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segunda-feira, 28 de março de 2011

Coelhos são usados como matéria-prima para a produção de biocombustível na Suécia

Prefeitura de Estocolmo mata coelhos, que viram biocombustível Coelhos são queimados para gerar biocombustível na Suécia –


Os corpos de milhares de coelhos são queimados em uma usina de geração de energia na região central da Suécia. Os animais vem da capital sueca, Estocolmo. A Prefeitura mata milhares de coelhos anualmente para proteger parques e campos na cidade. As espécies de coelhos não são nativas da Suécia.


De acordo com as autoridades, os coelhos sujam muitos dos espaços verdes da capital. Como não há animais predadores de coelhos em Estocolmo, a Prefeitura contrata caçadores para matá-los. Matéria da BBC Brasil. Polêmica Um dos caçadores, Tommy Tuvunger, disse ao site da revista alemã Spiegel que seis mil coelhos foram mortos no ano passado. Neste ano, três mil já foram caçados. “Eles são um problema muito grande”, diz Tuvunger. “Depois de mortos, os coelhos são congelados e, quando temos números suficientes, uma empresa vem e os leva.” Os coelhos são levados para a usina na cidade de Karlskoga, que os queima para fornecer energia para o aquecimento de casas.


Leo Virta, diretor da empresa Konvex, que fornece os coelhos para a usina, desenvolveu uma forma de processar os restos dos animais para a produção de biocombustível com financiamento da União Europeia. Com a técnica, o corpo do coelho é esmagado, ralado e depois levado a uma caldeira, onde é queimado junto com pedaços de madeira e lixo para geração de calor. “É um bom sistema, porque resolve o problema de lidar com o lixo animal e gera aquecimento”, disse Virta à BBC.


O editor do jornal The Local, de Estocolmo, disse à BBC que a notícia do uso de coelhos para produção de biocombustíveis gera polêmica no país. “Na cidade onde eles estão sendo queimados, a reação dos moradores é bastante calma”, disse o editor James Savage. “Mas em Estocolmo, existe a preocupação de que os coelhos são bonitinhos. Isso entre algumas pessoas, em especial ativistas de direitos animais, que pensam que esta não é uma boa forma de se tratar coelhos.” * Colaboração de Paulo Afonso da Mata Machado para o EcoDebate

Segurança alimentar em época de crise

Não é mais possível alimentar 1 bilhão de pessoas apenas com ações de socorro emergenciais [Valor Econômico] Em diferentes pontos do planeta, o destino de um bilhão de seres humanos depende de respostas concretas à pergunta que lateja neste 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação: como ampliar a segurança alimentar em época de crise?


Na América Latina, o chamado Corredor Seco da Guatemala é um dos cenários onde pulsa a angústia da espera. A região sucumbe sob urgências humanitárias agravadas por desequilíbrios climáticos extremos. O El Niño trouxe precipitações até 87% abaixo da média anual em algumas áreas de lavoura gerando quebras de safra que tiveram um efeito devastador na dieta básica de mais de 90 mil famílias. A seca piora a insegurança alimentar em um país onde a desnutrição crônica afeta 49% das crianças (69% no caso das indígenas).


Com uma arrecadação fiscal abaixo da já modesta média latino-americana e sofrendo as consequências da crise internacional – entre outras coisas ela reduz as remessas dos emigrantes, equivalentes a 10% do PIB do país- a Guatemala não tem condições de enfrentar a urgência da crise sem solidariedade externa.


A crise na Guatemala é um microcosmo dos dilemas da fome no século XXI. O passaporte para a segurança alimentar não virá encapsulado em nenhuma panaceia fabricada em laboratórios ou gabinetes do dogmatismo econômico. Ela depende, antes de mais nada, de iniciativas articuladas no plano local e internacional que contemplem, em primeiro lugar, a criação de mecanismos de resposta rápida a crises alimentares, cada vez mais agravadas pela sobreposição de eventos climáticos extremos. Mas, sobretudo, é necessário um novo consenso político e fiscal que forneça ao Estado o fôlego tributário indispensável à execução de políticas de desenvolvimento social. E, acima de tudo, que devolva ao desenvolvimento agrícola a centralidade no esforço de erradicação da fome. Definitivamente, não bastam afirmações exclamativas.


O mundo da política precisa erguer uma ponte efetiva de recursos à altura dos desafios cobrados pelo fomento agrícola e o combate à fome. No plano internacional, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) projeta a necessidade de investimentos agrícolas da ordem de US$ 83 bilhões por ano em todo o planeta, para obter um aumento de produção de 70% e assim alimentar a humanidade que reunirá 9,1 bilhões de pessoas em 2050. Trata-se, entre outras coisas, de reverter a omissão predominante nos últimos anos quando se delegou aos mercados a tarefa de prover a segurança alimentar da sociedade.


A verdade é que os investimentos na agricultura perderam espaço na própria repartição dos recursos internacionais destinados à luta contra a fome nas últimas décadas. Desde 1980 a fatia reservada ao desenvolvimento agrícola diminuiu 58% em termos reais, recuando de 17% para 3% do total das transferências. A crise mundial sentenciou a inviabilidade dessa aritmética. Não é mais possível alimentar 1 bilhão de pessoas apenas com ações de socorro emergenciais. Ainda que essa seja a única saída de momento, a centralidade do processo deve ser devolvida ao apoio à produção agrícola dos países pobres e em desenvolvimento.


De novo, o caso da Guatemala é pedagógico: o país tem uma lei de segurança alimentar, mas, sem financiamento, sua eficácia é limitada. A busca pela ajuda internacional foi um dos motivos que levou o presidente Álvaro Colom a decretar o estado de calamidade pública no mês passado. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, Colom acrescentou que a calamidade não era resultado apenas da seca, mas uma calamidade histórica, fruto do abandono secular de populações pobres a sua própria sorte. Infelizmente, a Guatemala não é um caso isolado. A fragilidade das políticas públicas na região é proporcional ao engessamento proveniente de uma carga tributária média de 18,2% do PIB, contra 39,8% da União Europeia. Pior, mais de 50% da arrecadação regional é baseada em impostos indiretos, pagos de forma linear por toda população que tem efeito redistributivo nulo ou regressivo.


Em comparação, na União Europeia, cerca de 40% da arrecadação provêm de impostos diretos e o restante se divide entre impostos indiretos e segurança social. Na maioria dos países a situação só se resolve como uma reforma tributária: os ricos dos países pobres e em desenvolvimento também precisam dar sua contribuição para o desenvolvimento inclusivo da sociedade. No entanto, enquanto não se consegue um acordo político para um novo pacto fiscal que permita aumentar a arrecadação e torná-la mais equitativa, o espaço das políticas públicas permanece acanhado. Isso traduz-se diretamente em exclusão social e baixo desenvolvimento humano. Na Guatemala, um dado resume todos os demais: o gasto social do país de US$ 350 per capita/ano é o menor de toda a América Latina. Em contraposição, os índices globais de desnutrição no país são os maiores da região.


O Brasil é um caso notável de sucesso ancorado nessa convergência entre vontade política, marcos institucionais específicos e recursos adequados ao desenvolvimento agrícola e à segurança alimentar. A partir do Fome Zero, o governo brasileiro adotou o enfoque de dupla via recomendado pela FAO. Ações emergenciais foram acionadas em paralelo a políticas emancipatórias para que as famílias – em especial as que formam a pobreza rural, onde se concentra 50% da fome no país – pudessem se credenciar à auto-suficiência no futuro. A assistência técnica à agricultura familiar e aos assentamentos, as aquisições de alimentos dos pequenos produtores, bem como a expansão do crédito do Pronaf são exemplos desse modelo a ser multiplicado. Em que pese a persistente concentração da terra no país, como se verificou no último Censo agrícola do IBGE, o fato é que um segmento de média e pequena propriedade consolidou sua presença na economia, como principal fonte de alimentos, emprego e estabilidade no campo. Não surpreende, assim, que o mercado interno brasileiro tenha se revelado um importante contrapeso à contração mundial nesta crise, sustentando o nível de atividade graças à demanda popular.


O paradigma brasileiro oferece uma resposta encorajadora ao desafio de garantir a segurança alimentar em época de crise. Ocupará, por certo, um espaço relevante nas discussões da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, que acontece de 16 a 18 de novembro, em Roma. *José Graziano da Silva é representante regional da FAO para América Latina e Caribe. ** Artigo originalmente publicado no Valor Econômico.

Um bilhão de famintos nas estradas do mundo

Hoje, no mundo, há mais de um bilhão de pessoas famintas. O alarme chega da FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação], que, em seu último relatório, registrou um aumento de 9%. A crise econômica, portanto, levou para baixo da linha da desnutrição um sexto da população mundial. Não sem culpa dos governos, mais preocupados com os mercados financeiros evidentemente: “Os líderes mundiais reagiram com determinação à crise, mobilizando bilhões de dólares em um lapso de tempo muito curto. Agora, a mesma ação decisiva é necessária para combater a fome e a pobreza”, diz o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf. Novidades também no fronte da geografia da fome. A desnutrição atinge agora principalmente a Ásia e as áreas do Pacífico, onde os famintos são mais de 642 milhões. Mas não é um fenômeno desconhecido nem nos países desenvolvidos, onde 15 milhões de pessoas não têm o alimento necessário para o seu sustento. Mas não são só as políticas do Ocidente que acabam no alvo. A intelectual indiana Vandana Shiva defende: “Foram os métodos de desenvolvimento equivocados que causaram a fome de centenas de milhões de pessoas. E a FAO também é responsável por isso”. A reportagem é de Francesca Caferri e Anais Ginori, publicada no jornal La Repubblica, 15-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto. O alarme lançado ontem pela FAO não surpreende Vandana Shiva. Pelo contrário, a indigna. Há muitos anos essa cientista indiana especialista em agricultura e desenvolvimento, famosa em todo o mundo pelas suas batalhas contra a globalização, defende que as tendências atuais levarão milhões de pessoas à fome, principalmente nos países pobres. “O fato de que hoje a FAO lança esse alarme depois de, durante anos, ter defendido os métodos de desenvolvimento que causaram a fome de milhões de pessoas me deixa verdadeiramente com muita raiva”, explica. “Hoje, nos dizem que um bilhão de pessoas passam fome. Eu acho que se deveria perguntar o porquê. O porquê é explicado há muitos anos pelos especialistas, economistas e climatologistas como eu, que a FAO não ouviu. Há estudos qualificados que defendem que as monoculturas tornam a agricultura mais vulnerável, e que o uso de fertilizantes químicos contribui para as mudanças climáticas. Porém, a FAO defendeu o uso dessas substâncias. A Índia, neste ano, perdeu boa parte das suas colheitas por causa de enchentes e secas, efeito das mudanças climáticas. Há agricultores famintos. Outros que se suicidaram. E o anel inicial da corrente está nessas políticas, que a FAO apoiou, mas das quais denuncia os efeitos”. Eis a entrevista. Está dizendo que a denúncia de ontem é inútil? Não, digo que ela chega com atraso. Mas talvez agora eles também vão entender que pensar “business as usual” não é mais possível. É preciso repensar qual modelo de agricultura se quer. É importante prestar atenção nas cooperativas, nas mulheres que estão no campo, nos modelos territoriais. O diretor da FAO, Jacques Diouf, apontou o dedo contra a crise econômica e as consequentes reduções dos financiamentos, dentre outras coisas. A senhora compartilha pelo menos dessa parte da análise? Mais dinheiro para coisas erradas só tornarão a agricultura mais vulnerável. Mais dinheiro para comprar substâncias químicas significa, a longo prazo, aumentar o número das pessoas que irão sofrer com a fome. Significa colocar os produtores em uma armadilha sempre mais profunda: deverão fazer mais dívidas para comprar sementes transgênicas e produtos fertilizantes. Se esse é o caminho, não virá nada bom dos financiamentos. Poucos ou muitos. Qual caminho seria preciso seguir, em sua opinião? Dar dinheiro de um modo correto. Apoiar a agricultura de pequena escala, o uso das sementes locais. Oferecer apoio a quem investe no biológico. E não dar subsídios para os fertilizantes químicos. Segundo a senhora, quais são as responsabilidades dos países ricos? Elas impuseram o uso de transgênicos: fizeram isso com a arma do dumping, oferecendo subsídios aos produtores dessas substâncias, que puderam, assim, ser vendidas a baixo custo nos países pobres, criando uma dependência. É um processo reversível? Talvez. Mas é preciso, sobretudo, ser parado. Nesse sentido, a crise econômica pode, ou melhor, deve ser uma oportunidade. Voltar a uma escala local de produção e de consumo, apoiar o biológico. E acabar com os subsídios que, lembremo-nos, são pagos pelos contribuintes: seria bom que fossem usados de outro modo. Mas os supermercados biológicos são muitas vezes sinônimos de “caro”… Por causa dos subsídios. Se não existissem, não seria assim. Há países e regiões que interromperam o ciclo e demonstraram com fatos o que eu estou dizendo: tomemos o caso de Cuba, do Brasil ou da Toscana, que recebeu reconhecimentos em nível mundial pelo seu modelo agrícola de excelência, que tem base local e repudia os transgênicos. Ecodebate

Relatório sobre política de resíduos sólidos propõe fim dos lixões


Aprovado o relatório final sobre a criação de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos propõe como principal medida a proibição da disposição final dos resíduos ou rejeitos em rios, córregos, mares, lagos ou a céu aberto. O relatório foi aprovado por um grupo de trabalho que analisou 79 propostas em tramitação na Câmara.

Na prática, a medida pretende acabar com os “lixões” e obrigar os municípios a criarem programas para lidar com os resíduos produzidos em seu território. A proposta não permite a queima desses materiais a céu aberto e dificulta o licenciamento para a queima controlada em recipientes.

Quanto aos rejeitos que sobrarem, eles serão depositados em aterros sanitários, como explica o relator da proposta, deputado Arnaldo Jardim (PSDB-SP). “Nós vamos ter toda uma orientação no que diz respeito à questão dos resíduos, para que aquela figura que todos nós temos na mente – dos lixões com criança catando coisa, com animal do lado – isso possa de uma forma definitiva ser banido da história do nosso País.”

Licenciamentos
De acordo com o relatório, os aterros sanitários vão passar por licenciamentos específicos, e serão proibidas atividades como a catação e a criação de animais nas proximidades. Da mesma forma, as habitações temporárias ou permanentes, serão proibidas. Em várias cidades os lixões atraem essas atividades, e se transformam em favelas com graves problemas de saúde pública.

Outra medida importante é a obrigatoriedade do uso de embalagens reutilizáveis ou recicláveis. A proposta dificulta exceções a essa regra, que dependerão de licença especial. Nos municípios onde a coleta seletiva for regulamentada, será responsabilidade dos consumidores e de seus condomínios a separação dos materiais para coleta.

Para fazer frente às mudanças, a proposta estabelece planos para o setor, em cada nível da Federação, e reforça que os municípios são responsáveis pelos resíduos. Todos os níveis terão de fazer um diagnóstico do tratamento de resíduos, e linhas de financiamento federal serão abertas para criar uma estrutura de coleta e tratamento nas cidades interessadas.

Cooperativas de catadores
A União e os estados terão papéis complementares, como vem sendo feito em municípios limítrofes principalmente, e no financiamento de alternativas para o tratamento de lixo.

Recursos da União, pela proposta, serão priorizados para soluções intermunicipais, de forma a fomentar alternativas economicamente viáveis e sustentáveis de lidar com resíduos, com ênfase nas cooperativas de catadores e outras experiências de sucesso.

Além das linhas de crédito ao setor público e o incentivo a pesquisas e tecnologia na área, a proposta concede até 50% de abatimento nas alíquotas do IPI sobre máquinas e equipamentos a serem usados em reciclagem ou por aterros sanitários e industriais.

Essa regra vale para parcerias ou empresas privadas, e são ainda melhores para empresas que utilizarem material reciclado. O texto dá às empresas a chance de aproveitarem, como crédito presumido do IPI, até 50% do imposto a pagar. O percentual será proporcional ao teor de matérias-primas recicladas usadas no processo de industrialização.

Tramitação
O relatório será votado pelo Plenário, ainda sem data marcada. O grupo de trabalho analisou 79 propostas sobre o tema, todas apensadas à proposta mais antiga, o Projeto de Lei 203/91, do Senado, contando também com uma nova proposta do Executivo, o PL 1991/07. O grupo também analisou o relatório aprovado em 2006 por uma comissão especial que analisou o tema.

Reportagem de Marcello Larcher / Edição de Newton Araújo, da Agência Câmara, publicada pelo EcoDebate,

O meio ambiente como uma herança contra o futuro

Restando pouco mais de um ano para a finalização dos dois mandatos de Lula, já está muito bem definida a política ambiental de seu governo. Em política fala-se bastante em legado de governo anteriores, pois no meio ambiente é ainda mais apropriado o uso do termo, já que a ecologia é sempre o resultado futuro do que está sendo feito agora. Na avaliação futura dos governos atuais o legado ambiental será de muita importância. E neste caso a situação de Lula é bem pior que a dos governos que ele acusa com frequência de terem deixado situações difíceis de serem administradas. E já que qualquer medida que surgir até o final de 2010 deverá ficar para o próximo presidente da República colocar em prática, seu legado já está praticamente realizado. O que fica é a ecologia como um incômodo ao desenvolvimento. Esta falsa premissa tem sido expressada pelo próprio presidente Lula — e não poucas vezes. Serviu para atropelar leis e o bom senso. E até para se eximir de atrasos causados por incapacidade administrativa. Dessa forma, o governo buscou fixar na opinião pública a imagem do respeito ao meio ambiente como um estorvo à conclusão de obras que trazem a qualidade de vida que todos querem. Com não poderia deixar de ser, esta triste tática contamina o Congresso Nacional, fortalecendo as bancadas sem nenhum compromisso com a exploração equilibrada dos recursos naturais. Até porque, além de verbal, o estímulo é também material, ajudando nas maquinações contrárias ao meio ambiente. Um gesto forte neste sentido, com alto peso simbólico e prático, foi a assinatura da MP 458, a chamada “MP da Grilagem”, uma privatização de terras públicas sem precedentes em nossa história, entregando propriedades inclusive ocupadas de forma criminosa. A MP já nasceu torta no Palácio do Planalto para ser piorada com emendas parlamentares no Congresso Nacional. Desta associação nasceu o que a senadora Marina Silva chamou de “a pior iniciativa do governo Lula até hoje”. E ela tem conhecimento de causa, já que deve ter visto muita coisa nos bastidores do governo a que serviu como ministra na pasta do Meio Ambiente. Agora como lei, a “MP da Grilagem” está sendo executada na Amazônia. Suas conseqüências não são pra já. Deverão vir com um pouco mais de prazo, mas num tempo sempre menor, pois o relógio dos impactos ambientais corre cada vez mais rápido. Da parceria do Governo com o Congresso poderia nascer um país com liderança internacional no meio ambiente. Pois acontece o contrário. À exemplo da “MP da Grilagem”, na área as iniciativas do Governo se juntam ao que temos de pior no Legislativo. E com isso, além das outras marcas ambientais negativas, Lula pode ter a fama histórica do presidente que ajudou a mexer no Código Florestal Brasileiro, com uma reforma que se encaminha para piorar o que temos. Nesta semana, foi criada a Comissão Especial do Código Florestal Brasileiro na Câmara. Os ruralistas mandam na comissão, um poder obtido graças ao apoio do PT e do governo Lula. É possível prever o que vem por aí pela fala de um dos ruralistas que o governo levou à comissão, o deputado Luis Carlos Heinze, do PP gaúcho, partido da base de Lula. “Os americanos, os europeus não preservaram. E agora os trouxas do Brasil precisam?”, ele disse, numa pergunta que traz em si muito mais que uma afirmação. É um eco claro das falas do presidente Lula para se eximir das responsabilidades ambientais brasileiras. É notável a semelhança com o notório argumento de político flagrado em corrupção, quando se usa a justificativa de que os colegas praticam as mesmas ilegalidades. Só que neste caso o perigo é maior. Caso não se tome medidas ambientais urgentes no plano internacional todos pagarão bem caro. Inclusive “os trouxas” de que fala o deputado. Não é à toa que Marina Silva fez questão de fixar na questão ambiental as razões do seu pedido de demissão. É óbvio que a corrupção ocorrida é condenável, mas a ex-ministra faz a coisa certa em apontar o como alvo o meio ambiente. É que quando começarem a aparecer as conseqüências da política oficial para esta área, fatos como o mensalão e tantas outras ilegalidades serão ficha pequena. A mais grave herança maldita do governo Lula é a ambiental. * Colaboração do Movimento Água da Nossa Gente para o EcoDebate

As abelhas estão sumindo

O problema climático está sendo tratado com uma questão isolada por quase todas as mentes pensantes, exceto os cientistas sérios da Terra. Os problemas ambientais planetários, que são vastos e ameaçadores, e que não se resumem apenas no aquecimento global, derivam das nossas ações diárias, do nosso comportamento em relação à natureza e da rota de colisão que decidimos traçar contra a Terra, guerra da qual não sairemos vencedores. Ecossistemas extremamente interligados estão em vias de passar por uma transformação brusca e não linear, caso essas ações diárias ligadas ao nosso modelo de produção e consumo não sejam abolidas. Houve duas grandes extinções naturais da vida na Terra, causadas por mudanças climáticas bruscas. Nunca houve, desde os 4,6 bilhões de anos da Terra, mudança tão rápida, como o aumento em apenas 200 anos da concentração dos gases do efeito estufa na nossa finíssima atmosfera. Nunca houve também uma extinção antropomórfica como a atual ou que tivesse sido causado por apenas uma espécie. O fato aterrador é que a humanidade está produzindo a terceira maior extinção já registrada. Todos falam do problema climático, mas mal comentam que já está em curso o maior processo de extinção em massa de espécies animais e vegetais dos últimos 65 milhões de anos. A questão não é mais se vai acontecer, mas como podemos impedir o agravamento dessa tragédia. A Índia parou de produzir arroz e açúcar, a Austrália leite, os eventos climáticos extremos aqui no Brasil são noticiados quase que diariamente; o pólo norte tinha uma calota polar do tamanho dos Estados Unidos por milhões de anos, que durante o verão se reduz a 15% e em 2014 irá desaparecer por completo. A sorte é que essa calota já flutua nos oceanos e não aumenta o nível da água, mas cria feedbacks positivos ao substitiur a reflexão por absorção do calor dos raios solares com a menor superfície branca. Os feedbacks positivos começam a se alavancar em cascata, ameaçando as tundras, onde há uma quantidade colossal de gás metano que é 20 vezes mais poderoso que o gás carbônico para o aquecimento global. A situação piora e ameaça enormemente grande parte da população quando continentes gelados derreterem, elevando o nível dos oceanos em vários metros. Cientistas russos mostram que a inundação das cidades litorâneas é muito maior que o aumento do nível dos oceanos, por conta do efeito da maré. É na verdade um múltiplo. Essas mudanças ocorrerão quando a resiliência da Terra for vencida e além de ser irreversível a partir desse ponto, a mudança é brusca e tornará a vida inviável quase que inteiramente. Os cientistas, como Martin Rees, já declaram que a probabilidade do homem terminar o século XXI é bem pequena. Como economista ecológico estou cada vez mais convencido que a minha ciência – a Economia – é totalmente cega e autista. Para ser um economista de verdade teríamos que entender as atuais ciências planetárias, a física, até porque a Economia é uma irmã siamesa da física. Nicholas Georgescu-Roegen foi lamentavelmente ignorado, embora sem ele grande parte da teoria tradicional não existiria. Não devemos mais, por falta de coragem, manter um discurso apenas orientado aos negócios e atender os interesses dos grupos líderes, porque daqui em diante, nesse ritmo de colisão com o planeta, não temos mais nada a perder. E nesse futuro, não haverão vencedores, os homens mais poderosos do mundo, mesmo eles, pertencem à nossa espécie animal ameaçada e a regra planetária ignorada por quase todos é que todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos. Não existe poder humano ou econômico que mude essa interdependência. Se os líderes da economia e das nações não entenderem ou perceberem que estamos discutindo novas idéias de negócios desse novo mito chamado economia verde numa mesa que está dentro do Titanic, realmente iremos perecer. A filosofia do “não posso abrir mão do lucro, mas posso abrir mão do planeta” não irá resolver o problema climático – e planetário, pois aquecimento global não é “o” problema, mas um deles. No fundo não temos um problema climático, mas um problema moral. Se vamos mudar nossos valores e nossa consciência a ponto de motivar as lideranças a promover mudanças reais e não meramente paliativas é uma pergunta sem resposta. No entanto, para alguns é muito grave viver essa dúvida, porque tudo aquilo que consideramos grátis pela natureza – água, energia, clima e comida – está ameaçado, terrivelmente ameaçado e não pode mais ser considerado uma bênção. Se todos os animais e plantas desaparecessem da Terra, a água sumiria junto. Não há uma só variável no modelo dos economistas que contabilize a contribuição inigualável e irreproduzível da água, dos 20 serviços ecológicos que mantém toda a vida e nem dos recursos naturais tangíveis, como ferro e petróleo, onde nos modelos por uma série de mágicas estatísticas são considerados nos livros consagrados de macroeconomia totalmente irrelevantes para explicar o processo econômico. Os recursos naturais tangíveis (os únicos analisados pela teoria tradicional) são vistos como irrelevantes porque representam pouco do custo da produção. Desde quando a importância de algum item pode ser diretamente proporcional a seu custo? Temos que nos conformar que para alguns itens não é possível atribuir valor algum – e nem necessário. Essa idéia estapafúrdia deveria ser testada na prática e pedir que os Estados Unidos parem imediatamente de importar 75% do petróleo que consomem. Se afinal é irrelevante para o processo, porque correr tão esganiçadamente atrás desse recurso, que ainda por cima, causa o efeito estufa da Terra? Os economistas continuam acreditando que a Terra é um subsistema da economia e que não há limites para o crescimento. Com isso não temos ainda uma mudança de paradigma e de discurso e o blablablá de sustentabilidade só faz lembrar um velho ditado francês: quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam as mesmas. O Banco Mundial declara que a causa do problema ambiental é a pobreza e que é possível sim manter o crescimento econômico e ao mesmo tempo eliminar a pobreza e salvar o planeta. Não é o planeta que está ameaçado e sim nós. Essa ideologia nega, portanto, todas as descobertas científicas do maior e único consenso científico internacional atual. Essa comunidade já assinou vários alertas para a humanidade, mais de 1700 cientistas, mais de 100 prêmios Nobel. Ninguém fala do desperdício de tudo, da energia por exemplo, a busca de mais fontes de energia é desnecessária, já que desperdiçamos metade. E por aí vai Não dá mais para continuar assim. O renomado paleontólogo norte-americano Stephen Jay Gould teve uma pequena disputa com economistas norte-americanos, que sem sua autorização dispararam a seguinte convicção: “De acordo com Gould, toda vida na Terra está fadada à extinção, por isso se o sistema econômico causar alguma extinção, estamos prestando um favor à natureza.” Gould entrou no debate avisando que nunca tinha participado de algo tão estúpido, dizendo: “É verdade, toda vida na Terra está fadada à extinção, só 1% de toda vida que surgiu nesse planeta existe hoje. Mas isso ocorre em eras geológicas, de milhões de anos, e não em décadas e nem causada por uma única espécie. Milhões ou bilhões de anos é uma régua temporal que nosso cérebro que só vive décadas não é capaz de entender. É muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá voltar contra os causadores.” Ingenuidade brutal, porque comemos, vivemos e respiramos graças aos ecossistemas e aos seres vivos e não graças à nossa tecnologia, que é um mero adereço. Einstein escreveu que se as abelhas sumissem, os animais sumiriam e os homens tambem, em quatro anos. As abelhas estão sumindo. No longo prazo todos estaremos mortos, mas como espécie animal seríamos praticamente imortais. Ao que tudo indica, não mais. Hugo Penteado

A crise do contraditório: escassez e abundância de fertilizantes no Brasil

Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, mas participa com apenas 2% da produção mundial, configurando-se, portanto, como um grande importador de insumos agrícolas. Em 2007, as importações de fertilizantes de formulação NPK representaram 74% do suprimento de fertilizantes consumidos. Dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos mostram que foram consumidas 2,8 milhões de toneladas de Nitrogênio (75% importado), 3,7 milhões de toneladas de Fósforo (51% importado) e 4,2 milhões de toneladas de Potássio (91% importado). A Rússia é a principal origem das importações de nitrogênio e fósforo. No caso do potássio, o principal fornecedor são os Estados Unidos. Esses dados, por si só, revelam o quão dependente o “celeiro alimentar” do mundo está do mercado internacional. Outro dado que chama a atenção nesse cenário de dependência, porém de ordem nacional, refere-se ao fato de que as principais produtoras de matérias primas que compõem as formulações NPK estão em poder de apenas quatro grandes grupos privados, os quais detêm cerca de 80% do mercado. Tal concentração pode, sem qualquer dúvida, ser entendida como um oligopólio no mercado de fertilizantes. A partir desses dados, pode-se concluir que tanto a origem das matérias-primas que compõem os fertilizantes no Brasil, quanto a atividade das misturadoras das formulações sinalizam para um grande domínio de poucos atores (em nível internacional e nacional). Em decorrência dessa realidade, dois questionamentos são relevantes: 1) até que ponto os interesses concernentes à soberania de produção agrícola no Brasil estarão assegurados nesse cenário? 2) seria a importação e a dependência da compra dos insumos de poucos países e de grupos privados o único caminho possível para garantir a oferta de fertilizantes e os atuais níveis de produtividade agrícola obtidos no país? Não é a resposta para ambas as questões. O Brasil é grande em geodiversidade. Dito de outra forma, a ocorrência de rochas ricas em potássio, fósforo, cálcio, magnésio e vários micronutrientes pode assegurar o atendimento das necessidades de fertilização dos solos, para manter a produção agrícola brasileira em níveis que garantam a soberania alimentar do país, e, ainda, possibilitar exportação de parte da produção nacional. O desenvolvimento de pesquisas científicas e empíricas conduzidas no Brasil e em alguns países africanos mostra que a utilização do pó de determinados tipos de rochas fornece uma ampla gama de macro e micronutrientes, que atende as necessidades nutricionais de várias culturas agrícolas. A utilização de pós de rochas (ou farinhas de rochas) para rejuvenescer ou remineralizar solos empobrecidos ou degradados pelo uso intenso ou inadequado é o principal pressuposto de uma tecnologia denominada “rochagem”. Essa técnica ou prática de fertilização pode também ser entendida como uma espécie de “banco de nutrientes” de baixa dissolução, do qual as plantas se apropriam na medida da necessidade do seu desenvolvimento. Pode-se dizer, portanto, que este insumo (disponível em quase todo território brasileiro) configura-se como um fertilizante inteligente, pois fornece somente a quantidade de nutrientes que as plantas necessitam. Não há o risco de contaminação do solo e dos corpos hídricos pelo excesso de oferta, tal como vem ocorrendo com as formulações NPK, onde o potássio não consumido pelas plantas acaba sendo lixiviado para os rios. O fósforo tem um destino ainda pior, pois fica retido nas argilas ricas em alumínio e ferro, tão comuns nos solos tropicais. Além disso, o oferecimento de uma ampla gama de micronutrientes (quase a tabela periódica inteira) muda o fato de que os alimentos consumidos não ficam restritos a cerca de dez elementos químicos (conforme ocorre com a adubação convencional). Muitas pessoas, especialmente os ambientalistas, podem argumentar que fortalecimento da atividade mineral trará enormes impactos ambientais para o país. No entanto, é importante lembrar que o Brasil já é um país com uma enorme quantidade de minerações e pedreiras distribuídas em várias regiões, onde se explora os mais diversos tipos de minérios. No processo de exploração mineral são geradas enormes quantidades de subprodutos (ou produtos secundários) que são descartados porque se considera que esses materiais não possuem uso mais nobre. Tais materiais, na maioria dos casos, já se encontram moídos, o que facilita a sua aplicação nos solos. Além disso, encontrar uma destinação mais apropriada para estes materiais pode ser o caminho de ligação entre dois setores estratégicos para o desenvolvimento de qualquer nação. A mineração e agricultura garantem grande parte do PIB de países como o Brasil. Esses subprodutos, considerados um problema para a atividade mineral, podem se converter na solução para o setor agrícola. Um único procedimento precisa ser adotado: é fundamental conhecer o processo de beneficiamento dos minérios para que não ocorra risco de contaminação por substâncias perigosas. Essa proposta não pode ser entendida como uma apologia ao uso de materiais menos nobres. Ao contrário, a utilização de pós de determinados tipos de rochas poderá se converter na grande saída para a agricultura brasileira, uma vez que os estudos e experimentos têm recorrentemente confirmado que pós de rochas, especialmente das mais jovens e menos intemperizadas, atendem às demandas nutricionais das plantas. Além disso, constatou-se que, comparativamente, o uso de rocha moída apresenta outras vantagens: 1) produtividades no mínimo semelhantes, mas frequentemente superiores, àquelas obtidas com os insumos químicos; 2) maior enraizamento das plantas; 3) maiores teores de umidade nos solos, em função da presença de argilas expansivas presentes nas rochas; 4) redução dos custos de produção, uma vez que, em média, tais materiais representam somente 20% dos valores necessários para a aquisição de fertilizantes químicos; e 5) maior quantidade de massa verde. Com todos esses benefícios e ganhos, porque então o uso da rochagem não é difundido no mundo e nos países dependentes de importação das matérias primas utilizadas nas formulações dos fertilizantes químicos? Pode-se dizer que existem cinco principais limitações para tornar essa técnica a solução para a crise dos fertilizantes. São elas: 1) falta de política de incentivo ao uso de materiais alternativos dirigida a agricultores que desejem mudar a forma de produção, tornando-a mais ecológica; 2) inexistência de linhas de crédito com a finalidade específica de aquisição de pó de rocha; 3) a normatização e a regulamentação da venda dos pós de rocha ainda impõem restrições a sua comercialização, uma vez que tais materiais não podem ser caracterizados como condicionadores ou melhoradores de solo, o que leva a uma competição desigual com outros produtos, descaracterizando, assim, suas potencialidades; 4) o custo do transporte do material pode inibir o uso em função do preço dos combustíveis e das distâncias; e 5) preconceito dos técnicos e agricultores que desconhecem ou não acreditam nos efeitos e nos resultados dessa prática que, além de ser extremamente fácil de manejar, é econômica e ambientalmente vantajosa, além de ser adequada às necessidades e às particularidades da agricultura tropical, em especial do grupo formado pela a agricultura familiar. A escolha está disponível. Resta saber qual a opção o Brasil tomará frente à crise e à escassez de matérias primas: se a dependência de um mercado internacional instável e com poucas empresas controlando o mercado nacional ou um caminho mais sustentável do ponto de vista ambiental, econômico e produtivo. A “rochagem” fundamenta-se na busca do equilíbrio da fertilidade, na conservação dos recursos naturais e na produtividade naturalmente sustentável. Suzi Huff Theodoro é pesquisadora adjunta sênior da UnB e PhD em gestão ambiental e desenvolvimento sustentável. Da UnB Agência e publicado pelo EcoDebate,

Crise alimentar: ‘O problema é de acesso à comida’.

Um em cada seis habitantes do planeta passa fome, diz FAO * "A inflação do preço da comida e a crise econômica afetaram a habilidade da população mais carente de comprar alimentos" *


O norte-americano David Dawe, Ph.D. em Economia pela Universidade de Harvard e coordenador técnico do relatório A situação da insegurança alimentar no mundo, a fome aumenta em todos os continentes e expõe um problema de ordem estrutural. Em entrevista ao Correio Braziliense, por e-mail, o economista da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) elogiou a atuação do Brasil no combate à desnutrição, mas alertou para a política de estímulo de biocombustíveis.


Quais as conclusões mais alarmantes do documento e em que regiões do mundo a fome aumentou no último ano? Há duas conclusões alarmantes do relatório. Em primeiro lugar, o número de pessoas famintas no mundo ultrapassou o 1 bilhão, graças à crise econômica e à crise do preço dos alimentos. Esse é o maior número de famintos desde 1970, o primeiro ano para o qual a FAO tem registros históricos.


Em segundo lugar, mesmo antes da crise, havia mais de 850 milhões de pessoas subnutridas, o que sugere um problema mais estrutural com o sistema alimentar mundial. A fome tem aumentado em todos os locais do mundo. Ambas as crises não pouparam nenhuma região. Mas que impactos a crise financeira global teve sobre a disponibilidade de alimentos? A crise financeira global não teve muito efeito na disponibilidade ou escassez de comida ao redor do mundo.


Pelo contrário, a longo prazo existe uma tendência de alta da produção alimentar. No entanto, a inflação do preço da comida e a crise econômica afetaram a habilidade da população mais carente de comprar o alimento de que ela precisa. A fome crescente é um problema de acesso à comida, e não de disponibilidade de alimentos. Como o senhor vê a relação entre a integração das nações e a fome? A globalização dificultou o acesso à comida? O mundo é hoje mais globalizado e integrado do que era na década de 1970.


E isso tem aumentado a transmissão de choques dos países desenvolvidos. Mas, nos anos recentes, a globalização tem ajudado a diminuir a fome, ao fornecer comida mais barata e, além disso, oportunidades de renda para muitas pessoas carentes. O Brasil tem feito progressos na luta contra a fome? O Brasil tem caminhado a passos largos no combate a fome, incluindo seu trabalho pioneiro na operacionalização do direito à comida. Nesse relatório, temos duas partes especiais sobre o Brasil — uma sobre o direito ao alimento e outra sobre a resposta à crise econômica. O país reduziu a percentagem de desnutridos de 10% entre 1995 e 1997 para 6% entre 2004 e 2006 e tem feito progresso definido em direção à primeira Meta de Desenvolvimento do Milênio. A taxa de 6% de subnutridos é também bem baixa — a menor da América do Sul.


O número de desnutridos caiu de 15,6 milhões para 11,9 milhões. Biocombustíveis, como o etanol brasileiro, não estimulariam a economia e ajudariam na produção alimentícia? Os biocombustíveis têm o potencial de melhorar a renda dos fazendeiros, mas existe também a possibilidade de eles aumentarem os preços dos alimentos e tornarem mais difícil que os pobres obtenham comida. É importante que eles não façam com que os mais pobres percam o direito à terra. (RC) * Entrevista publicada no Correio Braziliense.

Fome já devasta a dignidade e a saúde de 15% da população mundial


Infográfico do Correio Braziliense. Para acessar o inforgráfico no seu tamanho original clique aqui.

Relatório das Nações Unidas confirma que número de famintos passa de 1 bilhão e alerta para o risco de as Metas do Milênio não serem cumpridas. População pobre é a que mais sofre

Crise agrava a fome: A fome já devasta a dignidade e a saúde de 1,02 bilhão de pessoas (15% da população mundial) e é uma realidade para 6,3% dos brasileiros (11,9 milhões). Na Ásia, no Pacífico e na África, 913 milhões de habitantes não têm o que comer. O estudante Boroldoi Myagmar, 23 anos, mora em Ulan Bator, capital da Mongólia — país asiático com maior proporção de famintos (29%) depois da Coreia do Norte (32%). Em entrevista ao Correio, pela internet, ele contou que boa parte dos mongóis não têm acesso a alimentos. “Nos últimos anos, o preço da gasolina dobrou e isso afetou tanto a economia que tornou as pessoas mais pobres. Ainda que a carne seja barata, para muitos é impossível comprá-la”, afirmou. Reportagem de Rodrigo Craveiro, do Correio Braziliense.

No Quênia, James Wariero, 31, considera a situação “bastante ruim”. “Os preços dos alimentos aumentaram e a estiagem assola o país. A comida básica por aqui é a farinha de milho, que dobrou de valor em um ano e meio. Um pacote de 2kg custava pouco mais de meio dólar, hoje vale mais de um”, comentou o farmacêutico que vive em Kisumu, no oeste, às margens do Lago Vitória, com a mulher e o filho de 3 anos. Para piorar, as comunidades pastoris perderam boa parte do seu gado, por causa da falta de pasto. Resultado: três em cada 10 quenianos são famintos.

Os depoimentos de Boroldoi e de James ilustram as recentes constatações da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, pela sigla em inglês). De acordo com o relatório A situação da insegurança alimentar no mundo, divulgado na véspera do Dia Mundial do Alimento, a crise financeira global mergulhou os países pobres numa crise sem precedentes. No fim do ano passado, os preços dos alimentos básicos ficaram 17% mais altos do que em 2006. “Nenhuma nação está imune e, como de costume, são os países mais pobres e as pessoas mais miseráveis que estão sofrendo mais”, alerta o documento. O texto também revela que 2009 foi um ano particularmente devastador, graças à recessão. Segundo a FAO, ao menos que a tendência seja revertida, o objetivo de reduzir pela metade o número de famintos, até 2015, não será alcançado.

Nos períodos 1995-1997 e 2004-2006, a fome só não se agravou na América Latina e no Caribe — mas essas regiões não escaparam do impacto da crise financeira, nos últimos meses. O aumento no número de pessoas de com fome durante ambos os períodos de preços baixos e prosperidade econômica e de inflação e recessão escancarou a fragilidade do sistema de governança de segurança alimentar global. “Os líderes mundiais têm reagido de modo enérgico contra a crise econômica e financeira, e conseguiram mobilizar bilhões de dólares em um curto prazo. A mesma ação forte é necessária agora para combater a fome e a pobreza”, declarou Jacques Diouf, diretor-geral da FAO.

Ainda segundo o estudo, a recessão afetou grandes regiões simultaneamente, interferindo na desvalorização da moeda e dificultando empréstimos. “Ao enfrentarem as altas dos preços de alimentos e a redução da renda e do emprego, e tendo vendido os bens, reduzido o consumo de comida e cortado gastos essenciais em saúde e educação, as famílias mais pobres se arriscam em cair na miséria profunda e na armadilha da fome”, alerta o relatório.

Em alguns países, como a Indonésia, desastres naturais só agravaram a fome. “Entre as cidades de Padang e Pariaman, há várias pequenas vilas. Antes do terremoto de 30 de setembro, seus habitantes já tinham condições de vida ruins. Agora, sofrem sem a ajuda e nenhum tipo de alimentos tem chegado até eles”, contou ao Correio Difiani Apriyanti, 28, professora da Universidade Estadual Politécnica de Padang, na Ilha de Sumatra.

EcoDebate.

Fome é causada pela má distribuição e não pela falta de alimentos

Se em 2008 o número de vítimas da fome no mundo havia sido reduzido para menos de 1 bilhão, já em junho de 2009 essa marca foi ultrapassada. Neste ano, o número de famintos aumentou em 150 milhões. Muitas das soluções encontradas em certos países em desenvolvimento não dão mais conta do crescimento populacional. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) já tinha reconhecido há 20 anos que “o problema não é tanto a falta de alimentos, mas a falta de vontade política”. Como a pobreza é o principal causador da fome, esta diminui em países que empreendem políticas capazes de gerar empregos e renda. Em contrapartida, onde há ditaduras e despotismo, há fome e morte por inanição. Além disso, nos últimos anos, houve logo três crises que fizeram aumentar o número de famintos no chamado Terceiro Mundo. De 2007 a 2008, os custos extremamente altos de alimentos provocaram um aumento da fome. Mal os preços haviam baixado novamente, tais países foram atingidos pela crise financeira e pela recessão global, que provocou um colapso das exportações. A isso, somam-se as secas e más colheitas causadas pela mudança climática. Desenvolvimento era sinônimo de industrialização No entanto, há suficiente alimento no mundo para o sustento diário de todos os habitantes do planeta, afirma Benedikt Haerlin, da fundação Zukunftsstiftung Landwirtschaft, que apoia projetos ecológicos e sociais no setor agrícola. “Hoje produzimos alimentos demais. Muito mais do que seria necessário para alimentar a população atual, sendo que ainda nem estamos perto de esgotar o potencial da alimentação direta. E, para pequenos produtores rurais, dobrar a produção custa pouco”, argumenta Haerlin, que participou da elaboração do Relatório Internacional sobre Ciência e Tecnologia Agrícolas para o Desenvolvimento (IAASTD, na sigla em inglês) de 2008. O desenvolvimento rural e agrário esteve por muito tempo fora de moda. Desenvolvimento era sinônimo principalmente de industrialização, exportação e urbanização. Hoje, mais da metade da população mundial vive em cidades – e, aos poucos, percebe-se que todos precisam comer e que nas cidades nada se planta. Isso se reflete também na ajuda ao desenvolvimento. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) passaram a conceder empréstimos para o desenvolvimento agrário. Problema não é a quantidade “Se temos 1 bilhão de pessoas que passam fome por não ter dinheiro para comprar comida e outro bilhão de clinicamente obesos, alguma coisa está obviamente errada”, alerta Janice Jiggings, do Instituto Internacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento em Londres. “O sistema agrário saiu do controle e, no futuro, não estaremos mais em condições de nos alimentar de forma pacífica e civilizada. Precisamos mudar todo o sistema. O consumidor já nota isso e, aos poucos, os políticos também.” Utilizar adubo artificial em solo ressecado a fim de duplicar a produção agrária não é a solução. Atualmente, a agricultura já é uma das atividades que mais prejudicam o meio ambiente, não apenas sob o aspecto do desmatamento em favor de plantações e monoculturas, mas também porque a agricultura industrial contribui consideravelmente para a emissão de gases-estufa na atmosfera. “A ideia de que somos cada vez mais numerosos e por isso precisamos produzir mais é equivocada. Precisamos é produzir melhor. Menos da metade dos grãos hoje em dia é destinada à alimentação, enquanto a maior parte serve para fabricar rações animais, biocombustíveis e outros produtos industriais.”, explica Haerlin. “Aí fica claro que o problema não é se somos ou não materialmente capazes de produzir mais, e sim se há comida suficiente lá onde é necessária.” Menos desperdício Já hoje existe mais comida que o necessário, garante o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner. E sem cultivar um quilômetro quadrado que seja a mais, seria possível alimentar toda a população do planeta. “Ao mesmo tempo em que temos uma crise de alimentos, jogamos fora 30% a 40% dos alimentos produzidos. Ao invés de nos perguntarmos onde podemos encontrar mais terra para cultivar ou se será preciso plantar na Lua, deveríamos olhar para o nosso quintal. Temos que encontrar estímulos financeiros para evitar que se jogue comida fora”, conclui. Autor: H. Jeppesen / K. Zawadzky / R Abdelmalack Revisão: Augusto Valente

Anvisa alerta para perigo de contaminação cruzada em alimentos


Muita gente não sabe, mas o simples ato de cortar um frango cru e utilizar a mesma faca, sem lavar, para fatiar uma carne assada pode ser um risco a saúde.


É que carnes cruas e vegetais não lavados apresentam uma série de microrganismos causadores de doenças, que eventualmente são transferidos aos alimentos prontos. “Esse tipo de contaminação cruzada pode acontecer por meio da transferência de microrganismos de um alimento ou superfície para meio de utensílios, equipamentos ou do próprio manipulador”, afirma Maria Cecília Brito, diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).


Por isso, a Organização Mundial da Saúde recomenda que os alimentos crus fiquem separados dos cozidos. Para garantir a segurança de consumo, o processo de cozimento ou lavagem dos alimentos crus também não pode ser esquecido. Dados do Ministério da Saúde indicam que alimentos crus, como ovos e carnes vermelhas, são responsáveis, em média, por 34,5% dos surtos de doenças transmitidas por alimentos que ocorrem no Brasil.


Um cozimento adequado consegue matar quase todos os micróbios perigosos. “Estudos demonstram que cozinhar os alimentos a uma temperatura acima de 70° C garante um consumo mais seguro, assim é preciso cozinhar muito bem os alimentos antes do consumo” complementa Maria Cecília. Para minimizar os riscos associados ao consumo de ovos crus, a Anvisa obrigou, este ano, a declaração na rotulagem de ovos das seguintes informações: “O consumo deste alimento cru ou mal cozido pode causar danos à saúde” e “Manter os ovos preferencialmente refrigerados”. Na rotulagem de carnes de aves e miúdos de aves há declarações obrigatórias semelhantes.


Como evitar contaminação cruzada


- Separe carnes e peixes crus de outros alimentos.


- Utilize diferentes equipamentos e utensílios, como facas ou tábuas de corte para alimentos crus e para alimentos cozidos.


- Guarde os alimentos em embalagens ou recipientes fechados, para que não haja contato entre alimentos crus e cozidos.


- Lavar bem os utensílios e as mãos depois de manipular alimentos crus


- Guardar na geladeira os alimentos preparados no fogão, mesmo que ainda estejam quentes


* Informe da Anvisa, publicado pelo EcoDebate, 16/10/2009

Governo precisa encontrar um local para depositar lixo radioativo de Angra


As piscinas que resfriam o combustível só suportam mais material até 2021. Cronograma para a construção de depósitos não deve ser cumprido. Procuram-se, em algum canto brasileiro, cidades interessadas em receber definitivamente — por séculos a fio — 578,6 toneladas de combustível altamente radioativo, usado pelas usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 para gerar energia. A busca inclui municípios dispostos a acolher também 7,4 mil tambores abarrotados de papéis, vestimentas, filtros e resinas contaminados por índices baixos e médios de radioatividade. O tempo é curto para as candidatas se manifestarem e serem selecionadas. As piscinas que resfriam o combustível usado em Angra 1 e 2 suportam mais material radioativo somente até 2021. No galpão da mais antiga usina nuclear brasileira, Angra 1, só resta 16,7% de espaço. O lixo atômico terá de ir para algum lugar. Só não se sabe, até agora, para onde. Reportagem de Vinicius Sassine, no Correio Braziliense.


O funcionamento dos dois reatores nucleares, que contribuem com 1,9% da energia gerada no país, causou, ao longo das últimas três décadas, um problema incômodo, que desafia as autoridades responsáveis pela energia nuclear no Brasil. Os rejeitos radioativos estão abrigados no espaço físico de Angra 1 e Angra 2 desde o início das atividades das usinas. Os primeiros 59 tambores com lixo atômico de Angra 1 foram gerados em 1982. Angra 2 produziu 38 tonéis em 2002 e não parou mais. Mas a principal preocupação é com o combustível usado e descartado dos reatores direto às piscinas de resfriamento. À base de urânio enriquecido, o material tem alto nível de radioatividade e longo tempo de duração. Esses restos devem ficar pelo menos 10 anos nos tanques. Em Angra 1, estão depositados há quase 30 anos. Tanto os resíduos de baixa e média atividade quanto o combustível precisam deixar o complexo de Angra dos Reis (RJ). A comissão responsável pelo programa nuclear brasileiro definiu um cronograma para a construção dos depósitos definitivos e o apresentou ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008.


O cronograma trazia datas para a construção dos depósitos. O espaço para os rejeitos de baixa e média atividade deveria começar a ser edificado em 2014. Já as obras do depósito de combustível usado deveriam ter início em 2019. A cidade que vai acolher esse material, conforme o cronograma, precisaria ser selecionada três anos antes. Prorrogação A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), responsável pela destinação final dos rejeitos, admitiu ao Correio que o cronograma não será cumprido. Será necessário prorrogar prazos, o que deve gerar um impasse. Mesmo se o cronograma previsto fosse cumprido, a Eletrobras Eletronuclear — a quem cabe administrar as usinas — ficaria cinco anos sem ter como depositar o combustível usado, caso os reatores continuem a funcionar. “Se os depósitos não forem construídos, será necessário parar as usinas”, afirma o coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear, José Manuel Diaz. As piscinas de Angra 1 e 2 têm capacidade para abrigar combustível usado até 2021. O depósito definitivo, pelo cronograma original, deveria começar a receber o rejeito em 2026. “O problema no mundo inteiro é o combustível usado. A gente nem pensou ainda nas cidades (que vão abrigar os rejeitos).


É necessário primeiro achar um sítio geológico adequado”, diz o presidente da Cnen, Odair Gonçalves. “O sítio das usinas não vai ser descomissionado (quando ocorre a desativação) nos próximos 50 anos. Temos tempo para isso.” Diante da indefinição sobre um depósito definitivo, a Eletronuclear planeja construir uma terceira piscina de resfriamento em Angra. Uma possibilidade para reduzir o volume de rejeitos é a incineração. Não há qualquer previsão oficial de reciclar o combustível — que ainda guarda 40% de energia —, a exemplo do que fazem Japão e países da Europa. Compensações Três municípios já se dispuseram a receber os rejeitos de baixa e média atividade, em troca de royalties e outras compensações financeiras, mas a Cnen não diz quais são as cidades, nem as regiões.


Quando um dos depósitos de Angra 1 esteve próximo de ficar lotado, com 94% de ocupação, a Eletronuclear precisou fazer uma supercompactação dos resíduos para obter mais espaço para o lixo. No caso do combustível usado, não faltará espaço, afirma José Manuel Diaz, da Eletronuclear. “Está tudo dentro das normas e convenções internacionais.” O problema principal é a piscina de resfriamento de Angra 2. Funcionando há menos de 10 anos, já teve 35% do espaço ocupado. A dificuldade na destinação dos rejeitos é um dos aspectos que será verificado in loco por uma comissão de senadores. A visita a Angra dos Reis está prevista para quarta-feira. EcoDebate, 28/03/2011

Eletricidade nuclear e as tarifas


Os impactos do desastre nuclear na central de Fukushima, no Japão, devem ter efeito imediato nos preços das centrais projetadas no mundo e no Brasil. A exigência de sistemas de segurança mais eficientes e uma alta no preço dos seguros tendem a encarecer ainda mais a eletricidade nuclear. Os custos de uma usina nuclear crescem proporcionalmente com o nível de confiabilidade e segurança exigidos.


Quanto menores forem os investimentos na confiabilidade e segurança do suprimento energético, maior será a exposição aos riscos das catástrofes naturais, das falhas humanas e das falhas mecânicas e elétricas que podem ocorrer na instalação. Após este acidente no Japão, especialistas confirmam a necessidade de novos esforços tecnológicos para aumentar a segurança das instalações.


No Brasil, verifica-se que as condições de financiamento de Angra 3 são controversas, já que a Eletronuclear assumiu uma taxa de retorno para o investimento entre 8% e 10% – muito abaixo das praticadas pelo mercado, que variam de 12% a 18%. Somente uma taxa de retorno tão baixa pode viabilizar a tarifa projetada de R$ 138,14/MWh anunciada pelo governo federal para essa usina. A operação a baixas taxas de juros revela o subsídio estatal à construção de Angra 3. Os subsídios governamentais ocultos no projeto dessa usina nuclear são perversos, porque serão disfarçados nas contas de luz. Se isso se verificar quem vai pagar a conta seremos nós os usuários, que já pagamos uma das mais altas tarifas de energia elétrica do mundo.


Ainda no caso de Angra 3, a estimativa de custos da obra, que era de R$ 7,2 bilhões em 2008, pulou para R$ 10,4 bilhões até o final de 2010, de acordo com a Eletronuclear. Isso sem contar os R$ 1,5 bilhão já empregado na construção e os US$ 20 milhões gastos anualmente para a manutenção dos equipamentos adquiridos há mais de 20 anos. Desde 2008, o custo de instalação por kW desta usina subiu 44%, de R$ 5.330/kW para R$ 7.700/kW. A título de comparação, a energia da hidrelétrica de Santo Antônio, foi negociada a uma tarifa de R$ 79/MWh, a hidrelétrica de Jirau, o preço foi de R$ 91/MWh (ambas no Rio Madeira), a hidrelétrica de Belo Monte (Rio Xingu), o preço foi de R$ 78,00/MWh, e o resultado do primeiro leilão de energia eólica no Brasil deixaram o MWh em torno de R$ 148. Bem mais reduzido que o apontado pela Empresa de Planejamento Energético (EPE), que usou um preço mais alto da energia eólica para justificar a suposta viabilidade econômica da opção nuclear.


O custo das usinas nucleares que se pretende construir até 2030, duas no Nordeste e duas no Sudeste é enorme, da ordem de R$ 10 bilhões cada uma. Valor este que poderá ser acrescido de 20 a 40% até o final da obra, como tem se verificado comumente, no caso de grandes obras em realização/realizadas no Brasil. As tarifas previstas para a eletricidade nuclear gerada nestas novas instalações são incertas, de cálculos não transparentes, mas que certamente afetará de maneira crescente a tarifa da energia elétrica no país. A história do nuclear mostra que esta sempre foi e continua a ser, mesmo com a nova geração de reatores, uma indústria altamente dependente de subsídios públicos. Isto significa que quem vai pagar a conta da imensa irresponsabilidade de se implantar estas usinas em nosso país e na nossa região, será a população de maneira geral, e em particular os consumidores, que pagarão tarifas cada vez mais caras. Heitor Scalambrini Costa (hscosta@ufpe.br) é Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco EcoDebate, 28/03/2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade - Mario Cortella fala, não violência e paz

II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade - Mario Cortella fala na mesa Democracia, nãoviolência e paz Na semana que finda tive o grande privilégio de participar, junto com alguns de meus alunos do curso de PP da Unimep, do II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade. Privilégio porque pude ouvir, de diversas personalidades da intelectualidade brasileira, algo que a muito tenho falado no meu pequeno mas mui valoroso círculo de bons e fiéis amigos: a necessidade do ser humano rever seus conceitos e restaurar os valores e o estilo de vida, a tanto deturpados em todas as esferas da sociedade, inclusive na igreja e suas instituições. Veja o Vídeo. http://www.videolog.tv/video.php?id=435760

Primeiro dia do Fórum Internacional de Sustentabilidade


O Amazonas é sede do Fórum Internacional de Sustentabilidade nos dias 26 e 27 de Março. No primeiro dia, o evento, que ocorreu no Hotel Tropical, teve programação desde a manhã até a noite, com palestras, debates e refeições. Contou a participação de mais de 90 jornalistas e 550 convidados entre famosos, autoridades e empresários.

Nesta manhã, a abertura contou com a participação do Governador Eduardo Braga e João Doria Jr, Presidente do LIDE (Grupo de Líderes Empresariais). Em seguida ocorreu a primeira palestra, com Thomas Lovejoy, diretor do The H. John Heinz III Center For Science. Ele abordou a importância da Amazônia no contexto das mudanças climáticas globais.

O primeiro debate do dia foi apresentado por Ana Paula Padrão, jornalista, e compunham a mesa nomes como Mark London, escritor e jornalista; Adalberto Luis Val, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Nadia Ferreira, secretária de Estado do Meio Ambiente do Amazonas e Roberto Cavalcante, presidente da Conservation International Brasil, além de Thomas Lovejoy. As perguntas vindas da platéia levantaram questões pertinentes para o discussão como a sustentabilidade econômica versus a ambiental. Segundo o governador do Amazonas, a Zona Franca é um exemplo que as duas podem coexistir, pois gera empregos e ajuda na economia sem precisar destruir o meio-ambiente.

A segunda parte do dia foi dedicada ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ganhador do Prêmio Nobel da paz, Al Gore. Ele palestrou sobre o grande valor que tem a Amazônia em relação aos outros países. “A voz do Brasil tem poder e influência no resto do mundo nas questões ambientais”, disse Al Gore. Ressaltou que é aqui que se encontram as respostas para muitos males como o câncer, inclusive. Falou ainda sobre a grande quantidade de gás carbônico presente nessa parte do mundo, até mesmo no subsolo. Abordou também a importância de se manter o equilíbrio no ecossistema, dizendo que somos responsáveis pela sobrevivência das gerações futuras.

Ao final da palestra, o ganhador do prêmio Nobel respondeu algumas perguntas. Uma delas feita por um internauta de Curitiba, Paraná, se referia à valorização exagerada da Amazônia, ao que Al Gore respondeu prontamente estar equivocada. Segundo ele, esse ecossistema é até mesmo pouco apreciado, já que uma a cada dez espécies do mundo vivem na Amazônia. Para concluir as perguntas, Al Gore foi indagado a respeito da seqüência de Avatar, filme do cineasta presente James Cameron. O ex-vice-presidente brincou dizendo que qualquer lugar seria bom para as filmagens do próximo filme de Cameron, já que ele teria se emocionado como nunca no primeiro. Por fim, o palestrante foi homenageado com uma estátua de madeira entregue pelas mãos de Eduardo Braga e confeccionada por Bia Doria, além de uma bandeira do Brasil.

O dia encerrou com o debate a respeito da responsabilidade das empresas na criação de uma economia sustentável na Amazônia entre 16 empresários além do governador do Estado. Nomes como Marco Simões, representante da Coca-cola; Cristina Calderaro, presidente do jornal A Crítica; Ivan Zurita, presidente da Nestlé Brasil e Rubens Prata, diretor-geral do O Estado de S. Paulo abordaram temas como a função dos meios de comunicação para a sustentabilidade. Segundo Rubens Prata, deve-se transformar a sustentabilidade em uma bandeira, fazer disso um pacto.

Thamires Clair, estudante de jornalismo da Ufam.

Cameron defende "atitude de guerra" contra danos ambientais


James Cameron faz palestra no Fórum Internacional de Sustentabilidade
Foto: Gustavo Scatena/Especial para Terra

Cláudia Andrade

O cineasta James Cameron, diretor do filme Avatar, disse neste sábado que é preciso ter uma "mentalidade de guerra" na luta contra os danos causados ao meio ambiente. Em conversa com os jornalistas, após fazer uma palestra para líderes empresariais no Fórum Internacional de Sustentabilidade, em Manaus, o canadense também criticou as empresas que tentam desacreditar os alertas da comunidade científica.

"Temos de ter uma mentalidade de guerra, mas não uma guerra contra um adversário humano, de uma nação contra outra, e sim uma guerra da civilização humana contra o caos que vamos enfrentar se não agirmos", disse.

Ao falar sobre como os líderes empresariais podem contribuir para a preservação ambiental, o cineasta disse que "é preciso mudar a maneira de fazer negócios" e passar a pensar "em longo prazo".

"A pergunta que todos devem se fazer é: o que estou fazendo? E se aquilo que eu me dediquei a fazer é algo bom (para o mundo). Não nos perguntamos muito isso, mas devíamos. Precisamos de líderes que se importem com isso e criem estratégias para trazer mudanças efetivas".

Cameron criticou quem vai contra o que os cientistas dizem sobre as mudanças no planeta. "Precisamos de líderes que não desperdicem centenas de milhares de dólares para ridicularizar a comunidade científica e destruir nossa fé nela. Ao invés de desperdiçar dinheiro e ignorar os alertas, por que não investir parte do lucro de seu negócio na preservação?".

O cineasta disse ainda que as mudanças começam a partir das atitudes individuais. "Os sistemas não mudam sozinhos; os indivíduos mudam o sistema. Mudanças em pequena escala geram mudanças em larga escala".

Al Gore critica Estados Unidos nas questões ambientais


Plateia do Fórum de Sustentabilidade conta com líderes empresariais e representantes da sociedade
Foto: Gustavo Scatena/Especial para Terra


O ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, disse na tarde desta sexta-feira, em Manaus, que a lei que limita a emissão de gases do efeito estufa pode ser aprovada ainda este ano pelo Senado norte-americano. A lei, que já foi aprovada na Câmara dos Deputados, está emperrada desde junho de 2009.

Apesar de ter a maioria do congresso, o partido do presidente Barak Obama enfrenta dificuldades regionais vindas do setor econômico. "Nos EUA, vence as eleições quem angaria mais fundos para ter maior espaço na televisão. E são as empresas que bancam as campanhas as que mais sofrerão impacto com essas mudanças", disse Al Gore durante a palestra que fez no Tropical Hotel de Manaus, durante o Fórum Internacional de Sustentabilidade.

Apesar da dificuldade, Gore se disse otimista. "Antes de vir pra cá, eu estava conversando com o líder da Câmara, um dos líderes do nosso congresso. E amanhã, eu estarei com o líder do Senado. E todos eles, incluindo o presidente Obama, expressaram a determinação de aprovar a lei".

A uma platéia estimada em 560 espectadores, entre eles 300 empresários, o ex-vice-presidente respondeu a perguntas diretas sobre a falta de uma postura mais contundente por parte do governo Obama.

"O que falta para o governo Obama assumir a liderança da questão ambiental mundial?", perguntou um internauta através do Terra. De maneira simpática e sem rodeios, Al Gore disse que "essa pergunta não é apenas boa e dura, mas necessária. Por aí eu percebo que era o elemento que deveria ter coberto melhor na minha palestra. É óbvio. Por que os EUA não agiram!".

Sobre a criação de um fundo mundial internacional, que poderia bancar as ações voltadas para a preservação da Amazônia, o norte-americano, Prêmio Nobel da Paz de 2007, foi convergente e auto-crítico. "No acordo político alcançado em Copenhague, isso não é mais controvertido. É um elemento chave do acordo ao qual o mundo está se dirigindo. E nos EUA, existem muitos lobistas que tentam influenciar positivamente essa questão, assim como existem grupos que fazem o mesmo em outras nações. Esse fundo seria uma solução central para este problema".

Fórum de Sustentabilidade chega ao fim e apresenta propostas

Empresários apresentam propostas e soluções para proteção ambiental
Foto: Gustavo Scatena/Especial para Terra


Arnoldo Santos - Direto de Manaus
Empresário, políticos, cientistas, índios e demais participantes do Fórum Internacional de Sustentabilidade assinaram, no início da noite deste sábado, a Carta do Amazonas, resultado de dois dias de palestras e debates que tentaram responder a uma pergunta básica: "como obter lucro mantendo a floresta em pé?".

"Hoje, a floresta Amazônica está sob ameaça de atividades predatórias que visam o lucro imediato, sem preocupação com o impacto que causam. Declaramos tal situação ser insustentável e intolerável, e nos comprometemos como cidadãos, líderes, homens e mulheres conscientes, a defender a integridade dos ecossistemas amazônicos", diz o documento distribuído aos participantes, impresso em papel reciclável.

Em termos de negócios, os primeiros resultados já podem ser vistos, e prometem uma acirrada disputa entre dois gigantes do comércio varejista. Os grupos Pão de Acúcar e Walmart anunciaram parcerias de compra de pescado produzido no Amazonas. "A gente já fez contatos com algumas cooperativas que fazem o trabalho aqui. Não posso falar de quando os produtos vão estar nas lojas, mas a idéia é termos em nossas gôndolas pirarucu e tambaqui da Amazônia nos próximos meses", disse o diretor de comunicação do grupo Walmart Brasil, Luiz Herisson.

O grupo Pão de Açúcar anunciou a compra de 4 toneladas de pirarucu da reserva extrativista de Mamirauá, situada em Tefé (AM). "É um primeiro passo, pois vamos comercializar o peixe principalmente nas lojas de São Paulo. Mas também é um grande passo, porque vamos voltar aqui pra desenvolver junto aos produtores, junto aos frigoríficos, não só o peixe, mas todos os produtos que são produzidos de maneira sustentável", disse Hugo Bethlem, vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar.

Os negócios anunciados passaram pela intermediação da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), criada pelo Governo do Amazonas de maneira mista com o Bradesco e a Coca-Cola. "Isso prova que vale mais a floresta em pé do que ela derrubada. O que nós começamos a mostrar anos atrás hoje é um consenso. Foi gratificante ver os líderes empresariais endossarem isso com convicção", comemorou Virgílio Viana, diretor executivo da FAS.

"Agora, é colocar em prática o que as empresas, as ONGs, a imprensa e os formadores de opinião se comprometeram a fazer aqui. Há uma consciência coletiva que empurra positivamente uma agenda de tarefas construtivas para coibir, criticar e denunciar aquelas ações que visam à destruição da floresta", finalizou o coordenador do evento, o empresário João Dória Jr.

Al Gore no Fórum Internacional de Sustentabilidade


Al Gore chega para sua palestra no Fórum Internacional de Sustentabilidade
Foto: Gustavo Scatena/Especial para Terra

ReduzirNormalAumentarImprimirCercado de grande expectativa e com um forte esquema de segurança, o ex-vice-presidente e Prêmio Nobel da Paz, Al Gore, acaba de chegar ao Hotel Tropical, em Manaus, onde está sendo realizado o Fórum de Sustentabilidade.

Al Gore é uma das vozes mais influente no mundo em matéria de alterações climáticas. É um assessor para os líderes no Congresso e chefes de estado em todo o mundo, pois oferece uma perspectiva única sobre assuntos nacionais e internacionais.

Co-fundador e presidente da Generation Investment Management, uma empresa que está focada em uma nova abordagem ao investimento sustentável, Al Gore é autor de "Uma Verdade Inconveniente", best-seller sobre a ameaça das mudanças climáticas e soluções para o aquecimento global. O filme de mesmo título foi premiado com dois Oscars, em 207: melhor Documentário e melhor Canção Original.

Seu livro mais recente, "A Nossa Escolha" consiste em um plano para resolver a crise climática e reúne em um só lugar as soluções mais eficazes para resolver este problema.

Ainda nesta sexta-feira, Al Gore fará palestra com o tema: "A importância da conservação da Amazônia para deter o aquecimento global e as mudanças climáticas".

Fórum Internacional de Sustentabilidade - Manaus 26 e 27 de Março de 2010


10 Principais temáticas, na visão da EcoConstruct Brazil, que envolveram os principais líderes empresariais no Fórum Internacional de Sustentabilidade ocorrido nos dias 26 e 27 de março em Manaus-AM:

1. Criação de Incentivos do governo para as empresas que preservam.
2. Destinação de Resíduos – Logística Reversa.
3. Desoneração para viabilizar a reciclagem. Reforma Tributária Verde.
4. Estabelecimento de um preço para a emissão de carbono.
5. Atuação em rede, ninguém, nenhuma empresa encontrará a solução sozinha.
6. Investimento em educação: Para preservar é preciso conhecer.
7. A floresta tem que valer mais em pé do que deitada. Eficiência econômica da floresta em pé.
8. Tripé da sustentabilidade: educação, comunicação e diálogo.
9. A sustentabilidade deve gerar benefícios ambientais, econômicos e sociais.
10. É preciso olhar a natureza como um negócio e geri-la como gerimos um negócio.

quarta-feira, 23 de março de 2011

II Fórum Internacional sobre Sustentabilidade, em Manaus

Vídeo no final da matéria

Bill Clinton, ex presidente dos Estados Unidos - Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia

Nos dias 24, 25 e 26 de março, o belíssimo Hotel Tropical de Manaus receberá o II Fórum Internacional sobre Sustentabilidade, onde empresários do estado de Manaus que compõe o Grupo de Líderes Empresariais – LIDE – e convidados irão discutir questões ambientais referentes à sustentabilidade empresarial. O tema será “Sustentabilidade Econômica, Ambiental e Social da Amazônia e do Planeta”.


O evento contará com a presença de importantes e reconhecidos empresários nacionais e internacionais, como: Bill Clinton, ex presidente dos Estados Unidos, Paul Hawken, ambientalista americano, Adam Webach ativista americano, Dan Epstein chefe de desenvolvimento sustentável e de regeneração nas Olimpíadas de 2012 em Londres, Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, Fábio Feldmann, Consultor e ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de SP, e Richard Branson, empresário que detém mais de 400 empresas e está entre os 300 homens mais ricos do mundo, além de jornalistas e outros convidados engajados no tema e não será aberto ao público.

O Fórum será aberto por Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente do Brasil; Omar Aziz, governador do Amazonas; Eduardo Braga, senador da República; Amazonino Mendes, prefeito da cidade de Manaus e João Doria Jr, presidente do LIDE.
Os objetivos do Fórum são difundir práticas e mecanismos bem-sucedidos de desenvolvimento sustentável na Amazônia e no mundo; demonstrar o valor econômico e ambiental da floresta em pé e suas implicações para a região e o mundo; criar um compromisso político e empresarial com o desenvolvimento sustentável do planeta.

A cidade de Manaus foi escolhida para ser sede do II Fórum Internacional de Sustentabilidade, pois nela está a maior parte da Floresta Amazônica e também abriga um dos maiores polos industriais do Brasil, com empresas nacionais e internacionais de pequeno, médio e grande porte.
Sobre o LIDE

O LIDE é uma associação de empresários destinada a fortalecer o pensamento, relacionamento e princípios éticos de governança corporativa no Brasil. É formado por líderes empresariais de corporações nacionais e internacionais, e promove a integração entre empresas, organizações e entidades privadas, por meio de programas de debates, fóruns de negócios, atividades de conteúdo, iniciativas de apoio à sustentabilidade e responsabilidade social.

terça-feira, 22 de março de 2011

Características da Água

Vídeo final matéria
O que é água potável?
É a água que pode ser consumida sem riscos à saúde. Ela preenche todos os requisitos de natureza física, química e biológica, seguindo os padrões estabelecidos pela legislação nacional e internacional. Por isso, deve-se, de preferência, utilizar a água tratada.

Qual a diferença entre água contaminada e poluída?
Água poluída – é a água que apresenta alterações físicas, como: cheiro, turbidez, cor ou sabor. Normalmente, a alteração física é conseqüência da contaminação química, geralmente devido à presença de substâncias, como: elementos estranhos ou tóxicos.
Água contaminada – é a água que contém agentes patogênicos vivos, sejam bactérias, vermes, protozoários ou vírus. Essa água não é potável, logo não deve ser utilizada.

Fontes de Contaminação.
Como a água tratada pode ser contaminada? E nascentes e poços?
A água de abastecimento passa por um tratamento rigoroso e, somente depois, é distribuída para as residências, onde existem ligações domiciliares. Ali, a água é armazenada em caixas d’água. É nessa etapa que pode ocorrer a contaminação.
Também as nascentes, minas e cisternas, que são fontes de suprimento de água, podem apresentar contaminação, seja por se localizarem na proximidade de fossas, onde há grande presença de matéria orgânica, ou pelo acesso de animais, água de chuvas ou outras fontes de contaminação e poluição.

Por que a água contaminada ou poluida é prejudicial à saúde?
Porque a água contaminada ou poluida pode conter organismos patogênicos ou substâncias químicas capazes de causar doenças ao homem, sendo estas denominadas doenças de veiculação hídrica.




Volume de água doce dos rios.

Vídeo no Final da Matéria

Volume de água doce dos rios por continentes

Ecossistema de água doce: Apresenta a formação, a partir da água da chuva, das corredeiras, riachos, rios e lagos além dos tipos de vegetação e de animais que integram a cadeia alimentar. Musgos, insetos, peixes, sapos, tartarugas e aves são exemplos de seres vivos que integram este ecossistema.

Ecossistema de água doce. Os rios e lagos que formam ecossistemas de água doce são considerados o meio de vida natural mais ameaçado do planeta. Embora ocupem apenas 1% da superfície terrestre, os ecossistemas de água doces abrigam cerca de 40% das espécies de peixes e 12% dos demais animais. Só o rio Amazonas possui mais de três mil tipos de peixes.

Conforme o World Resources Institute (WRI), a construção de represas e a canalização de rios constituem as duas maiores ameaças a manutenção da vida nos rios e lagos. De 1950 até hoje, o número de grandes barragens no mundo cresceu de 5.270 para mais de 36.500. Entre os exemplos de impacto que tais obras provocam no meio ambiente está a construção da represa de Pak Mum, na Tailândia, no início dos anos 90, que levou a extinção cerca de 150 espécies de peixes do rio Mum.

O trabalho de drenagem, de barragem e a poluição agrícola, urbana e industrial estão colocando em risco o equilíbrio ambiental nos estuários e mangues. E isso é tão mais grave quando se sabe que a vida das espécies marinhas depende de 70% desses locais, onde têm seus habitat e se reproduzem. A mistura de água doce e salgada, necessária para a reprodução dessas espécies, está sendo dificultada pelas barragens, que impedem a chegada da água dos rios aos estuários. Outra conduta denunciada pelos ambientalistas é o uso do tributil de estanho (TBT), aplicado como revestimento dos cascos dos navios para impedir que algas e outros organismos se agarrem às embarcações. Essa substância envenena o sistema biológico dos animais, originando mutações e condenando espécies à extinção.

As estimativas sobre a extinção de espécies são confiáveis, porque partem de uma amostragem dos 102 exemplares mais importantes de cada um dos ecossistemas. É dessa forma que o relatório Planeta Vivo detecta o declínio geral do acervo vivo de espécies entre 1970 e 1995. Dos 102 exemplares de peixes de água doce escolhido para monitoramento, 35% desapareceram no período estudado. Na amostra das 102 espécies marinhas, a perda ainda é maior, 45%.

BRASIL

Segundo o professor José Milton Benetti Mendes, da USP, a solução mais viável para tentar resolver o grave problema da distribuição desigual de água doce no planeta está alguns metros abaixo de nossos pés. "Hoje, sabe-se quanto e onde tem água subterrânea. Há imensos depósitos em várias regiões da Terra. Em Israel e no semi-árido do centro-oeste americano, por exemplo, a captação de água subterrânea permitiu a essas regiões obter excelentes resultados na agricultura".

O Brasil tem 8% de toda a água doce do planeta, estima-se que o país detenha 112 bilhões de metros cúbicos de água. E mais: o subsolo brasileiro abriga o aqüífero -como são chamados os depósitos de água subterrânea-Guarani, que está sendo considerado como o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta. Esse gigantesco manancial subterrâneo estende-se por uma área de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, sendo que dois terços estão em território brasileiro e o outro terço está dividido entre Argentina, Uruguai e Paraguai. Os cientistas estimam que este fantástico oceano subterrâneo armazene cerca de 37 mil quilômetros cúbicos de água, suficiente para abastecer 150 milhões de pessoa -quase a atual população do Brasil por mais de dois mil anos. Anualmente entram no manancial 160 km3 de água através de infiltrações da chuva e de outras fontes subterrâneas. Calcula-se que pelo menos 25% dela possa ser explorada imediatamente, sem comprometer as reservas permanentes do manancial.

Apesar da situação dramática em algumas partes, os especialistas explicam que a água do planeta, de uma forma geral, nunca irá acabar. Pode acabar, sim, a água doce pura. "Diferentemente do petróleo, que é uma fonte de energia esgotável, a água é um recurso natural inesgotável, o que não deixa de ser uma boa noticia. No entanto, preservar os lagos e rios, deixando-os mais limpos e vivos, ajuda a manter a qualidade da água para consumo humano. Além disso, eles deixariam de carregar detritos para os oceanos. Só agindo com consciência ambiental poderemos salvar o Planeta Água. Pense nisso...


VOLUME DE ÁGUA DOCE DOS RIOS POR CONTINENTES:

OCEANIA: 24 KM3.
EUROPA: 76 KM3.
AFRICA: 184 KM3.
AMERICA DO NORTE: 236 KM3.
ÁSIA: 533 KM3.
AMERICA DO SUL: 946 KM3.

WWF alerta para redução das espécies aquáticas em todo o mundo

Relatório do WWF revela que os ecossistemas aquáticos estão a ser destruídos a uma velocidade maior do que os terrestres, comprometendo a qualidade da água e as reservas de peixes. Mais de metade das espécies de água doce (51%), como peixes, rãs e botos, estão a ser reduzidas drasticamente, diz o Relatório Planeta Vivo de 1999. A qualidade ambiental dos ecossistemas de água doce, que incluem rios, lagos e áreas inundáveis caiu 45% desde 1970, índice bem acima da média geral de todos os ecossistemas que perderam, no conjunto, um terço de sua riqueza natural nesse período. Perda acima da média ocorreu também com os ecossistemas marinhos: 35%.

O Relatório Planeta Vivo – uma análise da "saúde" ambiental do planeta, divulgada anualmente – apresenta os dados mais confiáveis hoje disponíveis sobre as áreas de ocorrência e populações de algumas das mais importantes espécies marinhas e de água doce em todo o mundo. O trabalho analisa, também, o consumo dos recursos naturais essenciais e as conseqüências da pressão humana sobre a natureza em 151 países.

"Trata-se de um apelo gráfico para a redução dessas tendências negativas, no momento em que o mundo entra no século 21", declarou Claude Martin, secretário-geral da rede WWF. "O declínio observado nas populações de espécies de água doce são particularmente preocupantes como indicadores do grau de deterioração da qualidade dos rios, lagos e terras úmidas do planeta", acrescentou.

Os anfíbios de água doce foram particularmente atingidos em todo o mundo. O desaparecimento do sapo dourado e outros anfíbios da Costa Rica foram atribuído às mudanças climáticas. Houve o registro da diminuição de diversas espécies em parques nacionais e reservas naturais em vários países, o que indica a existência de ameaças até mesmo em áreas supostamente protegidas. Na Austrália, Panamá e Estados Unidos, cerca de 20 espécies de rãs foram dizimadas por um fungo até então desconhecido. Deformidades provocadas por pesticidas e outros poluentes também têm ocorrido no mundo todo.

O relatório do WWF mostra como o uso dos fertilizantes quintuplicou desde a década de 1960. O excesso de pesticidas, fertilizantes e outros agrotóxicos são levados pela água da chuva para dentro de córregos e rios, poluindo as águas e prejudicando as espécies que nelas vivem.

Os dados levantados, juntamente com a crescente demandam de água por parte da sociedade, levaram a uma nova iniciativa internacional do WWF: a Campanha Viva Água. Essa campanha foi lançada no início deste ano para chamar a atenção sobre a crise mundial que ameaça os ecossistemas de água doce e os recursos hídricos, bem como para promover as ações necessárias para assegurar reservas adequadas de água doce no presente e no futuro, que atendam as necessidades do ser humano e da natureza como um todo.

"O problema do próximo século será o manejo dos recursos naturais. Hoje em dia não damos muito valor à água, ao ar, aos oceanos. Mas esses são temas cruciais para as próximas décadas", observa Garo Batmanian.

O relatório é um trabalho da rede WWF (sediada na Suíça) em colaboração com a New Economic Foundation, da Inglaterra, e o Centro Mundial de Monitoramento e Conservação (WCMC), também da Inglaterra.

O Brasil foi escolhido para o lançamento do Relatório de 1999 (a primeira edição, de 1998, foi lançada em Londres) porque o destaque deste ano é a água doce e aqui se encontra o maior ecossistema de água doce do mundo, o Pantanal. O Rio de Janeiro sediou, há sete anos, o maior encontro de cúpula já realizado sobre meio ambiente, a Rio 92.

O WWF é a maior rede ambientalista mundial, formada por 27 organizações nacionais autônomas (entre elas o WWF-Brasil) e 5 organizações afiliadas, além de 21 escritórios em outros países. Participou do lançamento do relatório o secretário-geral do WWF Internacional, Claude Martin; o diretor executivo do WWF-Brasil, Garo Batmanian; o coordenador técnico do estudo, Jonathan Loh; e o especialista em anfíbios brasileiros, José Peres Pombal Jr (UFRJ). Todos têm doutoramento em Biologia ou Ecologia.
Autoria: Renato de Oliveira Prado

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