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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pesquisadores alertam para danos de insumos químicos aos polinizadores


A pesquisadora Roberta Cornélio Ferreira Nocelli, da Universidade Federal de São Carlos, alerta que o uso de agrotóxicos pode ser extremamente prejudicial para os polinizadores. A depender do pesticida, apenas 81 nanogramas são suficientes para matar uma abelha.

Para ela a aplicação dos pesticidas nas propriedades precisa obedecer, de forma rigorosa, as quantidades especificadas nos rótulos dos produtos. Além disso, os agricultores devem respeitar o horário de visitação dos insetos polinizadores nas culturas e não aplicar os insumos no final da tarde e início da noite.

Roberta ainda defende a revisão da lei que regula a liberação de produtos químicos para o mercado. Atualmente, todo agrotóxico para ser liberado precisa ter avaliado o seu efeito em abelha. “Acontece que esse teste é feito somente com um tipo deste inseto. O ideal é que ele seja realizado com outras espécies, inclusive com abelhas nativas”, explica.

Práticas culturais

De acordo com a bióloga Márcia de Fátima Ribeiro, pesquisadora da Embrapa Semiárido, os manejos das áreas agrícolas precisam se valer de práticas culturais que favoreçam a presença e permanência desses insetos nas áreas de plantios.

A agricultura moderna voltada para maximizar os índices de produtividade se vale de técnicas que afetam de forma muito negativa a população de polinizadores nativos, em especial as abelhas. Por esse motivo, em muitas propriedades os agricultores são obrigados a recorrer à polinização artificial, a exemplo da manual, o que eleva os custos de produção.

Para a bióloga da Embrapa Semiárido, o que fica evidente mesmo para segmentos do negócio agrícola mais competitivo é que a ação benéfica dos polinizadores não pode ser descartada. As abelhas, por exemplo, contribuem “significativamente” para incrementar os índices de produtividade de várias culturas agrícolas de importância econômica.

Conservar

A conservação dos habitats naturais desses insetos nas áreas próximas dos cultivos e o uso de boas práticas agrícolas são fundamentais para preservar a diversidade dos que polinizam as plantas. Uma das melhores medidas que podem ser adotadas pelos agricultores é a aplicação controlada de defensivos químicos e o manejo da paisagem, de modo a manter suas bordas com vegetação nativa local que fornece recursos aos polinizadores.

Geração de renda

As abelhas, além de serem estratégicas para aumentar a produção agrícola, podem ser uma sustentável fonte de renda para quem vive na caatinga. Alexandre Torres, morador de Ouricuri, cidade do sertão pernambucano, quer esse bioma preservado, pois há 22 anos tira do mel que vem das folhas dessa vegetação sua principal fonte de renda. Com 500 colméias, ele chega a faturar 40 mil reais por ano.

“As abelhas foram o que me fixaram no campo”, revelou Alexandre. O apicultor que também participou da Semana de Polinizadores, o evento foi “uma ótima oportunidade para aprender mais sobre o apaixonante mundo das abelhas”.

No Território do sertão do São Francisco, somente em Campo Alegre de Lourdes são produzidas 600 toneladas de mel por ano, de acordo com dados encaminhados ao Sebrae de Juazeiro pelos próprios apicultores do município.

Texto de João Marques, Embrapa Semiárido, publicado pelo EcoDebate, 21/12/2010

Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa


Ranking de emissões. Ranking Internacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Fonte: Elaboração própria baseada em tabela publicada no Jornal Folha de São Paulo.

O Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não controladas pelo Protocolo de Montreal (Inventário) é parte da Comunicação Nacional à Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima. Este é um dos principais compromissos de todos os países signatários desta Convenção, documento elaborado pelo Ministério de Ciências e Tecnologia datado de 24 de novembro passado.

Informações gerais e valores preliminares foram divulgados com referência a prazos legais para submissão da Segunda Comunicação Nacional e responsabilidade da elaboração da Comunicação Nacional, entre outras.

Segundo o MCT, a obtenção das informações para o Inventário teve a participação de 700 especialistas e de 150 entidades governamentais e não-governamentais, incluindo ministérios, institutos, universidades, centros de pesquisa e entidades setoriais da indústria.

Como o Inventário deverá ser completo, acurado, transparente, comparável, consistente e ser submetido a processo de controle de qualidade, segundo premissas do MCT, pergunta-se: 1- qual o cálculo da meta brasileira para redução de gases-estufa a partir de 2010? 2- quais os critérios utilizados nas emissões e remoções de gases de efeito estufa? 3- como interpretar as emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa relacionados à página 6 do Inventário que expõe o Sumário de Dióxido de Carbono onde o somatório das parcelas consideradas são as do setor de energia, processos industriais e Mudanças no Uso da Terra e Florestas?

Em 30 de novembro, os ouvintes da TV Cultura que exibe o Roda Viva ficaram sabendo da conceituação das emissões líquidas, ou seja, (emissões – remoções), muito embora o Inventário não tenha discriminado a parcela referente às remoções. Por que não se contabilizam todas as tecnologias postas em prática de tal forma que tenhamos um valor total menor do que aquele que é veiculado? São operações de soma e subtração. Simples assim.

O Portal G1, através de Ricardo Muniz, tentou contatar (sem sucesso) quatro ministérios para saber qual o cálculo da meta brasileira de corte de gases-estufa, uma vez que, segundo ele, ela ainda não se tornou pública. Se 700 especialistas participaram do Inventário junto a 150 organizações governamentais e não governamentais, isso implica em afirmar que todos eles assinaram o Inventário? Se não assinaram, o Inventário pode ter sido alterado? A última versão do Inventário representa um consenso de todos os setores aqui citados?

O governo nos fornece dados aquém da expectativa do leitor de artigos ambientais. A sensibilização e conscientização ambiental demonstradas pela sociedade brasileira como um estágio mais avançado nos degraus a serem escalados, não têm ecoado de forma positiva aos que auscultam as demandas desta mesma sociedade. Prova disso é que até a imprensa reclama da falta de comunicação de dados uma vez que, em algum dia, o governo não poderá agir isoladamente no combate à redução das emissões dos gases de efeito e precisará da contribuição de toda a população educada ambientalmente.

Por que ocultar, esconder ou não informar dados significativos que interessam a todos já que o governo não poderá manter uma posição isolada do resto da sociedade?

Segundo o engenheiro agrônomo Dr.Carlos Clemente Cerri, do Cena (Centro Espacial de Energia Nuclear) na área de agricultura é recomendado que seja levado em consideração o esforço que o Brasil tem feito para por em prática tecnologias com mecanismos mais limpos de desenvolvimento. Se as remoções fossem contabilizadas, o Brasil estaria no septuagésimo oitavo lugar no ranking internacional de emissões ao invés de ser o 5º maior emissor de GEE.

Foi veiculado que os dados deveriam ser contemplados no Inventário com as premissas de transparência, acurácia, comparabilidade, etc. Para quem?

A ISO 14.064/2006, norma empregada para o cálculo dos gases de efeito-estufa está dividida em três partes. São elas: Parte 1 – especificação com orientação a organizações para a quantificação e a elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa; Parte 2 – concentra-se em projetos ou em atividades baseadas em projetos de GEE especificamente concebidos para reduzir emissões ou aumentar a remoção de GEE. Isso inclui princípios e exigências para determinar os cenários de referência (baseline) do projeto. Ela também tem o papel de monitorar, quantificar e relatar o resultado do projeto em relação ao baseline definido e prover as bases para que projetos de GEE sejam validados e verificados; Parte 3 – Especificação com orientação para a validação e verificação de declarações de gases de efeito estufa.

Como esta norma vem sendo aplicada nos cálculos das emissões de gases de efeito estufa aqui no Brasil?

João Wagner Alves, da CETESB, apresentou artigo técnico intitulado “Inventários de gases de efeito estufa” em que transcreveu as percentagens consideradas no ranking internacional publicado em tabela pelo Jornal Folha de São Paulo. O Brasil ocupa confortável 16º lugar entre os países que mais emitem gás carbônico para gerar energia. Mas se forem considerados os GEE liberados pela mudança do uso do solo e pela agropecuária, o país é o quarto maior emissor (em % das emissões totais de GEE).

Este artigo tem a finalidade precípua de comungar com os interesses do Portal EcoDebate que é promover um debate dos artigos publicados. Deixo aqui mais perguntas do que respostas na expectativa de obter esclarecimentos que satisfaçam a todos nós, articulistas, leitores e comentaristas, eventualmente céticos em relação ao Inventário.

Fontes:
http://www.mct.gov.br/upd_blob/0207/207555.pdf
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/O,,MUL1403138-5603,00-ENTENDA+OS+PRINCIPAIS+TERMOS+SOBRE+MUDANÇA+CLIMATICA
Carol Salsa

As 10 cidades mais poluídas do mundo.

Você acha que sua cidade é sujinha? Então deve conferir a lista com as 10 cidades mais poluídas do mundo! Atualmente nenhuma cidade é limpa e completamente ecológica, mas sempre há como ficar pior.


Lá a mortalidade infantil é muito alta – e a principal causa disso é a poluição. Em algumas áreas da cidade as pessoas convivem com o lixo e cerca de 3 mil toneladas de poluentes são despejadas no ar todos os dias.

2. Mumbai, Índia


Mumbai é conhecida pelo filme “Quem quer ser um milionário” e é uma das mais populosas do mundo. Não há a mínima conscientização por parte do governo em relação ao meio ambiente e estima-se que cerca de 1 bilhão de dólares precisaria ser gasto para recuperar minimamente a cidade.

3. Maputo, Moçambique


As 60 mil famílias residentes na capital do Moçambique despejam seu esgoto diretamente no Oceano Índico.

4. Moscou, Rússia


Pode até ser chocante para alguns ver Moscou nessa lista, mas a capital da Rússia é conhecida por muitos como a cidade com o maior índice de poluição atmosférica do mundo. Por causa disso, muitos de seus habitantes têm problemas pulmonares.

5. Cidade do México, México


Nos anos 40 a Cidade do México era uma cidade muito limpa – era possível ver 100 km a sua frente. Agora, por causa da poluição atmosférica, a visibilidade foi reduzida a 1,5 km. Há muito nitrogênio no ar, o que também dificulta uma respiração eficaz.

6. Lagos, Nigéria


Lagos é a casa de 8 milhões de pessoas e a sede de muitas indústrias. Desde o ar até as ruas – a cidade é completamente poluída.

7. Karachi, Paquistão


A poluição causada pelo aumento da concentração industrial na cidade, seja atmosférica, aquática ou sonora, faz com que 35% da população esteja com a saúde comprometida diretamente por esses problemas.

8. Dhaka, Bangladesh


Dhaka é uma cidade muito populosa que enfrenta sérios problemas de poluição aquática. A coleta e destinação dos resíduos sólidos urbanos (basicamente, o lixo) também são praticamente inexistentes. A água é grossa e contaminada por pesticidas e agrotóxicos.

9. Bandar Seri Begawan, Brunei Darussalam


Brunei Darussalan é um pequeno e próspero país da Ásia. O problema é que o ar de lá está comprometido, por causa da grande concentração de veículos.

10. Bagdá, Iraque


Por causa dos conflitos que o país enfrenta, a questão do meio-ambiente foi deixada de lado. A queima de combustíveis fósseis e a falta de coleta de lixo fazem com que Bagdá seja uma das cidades mais poluídas do mundo. [Most Interesting Facts]

Construa uma árvore sustentável e bonita com latinhas de refrigerante




Se você quer reciclar, fazer sua parte com o meio ambiente, e ainda assim ter um natal bonito, confira essa árvore incrível feita de latinhas de refrigerante. Agora é tarde para copiar a idéia, mas a inspiração já fica para o ano que vem!

Para construir essa árvore, foram necessárias mais de 400 latinhas de refri (e três meses bebendo refrigerante), mas o efeito com certeza vale a pena. Perceba que a iluminação das árvores tradicionais se manteve e a estrela do topo foi substituída por uma enorme garrafa plástica.

Confira mais imagens:






Mundo se preocupa menos com as mudanças climáticas, aponta pesquisa.


A preocupação mundial com a mudança climática diminuiu nos últimos dois anos, de acordo com uma pesquisa de opinião deste domingo, às vésperas do encontro de 190 nações em Copenhague que objetiva um acordo global para combater o aquecimento global.

A pesquisa Nielsen/Universidade de Oxford mostrou que 37 por cento de mais de 27 mil usuários de Internet em 54 países disseram estar “muito preocupados” com a mudança climática, menos que os 41 por cento de uma pesquisa similar de dois anos atrás.

“A preocupação global com o clima esfriou”, disse a Nielsen sobre a pesquisa realizada em outubro, que ligou a redução das preocupações com o clima à crise econômica mundial. Matéria da Agência Reuters.

Nos Estados Unidos, o segundo maior emissor de poluentes após a China e a única nação industrializada fora do Protocolo de Kyoto das Nações Unidas (ONU), o número dos muito preocupados caiu de 34 para 25 por cento.

O presidente dos EUA, Barack Obama, quer que o país corte as emissões de gases de efeito estufa e planeja se unir aos mais líderes mundiais ao final do encontro entre os dias 7 e 18 em Copenhague para tentar alcançar um novo acordo climático na ONU.

A China, principal emissora de gases de efeito estufa, está entres as poucas nações pesquisadas em que o número de pessoas muito preocupadas cresceu, de 30 para 36 por cento.

A pesquisa indicou que os níveis mais altos de preocupação estão na América Latina e em países da Ásia e do Pacífico, liderados pelas Filipinas com 78 por cento, país atingido pelo tufão Ketsana em setembro. A pesquisa não cobriu a maior parte da África.

Os menos preocupados com o aquecimento global estão sobretudo no leste europeu. A Estônia ficou em último, com 10 por cento de muito preocupados.

O diretor de negócios para a Europa da empresa Nielsen, Jonathan Banks, disse que a preocupação pode aumentar agora com o foco na cúpula de Copenhague.

“Os temores econômicos tiraram a questão climática do topo da agenda temporariamente, mas à medida que a recessão cede, imaginamos que a reunião de Copenhague conduza esse assunto importante para a linha de frente novamente”, disse.

Mundialmente, a poluição da água e do ar, seguida pela mudança climática, foram as maiores preocupações da população mundial, mostrou a pesquisa.

Reportagem da Agência Reuters, no Estadao.com.br.
EcoDebate, 07/12/2009

Até hoje não existe uma clara ideia do que é tecnologia limpa.


Para o professor José Marengo, países ricos, pobres e em desenvolvimento devem ter metas diferenciadas em relação às emissões de gases de efeito estufa. Embora diferenciadas, as metas devem ser obrigatórias, segundo ele. “Mas, em troca, deverão receber recursos de algum fundo de adaptação para enfrentar o problema de mudanças climáticas e reduzir os impactos e vulnerabilidade”, opinou. Na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line, Marengo falou sobre as metas de redução de emissão de gases dos Estados Unidos e China – os maiores produtores na atualidade – e do Brasil. Além disso, analisou questões que serão abordadas na conferência que acontece neste mês, em Copenhague. “REDD é uma boa opção, mas tem que ser analisada e regulamentada, pois ainda não está claro como será aplicada em cada realidade. Há variações da REDD, REDD Plus etc., e tudo isso vai ser discutido na COP 15”, explicou.

Graduado em física e meteorologia pela Universidad Nacional Agraria (Nicarágua), José Marengo é mestre em engenharia de Recursos da Água e da Terra pela mesma instituição, e doutor em meteorologia pela University of Wisconsin (EUA). Recebeu o título de pós-doutor pela NASA-Goddard Institute for Space Studies e Florida State University (EUA). Atualmente, é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Escreveu os livros Mudanças climáticas globais e seus efeitos sobre a biodiversidade – Caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do Século XXI (Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2007) e The Large Scale Atmopshere Biosphere Experiment In Amazonia (Lba), Concise Experimental Plan. (SC-DLO, Wagenigen, The Netherl: Staring Centre-DLO, 1996)

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Até o momento, a decisão do presidente Obama é de reduzir 17% das emissões americanas de gases de efeito estufa até 2020. O presidente da China anunciou meta de redução de 40% a 45% até a mesma data. Qual sua opinião sobre essas metas?

José Marengo – Ora, é melhor que nada, não podemos esperar promessas de cortes altos demais, e que depois os países possam se arrepender e não cumprir. A meta dos Estados Unidos é muito baixa, mas é melhor que uma ausência de metas.

IHU On-Line – Um dos pontos em discussão em Copenhague é o mecanismo para a transferência de tecnologias limpas. Esse debate em Copenhague vai para frente?

José Marengo – Pode ser que sim, mas isso entra na categoria de mitigação e adaptação. Porém, até hoje não ficou claro quais são os mecanismos de financiamento para estas tecnologias. Até hoje não existe uma clara ideia do que é tecnologia limpa, e quão limpa será a matriz hidroenergética comparada com a de termoelétrica a gás, por exemplo.

IHU On-Line – Entre estas soluções, podemos citar o reflorestamento e a preservação. O REDD (Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação) é visto como uma alternativa importante neste sentido. Esta medida pode ser considerada satisfatória?

José Marengo – REDD é uma boa opção, mas tem que ser analisada e regulamentada, pois ainda não está claro como será aplicada em cada realidade. Há variações da REDD, REDD Plus etc., e tudo isso vai ser discutido na COP 15. Preservação é a melhor opção, e reflorestamento funcionaria só se fosse feito com espécies nativas como as que foram cortadas.

Corta-se floresta tropical e substitui-se por eucalipto, isso não é reflorestamento, é simplesmente uma plantação florestal. O clima atual da Amazônia funciona com a vegetação atual da floresta tropical, e, se toda a floresta é substituída por eucalipto, por exemplo, o clima vai mudar, pois a floresta tropical funciona de uma forma muito peculiar.

IHU On-Line – Quais os principais desafios que precisam de um retorno urgente durante a conferência de Copenhague?

José Marengo – Listo:
- Mecanismos de mitigação (metas de emissões, tanto das atividades derivadas de queima de combustível fóssil quanto do desmatamento);
- Mecanismos de adaptação e criação do fundo de adaptação;
- Metas considerando responsabilidades históricas nas emissões de gases de efeito estufa;
- REDD e regulamentação deste mecanismo, e as suas variações para vários países;
- Metas de redução de desmatamento;
- Criação do fundo de adaptação mundial.

IHU On-Line – As metas brasileiras de redução, de 36,1% e 38,9% até 2020, são satisfatórias?

José Marengo – Sim, são satisfatórias e representam uma grande contribuição do Brasil nos debates e metas da COP 15.

IHU On-Line – Os pólos norte e sul já sentem os grandes impactos das mudanças climáticas. O que o senhor acha da proposta da Universidade do Arizona, de colocar espaçonaves cobertas com material reflexivo entre o Sol e a Terra?

José Marengo – Isso é especulação! Estas propostas são caras demais e quase não são fatíveis de construir ou de garantir resultados satisfatórios. O problema não é a energia que chega do sol, mas sim aquela parte que fica na baixa atmosfera “presa” pela camada de gases de efeito estufa, e a solução seria não engrossar esta camada, reduzindo as emissões o máximo possível.

IHU On-Line – Países pobres, em desenvolvimento e ricos devem ter metas de redução de emissões diferentes?

José Marengo – (Ecodebate, 04/12/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

domingo, 19 de dezembro de 2010

A tentação do retorno ao malthusianismo



“Entre aqueles que duvidam da capacidade do planeta para alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050 – depois disso o número deverá diminuir – e aqueles que estão convencidos de que a luta contra o aquecimento global exige uma pressão demográfica menor, as teses malthusianas fazem novos adeptos”, escreve Frédéric Lemaître em artigo publicado no Le Monde, 25-11-2009. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Há superpopulação mundial? Tida como tabu durante muito tempo, a questão vem à tona nos debates, trazidos por um duplo fenômeno: a insegurança alimentar e o aquecimento global. Entre aqueles que duvidam da capacidade do planeta para alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050 – depois disso o número deverá diminuir – e aqueles que estão convencidos de que a luta contra o aquecimento global exige uma pressão demográfica menor, as teses malthusianas fazem novos adeptos.

Lembremos que no final do século XVIII o economista (e pastor) britânico Thomas Malthus explicou, em seu Ensaio sobre o Princípio da População, que a progressão geométrica (2, 4, 8, 16…) da população causaria a sua perda, pois os recursos alimentares seguiriam uma progressão aritmética (2, 4, 6, 8…).

A revolução industrial e a explosão da produtividade agrícola provariam que ele estava errado. Mas hoje, vários fatores se combinam para torná-lo atraente novamente. O economista Daniel Cohen resumiu a situação nas Jornadas de Economia de Lyon. No momento em que, graças à globalização, grande parte da humanidade deixa a lei de Malthus e se prepara para aderir a padrões de vida dos ocidentais, os constrangimentos ecológicos nos lembram que o mundo que acreditávamos infinito, não o é. Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) confirmava que “o PIB per capita e o crescimento demográfico foram os principais fatores do aumento das emissões mundiais de gás de efeito estufa durante as três últimas décadas do século XX”.

Embora ela negue, uma agência das Nações Unidas considerou necessário, a três semanas da Cúpula de Copenhague, voltar ao assunto, observando que “o medo de parecer favorável a uma regulamentação demográfica tem evitado até recentemente qualquer menção à ‘população’ no debate sobre o clima”. Contudo, observa a ONU, “cada nascimento implica não apenas as emissões imputáveis a esse novo ser ao longo de sua vida, mas também as emissões produzidas por todos os seus descendentes”. Certamente, o estilo de vida também influencia o clima – alguns especialistas acreditam, por exemplo, que ao diminuir o número de pessoas por lar, o divórcio tem um impacto maior sobre o aquecimento global do que um nascimento -, no entanto, a questão demográfica é central. A ONU parece endossar a observação feita em 1992 pela Academia de Ciências dos Estados Unidos: “Sólidos programas de planejamento familiar são consistentes com os interesses de todos os países sobre as emissões de gases de efeito estufa bem como sobre o de bem-estar social”.

Não se poderia ser mais explícito. Os líderes chineses não se cansam de lembrar aos ocidentais que o estado do mundo seria pior se não tivessem limitado os nascimentos a uma criança por família. Na França, o deputado Yves Cochet, dos Verdes, propõe deixar de pagar subsídios a partir do terceiro filho. Os defensores do decrescimento por mais que explicaram que aos seus olhos não há superpopulação, mas motoristas demais, a resposta é um pouco curta. Alguns concordam. O é tanto mais que, como lembra Daniel Cohen em La prospérité du vice [A prosperidade do vício] (Albin Michel, 2009), independentemente do nível de vida alcançado, não é a riqueza que traz a felicidade, mas a enriquecimento. O sempre mais.

Como resolver a contradição? Os economistas clássicos apostarão no progresso tecnológico. Afinal, Malthus enunciou a sua teoria no momento em que, não muito longe dali, o escocês James Watt inventava a máquina a vapor, que iria permitir a revolução industrial e tornar obsoleto o medo malthusiano. O crescimento verde e sustentável está apenas balbuciando. Além disso, algumas soluções já estão ao alcance da mão.

Sabendo que um quilo de carne requer até 15.000 litros de água e que o gado consome quase a metade dos cereais produzidos na Terra, uma diminuição do nosso consumo de carne poderia resolver parte do problema. De acordo com a utilização dos cereais, a Terra poderia alimentar no começo do século XXI entre 3,7 e 10 bilhões de pessoas.

Mudar os nossos hábitos alimentares será tanto mais imperativo quanto é inútil tentar regular a população. Em um breve ensaio bem pedagógico, Vie et mort de la population mondiale [Vida e morte da população mundial] (Editions Le Pommier/ Cité des Sciences et de l’Industrie, 2009), o demógrafo Hervé Le Bras observa que “a invocação da população do mundo dá a ilusão de que se pode modificá-la, mas não há nenhuma instituição capaz de impor uma legislação destinada a limitar o crescimento da população (ou de encorajá-lo)”.

A aspiração das mulheres por mais igualdade e as esperanças de ascensão social de seus filhos através da educação são, segundo ele, os dois motores da diminuição da fertilidade. A paridade de gênero e a igualdade de oportunidades seriam os dois pilares do desenvolvimento sustentável? Esta seria, em todos os casos, a melhor resposta para Malthus que não considerava que os pobres pudessem se beneficiar da menor ascensão social.

(Ecodebate, 02/12/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

domingo, 28 de novembro de 2010

Os norte-americanos estão consumindo e desperdiçando mais comida do que há três décadas.


Esta é a conclusão de um novo estudo [The Progressive Increase of Food Waste in America and Its Environmental Impact], publicado pela PLoS ONE, destacando que os efeitos deste desperdício sobre o meio ambiente são graves. Os americanos estão desperdiçando comida a uma taxa de 1.400 calorias por dia por pessoa, com impactos que tem implicações para a obesidade e as mudanças climáticas.

Os pesquisadores examinaram os registros do abastecimento alimentar nos EUA compilados pela FAO, no, período de 1974-2003. Então, eles usaram um modelo matemático para calcular quanta comida os americanos devem estar comendo para dar conta dos aumentos observados na média de peso corporal. Subtraindo-se a ingestão de alimentos a partir da oferta, a equipe concluiu que os EUA desperdiçaram mais de 1.400 kcal por pessoa por dia em 2003, um aumento de aproximadamente 50% desde 1974. Tudo somado, os americanos estão jogando fora cerca de 40% de seu suprimento de comida.

O impacto de jogar tanta comida vai além da pilha de lixo, segundo os autores. Eles estimam que mais de um quarto do nosso uso de água doce e cerca de 300 milhões de barris de petróleo por ano são gastos em alimentos desperdiçados. E decomposição dos alimentos provoca a emissão de metano a partir dos aterros sanitários, contribuindo para o aquecimento global.

O artigo “The Progressive Increase of Food Waste in America and Its Environmental Impact” está disponível para o acesso integral e grautuito, no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Mundo árabe enfrenta agravamento da crise de escassez de água


O mundo árabe, uma das regiões mais secas do planeta, enfrentará uma grave escassez de água já a partir de 2015, prevê um relatório divulgado na quinta-feira.

A partir de então, os árabes terão de sobreviver com menos de 500 metros cúbicos de água por ano, abaixo de um décimo da média mundial de mais de 6 mil metros cúbicos per capita, informou o relatório produzido pelo Fórum Árabe para Ambiente e Desenvolvimento (Afed, na sigla em inglês).

“O mundo árabe já vive uma crise de água que apenas vai se agravar com a inação,” diz o relatório, acrescentando que o abastecimento per capita caiu para apenas um quarto dos níveis de 1960. Reportagem de Alistair Lyon, da Agência Reuters.

O rápido crescimento da população pressionará ainda mais os recursos de água. De acordo com projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), os árabes, que agora somam quase 360 milhões, vão se multiplicar para quase 600 milhões até 2050.

A mudança climática agravará a questão. Até o fim deste século, os países árabes poderão vivenciar uma queda de 25 por cento nas chuvas e uma aumento de 25 por cento nas taxas de evaporação, de acordo com modelos de mudança climática citados no relatório.

“Como resultado, a agricultura abastecida pela chuva ficará ameaçada, com a estimativa que as colheitas médias sofram um declínio de 20 por cento”, diz o documento.

Treze países árabes estão entre as 19 nações com mais escassez de água do mundo. As pessoas de oito países árabes já têm de sobreviver com menos de 200 metros cúbicos por ano.

“Sem mudanças fundamentais nas políticas e nas práticas, a situação vai se agravar, com ramificações sociais, políticas e econômicas drásticas”, diz o relatório.

As condições variam pela região, mas dentro de apenas cinco anos o Iraque e o Sudão passarão pelo teste da escassez de água, definido como mais de mil metros cúbicos anuais per capita, assumindo que o abastecimento vindo da Turquia e da Etiópia continue nos níveis atuais.

A agricultura consome 85 por cento do uso de água árabe, em comparação com a média mundial de 70 por cento. A eficiência da irrigação é de apenas 30 por cento, contra a média mundial de 45 por cento.

Reportagem da Agência Reuters, no Estadao.com.br.

Somos praga no planeta?


Praga tem diversas acepções, mas a definição objeto de nossas considerações é simplesmente a que se refere à quantidade excessiva de um fator num sistema, desqualificando o próprio sistema. Em outras palavras: presença em quantidade superior à que um sistema coeso consegue suportar. Essa situação só pode ocasionar o desequilíbrio entre as forças de qualquer ambiente, causando o desarranjo harmônico entre as partes e, consequentemente, o caos.

Sobre esse princípio são construídas as principais máquinas destrutivas para a guerra. Um exemplo simples é o da granada. Contido em espaço restrito, numa situação de estabilidade, basta o conteúdo ser transformado em gás para que ele cumpra sua missão química de expansão, causando a desordem pontual e suas calamitosas conseqüências. O poder destrutivo da granada se deve à extrema rapidez – praticamente instantânea – da ocorrência das fases do processo.

No campo biológico, ocorre o mesmo roteiro apontado acima, só que em tempo muito mais lento. O dano, no entanto, pode ser considerado equivalente.

Quando um agricultor verifica que apareceram insetos sugadores (digamos, o percevejo verde) em sua lavoura de soja, contrata um agrônomo para cuidar do problema. O profissional comparece ao campo de plantio e faz uma análise da situação. Colhe uma amostra estratificada e faz seu ajuizamento, no qual pondera diversas circunstâncias: tamanho e estágio vegetativo da lavoura, índice da incidência dos insetos, cálculos sobre capacidade de produção, custos diversos, etc. Após ponderar os dados obtidos, formará um juízo técnico para a ocasião.

Poderá dizer ao agricultor que nada deve ser feito no combate aos insetos no momento. Acrescentará, naturalmente, que a invasão ainda não constitui uma ameaça à lucratividade da colheita estimada. Seu veredito vale para aquela visita, em função do aspecto econômico. Suas análises semanais posteriores guiarão as conclusões parciais ou definitivas.

Enquanto o agrônomo trabalha, os hóspedes indesejados, inocentes e alheios a tudo, continuam no seu labor natural de vida. Estão ali, num campo farto de alimento e cumprem o objetivo natural da reprodução. O instinto não lhes informa nem eles são capazes de medir as conseqüências do crescimento populacional. Prosseguem o roteiro natural, em obediência ao imperativo genético. Não sabem que, ao atingirem certo índice de infestação, o agrônomo decretará a mudança do seu nome: de percevejo para praga, nome genérico terrível que iguala todos os seres que se atrevam a serem protagonistas do desequilíbrio ambiental.

A reação será violenta. É uma situação extrema de luta de vida ou morte. Nessa qualificação de praga, a decisão do profissional não mais será a de tolerância, mas a de combate mortal com uso de todo o arsenal disponível, inclusive o químico. Assim, a tragédia da mortandade naquele ambiente agrícola será irreversível. Os agrotóxicos varrerão da vida todos os habitantes da cultura, inclusive os inocentes insetos benéficos que ali estavam tentando manter o equilíbrio biológico.

Se tal lavoura fosse deixada ao seu próprio destino, sem assistência do profissional, o prejuízo para o lavrador seria total. Como fonte alimentícia para o percevejo, tenderia ao esgotamento total, levando à inanição e morte toda a comunidade hospedeira. As disponibilidades ambientais se extinguiriam e a situação mudaria para um estado caótico em que a tragédia não pouparia ninguém e somente a Natureza saberia como estabilizar.

O animal humano, que se faz representar em todo o globo por sua população de quase 7 bilhões de indivíduos, com sua visão egoística e interferindo na dinâmica ecológica da terra, dos rios, dos mares, da atmosfera, provoca os mesmos danos que o percevejo da soja. A diferença é que, no exemplo citado, fizemos um enfoque no trabalho de um agricultor mantendo um objetivo produtivo. Já no enfoque da situação real por que passa o planeta em seus recursos, a fome dos humanos é contínua e geometricamente cumulativa: fome alimentícia; fome de lucro; fome de comodismo; fome de grandeza; fome de supérfluos; fome de entesouramento. Segundo os cálculos atualizados, as ações humanas retiram do planeta 40% a mais do que ele consegue disponibilizar pela dinâmica natural.

Há, portanto, uma queima de capital, um déficit de recursos, uma desproporcionalidade, um desequilíbrio ambiental gravíssimo. Estamos gastando o futuro para o qual nossos descendentes nascerão munidos da vã esperança de viver em ambiente sustentável.

Alguns animais demonstram possuir um instinto muito mais eficiente que a inteligência humana. Ante a visão crítica de uma superpopulação, certos animais procedem de modo inteiramente racional. O lemingue do norte-europeu resolve o problema com o suicídio em massa. As abelhas excedentes de uma colméia abandonam o lar numa revoada incerta, procurando formar nova colônia. As lulas entram em coma pré-morte sobre seus próprios ovos, numa fantástica demonstração de renúncia à vida-elo em beneficio à vida-corrente.

Não estamos recomendando suicídio a ninguém, mas sugerimos que o animal humano tem a capacidade mental de equacionar e solucionar seus problemas existenciais. Ainda há um tempo curtíssimo, mas alertamos que aos poucos ele se esvai, e a solução se tornará impossível.

Considerada a pegada ecológica, a população mundial equivale, no mínimo, a 100 vezes seu número nominal. Por isso, mudamos de nome. Não somos mais o animal racional, o rei dos seres vivos, o centro do universo; somos simplesmente praga. Deixamos de ser animais racionais para sermos predadores da própria mãe Terra, aquela que nos fornece, com amor e ternura, abrigo, alimento, vida.

Dois fatores incisivos nos levam a essa situação trágica: o antropocentrismo e a ganância. Nós nos esquecemos que o ecossistema inclui a biodiversidade e que nossa individualidade é transitória. Nós, como animal humano, não somos indivíduos, somos a humanidade, parte do todo planetário.

Nessa situação, só nos resta aguardar que um agrônomo celestial venha salvar a Vida planetária, tirando-nos a existência e toda a riqueza material que, paradoxalmente, teimamos em acumular.

Somos praga no planeta. Não aceitamos esse nome, pois o egocentrismo de espécie cega nossa razão. Contudo, essa cegueira não impede que sejamos praga e, nessa qualidade, já selamos nosso destino.

Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

Nota: o livro “Agora ou Nunca Mais“, está disponível para acesso integral, gratuito e no formato PDF, clicando aqui.

Veja fotos estonteantes da National Geographic


A caverna de Zeus

Segundo a lenda, Zeus, o “chefão” dos deuses gregos, levava suas amantes para esse lugar incrível, para se esconder de sua esposa ciumenta, Hera. A foto mostra a grande entrada da caverna em uma imagem de longa exposição, que mostra os detalhes da paisagem. Dentro da caverna, é bem frio, apesar do clima quente fora das pedras.

A estrada de Serra de Leba, em Angola


Serra de Leba é uma atração turística de Angola. A estrada foi construída nos anos 70 e é sempre tomada por uma neblina muito densa.

Tempestade em Montana


Um mergulhão em ação


A foto foi tirada na reserva de Szutsao, em Taiwan. O fotógrafo conseguiu pegar o momento exato em que o mergulhão saía da água com sua presa.

O Oimara



O Oimara é esse barco, que está encalhado há cerca de 100 anos. Ele foi construído pela Inglaterra para ser um cargueiro. Depois da revolução russa, ele foi usado para transportar refugiados de Murmansk. E agora está abandonado em Tomasjordneset desde 1917.

Alerta para a poluição marinha


A foto pode ser maravilhosa, mas o golfinho não está acenando com um lenço para nós, e sim com uma sacola presa em sua nadadeira.

Por que sou vegetariano.


Depois de dois romances de extraordinário sucesso em todo o mundo, um dos quais se tornou um filme cultuado, Jonathan Safran Foer entrega às prensas um longo livro intitulado “Eating Animals”, no qual relata as motivações de sua própria escolha vegetariana, a controversa relação com a comida e o horror com relação aos criadouros de animais. O livro, que será publicado no dia 25 de fevereiro [na Itália] pela editora Guanda, com o título “Se niente importa. Perché mangiamo gli animali?” [Se nada importa. Porque comemos os animais?] é um caminho do meio entre uma reportagem e uma reflexão, muito pessoal, sobre a violência que é perpetrada todos os dias com relação ao gado, frangos, suínos e peixes e sobre a ignorância e a indiferença que circundam o assunto.

A reportagem é de Antonio Monda, publicada no jornal La Repubblica, 26-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Safran Foer parte da recordação de sua avó, que sobreviveu milagrosamente ao Holocausto e que ele considerou por muito tempo como a melhor cozinheira de todos os tempos, para narrar então a sua própria escolha vegetariana vivida em fases intermitentes. Desde as primeiras páginas, há muitas passagens nas quais é possível reconhecer imediatamente o estilo do autor, começando por um falso dicionário caracterizado pelo sarcasmo, a títulos em total estilo pós-moderno (“Não sou o tipo de pessoa que se acha no meio da noite na fazenda de um desconhecido”) e conhecido por comunicar dados que valorizam as teses do livro: “Menos de 1% dos animais mortos por causa de sua carne provêm de criações familiares.

Na visita noturna citada, o escritor se aventura na companhia de um animalista dentro de uma criação de perus e fica desconcertado. Não é o único momento de terror em um livro brilhante, no qual Safran Foer publica cinco páginas inteiras apenas com as palavras “Influent” e “Speechlessness” para explicar que, “no arco de sua própria vida, os norte-americanos comem em média o equivalente a 21.000 animais”. Um animal para cada letra das últimas cinco páginas”. Mas o texto convida a refletir sobre algo que transcende o desprezo por tanta violência: “O impacto das criações de animais sobre o aquecimento global é superior a 40% de todos os transportes do mundo combinados. É a principal causa da mudança do clima”.

“São dados oficiais, confirmados pelas Nações Unidas e por todas as Food Commissions“, explica o autor, com paixão.

Eis a entrevista.

Há quem pense que o grito de alarme sobre o aquecimento global é exagerado ou até uma fraude…

Bem, não estou entre eles. É um dos grandes temas destes anos, ao qual não podemos não prestar a máxima atenção. E, quero repetir, a defesa do meio ambiente e o respeito pelos animais são duas faces da mesma moeda.

No capítulo introdutório, você escreve que quer “compreender o que é a carne”. Que resposta encontrou?

Que comemos porque queremos. Comemos porque a carne é boa. Tem um sabor bom, um cheiro bom. Não existem outras explicações honestas e, na realidade, nem podemos ignorá-las. A carne também é religião, cultura e memória. Pense, por exemplo, no que significa para nós, norte-americanos, o churrasco do 04 de julho. Pense nas horas passadas com os pais e os avós, naquilo que eles nos contavam enquanto comíamos. É verdade que a carne torna a nossa vida mais bonita, mas a minha pergunta é: podemos continuar comendo sem nos interrogar e sem nos preocupar?

Um dos elementos mais inquietadores do livro é a constatação de que o massacre de animais caminha ao lado da sua despersonalização: massacra-se uma quantidade imensa de animais por não considerá-los individualmente.

Há quem chegou a construir uma analogia com os genocídios e até com o Holocausto. Trata-se de uma analogia que não me agrada e, além disso, não é nem necessária para demonstrar o que eu tenho no coração. A minha posição não é nem extrema: basta ver um criadouro para entender do que estou falando. Tenho uma posição prática, não filosófica.

Você visitou um matadouro chamado Paradise Cocker Meats, um lugar civilizado e administrado por pessoas sensíveis. O proprietário, chamado Mario, lhe ofecereu carne de porco para comer. Você preferiu responder dando uma desculpa religiosa: “Não é kosher” [alimentos que obedecem à lei judaica].

Eu menti, porque justamente não conseguia comer, mas não queria ofender Mario, uma ótima pessoa que queria ser gentil. O seu modo era de partir o pão comigo: apreciei sinceramente o seu gesto, mas continuo não justificando a violência e a injustiça daquilo que ele fazia.

Mas você lembra também que a sua avó, depois de ter sobrevivido ao Holocausto, recusa a primeira carne que lhe é oferecida, dizendo, ao invés, a verdade sobre o fato de não ser kosher.

Minha avó não é vegetariana, mas o que ela queria me ensinar quando me contou esse episódio era de fazer sempre a coisa certa. No meu caso, não existe um grande risco de dizer “não”. Dito isso, ela teria gostado se a minha escolha tivesse sido motivada por questões religiosas.

Você define o livro não como uma defesa de sermos vegetarianos, mas como um convite a estarmos informados e assumir a responsabilidade.

Seria ingênuo se pensasse em convencer as pessoas a se tornarem vegetarianas. A minha pergunta é: “Interessa-lhe ou não saber o que significa comer os animais?”. E existe uma hipocrisia e uma ignorância enormes com relação a isso. Como o respeito ao meio ambiente: preferimos não pensar. Começando pelo que é aprovado, os homens são por natureza falíveis e frágeis.

Você escreve: “O alimento não é racional. É cultura, hábito e identidade. Para alguns, a irracionalidade conduz a uma forma de resignação”.

A nossa vida é caracterizada pela busca de exceções e de escapatórias. Não me refiro só à comida, mas às grandes escolhas culturais e religiosas.

Você teoriza que as comidas “cruéis e destrutivas deveriam ser consideradas ilegais”.

Estou convencido disso. É preciso tomar disposições semelhantes, por exemplo, às tomadas para preservar as crianças dos videogames violentos. Há poucos dias, li no New York Times, jornal cauto sobre as batalhas ambientais, um apelo para defender o atum como espécie em risco. Cada um deveria se perguntar sobre a eventualidade de extinção de uma espécie animal.

Os homens sempre comerão carne?

Não sei. Agora, parece justamente que sim. Porém, a história nos ensinou que a humanidade é capaz de mudanças inesperadas e surpreendentes. Há 100 anos, ninguém imaginaria que as mulheres não seriam mais consideradas como cidadãs de segunda classe. E há só 10 anos, ninguém apostaria em um presidente negro na Casa Branca.

Você sente falta da carne?

Sim, muito. Como de muitas outras coisas. Há instintos que suprimimos: ver uma pessoa que nos gosta e pensar em ter uma relação. Se sabemos que é errado, devemos conseguir não fazer nada. Certamente, isso nos custa, mas suprimir um desejo às vezes pode levar à realização de algo maior.

(Ecodebate, 30/11/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Recuo das geleiras no Himalaia pesa sobre o futuro da Ásia


Khardung La, Ladakh. Foto do IndiaMike.com

Neve a 5.606 metros de altitude? Não, quase nenhuma. A passagem de Khardung La, no distrito de Ladakh, no norte da Índia, pode ser a estrada transitável mais elevada do mundo, mas a neve não domina por lá. O ar é rarefeito, o céu imaculado, e os militares que vigiam essa passagem que leva à cordilheira de Karakoram, na direção da China, examinam com paciência as colinas nuas e silenciosas. Mas, assim como em todo o Ladakh, as montanhas são escuras e secas, suas encostas raramente cobertas por uma fina camada de neve.

E a geleira de Khardung La? Ah, a geleira fica mais longe, explicam na estrada de Nubra. “As pessoas que se lembram dizem que era muito maior antigamente”, diz Tundup Ango, da associação francesa Geres. “Mas é por causa da mudança climática ou do tráfego sobre a estrada recentemente construída que a atravessa?” Reportagem de Hervé Kempf, enviado especial a Khardung La (Jammu e Caxemira), no Le Monde.

Essa pergunta, sem resposta definitiva, talvez possa ser feita em relação a todo o maciço himalaio: as geleiras estão derretendo em massa ou não? A questão é de importância vital para mais de 1 bilhão de habitantes na Índia, no Paquistão, em Bangladesh, no Tibete e na China. Recobrindo quase 3 milhões de hectares, as 15 mil geleiras do Himalaia formam a terceira maior massa glaciar do mundo, atrás dos pólos. Com a neve acumulada, o maciço montanhoso armazena 12 mil km3 de água doce e constitui o reservatório dos grandes rios Indo, Ganges, Bramaputra, Yang-Tsé, Amarelo e Mekong.

Em 2005, um relatório do WWF (Fundo Mundial para a Natureza) alertava sobre a ameaça que o aquecimento global fazia pesar sobre essa massa glacial. Um alerta repetido em 2007 no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês): “As geleiras do Himalaia estão recuando mais rápido do que em qualquer outro lugar do mundo, e se isso continuar no ritmo atual, a maioria delas terá desaparecido em 2035″, diz o relatório.

Extensão incerta
Mas a questão é mais complicada do que parece, porque a situação não é idêntica em todos os pontos do maciço. Pequenas geleiras, como em Gangotri e em Kafni, no Estado de Uttarakhand, bem estudadas pelos pesquisadores apoiados pelo WWF, estão derretendo rapidamente. Mas outras, como a imensa geleira Siachen, situada a cerca de cem quilômetros de Khardung La, parecem estáveis (“Current Science”, 10 de março de 2009). “Os dados sobre os quais o IPCC se baseava eram muito poucos”, diz Syed Iqbal Hasnain, um renomado glaciologista indiano. “Nas quatro geleiras que acompanhamos regularmente, observa-se um recuo. Mas é difícil extrapolar.”

Vários fatores encorajam a prudência. Primeiro, a própria massa do maciço, que significa que o que é verdade em um lugar pode não ser em outro. Segundo, ainda não é possível articular bem os dados de campo, esparsos demais, e as observações por satélites, ainda pouco numerosas e nem sempre confiáveis. Outro problema: as equipes chinesas e indianas podem não colaborar muito bem, por causa de preocupações militares. “Meus colegas de Pequim estão pessimistas”, afirma Hasnain: “eles preveem uma redução de 45% da massa das geleiras em 2070. Mas seria necessário que pudéssemos visitar mutuamente nossas geleiras”.

Ainda que a extensão previsível do recuo das geleiras seja incerta, o movimento é atestado. E outros índices o confirmam, como o aquecimento observado pelos habitantes de Ladakh. “Nós fizemos um estudo sobre a percepção da mudança climática entrevistando anciões e camponeses famosos por seu conhecimento”, diz Tundup Ango. “Todos falam de uma redução das precipitações de neve nas últimas décadas, e de um recuo das pequenas geleiras dos vales”. A falta de água, em um país já bastante seco, torna-se muito preocupante. Surgem também acontecimentos jamais vistos até onde a memória do homem alcança, como inundações em Leh, capital de Lakdah, em 2004 e 2005, ou uma invasão de gafanhotos em 2005.

Quanto à causa da mudança, ela ainda deve ser explicada. O aquecimento global exerce um papel, certamente, mas também o “carbono negro”, partículas de fuligem emitidas pelo diesel e pelos lares domésticos que queimam lenha e esterco.

Sua importância foi enfatizada por outro acadêmico indiano, V. Ramanathan: “Quando cai sobre a neve”, ele explica em Nova Déli, “o carbono negro a escurece, e a neve reflete menos o sol, e ela se aquece e tende a derreter”.

Essa causa do aquecimento poderia ser controlada de forma bastante simples, diz Ramanathan, colocando filtros nos motores a diesel e trocando o modo de combustão das casas. Um verdadeiro desafio para a Índia, que a obrigaria a agir em casa, sem se contentar em atribuir a responsabilidade da mudança climática aos países desenvolvidos. Mas é certamente seu futuro que está em jogo nas alturas do Himalaia.

Tradução: Lana Lim

Reportagem [Himalaya : le recul des glaciers pèse sur l'avenir de l'Asie] do Le Monde, no UOL Notícias.

O lixo visto dos céus, artigo de Ana Echevenguá




Em 24 de novembro de 2009, o Instituto Eco&Ação, integrante da Procuradoria Ambientalista/ONGs Brasil, realizou um sobrevôo de helicóptero sobre o extremo sul de Santa Catarina. A iniciativa faz parte do projeto de elaboração de um diagnóstico da disposição dos resíduos domésticos e industriais de Santa Catarina. Convidamos dois cinegrafistas para testemunhar e documentar alguns dos crimes ambientais que tranquilamente são praticados naquela região. Mortineli, da RBS, não mediu esforços para capturar as melhores imagens. Quem sabe, sabe! No assento ou no chão do helicóptero, mirando sua filmadora pra direita, pra esquerda… sempre na busca do melhor ângulo, o expert não parava quieto!

A ‘experiência verde’ do piloto Rogério Giassi, que costuma filmar a estada das baleias francas na nossa costa, foi muito importante para o sucesso da nossa missão. Mas, nada faríamos sem o conhecimento do Rodrigo Moretti, que conhece cada palmo da bela região em que mora.

Nas duas horas de sobrevôo, o que vimos lá de cima?

- Empresas (algumas que possuem fachada bonita, premiações internacionais pelo bom desempenho) jogando o rejeito da sua produção (lixo contaminado) no seu quintal ou em lugares estrategicamente escolhidos devido à dificuldade de acesso por terra;

- Aterros sanitários, construídos especialmente para tratar o lixo nosso de cada dia, estão em situações precárias, deixando de fazer a ‘lição de casa’. Um deles, que funciona por força de um TAC firmado com o Ministério Público Federal, já virou lixão. O mau cheiro chegou ao nosso nariz, a 300 metros de altura. Mas, com certeza, seus cofres recebem o pagamento – principalmente das prefeituras – para tratamento e destinação final correta dos resíduos que os municípios produzem.

- Um incinerador de lixo hospitalar sem qualquer cuidado com o lixo que recebe. E que deveria estar lacrado; mas a ordem judicial para tanto foi suspensa em instância superior e só Deus sabe quando ocorrerá o julgamento definitivo do causu.

- Muito lixo jogado em beira de estrada, em zona urbana, em locais já degradados pela mineração, em locais praticamente inacessíveis por terra; escondido em clareiras na mata… e muita gente mexendo em lixo, sem qualquer proteção; tentando sustentar sua família com o fruto de trabalho sub-humano.

Não nos preocupamos com as montanhas de pirita porque isso será objeto de outra subida aos céus…

As imagens capturadas serão entregues aos órgãos competentes para que tomem as medidas legais cabíveis: autuação, embargo das atividades, aplicação de multas, recuperação do dano que estão causando… ou até mesmo a assinatura de TAC (Termo de Ajuste de Conduta).

Bom, no mesmo dia, tanto a RBS como a TV Cultura manifestaram interesse no tema – que atinge a vida e a saúde de todos –e veicularam reportagem a respeito. Douglas, da RBS, captou tudo rapidinho, fez algumas anotações, escolheu o melhor local para nossa entrevista e produziu uma matéria bem pedagógica que foi veiculada até em Florianópolis.

A Baby, apresentadora de um dos programas do Canal 19, pegou-me de surpresa ao perguntar: “vocês fazem tudo isso, levam ao conhecimento dos órgãos competentes, vêem que nada é feito e como vocês se sentem? Não perdem o estímulo?”

Não, Baby, embora seja inegável o sentimento de frustração que às vezes nos invade… Mas sabemos que devemos fazer algo para preservar nosso Planeta. A nossa EcoConsciência fala mais alto! E, se pudermos contagiar as pessoas a denunciarem as ilegalidades, a buscarem o cumprimento das nossas leis, já teremos avançado muito nos nossos propósitos!

Ana Echevenguá - EcoDebate, 26/11/2009

Estudo revela que o degelo começa a atingir Antártida Oriental


Imagem: National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA)

O aquecimento global começou a atingir a Antártida Oriental, uma vasta região do Continente Branco que conservava até agora um particular “status quo” que a mantinha resguardada do degelo polar.

A poucos dias da conferência em Copenhague sobre mudança climática, esta descoberta publicada [Accelerated Antarctic ice loss from satellite gravity measurements] pela revista “Nature Geoscience” aumenta a pressão sobre os líderes de todo o mundo para que ponham um freio ao aquecimento global, que parece avançar mais rápido do que se pensava. Reportagem da Agência EFE, com informações complementares do EcoDebate.

Um grupo de trabalho da Universidade do Texas (EUA) dirigido pelo professor Jianli Chen observou que a camada de gelo da plataforma antártica oriental, na qual se encontra a maioria das geleiras do planeta, começou a perder espessura em 2006, seguindo a esteira da zona ocidental do continente.

Com a colaboração da tecnologia do satélite “Grace”, os pesquisadores conseguiram estimar a densidade do manto de gelo das duas áreas entre abril de 2002 e janeiro de 2009.

O “Grace” permite medir direta e exaustivamente as alterações na massa da placa de gelo e determinar, desse modo, qualquer modificação na distribuição da massa terrestre com o passar do tempo, por menor que seja.

Assim, a equipe de pesquisa constatou que o ritmo de perda de massa de gelo na zona ocidental foi de 132 quilômetros cúbicos ao ano durante esse período, número semelhante ao indicado por estudos anteriores.

A surpresa foi quando observaram que, há três anos, também o manto de gelo das zonas litorâneas da Antártida Oriental perdia 57 quilômetros cúbicos ao ano, frente à estabilidade aparente registrada até esse momento.

No entanto, apesar de os dados indicarem que a mudança climática já espreita todo esse continente, os cientistas advertem que este recente número sobre a zona oriental conta com uma margem de erro de 52 quilômetros cúbicos.

Por isso, futuras pesquisas deverão precisar o alcance do degelo na plataforma antártica oriental, que representa 70% da superfície do continente e que abriga um manto de gelo, a princípio, mais resistente que o da região ocidental.

O estudo “Accelerated Antarctic ice loss from satellite gravity measurements“, Nature Geoscience, Published online: 22 November 2009 | doi:10.1038/ngeo694, está disponível para acesso integral e gratuito no formato HTML. Para acessar o estudo clique aqui.

Degelo total no Ártico está próximo a acontecer depois de 15 milhões de anos


Faz quinze milhões de anos, o Ártico tem uma cobertura de gelo permanente, mais extensa no inverno e menor no verão, mas sempre presente ao redor do Pólo Norte. Por isso, a perspectiva atual do degelo completo desse mar setentrional dentro da algumas décadas devido ao aquecimento global do planeta preocupa os cientistas, alarmados diante de uma mudança tão impressionante e rápida.

A reportagem é de Alicia Rivera e publicada pelo El País, 23-11-2009. A tradução é do Cepat.

De fato, o degelo registrado na região recentemente é muito mais acentuado que as estimativas mais pessimistas que se vinham fazendo: já alcançou uma redução de cobertura gelado do Ártico que os modelos de projeção climática situavam em 2020.

“O oceano Ártico começou a congelar-se faz 47 milhões e meio de anos estacionalmente, ou seja, formava o gelo no inverno e se dissolvia no verão, entretanto, durante os últimos 14 ou 15 milhões de anos, a parte central do Ártico tem estado permanentemente gelada. Agora, devido a mudança climática, espera-se que retorne à situação de degelo completo no verão. Isto significa que o aquecimento no Ártico, desde uma perspectiva temporal ecológica, é extremamente dramático”, explica Nalan Koc, pesquisadora do Instituto Polar Norueguês. Koc é especialista em paleoclima, uma das principais cientistas do programa internacional Acex que reconstruiu a história do Ártico nos últimos 56 milhões de anos.

Para decifrar a sequência de gelo e degelo no mar mais setentrional do planeta, os cientistas “lêem” as páginas do passado escritas no subsolo do fundo marinho. “Há fósseis como diatomeas associadas ao gelo e microfósseis de águas abertas preservados nos sedimentos acumulados”, explica Catherine Stickley, pesquisadora do projeto, também do Centro Polar Norueguês, com sede em Tromso. “Remontarmos a 47 milhões de anos, quando começa a cobertura gelada estacional, nos ajuda a compreender o que está acontecendo agora no Ártico”, diz ela. As conclusões da pesquisa serão publicadas brevemente na revista Nature.

Mas se não é fácil “ler” o registro dos sedimentos acumulados no subsolo do mar, muito mais é obtê-lo. Foi necessário recorrer a um perfurador especial e dois rompe gelos para retirar as mostras do fundo do mar em forma de cilindros mediante uma perfuração de até 428 metros de profundidade, com 1.300 metros de água acima.

O projeto denominado Acex, foi levado a cabo no verão de 2004, durante um mês e meio e o lugar escolhido para a perfuração foi a crosta Lomonosov, uma cadeia montanhosa submarina que cruza o Ártico desde a Sibéria até a Groelândia e que atravessa 250 km do Pólo Norte. O rompe gelos russo Soyuz e o sueco Oden foram abrindo caminho pelo mar gelado para o perfurador norueguês Vidar Viking (um rompedor de gelos adaptado) ate o lugar escolhido sobre a crosta Lomonosov. O protegeram durante três semanas de perfuração e dali foram se extraindo cilindros formados por camadas de sedimentos do fundo oceânico do passado abarcando 56 milhões de anos de história climática. “O primeiro registro temporal ao longo do Ártico”, afirma Stickley. Acex custou 12,5 milhões de euros, contando com a operação dos três navios, diz Stickley.

A chave nas mostras tem sido a presença da diatomea (plantas unicelulares) específicas do gênero Synedropsis, similares as que se encontram hoje em dia no Ártico e adaptada para viver em temperaturas muito baixas na escuridão, ou seja, em condições de superfície de mar gelado. Ao fazer correlações temporais nas camadas sucessivas de sedimentos acumulados nos cilindros de mostras, os cientistas puderam reconstituir a história climática.

O Acex tem proporcionado valiosa informação cientifica, mas os pesquisadores, já estão pensando em objetivos futuros. Mais de 500 cientistas de todo o mundo, especialistas em perfurações profundas – não apenas da Ecord, mas também equipes americanas e japonesas –, se reuniram no final de setembro em Bremem (Alemanha) para planejar a continuação do atual Programa Integrado de Perfurações Oceânicas (IODP), que termina em 2013. Entre os objetivos definidos se destaca a pesquisa do papel dos gases de efeito estufa na transição entre períodos frios e temperados da história climática do planeta e a magnitude, velocidade e localização das correspondentes mudanças climáticas no nível do mar.

Além disso, serão realizadas perfurações no solo oceânico muito mais profundas dos que as feitas até agora. O navio japonês Chikyu já é capaz de fazer sondagens de até 7 mil metros no fundo do mar.

(Ecodebate, 25/11/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Antigos saberes agrícolas podem nos levar para o futuro


As antigas culturas alimentares não estão um degrau abaixo da ciência acadêmica ou da pesquisa financiada por grupos privados. Nem são imóveis no tempo.

Publicamos aqui um trecho de “Terra madre. Come non farci mangiare dal cibo” [Terra Mãe. Como não sermos comidos pela comida, em tradução livre] (Ed. Giunti, 173 páginas), o novo livro de Carlo Petrini, cozinheiro italiano fundador do movimento Slow Food.

O texto foi publicado no jornal La Repubblica, 20-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Se quisermos começar a pensar sobre a comida com bom senso, sem preconceitos, e tentar de algum modo corrigir o sistema global industrial agroalimentar, devemos desfazer absolutamente um lugar comum: a rejeição a priori do passado e de tudo aquilo que tem sabor de passado. Assim como as economias das comunidades são consideradas marginais, e a busca do prazer alimentar, um coisa elitista, também a tradição, os saberes antigos, os estilos de vida mais sóbrios são investidos de um preconceito enraizado e são pontualmente marcados como nostálgicos e fora da realidade. Isso faz com que se liquidifiquem como superados séculos de cultura popular, e que, portanto, grande parte do saber próprio das comunidades do alimento – ou ainda mais as suas origens – não sejam nem levados em consideração.

É paradoxal que a maioria das pessoas reconheça a superioridade – embora, talvez, considerando-a uma prerrogativa elitista – de muitos produtos tradicionais, artesanais, tirados de ingredientes frescos e da estação, produzidos e consumidos localmente, mas depois não reconheça o importante valor das culturas e das competências que os criaram. Quase dizendo: “Sim, são melhores, mas estão fora do mundo, só existem em pequenos nichos, é a mesma coisa que comer mal”.

Não acredito que seja o caso de renunciar assim, sem se perguntar se existem alternativas possíveis. Estamos convictos de que, justamente sobre esses saberes, as comunidades fundarão o seu papel de protagonistas da terceira revolução industrial. Não é provocação, mas consciência de que, se o mundo pede energias limpas, produções sustentáveis, reuso e reciclagem, abatimento do desperdício, prolongamento da durabilidade dos bens, alimentos salutares, frescos e de qualidade, as comunidades do alimento não estão apenas em linha, mas já estão até na vanguarda. Seja por causa das técnicas utilizadas, mas ainda mais por causa da mentalidade que as apoia.

De fato, é lógico que não é possível replicar os seus métodos em todo o lugar, fundamentados talvez sobre tecnologias muito limitadas. É normal que esses aspectos da sua existência não sejam exportáveis para todos os lugares – embora em alguns casos não seja impossível – porque são filhos de uma adaptação local, e, no local, funcionam muito bem. Ao invés, é fundamental estudar sua sistematicidade, entendida como harmonização em um sistema complexo, e compreender os seus motivos.

Não se pode continuar considerando os saberes tradicionais e populares como um degrau abaixo dos da ciência que sai das universidades ou da pesquisa financiada por grupos privados. Pelo contrário, eles têm a mesma dignidade. O “savoir faire” agrícola é filho de uma experiência secular, e pouco importa que a sua praticidade seja demonstrada ou demonstrável cientificamente. Assim como também seria errado desejar uma supremacia desses conhecimentos, que eu defini como saberes lentos. É preciso que se instaure um diálogo em que os preconceitos sejam colocados à parte, em que a pesquisa esteja também ao seu serviço, e em que pesquisa e ciência colaborem sobre o mesmo plano paritário.

À tradição, muitas vezes, associa-se também o erro de vê-la como uma dimensão imóvel, que pertence ao passado. Até quem se refere a ela, a relata e a honra corre muitas vezes o risco de cometer o erro de vivê-la como um “unicum” que não evolui, que se interrompeu em um certo ponto. Essa é uma visão que acaba nos separando das nossas raízes, que nos tira a memória daquilo que fomos, da história dos nossos povos.

As comunidades sabem bem disso. Para elas, a tradição não é uma repetição monótona de gestos, ritos e produções. São abertas às novidades e a tudo o que, no sulco da tradição, pode lhes fazer progredir, sabem que é verdadeira aquela frase (da qual se abusa um pouco) que entende a tradição como “uma inovação bem sucedida” e a colocam em prática. Não abandonam o velho pelo novo, ao invés, inserem o novo no sistema complexo que forjou a sua identidade. Sabem de onde provêm e tem muito claro quais são os seus objetivos.

Não devemos decidir se é melhor a tradição ou o progresso, o passado ou o futuro, mas sim rejeitar generalizações, reducionismos e a separação desses conceitos, a sua contraposição. As comunidades existem para a continuidade da tradição, levam-na no coração e protegem a sua memória justamente porque lhes dá identidade em um mundo que tende à homologação, mas sabem bem que cometeriam um grave erro se não quisessem aproveitar os meios que a globalização e a tecnologia lhes oferecem. Querem apenas poder fazer isso de maneira responsável, com bom senso. Querem comer, e não ser comidos.

(Ecodebate, 25/11/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Cobrança pelo uso da água é sustentada em base legal


O fundamento legal para a cobrança pelo uso da água no Brasil remonta ao Código Civil de 1916 que estabeleceu a utilização dos bens públicos de uso comum pode ser gratuita ou retribuída, conforme as leis da União, dos Estados e dos Municípios a cuja administração pertencerem. No mesmo sentido, o Código das Águas, Decreto – lei 24.842/34, estabeleceu que o uso comum das águas pode ser gratuito ou retribuído, de acordo com as leis e os regulamentos da circunscrição administrativa a que pertencerem.

Posteriormente, a Lei 6.938/81, que trata da Política Nacional de Meio Ambiente, incluiu a possibilidade de imposição ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Finalmente, a Lei 9.433/97 definiu a cobrança como um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos e a Lei 9.984/2000, que instituiu a Agência Nacional de Águas – ANA -, atribuiu a esta Agência a competência para implementar, em articulação com os Comitês das Bacias Hidrográficas a cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio da União.

Na esfera estadual, em 2003, 24 Estados e o Distrito Federal já haviam aprovado suas Leis sobre Política e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Atualmente três bacias cobram de seus usuários pela retirada dos recursos hídricos da natureza. A cobrança pelo uso da água retirada do manancial e não pela água tratada, que já é normalmente cobrada pelas concessionárias de saneamento, tende a crescer cada vez mais no país garante o presidente da ANA, José Machado que participou em Foz do Iguaçu do Fórum Mundial das Águas. Segundo Machado, a decisão sobre a cobrança cabe ao comitê gestor e precisa ser homologado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

“A legislação vigente isenta os usuários insignificantes, aos quais variam por bacia hidrográfica e são definidos em fóruns colegiados, com ampla participação dos segmentos sociais (poder público, usuário e ong´s) que compõem os comitês das respectivas bacias hidrográficas. São esses comitês de bacia hidrográfica que estabelecem o valora ser cobrado naquela respectiva bacia. Ainda conforme legislação, a cobrança pelo uso da água não é taxa, menos ainda um imposto e não se fundamenta em um sistema de arrecadação, pois tem objetivos prioritários: (i) reconhecer a água como um bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; e, (ii) incentivar a racionalização do uso da água. Portanto, a cobrança pelo uso dos recursos hídricos é um instrumento de gestão”, diz Patrícia Boson no artigo “Cobrança pelo uso da água, posicionamento da FIEMG”.

Em 2003 foi estabelecido pelo Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, a cobrança aos usuários pelo uso de recursos hídricos no valor máximo de R$ 0,02/m3.

Em seguida foi a vez da bacia do PCJ (formada pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), em 2004.

O Comitê Gestor da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco que nasce em Minas Gerais e corta 5 estados do Brasil decidiu iniciar a cobrança a partir de janeiro de 2009. A FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais julgava importante apresentar reflexões e posicionamentos necessários aos esclarecimentos conceituais básicos. Entre eles, está a cobrança instituída para aqueles fazem uso direto da água bruta localizada nos corpos de água (rios, lagos, aqüíferos) seja captando, lançando efluentes, desviando ou barrando cursos de água, dentre outros usos. Dessa forma não se pode confundir usuário de água com consumidor de água, que todos nós cidadãos como, ao recebermos em nossas casas, ou indústrias, água tratada dos usuários de água que são as concessionárias.

O Comitê da Bacia do Alto Paranapanema (CBH-Alpa) começará a cobrança pelo uso da água em 2010. A cobrança da água é prevista em lei e, embora não incida diretamente sobre o consumidor domiciliar, poderá ter reflexos na conta recebida por ele no fim do mês. Como as concessionárias de saneamento serão taxadas pela captação do líquido, a tendência é de que repassem o valor para o usuário final – que hoje só paga pelo tratamento da água que consome em casa. “A cobrança não veio para ser um taxa, mas para imprimir na sociedade a questão a questão do uso racional da água”,diz David Franco Ayub, secretário executivo do Comitê.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tiête – Cabeceiras aprovou o processo de implantação da cobrança pelo uso da água que é produzida na Região. Só em janeiro de 2011 é que os maiores consumidores do recurso hídrico de fato começarão a pagar pelo que utilizam.

Os valores exigidos dos consumidores serão calculados mediante a soma do volume de água captada (superficial e subterrânea). Do volume do recurso hídrico não devolvido e da carga poluente lançada no corpo d’água. Os três componentes darão origem à quantia total, que poderá ser dividida em até 12 parcelas mensais. O Comitê considerará o valor de R$ 0,01 por metro cúbico de água captada, R$ 0,02 por metro quadrado de água consumida e R$ 0,10 por metro de água lançada.

Ficará isento e, em caráter permanente, são pessoas que extraírem menos do que 5 metros cúbicos de água subterrânea, consumidores residenciais, especialmente aqueles que se incluem na faixa de tarifa social, produtores de energia elétrica e micro e pequenos produtores. ”Basicamente, o impacto da cobrança não pode ser a 2% do produto do usuário”.

Face à situação mundial prevista para 2025 em relação às condições de escassez em quantidade e qualidade, a água deixou de ser um bem livre e passou a ter valor econômico. Esse fato contribuiu com a adoção de novo paradigma de gestão desse recurso ambiental, que compreende a utilização de instrumentos regulatórios e econômicos, como a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

A experiência em outros países mostra que, em bacias que utilizam a cobrança, os indivíduos e firmas poluidores reagem internalizando custos associados à poluição ou outro uso da água. A cobrança pelo uso de recursos hídricos, mais do que instrumento para gerar receita, é indutora de mudanças pela economia da água, pela redução de perdas, pela gestão com justiça ambiental. Isso porque cobra-se de quem usa ou polui.

Logo de início é possível haver uma grande resistência à cobrança pelo uso da água. Após nos inteirarmos das discussões e posicionamentos, além da legislação de 1916, somos convidados a refletir que os próximos anos definirão mais claramente a vulnerabilidade a que muitos estarão sujeitos. Roga-se o bom senso na cobrança para que este recurso hídrico imprima uma responsabilidade de gerenciamento por quem cuida dela. Será mais uma a participar de um grande pacote: o compartilhamento das riquezas, quaisquer que sejam elas.

Fontes:

http://www.agr.feis.unesp.br/noticias/index.php?idnopticia=1245787558

http://sosriosdobrasil.blogspot.com/2009/10/aprovada-cobranca-de-agua-no-cb-do-ht…

http://www.ana.gov.br/GestaoRecHidricos/Cobranca/default2.asp

Carol Salsa,

Projeto da Unicamp resulta em plástico biodegradável feito a partir da quinoa, grão popular no Peru e na Bolívia



Solução ecológica – Um grão que fazia parte da alimentação dos incas há cerca de 8 mil anos é a mais nova ferramenta a serviço do meio ambiente. A quinoa (Chenopodium quinoa) é a personagem principal de um estudo que deu origem a um filme plástico totalmente biodegradável realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A alta concentração de amido, proteínas e lipídios encontrada no grão andino possibilitou a fabricação de um produto com boa qualidade e ambientalmente correto — além de se decompor com facilidade, sua produção não resulta na emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa. Entre os cerca de 256 tipos existentes no Peru, a autora do projeto, a peruana Patrícia Cecília Araujo-Farro, selecionou a quinoa real, que pode chegar a ter concentrações de quase 80% de amido, uma das principais matérias-primas utilizadas na produção do biomaterial. Reportagem de Gisela Cabral, no Correio Braziliense.

O grão também apresenta quantidades médias significativas de proteínas (cerca de 22%) e lipídios (10%) em sua estrutura. De acordo com Patrícia, a intenção foi trabalhar um elemento de cada vez. “Primeiramente, produzi um biomaterial só de amido purificado, com baixa quantidade de proteínas e lipídios. O segundo teste foi feito com amido cru, obtido com processo úmido. Já na terceira avaliação, utilizei farinha integral. Consegui variar as quantidades de proteína e lipídios ao longo de todos os testes”, explica.

O resultado, segundo ela, é um material que pode ser utilizado na fabricação de pequenas embalagens e sacolas plásticas. “Também pode ser empregado na indústria farmacêutica e na agricultura, sendo útil para a proteção de plantas em desenvolvimento”, destaca a cientista, que durante o estudo fez várias avaliações quanto à resistência do material. Ainda de acordo com Patrícia, a partir da quinoa é possível obter o plástico totalmente transparente ou em diversos tons de amarelo. “Vai depender da proteína empregada na produção”, esclarece.

A pesquisa também avaliou as vantagens ambientais trazidas pelo produto. Testes feitos de maneira informal mostraram que o biomaterial desapareceu completamente no meio ambiente depois de 15 dias, enquanto que o plástico convencional pode demorar um século para ser absorvido. “Na verdade, depois dessas duas semanas, ele vira comida de bactéria novamente”, revela Partícia.

Para a orientadora da pesquisa, a doutora Florência Menegalli, o uso de materiais como a quinoa para a produção de biomateriais é de grande importância para o futuro do planeta. “O grão tem propriedades adequadas para esse fim, e a produção do biomaterial não agride o meio ambiente. Porém, o preço da quinoa ainda é alto no Brasil”, pondera a professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos.


Produção

No momento, a quinoa é produzida por pequenos agricultores na região dos Andes. Porém, no Brasil, as pesquisas estão sob comando da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “O cultivo no inverno, com irrigação adequada, tem produzido grãos de alta qualidade. Mas ainda estamos em expansão, pois a área plantada no Brasil é pequena, apesar do excelente potencial. Isso significa que ainda importamos a maior parte dos grãos consumidos”, conta o pesquisador Walter Quadros, da Embrapa Cerrados.

A Embrapa também tem incluído a espécie no projeto de melhoramento de plantas. A perspectiva é lançar materiais com maior produtividade para diferentes épocas de plantio, além de identificar materiais genéticos com melhor qualidade nutricional (1)e funcional. “Quanto aos trabalhos de manejo, objetiva-se também o aperfeiçoamento do plantio à colheita. Ele também deve antecipar o controle da ocorrência de futuras pragas e doenças”, garante Walter. “A perspectiva, portanto, é baratear o produto para o produtor e o consumidor”, avalia.

1 – Proteína
Hoje, a quinoa é amplamente usada na culinária, no preparo de saladas, sopas, entre outros alimentos. É considerada por nutricionistas um bom substituto para a carne, graças ao seu alto valor protéico.

EcoDebate, 24/11/2009

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