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segunda-feira, 28 de março de 2011

Crise alimentar: ‘O problema é de acesso à comida’.

Um em cada seis habitantes do planeta passa fome, diz FAO * "A inflação do preço da comida e a crise econômica afetaram a habilidade da população mais carente de comprar alimentos" *


O norte-americano David Dawe, Ph.D. em Economia pela Universidade de Harvard e coordenador técnico do relatório A situação da insegurança alimentar no mundo, a fome aumenta em todos os continentes e expõe um problema de ordem estrutural. Em entrevista ao Correio Braziliense, por e-mail, o economista da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) elogiou a atuação do Brasil no combate à desnutrição, mas alertou para a política de estímulo de biocombustíveis.


Quais as conclusões mais alarmantes do documento e em que regiões do mundo a fome aumentou no último ano? Há duas conclusões alarmantes do relatório. Em primeiro lugar, o número de pessoas famintas no mundo ultrapassou o 1 bilhão, graças à crise econômica e à crise do preço dos alimentos. Esse é o maior número de famintos desde 1970, o primeiro ano para o qual a FAO tem registros históricos.


Em segundo lugar, mesmo antes da crise, havia mais de 850 milhões de pessoas subnutridas, o que sugere um problema mais estrutural com o sistema alimentar mundial. A fome tem aumentado em todos os locais do mundo. Ambas as crises não pouparam nenhuma região. Mas que impactos a crise financeira global teve sobre a disponibilidade de alimentos? A crise financeira global não teve muito efeito na disponibilidade ou escassez de comida ao redor do mundo.


Pelo contrário, a longo prazo existe uma tendência de alta da produção alimentar. No entanto, a inflação do preço da comida e a crise econômica afetaram a habilidade da população mais carente de comprar o alimento de que ela precisa. A fome crescente é um problema de acesso à comida, e não de disponibilidade de alimentos. Como o senhor vê a relação entre a integração das nações e a fome? A globalização dificultou o acesso à comida? O mundo é hoje mais globalizado e integrado do que era na década de 1970.


E isso tem aumentado a transmissão de choques dos países desenvolvidos. Mas, nos anos recentes, a globalização tem ajudado a diminuir a fome, ao fornecer comida mais barata e, além disso, oportunidades de renda para muitas pessoas carentes. O Brasil tem feito progressos na luta contra a fome? O Brasil tem caminhado a passos largos no combate a fome, incluindo seu trabalho pioneiro na operacionalização do direito à comida. Nesse relatório, temos duas partes especiais sobre o Brasil — uma sobre o direito ao alimento e outra sobre a resposta à crise econômica. O país reduziu a percentagem de desnutridos de 10% entre 1995 e 1997 para 6% entre 2004 e 2006 e tem feito progresso definido em direção à primeira Meta de Desenvolvimento do Milênio. A taxa de 6% de subnutridos é também bem baixa — a menor da América do Sul.


O número de desnutridos caiu de 15,6 milhões para 11,9 milhões. Biocombustíveis, como o etanol brasileiro, não estimulariam a economia e ajudariam na produção alimentícia? Os biocombustíveis têm o potencial de melhorar a renda dos fazendeiros, mas existe também a possibilidade de eles aumentarem os preços dos alimentos e tornarem mais difícil que os pobres obtenham comida. É importante que eles não façam com que os mais pobres percam o direito à terra. (RC) * Entrevista publicada no Correio Braziliense.

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César Torres

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