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domingo, 20 de março de 2011

A contaminação radioativa do Oceano Pacífico fragilizará a cadeia alimentar


Vista aérea da usina de Fukushima, cujo projeto de reator nuclear do Japão sofre críticas há 40 anos.Foto: Reuters/AE

A direção dos ventos está sendo observada com ansiedade no Japão. Até o momento ela foi bem favorável, levando os elementos radioativos emitidos pelos reatores da usina de Fukushima-Daiichi para o Oceano Pacífico, o que favorece a dispersão dos contaminantes na atmosfera e no oceano. Mas isso não significa que a poluição irá desaparecer. Reportagem de Gaëlle Dupont, Le Monde.

O meio ambiente marinho corre o risco de ser contaminado e, junto com ele, a cadeia alimentar. “Os japoneses estão entre os maiores consumidores de peixe do mundo, são 70 a 80 quilos por pessoa ao ano”, lembra Jacky Bonnemains, porta-voz da associação de proteção ambiental Robin des Bois. “A chegada de nuvens radioativas à costa, portanto, não é uma notícia totalmente positiva. A possível contaminação do oceano aumenta o risco de escassez de alimentos no país”.

A catástrofe de Fukushima não tem precedentes no meio ambiente marinho, que foi levemente atingido pela explosão de 1986 da usina de Chernobyl (Ucrânia). O mar Báltico e o mar Negro foram os mais afetados.

As principais fontes de contaminação radioativa dos oceanos são os testes nucleares atmosféricos, conduzidos em sua maior parte nos anos 1960, e as usinas de reprocessamento de combustíveis de La Hague (França) e Sellafield (Reino Unido).

“O índice de contaminação das águas pela radioatividade associada às atividades humanas continua sendo extremamente baixo em relação à radioatividade natural, presente nas rochas e nos fundos oceânicos”, tergiversa Dominique Boust, diretor do laboratório de radioecologia de Cherbourg-Octeville do Instituto de Radioproteção e de Segurança Nuclear (IRSN).

Os radioisótopos podem contaminar o oceano por diversos canais: emissões diretas no mar, lixiviação da poluição terrestre para o litoral, emissões atmosféricas, imersão de resíduos.

Por enquanto, nenhum vazamento direto para o oceano na costa de Fukushima foi anunciado pelas autoridades japonesas. A água do mar injetada nos reatores para resfriá-los evapora e teoricamente não é lançada no meio ambiente. Então é por via atmosférica que os radioisótopos podem poluir a coluna d’água. “A transferência de poeiras carregadas de radioelementos para o oceano é mais ‘eficaz’ se houver chuvas”, diz Boust. “O destino dos radioisótopos depende em seguida da circulação das massas de água.”

Observações feitas entre Mônaco e a Córsega após o acidente de Chernobyl mostraram que as partículas em suspensão que portam radioisótopos podem ser levadas muito rapidamente para o fundo, por intermédio do fitoplâncton e do zooplâncton, que os absorvem e os expelem sob forma de pelotas fecais que afundam rapidamente. Os radioelementos são então incorporados aos sedimentos do fundo oceânico, e que podem ser liberados posteriormente.

O plâncton é também o primeiro elo da cadeira alimentar no oceano. Os radioisótopos podem dessa forma contaminar todos os organismos marinhos, e por fim atingir o homem. As algas, muito consumidas pelos japoneses, também têm a particularidade de concentrar fortemente o iodo natural ou emitido pelos reatores.

Na falta de informações precisas sobre as quantidades de radioatividade emitidas no meio ambiente no Japão, é difícil fazer um diagnóstico sobre o nível de contaminação a se temer nas águas costeiras japonesas e além.

Por enquanto, não foi tomada nenhuma medida de proibição de consumo de produtos do mar. Índia, Cingapura, Sri Lanka, Taiwan, Filipinas e Malásia anunciaram na segunda-feira (14) sua intenção de testar os produtos alimentícios japoneses importados, começando pelos produtos frescos, inclusive o peixe. Para Boust, a continuação dessas condições meteorológicas continua sendo “a melhor situação possível”, pois o impacto sanitário é muito mais facilmente controlável por proibições de consumo do que com uma contaminação direta da população.

Tradução: Lana Lim

Reportagem do Le Monde, no UOL Notícias.

EcoDebate, 18/03/2011

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César Torres

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