso dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo. Em rios de outras classes, destinadas ao consumo humano, há um controle mais rigoroso na emissão de poluentes.
Segundo Malu, é possível “reviver” os rios urbanos e as bacias que abastecem as cidades, como ocorreu com o Rio Jundiaí, que nasce na Mata Atlântica. Após 30 anos de investimentos em coleta de resíduos urbanos e tratamento de esgoto feitos por um consórcio, o rio foi recuperado e passou da classe 4 para a 3, podendo ser usado para abastecer a população.
Para o presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ), um dos desafios é fazer o cidadão voltar a descobrir que os rios são rios. “A própria caracterização, cercado de concreto e a cor da água, faz com que eles não vejam os rios como rios, mas como locais de despejos de geladeiras e sofás velhos”, argumentou. “O desafio é o reconhecimento dos rios como corpos hídricos a serem recuperados por nós.”
O levantamento da SOS Mata Atlântica foi realizado em 73 municípios de 11 estados da Mata Atlântica, além do Distrito Federal, entre março de 2016 e fevereiro de 2017. Os dados foram obtidos por meio de coletas e análises mensais de água realizadas por 194 grupos de voluntários do programa “Observando os Rios”.
O relatório de 2017 está disponível na página da Fundação SOS Mata Atlântica.
São Paulo
No estado de São Paulo, apenas quatro dos 134 pontos avaliados pela Fundação SOS Mata Atlântica apresentam água com boa qualidade. Dos rios e corpos d’água monitorados, 51 (38%) apresentam qualidade ruim ou péssima e estão indisponíveis para qualquer uso. Apenas 3% dos pontos avaliados têm qualidade boa. O levantamento foi realizado em mais de 20 municípios entre março de 2016 e fevereiro de 2017, com base nas coletas e análises mensais de água. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.
Para o coordenador do projeto Observando os Rios da SOS Mata Atlântica, Gustavo Veronesi, o principal fator da qualidade ruim ou péssima das águas em São Paulo é a falta de saneamento ambiental. “Ainda temos muito esgoto caindo direta ou indiretamente nos nossos rios, e também a falta de preservação das margens dos rios, falta de cobertura florestal e das matas ciliares.”
Veronesi ainda destaca a importância de cuidar da bacia hidrográfica. “Não podemos jogar lixo em qualquer lugar, as empresas têm que ser responsáveis com seus rejeitos, a gente precisa de um grande pacto social”.
O coordenador explicou que o saneamento tem quatro pilares: o abastecimento de água potável para a população, a coleta e o tratamento de esgoto, a gestão dos resíduos sólidos e nas áreas urbanas, a drenagem da água de chuva. “Precisamos ainda atentar para a cobertura florestal, necessitamos de mais florestas, mais áreas reservadas que servem como filtros para os nossos rios e suas margens”, completou.
Comparativo 2016-2017
O estudo comparou os resultados do monitoramento de 112 pontos fixos de coletas. Para as análises comparativas foram consideradas as médias dos indicadores mensais do Ciclo 2016 (de março de 2015 a fevereiro de 2016) e do Ciclo 2017 (de março de 2016 a fevereiro de 2017).
Os indicadores apontam uma diminuição de pontos com qualidade ruim, passando de 45 (40,2%) para 41 (36,6%), mas um aumento de locais com água péssima, de um (0,9%) para dois (1,8%). O estudo também destaca um aumento na qualidade regular, passando de 63 (56,3%) para 65 (58%), e nos pontos com qualidade boa, de três (2,7%) para quatro (3,6%).
*Colaborou Ludmilla Souza, de São PauloPor Andreia Verdélio*, da Agência Brasil, EcoDebate

Telhados Brancos e Telhados Verdes

Telhado Verde

Um dos grandes desafios da perspectiva de inclusão integral dos parâmetros de sustentabilidade na construção civil envolve a discussão sobre o uso de coberturas. Recobrimentos vegetais, que até já são obrigatórios em alguns raros sítios, e telhados brancos, que por sua refletividade da luz solar podem contribuir para diminuição da absorção do calor do sol, maior conforto térmico e melhores condições de sustentabilidade pela redução de consumo de energia para movimentar aparelhos de ar-condicionado.
Investigações comprovam que pintar telhados de coloração branca, segundo site da organização “Green Building Council” reduzem de 40% a 70% a temperatura registrada nos ambientes, atenuando em índices superiores a 90%, a incidência de raios “ultra-violetas”, refletindo e mitigando em mais de 80% o total de incidência de raios solares. A economia de energia elétrica em utilização de ar-condicionado e outros equipamentos, é estimada em cerca de 30% do volume total da edificação beneficiada por esta ação.
Site denominado “SustentArqui” registra que a campanha para combater o aquecimento global e incentivar a adoção de coberturas e telhados brancos, foi lançada em 2009, a partir da campanha denominada “um grau a menos” (“one degree less”) da organização não governamental “Green Building Council”, entidade sem fins lucrativos, engajada na disseminação de técnicas que auxiliem a implantação de sustentabilidade na construção civil. Informações do site ainda registram que o estado americano da Califórnia, normatizou em diploma legal, a obrigatoriedade de que prédios comerciais tenham coberturas pintadas de branco.
Os argumentos sobre as virtudes da implantação da medida são a diminuição das “ilhas” de calor, denominação atribuída ao fenômeno climático urbano, em cidades com densidade construtiva muito elevada, onde as temperaturas aumentam de 1 a 6 graus em comparação com áreas urbanas mais rarefeitas, ou áreas rurais.
Outro fator enumerado é a redução da emissão de gás carbônico. CO2 é a representação química deste gás, também conhecido por dióxido de carbono ou gás carbônico e que é um dos principais causadores do chamado “efeito estufa”, que resulta nos processos de aquecimento global. Este gás é grandemente gerado através da queima de combustíveis fósseis, muito utilizados na geração de energia, atividades de transporte e de calefação doméstica ou corporativa.
Mas a principal evidenciação ainda é a redução do consumo de energia gerada pela manutenção de temperaturas ambientais mais baixas. Dados indicam que as reduções energéticas para resfriamento dos ambientes se situam entre 20% a 70%. São utilizados em menor escala aparelhos de ar condicionado ou ventiladores. A coloração branca reflete a radiação solar, reduzindo a absorção de calor, e ao contrário, quanto mais escura for a tinta, mais a superfície absorve os raios solares e mais quente o ambiente fica.
O uso de telhados e coberturas brancas é fácil, e logo após a aplicação pode sentir o efeito da diferença de temperatura. As tintas específicas impermeabilizam e fazem também a proteção dos telhados, evitando assim a proliferação de fungos. Normalmente a manutenção é aplicada a cada período de 5 anos.
A alternativa aos telhados brancos e que precede há bastante tempo estas ações, são os telhados verdes, ou seja, a implantação de coberturas com gramíneas ou jardins. A grande adversidade que causam é a necessidade de muito boa impermeabilização das coberturas onde deverão ser implantadas as coberturas verdes.
Mas também existem grandes vantagens registradas. Os jardins suspensos são muito antigos na história da humanidade, desde os jardins suspensos da Babilônia. Já foram também muito utilizados na arquitetura moderna. Segundo o arquiteto, paisagista e urbanista Burle Marx, o uso de coberturas verdes registra muitas vantagens.
Telhados verdes diminuem a poluição atmosférica e melhoram a qualidade do ar nos agrupamentos urbanos. A vegetação absorve as substâncias tóxicas e libera oxigênio na atmosfera. Os processos de fotossíntese respondem por boa parte disto. A absorção da energia da luz solar pelas plantas, também impede a formação de ilhas de calor. Desta forma, inclusive o isolamento térmico de todo o conjunto da edificação é favorecido, protegendo contra altas temperaturas no verão e ajudando a manter a temperatura interna nos períodos de inverno.
Todo o conjunto de isolamento acústico da edificação é incrementado. Vegetação absorve e isola ruídos em geral. Ocorre maior retenção de águas decorrentes de precipitações pluviométricas. Vegetação auxilia não drenagem das águas da chuva, reduzindo a demanda por escoamento em sistemas próprios ou associados a coleta de esgotos e ainda favorecendo a filtragem física das águas. Desta forma contribui para os controles de enchentes em áreas urbanas. Na medida em que, ocorre a retenção de parte da água da chuva, diminui as demandas de esgotamento urbano.
Telhados verdes auxiliam no controle global das temperaturas, tanto internas quanto externas. Assim, como os telhados brancos auxiliam na redução da demanda energética. Por último, não pode ser negligenciada a atração de pássaros, borboletas e outros entes representantes da biodiversidade. Por último, telhados verdes embelezam a paisagem das cidades.
Telhados verdes parecem ser uma solução mais completa, para o conjunto de demandas verificadas por construções sustentáveis. Mas não se pode negligenciar telhados brancos que atuam na principal demanda ambiental que se identifica, ao reduzirem as necessidades energéticas. E apresentam menores e mais simples necessidades de manutenção.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale. Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon. EcoDebate,

Conheça mais sobre as 12 regiões hidrográficas brasileiras

regiões hidrográficas brasileiras
Com extensão que cobre cerca de 80% do território brasileiro, as bacias hidrográficas são um conjunto de terras em que o escoamento das águas das chuvas, que acontece por meio de riachos e córregos, chega a um único ponto, um rio.
Ao todo, são 200 mil microbacias espalhadas em 12 regiões hidrográficas, como as bacias do São Francisco, do Paraná e a Amazônica – a mais extensa do mundo e majoritariamente localizada no Brasil. Esta quantidade importante de bacias permite que o País contabilize cerca de 12% de toda a água doce do planeta.
É por conta das bacias também que o potencial hídrico do País provê um volume de água por pessoa 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) – de 1.700 m³/s por habitante por ano.
Para proteger esses grandes reservatórios de água doce, o governo federal possui o Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas. O objetivo principal é recuperar, conservar e preservar as bacias em situação de vulnerabilidade ambiental, por meio de ações permanentes e integradas que promovam o uso sustentável dos recursos naturais, a melhoria das condições socioambientais e a melhoria da disponibilidade de água em quantidade e qualidade para os diversos usos.
Conheça mais sobre as 12 regiões hidrográficas brasileiras:
Região Hidrográfica Amazônica
É constituída pela maior rede hidrográfica do globo terrestre, ocupando uma área da ordem de 6,1 milhões de km², desde suas nascentes nos Andes Peruanos até sua foz no oceano Atlântico, na Região Norte do Brasil. É a maior do mundo em disponibilidade de água. A bacia continental se estende sobre sete países da América do Sul, e 63% dela ficam no Brasil.
Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
Possui uma área de 918.822 km², 11% do território nacional, e abrange os estados de Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal. Ela apresenta grande potencialidade para a agricultura irrigada, especialmente para o cultivo de frutíferas, de arroz e outros grãos, como milho e soja.
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
Está situada majoritariamente no Maranhão e em uma pequena porção do Pará, com área de 274.301 km², aproximadamente 3,2% da área do Brasil. A região apresenta uma vazão média de 2.608 m³/s, ou seja, 1% do total do País, e a principal necessidade da água na bacia é para consumo humano.
Região Hidrográfica do Parnaíba
Depois da bacia do rio São Francisco, essa região é, hidrologicamente, a segunda mais importante do Nordeste. Ela abrange, em maior parte, o Piauí, além de parte do Maranhão e do Ceará. Os aquíferos da região apresentam o maior potencial hídrico da Região Nordeste, no entanto, existem grandes diferenças interregionais de disponibilidade hídrica.
Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental
Tem área de 286.802 km², equivalente a 3,3% do território brasileiro. A bacia tem uma importância singular em relação à ocupação urbana ao contemplar cinco importantes capitais do Nordeste, regiões metropolitanas, dezenas de grandes núcleos urbanos e um parque industrial significativo.
Região Hidrográfica do São Francisco
A Região Hidrográfica do São Francisco abrange 521 municípios em sete unidades federativas: Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Goiás, além do Distrito Federal. Com 2.700 km, o rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Fundamental para o Semiárido nordestino, a área de drenagem de 638.576 km² ocupa 8% do território nacional. O potencial hidrelétrico aproveitado da bacia é de 10.473 MW, distribuídos principalmente nas usinas Três Marias, Queimado, Sobradinho, Itaparica, Complexo Paulo Afonso e Xingó.
Região Hidrográfica Atlântico Leste
Fazem parte da Região Hidrográfica Atlântico Leste as capitais dos estados de Sergipe e da Bahia, alguns grandes núcleos urbanos e um parque industrial significativo. Ela tem uma área de 388.160 km², equivalente a 4,5% do território brasileiro, onde estão inseridos 526 municípios parcial ou integralmente.
Região Hidrográfica do Paraguai
O rio Paraguai nasce no Brasil, e a região hidrográfica abrange uma área de 1 milhão de km², sendo 33% no Brasil e o restante na Argentina, Bolívia e Paraguai. A Região Hidrográfica do Paraguai inclui uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, o Pantanal, considerado Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988 e Reserva da Biosfera pela Unesco no ano de 2000.
Região Hidrográfica do Paraná
Com 32,1% da população nacional, apresenta o maior desenvolvimento econômico e a maior demanda por recursos hídricos do País. Com uma área de 879.873 km², a região abrange os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal. Em 2010, aproximadamente 61,3 milhões de pessoas viviam na região, 32% da população do Brasil.
Região Hidrográfica do Sudeste
Soma 214.629 km² de área, o equivalente a 2,5% do País. Ela é conhecida nacionalmente pelo elevado contingente populacional e pela importância econômica da indústria. O grande desenvolvimento da região, entretanto, é motivo de problemas em relação à disponibilidade de água, já que cerca de 28,2 milhões de pessoas habitavam a região em 2010 (14,8% da população do Brasil) e ela apresenta uma das menores disponibilidades relativas no País.
Região Hidrográfica do Uruguai
Tem grande importância devido às atividades agroindustriais e pelo potencial hidrelétrico. O rio Uruguai possui 2.200 km de extensão, e a bacia hidrográfica possui, em território brasileiro, 174.533 km² de área, 2% do território nacional. A região possui um total de 384 municípios, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Região Hidrográfica Atlântico Sul
Destaca-se pelo grande contingente populacional, pelo desenvolvimento econômico e pela importância para o turismo. A região se inicia ao norte, próximo à divisa dos estados de São Paulo e Paraná, e se estende até o arroio Chuí, ao sul. Possui uma área total de 187.522 km², que representa 2,2% do Brasil e abriga 451 municípios.
Fonte: Portal Brasil, com informações do MMA e da ANAEcoDebate,

Aumento da temperatura global se aproxima de 1,5º

global temperature change 1850-2016

O ano de 2016 foi o mais quente já registrado. Pior, os três últimos anos foram os mais quentes desde o início da série de medição iniciada em 1880, com uma temperatura média 0,94º C acima da média do século XXI, em 2016, 0,90º C em 2015 e 0,74º C, em 2014. O clima fez um hat-trick.
Dos 17 anos mais quentes já registrados, 16 estão no século XXI. E o pior é que os dois primeiros meses de 2017 indicam que a temperatura do ano vai continuar alta, provavelmente menor do que 2016, mas mais elevada do que a de 2014 e talvez 2015. Tanto as temperaturas de janeiro (0,89º C) e fevereiro (0,98º C) de 2017 foram as segundas mais altas da série histórica para os respectivos meses, desde 1880. Parece que o calor veio para ficar.
Estas medições são importantes, especialmente porque os acordos internacionais falam em limitar o aquecimento global, no melhor cenário, a 1,5º C em relação ao período pré-industrial, ou seja, em relação ao período anterior ao início da utilização generalizada dos combustíveis fósseis.
Para se ter uma linha base mais próxima do período pré-industrial, a maioria dos cientistas que estudam o aquecimento global compara as temperaturas de hoje com as do final do século XIX. Mas um novo estudo mostra que o aquecimento já tinha se iniciado em meados do século XIX e registra o quanto o mundo já está perto de romper as metas de aquecimento do Acordo de Paris.
Em estudo, detalhado, em janeiro de 2017, no boletim do jornal da American Meteorological Society, os autores sugeriram o uso de 1720-1800 como um período pré-industrial, porque é antes de as atividades industriais de gases de efeito estufa começarem a aumentar a concentração de CO2 na atmosfera. Foi também o período que se seguiu à chamada “Pequena Idade do Gelo”, impulsionado por erupções vulcânicas e atividade solar.
Hawkins e co-autores calcularam as diversas linhas de base da quantidade de aquecimento global desde o século XVIII e mostraram que o uso da linha de base do final do século XIX captura a maior parte do aquecimento causado pelas atividades humanas.
Os resultados do aquecimento, com a linha de base de 1850-1900, estão representados no gráfico acima, que mostra que o limite de 1,5º C está próximo de ser ultrapassado. Uma primeira versão deste gráfico em espiral fez grande sucesso no ano passado e foi apresentado para o mundo todo na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Maiores detalhes podem ser obtidos no artigo Thompson (2017)
O aquecimento global é uma realidade cada vez mais incômoda e impactante. Assim, mesmo depois de três anos de aumento sem precedentes da temperatura (2014, 2015 e 2016) o mês de fevereiro bateu recorde de temperatura nos Estados Unidos, como mostra Hirji (2017).
mean temperature percentiles - february 2017 - ranking period 1895-2017
Fevereiro de 2017 foi o segundo mais quente no registro de 123 anos para os Estados Unidos. Isto está antecipando a primavera e trazendo diversos desafios para a adaptação da flora e da fauna. O aquecimento global deve continuar afetando a vida no Planeta, não só no futuro como também no presente, como o calor extremo na Austrália, nos Estados Unidos, como as fortes chuvas em Louisiana e outros eventos climáticos extremos nos últimos anos.

contiguos US maximun temperature, february

Relatório da Organização Meteorológica Mundial (WMO), publicado dia 21 de março, mostra que o ano de 2017 mantém a mesma tendência do aquecimento global de 2016 (com o nível um pouquinho mais baixo) e, segundo os cientistas da instituição: “Estamos vendo mudanças profundas ao redor do planeta que estão desafiando os limites de nosso entendimento sobre o sistema climático. Estamos de fato em um território desconhecido”.
Por exemplo, no primeiro trimestre de 2017, o Ártico registrou três ondas de calor, com poderosas tempestades vindas do Atlântico. A calota de gelo do Ártico normalmente cresce durante os meses de inverno e geralmente atinge seu máximo no início de março. Segundo o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo (NSIDC), da Nasa, no dia 7 de março de 2017, o gelo do mar do Ártico alcançou sua extensão máxima para o ano, em 14,42 milhões de quilômetros quadrados, o menor registrado por satélite em 38 anos. A extensão máxima deste ano foi de 1,22 milhão de quilômetros quadrados abaixo do máximo médio de 1981 a 2010 de 15,64 milhões de quilômetros quadrados. Ou seja, a perda de gelo foi maior do que a área da região Sudeste do Brasil (de 924.511 km2).
Abaixo do Equador, as temperaturas do ar na Antártica durante o outono e inverno foram acima da média, embora menos do que no Ártico. As temperaturas da Antártica no primeiro trimestre de 2017 foram de 1 a 2,5 graus Celsius acima da média de 1981 a 2010. Como consequência, a área mínima de gelo do ano foi atingido em 3 de março de 2017, com 2,11 milhões de quilômetros quadrados, a menor já registrada por satélites. A extensão mínima de gelo da Antártida foi de 2,33 milhões de quilômetros quadrados, enquanto o mínimo médio de 1981 a 2010 foi de 2,85 milhões de quilômetros quadrados. A quantidade mínima de gelo da Antártica foi pouco maior do que a soma das áreas das regiões Sul (576.774 km2) e Nordeste (1.558.000 km2) do Brasil. O gráfico abaixo mostra como a concentração de gelo global (Ártico + Antártica) tem diminuído e batido todos os recordes desde outubro de 2016, prosseguindo até o mês de março de 2017

global sea ice area
Portanto, o mundo está ficando mais incerto e mais perigoso. Como disse a WMO os humanos estão entrando em um “território desconhecido”. Enquanto o aumento da temperatura acelera o degelo global e eleva o nível dos oceanos, cerca de 2 bilhões de pessoas que vivem em áreas de até 2 metros do nível do mar passam a ser altamente vulneráveis com o avanço das marés. Além disto, os eventos extremos ameaçam grandes contingentes populacionais. Toda a vida no Planeta será afetada.
O impacto social do aquecimento global não vai ser sentido apenas no futuro. As gerações atuais, especialmente, os jovens, vão viver grandes desafios climáticos na atualidade e nas próximas décadas.
Referência:
Andrea Thompson. How Close Is 1.5°C? Depends When You Measure From. Climate Central, January 25th, 2017
Zahra Hirji. February’s Unusual Heat Has Climate Change Link, Scientists Find, Inside Climate News, 08/03/2017
DemandClimateJustice Staff. The World at 1°C—February 2017, DemandClimateJustice, 08/03/2017
WMO. Climate breaks multiple records in 2016, with global impacts. 21 March 2017
NSIDC – National Snow & Ice Data Center: https://nsidc.org/data/seaice_index/
 José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br - EcoDebate

quarta-feira, 22 de março de 2017

Dia Mundial da água e os resíduos sólidaos.

Resultado de imagem para dia mundial da água
Dia Mundial da água tem muito pouco a comemorar, lembrando que uma das causas de maior poluição hídrica, são os resíduos sólidos. Sancionada há sete anos, no dia 2 de agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos mudou a maneira como o governo, em suas três esferas, empresas e cidadãos deveriam encarar a destinação do lixo. Um dos principais pontos diz respeito à logística reversa, que traz para os vendedores e fabricantes parte da responsabilidade no descarte dos resíduos dos produtos.
Os acordos preconizados, onde as cadeias produtoras que deveriam definir o modelo de recolhimento, reciclagem e destinação final, para entrar efetivamente em funcionamento. Mas, até o momento, nenhum ramo industrial evoluiu com eficiência neste sentido. e conhecido algumas iniciativas de grandes empresas, mas, estão ainda muito aquém das necessidades reais.
Lembrando contudo que os municípios brasileiros, em quase sua totalidade ainda não implantaram um  plano municipais para gestão de resíduos. Isso porque as estratégias devem levar em conta todo o manejo, incluindo a coleta e reciclagem com destinação correta de todo resíduo sólido.
Considerando que a falta de recurso, considerando o auto custo para manter uma usina de reciclagem, os Prefeitos terminam o mandato sem sequer esboçar uma iniciativa neste sentido. A situação se agrava, uma vez que os prazos são sempre protelados para atender as dificuldades dos municípios. diante da realidade atual e da crise econômica que passa o país, acreditamos que a gravidade da situação será aumentada, com impactos ambientais devastadores para o planeta.
César Torres

Siga-me

Seguidores

Literatura Brasileira

PALESTRAS.

Meio Ambiente:


*Educação Ambiental
*Desenvolvimento Sustentável
*Reciclagem e Energia Renovável
*Esgotamento Sanitário e Reuso da Água
*Novo Código Florestal

Poderão ser sugeridos temas considerando o público alvo.
CONTATO: cesaratorres@gmail.com
Telefones: (33) 8862.7915 / 3315.1683