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domingo, 28 de novembro de 2010

Os norte-americanos estão consumindo e desperdiçando mais comida do que há três décadas.


Esta é a conclusão de um novo estudo [The Progressive Increase of Food Waste in America and Its Environmental Impact], publicado pela PLoS ONE, destacando que os efeitos deste desperdício sobre o meio ambiente são graves. Os americanos estão desperdiçando comida a uma taxa de 1.400 calorias por dia por pessoa, com impactos que tem implicações para a obesidade e as mudanças climáticas.

Os pesquisadores examinaram os registros do abastecimento alimentar nos EUA compilados pela FAO, no, período de 1974-2003. Então, eles usaram um modelo matemático para calcular quanta comida os americanos devem estar comendo para dar conta dos aumentos observados na média de peso corporal. Subtraindo-se a ingestão de alimentos a partir da oferta, a equipe concluiu que os EUA desperdiçaram mais de 1.400 kcal por pessoa por dia em 2003, um aumento de aproximadamente 50% desde 1974. Tudo somado, os americanos estão jogando fora cerca de 40% de seu suprimento de comida.

O impacto de jogar tanta comida vai além da pilha de lixo, segundo os autores. Eles estimam que mais de um quarto do nosso uso de água doce e cerca de 300 milhões de barris de petróleo por ano são gastos em alimentos desperdiçados. E decomposição dos alimentos provoca a emissão de metano a partir dos aterros sanitários, contribuindo para o aquecimento global.

O artigo “The Progressive Increase of Food Waste in America and Its Environmental Impact” está disponível para o acesso integral e grautuito, no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Mundo árabe enfrenta agravamento da crise de escassez de água


O mundo árabe, uma das regiões mais secas do planeta, enfrentará uma grave escassez de água já a partir de 2015, prevê um relatório divulgado na quinta-feira.

A partir de então, os árabes terão de sobreviver com menos de 500 metros cúbicos de água por ano, abaixo de um décimo da média mundial de mais de 6 mil metros cúbicos per capita, informou o relatório produzido pelo Fórum Árabe para Ambiente e Desenvolvimento (Afed, na sigla em inglês).

“O mundo árabe já vive uma crise de água que apenas vai se agravar com a inação,” diz o relatório, acrescentando que o abastecimento per capita caiu para apenas um quarto dos níveis de 1960. Reportagem de Alistair Lyon, da Agência Reuters.

O rápido crescimento da população pressionará ainda mais os recursos de água. De acordo com projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), os árabes, que agora somam quase 360 milhões, vão se multiplicar para quase 600 milhões até 2050.

A mudança climática agravará a questão. Até o fim deste século, os países árabes poderão vivenciar uma queda de 25 por cento nas chuvas e uma aumento de 25 por cento nas taxas de evaporação, de acordo com modelos de mudança climática citados no relatório.

“Como resultado, a agricultura abastecida pela chuva ficará ameaçada, com a estimativa que as colheitas médias sofram um declínio de 20 por cento”, diz o documento.

Treze países árabes estão entre as 19 nações com mais escassez de água do mundo. As pessoas de oito países árabes já têm de sobreviver com menos de 200 metros cúbicos por ano.

“Sem mudanças fundamentais nas políticas e nas práticas, a situação vai se agravar, com ramificações sociais, políticas e econômicas drásticas”, diz o relatório.

As condições variam pela região, mas dentro de apenas cinco anos o Iraque e o Sudão passarão pelo teste da escassez de água, definido como mais de mil metros cúbicos anuais per capita, assumindo que o abastecimento vindo da Turquia e da Etiópia continue nos níveis atuais.

A agricultura consome 85 por cento do uso de água árabe, em comparação com a média mundial de 70 por cento. A eficiência da irrigação é de apenas 30 por cento, contra a média mundial de 45 por cento.

Reportagem da Agência Reuters, no Estadao.com.br.

Somos praga no planeta?


Praga tem diversas acepções, mas a definição objeto de nossas considerações é simplesmente a que se refere à quantidade excessiva de um fator num sistema, desqualificando o próprio sistema. Em outras palavras: presença em quantidade superior à que um sistema coeso consegue suportar. Essa situação só pode ocasionar o desequilíbrio entre as forças de qualquer ambiente, causando o desarranjo harmônico entre as partes e, consequentemente, o caos.

Sobre esse princípio são construídas as principais máquinas destrutivas para a guerra. Um exemplo simples é o da granada. Contido em espaço restrito, numa situação de estabilidade, basta o conteúdo ser transformado em gás para que ele cumpra sua missão química de expansão, causando a desordem pontual e suas calamitosas conseqüências. O poder destrutivo da granada se deve à extrema rapidez – praticamente instantânea – da ocorrência das fases do processo.

No campo biológico, ocorre o mesmo roteiro apontado acima, só que em tempo muito mais lento. O dano, no entanto, pode ser considerado equivalente.

Quando um agricultor verifica que apareceram insetos sugadores (digamos, o percevejo verde) em sua lavoura de soja, contrata um agrônomo para cuidar do problema. O profissional comparece ao campo de plantio e faz uma análise da situação. Colhe uma amostra estratificada e faz seu ajuizamento, no qual pondera diversas circunstâncias: tamanho e estágio vegetativo da lavoura, índice da incidência dos insetos, cálculos sobre capacidade de produção, custos diversos, etc. Após ponderar os dados obtidos, formará um juízo técnico para a ocasião.

Poderá dizer ao agricultor que nada deve ser feito no combate aos insetos no momento. Acrescentará, naturalmente, que a invasão ainda não constitui uma ameaça à lucratividade da colheita estimada. Seu veredito vale para aquela visita, em função do aspecto econômico. Suas análises semanais posteriores guiarão as conclusões parciais ou definitivas.

Enquanto o agrônomo trabalha, os hóspedes indesejados, inocentes e alheios a tudo, continuam no seu labor natural de vida. Estão ali, num campo farto de alimento e cumprem o objetivo natural da reprodução. O instinto não lhes informa nem eles são capazes de medir as conseqüências do crescimento populacional. Prosseguem o roteiro natural, em obediência ao imperativo genético. Não sabem que, ao atingirem certo índice de infestação, o agrônomo decretará a mudança do seu nome: de percevejo para praga, nome genérico terrível que iguala todos os seres que se atrevam a serem protagonistas do desequilíbrio ambiental.

A reação será violenta. É uma situação extrema de luta de vida ou morte. Nessa qualificação de praga, a decisão do profissional não mais será a de tolerância, mas a de combate mortal com uso de todo o arsenal disponível, inclusive o químico. Assim, a tragédia da mortandade naquele ambiente agrícola será irreversível. Os agrotóxicos varrerão da vida todos os habitantes da cultura, inclusive os inocentes insetos benéficos que ali estavam tentando manter o equilíbrio biológico.

Se tal lavoura fosse deixada ao seu próprio destino, sem assistência do profissional, o prejuízo para o lavrador seria total. Como fonte alimentícia para o percevejo, tenderia ao esgotamento total, levando à inanição e morte toda a comunidade hospedeira. As disponibilidades ambientais se extinguiriam e a situação mudaria para um estado caótico em que a tragédia não pouparia ninguém e somente a Natureza saberia como estabilizar.

O animal humano, que se faz representar em todo o globo por sua população de quase 7 bilhões de indivíduos, com sua visão egoística e interferindo na dinâmica ecológica da terra, dos rios, dos mares, da atmosfera, provoca os mesmos danos que o percevejo da soja. A diferença é que, no exemplo citado, fizemos um enfoque no trabalho de um agricultor mantendo um objetivo produtivo. Já no enfoque da situação real por que passa o planeta em seus recursos, a fome dos humanos é contínua e geometricamente cumulativa: fome alimentícia; fome de lucro; fome de comodismo; fome de grandeza; fome de supérfluos; fome de entesouramento. Segundo os cálculos atualizados, as ações humanas retiram do planeta 40% a mais do que ele consegue disponibilizar pela dinâmica natural.

Há, portanto, uma queima de capital, um déficit de recursos, uma desproporcionalidade, um desequilíbrio ambiental gravíssimo. Estamos gastando o futuro para o qual nossos descendentes nascerão munidos da vã esperança de viver em ambiente sustentável.

Alguns animais demonstram possuir um instinto muito mais eficiente que a inteligência humana. Ante a visão crítica de uma superpopulação, certos animais procedem de modo inteiramente racional. O lemingue do norte-europeu resolve o problema com o suicídio em massa. As abelhas excedentes de uma colméia abandonam o lar numa revoada incerta, procurando formar nova colônia. As lulas entram em coma pré-morte sobre seus próprios ovos, numa fantástica demonstração de renúncia à vida-elo em beneficio à vida-corrente.

Não estamos recomendando suicídio a ninguém, mas sugerimos que o animal humano tem a capacidade mental de equacionar e solucionar seus problemas existenciais. Ainda há um tempo curtíssimo, mas alertamos que aos poucos ele se esvai, e a solução se tornará impossível.

Considerada a pegada ecológica, a população mundial equivale, no mínimo, a 100 vezes seu número nominal. Por isso, mudamos de nome. Não somos mais o animal racional, o rei dos seres vivos, o centro do universo; somos simplesmente praga. Deixamos de ser animais racionais para sermos predadores da própria mãe Terra, aquela que nos fornece, com amor e ternura, abrigo, alimento, vida.

Dois fatores incisivos nos levam a essa situação trágica: o antropocentrismo e a ganância. Nós nos esquecemos que o ecossistema inclui a biodiversidade e que nossa individualidade é transitória. Nós, como animal humano, não somos indivíduos, somos a humanidade, parte do todo planetário.

Nessa situação, só nos resta aguardar que um agrônomo celestial venha salvar a Vida planetária, tirando-nos a existência e toda a riqueza material que, paradoxalmente, teimamos em acumular.

Somos praga no planeta. Não aceitamos esse nome, pois o egocentrismo de espécie cega nossa razão. Contudo, essa cegueira não impede que sejamos praga e, nessa qualidade, já selamos nosso destino.

Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

Nota: o livro “Agora ou Nunca Mais“, está disponível para acesso integral, gratuito e no formato PDF, clicando aqui.

Veja fotos estonteantes da National Geographic


A caverna de Zeus

Segundo a lenda, Zeus, o “chefão” dos deuses gregos, levava suas amantes para esse lugar incrível, para se esconder de sua esposa ciumenta, Hera. A foto mostra a grande entrada da caverna em uma imagem de longa exposição, que mostra os detalhes da paisagem. Dentro da caverna, é bem frio, apesar do clima quente fora das pedras.

A estrada de Serra de Leba, em Angola


Serra de Leba é uma atração turística de Angola. A estrada foi construída nos anos 70 e é sempre tomada por uma neblina muito densa.

Tempestade em Montana


Um mergulhão em ação


A foto foi tirada na reserva de Szutsao, em Taiwan. O fotógrafo conseguiu pegar o momento exato em que o mergulhão saía da água com sua presa.

O Oimara



O Oimara é esse barco, que está encalhado há cerca de 100 anos. Ele foi construído pela Inglaterra para ser um cargueiro. Depois da revolução russa, ele foi usado para transportar refugiados de Murmansk. E agora está abandonado em Tomasjordneset desde 1917.

Alerta para a poluição marinha


A foto pode ser maravilhosa, mas o golfinho não está acenando com um lenço para nós, e sim com uma sacola presa em sua nadadeira.

Por que sou vegetariano.


Depois de dois romances de extraordinário sucesso em todo o mundo, um dos quais se tornou um filme cultuado, Jonathan Safran Foer entrega às prensas um longo livro intitulado “Eating Animals”, no qual relata as motivações de sua própria escolha vegetariana, a controversa relação com a comida e o horror com relação aos criadouros de animais. O livro, que será publicado no dia 25 de fevereiro [na Itália] pela editora Guanda, com o título “Se niente importa. Perché mangiamo gli animali?” [Se nada importa. Porque comemos os animais?] é um caminho do meio entre uma reportagem e uma reflexão, muito pessoal, sobre a violência que é perpetrada todos os dias com relação ao gado, frangos, suínos e peixes e sobre a ignorância e a indiferença que circundam o assunto.

A reportagem é de Antonio Monda, publicada no jornal La Repubblica, 26-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Safran Foer parte da recordação de sua avó, que sobreviveu milagrosamente ao Holocausto e que ele considerou por muito tempo como a melhor cozinheira de todos os tempos, para narrar então a sua própria escolha vegetariana vivida em fases intermitentes. Desde as primeiras páginas, há muitas passagens nas quais é possível reconhecer imediatamente o estilo do autor, começando por um falso dicionário caracterizado pelo sarcasmo, a títulos em total estilo pós-moderno (“Não sou o tipo de pessoa que se acha no meio da noite na fazenda de um desconhecido”) e conhecido por comunicar dados que valorizam as teses do livro: “Menos de 1% dos animais mortos por causa de sua carne provêm de criações familiares.

Na visita noturna citada, o escritor se aventura na companhia de um animalista dentro de uma criação de perus e fica desconcertado. Não é o único momento de terror em um livro brilhante, no qual Safran Foer publica cinco páginas inteiras apenas com as palavras “Influent” e “Speechlessness” para explicar que, “no arco de sua própria vida, os norte-americanos comem em média o equivalente a 21.000 animais”. Um animal para cada letra das últimas cinco páginas”. Mas o texto convida a refletir sobre algo que transcende o desprezo por tanta violência: “O impacto das criações de animais sobre o aquecimento global é superior a 40% de todos os transportes do mundo combinados. É a principal causa da mudança do clima”.

“São dados oficiais, confirmados pelas Nações Unidas e por todas as Food Commissions“, explica o autor, com paixão.

Eis a entrevista.

Há quem pense que o grito de alarme sobre o aquecimento global é exagerado ou até uma fraude…

Bem, não estou entre eles. É um dos grandes temas destes anos, ao qual não podemos não prestar a máxima atenção. E, quero repetir, a defesa do meio ambiente e o respeito pelos animais são duas faces da mesma moeda.

No capítulo introdutório, você escreve que quer “compreender o que é a carne”. Que resposta encontrou?

Que comemos porque queremos. Comemos porque a carne é boa. Tem um sabor bom, um cheiro bom. Não existem outras explicações honestas e, na realidade, nem podemos ignorá-las. A carne também é religião, cultura e memória. Pense, por exemplo, no que significa para nós, norte-americanos, o churrasco do 04 de julho. Pense nas horas passadas com os pais e os avós, naquilo que eles nos contavam enquanto comíamos. É verdade que a carne torna a nossa vida mais bonita, mas a minha pergunta é: podemos continuar comendo sem nos interrogar e sem nos preocupar?

Um dos elementos mais inquietadores do livro é a constatação de que o massacre de animais caminha ao lado da sua despersonalização: massacra-se uma quantidade imensa de animais por não considerá-los individualmente.

Há quem chegou a construir uma analogia com os genocídios e até com o Holocausto. Trata-se de uma analogia que não me agrada e, além disso, não é nem necessária para demonstrar o que eu tenho no coração. A minha posição não é nem extrema: basta ver um criadouro para entender do que estou falando. Tenho uma posição prática, não filosófica.

Você visitou um matadouro chamado Paradise Cocker Meats, um lugar civilizado e administrado por pessoas sensíveis. O proprietário, chamado Mario, lhe ofecereu carne de porco para comer. Você preferiu responder dando uma desculpa religiosa: “Não é kosher” [alimentos que obedecem à lei judaica].

Eu menti, porque justamente não conseguia comer, mas não queria ofender Mario, uma ótima pessoa que queria ser gentil. O seu modo era de partir o pão comigo: apreciei sinceramente o seu gesto, mas continuo não justificando a violência e a injustiça daquilo que ele fazia.

Mas você lembra também que a sua avó, depois de ter sobrevivido ao Holocausto, recusa a primeira carne que lhe é oferecida, dizendo, ao invés, a verdade sobre o fato de não ser kosher.

Minha avó não é vegetariana, mas o que ela queria me ensinar quando me contou esse episódio era de fazer sempre a coisa certa. No meu caso, não existe um grande risco de dizer “não”. Dito isso, ela teria gostado se a minha escolha tivesse sido motivada por questões religiosas.

Você define o livro não como uma defesa de sermos vegetarianos, mas como um convite a estarmos informados e assumir a responsabilidade.

Seria ingênuo se pensasse em convencer as pessoas a se tornarem vegetarianas. A minha pergunta é: “Interessa-lhe ou não saber o que significa comer os animais?”. E existe uma hipocrisia e uma ignorância enormes com relação a isso. Como o respeito ao meio ambiente: preferimos não pensar. Começando pelo que é aprovado, os homens são por natureza falíveis e frágeis.

Você escreve: “O alimento não é racional. É cultura, hábito e identidade. Para alguns, a irracionalidade conduz a uma forma de resignação”.

A nossa vida é caracterizada pela busca de exceções e de escapatórias. Não me refiro só à comida, mas às grandes escolhas culturais e religiosas.

Você teoriza que as comidas “cruéis e destrutivas deveriam ser consideradas ilegais”.

Estou convencido disso. É preciso tomar disposições semelhantes, por exemplo, às tomadas para preservar as crianças dos videogames violentos. Há poucos dias, li no New York Times, jornal cauto sobre as batalhas ambientais, um apelo para defender o atum como espécie em risco. Cada um deveria se perguntar sobre a eventualidade de extinção de uma espécie animal.

Os homens sempre comerão carne?

Não sei. Agora, parece justamente que sim. Porém, a história nos ensinou que a humanidade é capaz de mudanças inesperadas e surpreendentes. Há 100 anos, ninguém imaginaria que as mulheres não seriam mais consideradas como cidadãs de segunda classe. E há só 10 anos, ninguém apostaria em um presidente negro na Casa Branca.

Você sente falta da carne?

Sim, muito. Como de muitas outras coisas. Há instintos que suprimimos: ver uma pessoa que nos gosta e pensar em ter uma relação. Se sabemos que é errado, devemos conseguir não fazer nada. Certamente, isso nos custa, mas suprimir um desejo às vezes pode levar à realização de algo maior.

(Ecodebate, 30/11/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Recuo das geleiras no Himalaia pesa sobre o futuro da Ásia


Khardung La, Ladakh. Foto do IndiaMike.com

Neve a 5.606 metros de altitude? Não, quase nenhuma. A passagem de Khardung La, no distrito de Ladakh, no norte da Índia, pode ser a estrada transitável mais elevada do mundo, mas a neve não domina por lá. O ar é rarefeito, o céu imaculado, e os militares que vigiam essa passagem que leva à cordilheira de Karakoram, na direção da China, examinam com paciência as colinas nuas e silenciosas. Mas, assim como em todo o Ladakh, as montanhas são escuras e secas, suas encostas raramente cobertas por uma fina camada de neve.

E a geleira de Khardung La? Ah, a geleira fica mais longe, explicam na estrada de Nubra. “As pessoas que se lembram dizem que era muito maior antigamente”, diz Tundup Ango, da associação francesa Geres. “Mas é por causa da mudança climática ou do tráfego sobre a estrada recentemente construída que a atravessa?” Reportagem de Hervé Kempf, enviado especial a Khardung La (Jammu e Caxemira), no Le Monde.

Essa pergunta, sem resposta definitiva, talvez possa ser feita em relação a todo o maciço himalaio: as geleiras estão derretendo em massa ou não? A questão é de importância vital para mais de 1 bilhão de habitantes na Índia, no Paquistão, em Bangladesh, no Tibete e na China. Recobrindo quase 3 milhões de hectares, as 15 mil geleiras do Himalaia formam a terceira maior massa glaciar do mundo, atrás dos pólos. Com a neve acumulada, o maciço montanhoso armazena 12 mil km3 de água doce e constitui o reservatório dos grandes rios Indo, Ganges, Bramaputra, Yang-Tsé, Amarelo e Mekong.

Em 2005, um relatório do WWF (Fundo Mundial para a Natureza) alertava sobre a ameaça que o aquecimento global fazia pesar sobre essa massa glacial. Um alerta repetido em 2007 no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês): “As geleiras do Himalaia estão recuando mais rápido do que em qualquer outro lugar do mundo, e se isso continuar no ritmo atual, a maioria delas terá desaparecido em 2035″, diz o relatório.

Extensão incerta
Mas a questão é mais complicada do que parece, porque a situação não é idêntica em todos os pontos do maciço. Pequenas geleiras, como em Gangotri e em Kafni, no Estado de Uttarakhand, bem estudadas pelos pesquisadores apoiados pelo WWF, estão derretendo rapidamente. Mas outras, como a imensa geleira Siachen, situada a cerca de cem quilômetros de Khardung La, parecem estáveis (“Current Science”, 10 de março de 2009). “Os dados sobre os quais o IPCC se baseava eram muito poucos”, diz Syed Iqbal Hasnain, um renomado glaciologista indiano. “Nas quatro geleiras que acompanhamos regularmente, observa-se um recuo. Mas é difícil extrapolar.”

Vários fatores encorajam a prudência. Primeiro, a própria massa do maciço, que significa que o que é verdade em um lugar pode não ser em outro. Segundo, ainda não é possível articular bem os dados de campo, esparsos demais, e as observações por satélites, ainda pouco numerosas e nem sempre confiáveis. Outro problema: as equipes chinesas e indianas podem não colaborar muito bem, por causa de preocupações militares. “Meus colegas de Pequim estão pessimistas”, afirma Hasnain: “eles preveem uma redução de 45% da massa das geleiras em 2070. Mas seria necessário que pudéssemos visitar mutuamente nossas geleiras”.

Ainda que a extensão previsível do recuo das geleiras seja incerta, o movimento é atestado. E outros índices o confirmam, como o aquecimento observado pelos habitantes de Ladakh. “Nós fizemos um estudo sobre a percepção da mudança climática entrevistando anciões e camponeses famosos por seu conhecimento”, diz Tundup Ango. “Todos falam de uma redução das precipitações de neve nas últimas décadas, e de um recuo das pequenas geleiras dos vales”. A falta de água, em um país já bastante seco, torna-se muito preocupante. Surgem também acontecimentos jamais vistos até onde a memória do homem alcança, como inundações em Leh, capital de Lakdah, em 2004 e 2005, ou uma invasão de gafanhotos em 2005.

Quanto à causa da mudança, ela ainda deve ser explicada. O aquecimento global exerce um papel, certamente, mas também o “carbono negro”, partículas de fuligem emitidas pelo diesel e pelos lares domésticos que queimam lenha e esterco.

Sua importância foi enfatizada por outro acadêmico indiano, V. Ramanathan: “Quando cai sobre a neve”, ele explica em Nova Déli, “o carbono negro a escurece, e a neve reflete menos o sol, e ela se aquece e tende a derreter”.

Essa causa do aquecimento poderia ser controlada de forma bastante simples, diz Ramanathan, colocando filtros nos motores a diesel e trocando o modo de combustão das casas. Um verdadeiro desafio para a Índia, que a obrigaria a agir em casa, sem se contentar em atribuir a responsabilidade da mudança climática aos países desenvolvidos. Mas é certamente seu futuro que está em jogo nas alturas do Himalaia.

Tradução: Lana Lim

Reportagem [Himalaya : le recul des glaciers pèse sur l'avenir de l'Asie] do Le Monde, no UOL Notícias.

O lixo visto dos céus, artigo de Ana Echevenguá




Em 24 de novembro de 2009, o Instituto Eco&Ação, integrante da Procuradoria Ambientalista/ONGs Brasil, realizou um sobrevôo de helicóptero sobre o extremo sul de Santa Catarina. A iniciativa faz parte do projeto de elaboração de um diagnóstico da disposição dos resíduos domésticos e industriais de Santa Catarina. Convidamos dois cinegrafistas para testemunhar e documentar alguns dos crimes ambientais que tranquilamente são praticados naquela região. Mortineli, da RBS, não mediu esforços para capturar as melhores imagens. Quem sabe, sabe! No assento ou no chão do helicóptero, mirando sua filmadora pra direita, pra esquerda… sempre na busca do melhor ângulo, o expert não parava quieto!

A ‘experiência verde’ do piloto Rogério Giassi, que costuma filmar a estada das baleias francas na nossa costa, foi muito importante para o sucesso da nossa missão. Mas, nada faríamos sem o conhecimento do Rodrigo Moretti, que conhece cada palmo da bela região em que mora.

Nas duas horas de sobrevôo, o que vimos lá de cima?

- Empresas (algumas que possuem fachada bonita, premiações internacionais pelo bom desempenho) jogando o rejeito da sua produção (lixo contaminado) no seu quintal ou em lugares estrategicamente escolhidos devido à dificuldade de acesso por terra;

- Aterros sanitários, construídos especialmente para tratar o lixo nosso de cada dia, estão em situações precárias, deixando de fazer a ‘lição de casa’. Um deles, que funciona por força de um TAC firmado com o Ministério Público Federal, já virou lixão. O mau cheiro chegou ao nosso nariz, a 300 metros de altura. Mas, com certeza, seus cofres recebem o pagamento – principalmente das prefeituras – para tratamento e destinação final correta dos resíduos que os municípios produzem.

- Um incinerador de lixo hospitalar sem qualquer cuidado com o lixo que recebe. E que deveria estar lacrado; mas a ordem judicial para tanto foi suspensa em instância superior e só Deus sabe quando ocorrerá o julgamento definitivo do causu.

- Muito lixo jogado em beira de estrada, em zona urbana, em locais já degradados pela mineração, em locais praticamente inacessíveis por terra; escondido em clareiras na mata… e muita gente mexendo em lixo, sem qualquer proteção; tentando sustentar sua família com o fruto de trabalho sub-humano.

Não nos preocupamos com as montanhas de pirita porque isso será objeto de outra subida aos céus…

As imagens capturadas serão entregues aos órgãos competentes para que tomem as medidas legais cabíveis: autuação, embargo das atividades, aplicação de multas, recuperação do dano que estão causando… ou até mesmo a assinatura de TAC (Termo de Ajuste de Conduta).

Bom, no mesmo dia, tanto a RBS como a TV Cultura manifestaram interesse no tema – que atinge a vida e a saúde de todos –e veicularam reportagem a respeito. Douglas, da RBS, captou tudo rapidinho, fez algumas anotações, escolheu o melhor local para nossa entrevista e produziu uma matéria bem pedagógica que foi veiculada até em Florianópolis.

A Baby, apresentadora de um dos programas do Canal 19, pegou-me de surpresa ao perguntar: “vocês fazem tudo isso, levam ao conhecimento dos órgãos competentes, vêem que nada é feito e como vocês se sentem? Não perdem o estímulo?”

Não, Baby, embora seja inegável o sentimento de frustração que às vezes nos invade… Mas sabemos que devemos fazer algo para preservar nosso Planeta. A nossa EcoConsciência fala mais alto! E, se pudermos contagiar as pessoas a denunciarem as ilegalidades, a buscarem o cumprimento das nossas leis, já teremos avançado muito nos nossos propósitos!

Ana Echevenguá - EcoDebate, 26/11/2009

Estudo revela que o degelo começa a atingir Antártida Oriental


Imagem: National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA)

O aquecimento global começou a atingir a Antártida Oriental, uma vasta região do Continente Branco que conservava até agora um particular “status quo” que a mantinha resguardada do degelo polar.

A poucos dias da conferência em Copenhague sobre mudança climática, esta descoberta publicada [Accelerated Antarctic ice loss from satellite gravity measurements] pela revista “Nature Geoscience” aumenta a pressão sobre os líderes de todo o mundo para que ponham um freio ao aquecimento global, que parece avançar mais rápido do que se pensava. Reportagem da Agência EFE, com informações complementares do EcoDebate.

Um grupo de trabalho da Universidade do Texas (EUA) dirigido pelo professor Jianli Chen observou que a camada de gelo da plataforma antártica oriental, na qual se encontra a maioria das geleiras do planeta, começou a perder espessura em 2006, seguindo a esteira da zona ocidental do continente.

Com a colaboração da tecnologia do satélite “Grace”, os pesquisadores conseguiram estimar a densidade do manto de gelo das duas áreas entre abril de 2002 e janeiro de 2009.

O “Grace” permite medir direta e exaustivamente as alterações na massa da placa de gelo e determinar, desse modo, qualquer modificação na distribuição da massa terrestre com o passar do tempo, por menor que seja.

Assim, a equipe de pesquisa constatou que o ritmo de perda de massa de gelo na zona ocidental foi de 132 quilômetros cúbicos ao ano durante esse período, número semelhante ao indicado por estudos anteriores.

A surpresa foi quando observaram que, há três anos, também o manto de gelo das zonas litorâneas da Antártida Oriental perdia 57 quilômetros cúbicos ao ano, frente à estabilidade aparente registrada até esse momento.

No entanto, apesar de os dados indicarem que a mudança climática já espreita todo esse continente, os cientistas advertem que este recente número sobre a zona oriental conta com uma margem de erro de 52 quilômetros cúbicos.

Por isso, futuras pesquisas deverão precisar o alcance do degelo na plataforma antártica oriental, que representa 70% da superfície do continente e que abriga um manto de gelo, a princípio, mais resistente que o da região ocidental.

O estudo “Accelerated Antarctic ice loss from satellite gravity measurements“, Nature Geoscience, Published online: 22 November 2009 | doi:10.1038/ngeo694, está disponível para acesso integral e gratuito no formato HTML. Para acessar o estudo clique aqui.

Degelo total no Ártico está próximo a acontecer depois de 15 milhões de anos


Faz quinze milhões de anos, o Ártico tem uma cobertura de gelo permanente, mais extensa no inverno e menor no verão, mas sempre presente ao redor do Pólo Norte. Por isso, a perspectiva atual do degelo completo desse mar setentrional dentro da algumas décadas devido ao aquecimento global do planeta preocupa os cientistas, alarmados diante de uma mudança tão impressionante e rápida.

A reportagem é de Alicia Rivera e publicada pelo El País, 23-11-2009. A tradução é do Cepat.

De fato, o degelo registrado na região recentemente é muito mais acentuado que as estimativas mais pessimistas que se vinham fazendo: já alcançou uma redução de cobertura gelado do Ártico que os modelos de projeção climática situavam em 2020.

“O oceano Ártico começou a congelar-se faz 47 milhões e meio de anos estacionalmente, ou seja, formava o gelo no inverno e se dissolvia no verão, entretanto, durante os últimos 14 ou 15 milhões de anos, a parte central do Ártico tem estado permanentemente gelada. Agora, devido a mudança climática, espera-se que retorne à situação de degelo completo no verão. Isto significa que o aquecimento no Ártico, desde uma perspectiva temporal ecológica, é extremamente dramático”, explica Nalan Koc, pesquisadora do Instituto Polar Norueguês. Koc é especialista em paleoclima, uma das principais cientistas do programa internacional Acex que reconstruiu a história do Ártico nos últimos 56 milhões de anos.

Para decifrar a sequência de gelo e degelo no mar mais setentrional do planeta, os cientistas “lêem” as páginas do passado escritas no subsolo do fundo marinho. “Há fósseis como diatomeas associadas ao gelo e microfósseis de águas abertas preservados nos sedimentos acumulados”, explica Catherine Stickley, pesquisadora do projeto, também do Centro Polar Norueguês, com sede em Tromso. “Remontarmos a 47 milhões de anos, quando começa a cobertura gelada estacional, nos ajuda a compreender o que está acontecendo agora no Ártico”, diz ela. As conclusões da pesquisa serão publicadas brevemente na revista Nature.

Mas se não é fácil “ler” o registro dos sedimentos acumulados no subsolo do mar, muito mais é obtê-lo. Foi necessário recorrer a um perfurador especial e dois rompe gelos para retirar as mostras do fundo do mar em forma de cilindros mediante uma perfuração de até 428 metros de profundidade, com 1.300 metros de água acima.

O projeto denominado Acex, foi levado a cabo no verão de 2004, durante um mês e meio e o lugar escolhido para a perfuração foi a crosta Lomonosov, uma cadeia montanhosa submarina que cruza o Ártico desde a Sibéria até a Groelândia e que atravessa 250 km do Pólo Norte. O rompe gelos russo Soyuz e o sueco Oden foram abrindo caminho pelo mar gelado para o perfurador norueguês Vidar Viking (um rompedor de gelos adaptado) ate o lugar escolhido sobre a crosta Lomonosov. O protegeram durante três semanas de perfuração e dali foram se extraindo cilindros formados por camadas de sedimentos do fundo oceânico do passado abarcando 56 milhões de anos de história climática. “O primeiro registro temporal ao longo do Ártico”, afirma Stickley. Acex custou 12,5 milhões de euros, contando com a operação dos três navios, diz Stickley.

A chave nas mostras tem sido a presença da diatomea (plantas unicelulares) específicas do gênero Synedropsis, similares as que se encontram hoje em dia no Ártico e adaptada para viver em temperaturas muito baixas na escuridão, ou seja, em condições de superfície de mar gelado. Ao fazer correlações temporais nas camadas sucessivas de sedimentos acumulados nos cilindros de mostras, os cientistas puderam reconstituir a história climática.

O Acex tem proporcionado valiosa informação cientifica, mas os pesquisadores, já estão pensando em objetivos futuros. Mais de 500 cientistas de todo o mundo, especialistas em perfurações profundas – não apenas da Ecord, mas também equipes americanas e japonesas –, se reuniram no final de setembro em Bremem (Alemanha) para planejar a continuação do atual Programa Integrado de Perfurações Oceânicas (IODP), que termina em 2013. Entre os objetivos definidos se destaca a pesquisa do papel dos gases de efeito estufa na transição entre períodos frios e temperados da história climática do planeta e a magnitude, velocidade e localização das correspondentes mudanças climáticas no nível do mar.

Além disso, serão realizadas perfurações no solo oceânico muito mais profundas dos que as feitas até agora. O navio japonês Chikyu já é capaz de fazer sondagens de até 7 mil metros no fundo do mar.

(Ecodebate, 25/11/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Antigos saberes agrícolas podem nos levar para o futuro


As antigas culturas alimentares não estão um degrau abaixo da ciência acadêmica ou da pesquisa financiada por grupos privados. Nem são imóveis no tempo.

Publicamos aqui um trecho de “Terra madre. Come non farci mangiare dal cibo” [Terra Mãe. Como não sermos comidos pela comida, em tradução livre] (Ed. Giunti, 173 páginas), o novo livro de Carlo Petrini, cozinheiro italiano fundador do movimento Slow Food.

O texto foi publicado no jornal La Repubblica, 20-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Se quisermos começar a pensar sobre a comida com bom senso, sem preconceitos, e tentar de algum modo corrigir o sistema global industrial agroalimentar, devemos desfazer absolutamente um lugar comum: a rejeição a priori do passado e de tudo aquilo que tem sabor de passado. Assim como as economias das comunidades são consideradas marginais, e a busca do prazer alimentar, um coisa elitista, também a tradição, os saberes antigos, os estilos de vida mais sóbrios são investidos de um preconceito enraizado e são pontualmente marcados como nostálgicos e fora da realidade. Isso faz com que se liquidifiquem como superados séculos de cultura popular, e que, portanto, grande parte do saber próprio das comunidades do alimento – ou ainda mais as suas origens – não sejam nem levados em consideração.

É paradoxal que a maioria das pessoas reconheça a superioridade – embora, talvez, considerando-a uma prerrogativa elitista – de muitos produtos tradicionais, artesanais, tirados de ingredientes frescos e da estação, produzidos e consumidos localmente, mas depois não reconheça o importante valor das culturas e das competências que os criaram. Quase dizendo: “Sim, são melhores, mas estão fora do mundo, só existem em pequenos nichos, é a mesma coisa que comer mal”.

Não acredito que seja o caso de renunciar assim, sem se perguntar se existem alternativas possíveis. Estamos convictos de que, justamente sobre esses saberes, as comunidades fundarão o seu papel de protagonistas da terceira revolução industrial. Não é provocação, mas consciência de que, se o mundo pede energias limpas, produções sustentáveis, reuso e reciclagem, abatimento do desperdício, prolongamento da durabilidade dos bens, alimentos salutares, frescos e de qualidade, as comunidades do alimento não estão apenas em linha, mas já estão até na vanguarda. Seja por causa das técnicas utilizadas, mas ainda mais por causa da mentalidade que as apoia.

De fato, é lógico que não é possível replicar os seus métodos em todo o lugar, fundamentados talvez sobre tecnologias muito limitadas. É normal que esses aspectos da sua existência não sejam exportáveis para todos os lugares – embora em alguns casos não seja impossível – porque são filhos de uma adaptação local, e, no local, funcionam muito bem. Ao invés, é fundamental estudar sua sistematicidade, entendida como harmonização em um sistema complexo, e compreender os seus motivos.

Não se pode continuar considerando os saberes tradicionais e populares como um degrau abaixo dos da ciência que sai das universidades ou da pesquisa financiada por grupos privados. Pelo contrário, eles têm a mesma dignidade. O “savoir faire” agrícola é filho de uma experiência secular, e pouco importa que a sua praticidade seja demonstrada ou demonstrável cientificamente. Assim como também seria errado desejar uma supremacia desses conhecimentos, que eu defini como saberes lentos. É preciso que se instaure um diálogo em que os preconceitos sejam colocados à parte, em que a pesquisa esteja também ao seu serviço, e em que pesquisa e ciência colaborem sobre o mesmo plano paritário.

À tradição, muitas vezes, associa-se também o erro de vê-la como uma dimensão imóvel, que pertence ao passado. Até quem se refere a ela, a relata e a honra corre muitas vezes o risco de cometer o erro de vivê-la como um “unicum” que não evolui, que se interrompeu em um certo ponto. Essa é uma visão que acaba nos separando das nossas raízes, que nos tira a memória daquilo que fomos, da história dos nossos povos.

As comunidades sabem bem disso. Para elas, a tradição não é uma repetição monótona de gestos, ritos e produções. São abertas às novidades e a tudo o que, no sulco da tradição, pode lhes fazer progredir, sabem que é verdadeira aquela frase (da qual se abusa um pouco) que entende a tradição como “uma inovação bem sucedida” e a colocam em prática. Não abandonam o velho pelo novo, ao invés, inserem o novo no sistema complexo que forjou a sua identidade. Sabem de onde provêm e tem muito claro quais são os seus objetivos.

Não devemos decidir se é melhor a tradição ou o progresso, o passado ou o futuro, mas sim rejeitar generalizações, reducionismos e a separação desses conceitos, a sua contraposição. As comunidades existem para a continuidade da tradição, levam-na no coração e protegem a sua memória justamente porque lhes dá identidade em um mundo que tende à homologação, mas sabem bem que cometeriam um grave erro se não quisessem aproveitar os meios que a globalização e a tecnologia lhes oferecem. Querem apenas poder fazer isso de maneira responsável, com bom senso. Querem comer, e não ser comidos.

(Ecodebate, 25/11/2009) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Cobrança pelo uso da água é sustentada em base legal


O fundamento legal para a cobrança pelo uso da água no Brasil remonta ao Código Civil de 1916 que estabeleceu a utilização dos bens públicos de uso comum pode ser gratuita ou retribuída, conforme as leis da União, dos Estados e dos Municípios a cuja administração pertencerem. No mesmo sentido, o Código das Águas, Decreto – lei 24.842/34, estabeleceu que o uso comum das águas pode ser gratuito ou retribuído, de acordo com as leis e os regulamentos da circunscrição administrativa a que pertencerem.

Posteriormente, a Lei 6.938/81, que trata da Política Nacional de Meio Ambiente, incluiu a possibilidade de imposição ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Finalmente, a Lei 9.433/97 definiu a cobrança como um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos e a Lei 9.984/2000, que instituiu a Agência Nacional de Águas – ANA -, atribuiu a esta Agência a competência para implementar, em articulação com os Comitês das Bacias Hidrográficas a cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio da União.

Na esfera estadual, em 2003, 24 Estados e o Distrito Federal já haviam aprovado suas Leis sobre Política e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Atualmente três bacias cobram de seus usuários pela retirada dos recursos hídricos da natureza. A cobrança pelo uso da água retirada do manancial e não pela água tratada, que já é normalmente cobrada pelas concessionárias de saneamento, tende a crescer cada vez mais no país garante o presidente da ANA, José Machado que participou em Foz do Iguaçu do Fórum Mundial das Águas. Segundo Machado, a decisão sobre a cobrança cabe ao comitê gestor e precisa ser homologado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

“A legislação vigente isenta os usuários insignificantes, aos quais variam por bacia hidrográfica e são definidos em fóruns colegiados, com ampla participação dos segmentos sociais (poder público, usuário e ong´s) que compõem os comitês das respectivas bacias hidrográficas. São esses comitês de bacia hidrográfica que estabelecem o valora ser cobrado naquela respectiva bacia. Ainda conforme legislação, a cobrança pelo uso da água não é taxa, menos ainda um imposto e não se fundamenta em um sistema de arrecadação, pois tem objetivos prioritários: (i) reconhecer a água como um bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; e, (ii) incentivar a racionalização do uso da água. Portanto, a cobrança pelo uso dos recursos hídricos é um instrumento de gestão”, diz Patrícia Boson no artigo “Cobrança pelo uso da água, posicionamento da FIEMG”.

Em 2003 foi estabelecido pelo Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, a cobrança aos usuários pelo uso de recursos hídricos no valor máximo de R$ 0,02/m3.

Em seguida foi a vez da bacia do PCJ (formada pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), em 2004.

O Comitê Gestor da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco que nasce em Minas Gerais e corta 5 estados do Brasil decidiu iniciar a cobrança a partir de janeiro de 2009. A FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais julgava importante apresentar reflexões e posicionamentos necessários aos esclarecimentos conceituais básicos. Entre eles, está a cobrança instituída para aqueles fazem uso direto da água bruta localizada nos corpos de água (rios, lagos, aqüíferos) seja captando, lançando efluentes, desviando ou barrando cursos de água, dentre outros usos. Dessa forma não se pode confundir usuário de água com consumidor de água, que todos nós cidadãos como, ao recebermos em nossas casas, ou indústrias, água tratada dos usuários de água que são as concessionárias.

O Comitê da Bacia do Alto Paranapanema (CBH-Alpa) começará a cobrança pelo uso da água em 2010. A cobrança da água é prevista em lei e, embora não incida diretamente sobre o consumidor domiciliar, poderá ter reflexos na conta recebida por ele no fim do mês. Como as concessionárias de saneamento serão taxadas pela captação do líquido, a tendência é de que repassem o valor para o usuário final – que hoje só paga pelo tratamento da água que consome em casa. “A cobrança não veio para ser um taxa, mas para imprimir na sociedade a questão a questão do uso racional da água”,diz David Franco Ayub, secretário executivo do Comitê.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tiête – Cabeceiras aprovou o processo de implantação da cobrança pelo uso da água que é produzida na Região. Só em janeiro de 2011 é que os maiores consumidores do recurso hídrico de fato começarão a pagar pelo que utilizam.

Os valores exigidos dos consumidores serão calculados mediante a soma do volume de água captada (superficial e subterrânea). Do volume do recurso hídrico não devolvido e da carga poluente lançada no corpo d’água. Os três componentes darão origem à quantia total, que poderá ser dividida em até 12 parcelas mensais. O Comitê considerará o valor de R$ 0,01 por metro cúbico de água captada, R$ 0,02 por metro quadrado de água consumida e R$ 0,10 por metro de água lançada.

Ficará isento e, em caráter permanente, são pessoas que extraírem menos do que 5 metros cúbicos de água subterrânea, consumidores residenciais, especialmente aqueles que se incluem na faixa de tarifa social, produtores de energia elétrica e micro e pequenos produtores. ”Basicamente, o impacto da cobrança não pode ser a 2% do produto do usuário”.

Face à situação mundial prevista para 2025 em relação às condições de escassez em quantidade e qualidade, a água deixou de ser um bem livre e passou a ter valor econômico. Esse fato contribuiu com a adoção de novo paradigma de gestão desse recurso ambiental, que compreende a utilização de instrumentos regulatórios e econômicos, como a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

A experiência em outros países mostra que, em bacias que utilizam a cobrança, os indivíduos e firmas poluidores reagem internalizando custos associados à poluição ou outro uso da água. A cobrança pelo uso de recursos hídricos, mais do que instrumento para gerar receita, é indutora de mudanças pela economia da água, pela redução de perdas, pela gestão com justiça ambiental. Isso porque cobra-se de quem usa ou polui.

Logo de início é possível haver uma grande resistência à cobrança pelo uso da água. Após nos inteirarmos das discussões e posicionamentos, além da legislação de 1916, somos convidados a refletir que os próximos anos definirão mais claramente a vulnerabilidade a que muitos estarão sujeitos. Roga-se o bom senso na cobrança para que este recurso hídrico imprima uma responsabilidade de gerenciamento por quem cuida dela. Será mais uma a participar de um grande pacote: o compartilhamento das riquezas, quaisquer que sejam elas.

Fontes:

http://www.agr.feis.unesp.br/noticias/index.php?idnopticia=1245787558

http://sosriosdobrasil.blogspot.com/2009/10/aprovada-cobranca-de-agua-no-cb-do-ht…

http://www.ana.gov.br/GestaoRecHidricos/Cobranca/default2.asp

Carol Salsa,

Projeto da Unicamp resulta em plástico biodegradável feito a partir da quinoa, grão popular no Peru e na Bolívia



Solução ecológica – Um grão que fazia parte da alimentação dos incas há cerca de 8 mil anos é a mais nova ferramenta a serviço do meio ambiente. A quinoa (Chenopodium quinoa) é a personagem principal de um estudo que deu origem a um filme plástico totalmente biodegradável realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A alta concentração de amido, proteínas e lipídios encontrada no grão andino possibilitou a fabricação de um produto com boa qualidade e ambientalmente correto — além de se decompor com facilidade, sua produção não resulta na emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa. Entre os cerca de 256 tipos existentes no Peru, a autora do projeto, a peruana Patrícia Cecília Araujo-Farro, selecionou a quinoa real, que pode chegar a ter concentrações de quase 80% de amido, uma das principais matérias-primas utilizadas na produção do biomaterial. Reportagem de Gisela Cabral, no Correio Braziliense.

O grão também apresenta quantidades médias significativas de proteínas (cerca de 22%) e lipídios (10%) em sua estrutura. De acordo com Patrícia, a intenção foi trabalhar um elemento de cada vez. “Primeiramente, produzi um biomaterial só de amido purificado, com baixa quantidade de proteínas e lipídios. O segundo teste foi feito com amido cru, obtido com processo úmido. Já na terceira avaliação, utilizei farinha integral. Consegui variar as quantidades de proteína e lipídios ao longo de todos os testes”, explica.

O resultado, segundo ela, é um material que pode ser utilizado na fabricação de pequenas embalagens e sacolas plásticas. “Também pode ser empregado na indústria farmacêutica e na agricultura, sendo útil para a proteção de plantas em desenvolvimento”, destaca a cientista, que durante o estudo fez várias avaliações quanto à resistência do material. Ainda de acordo com Patrícia, a partir da quinoa é possível obter o plástico totalmente transparente ou em diversos tons de amarelo. “Vai depender da proteína empregada na produção”, esclarece.

A pesquisa também avaliou as vantagens ambientais trazidas pelo produto. Testes feitos de maneira informal mostraram que o biomaterial desapareceu completamente no meio ambiente depois de 15 dias, enquanto que o plástico convencional pode demorar um século para ser absorvido. “Na verdade, depois dessas duas semanas, ele vira comida de bactéria novamente”, revela Partícia.

Para a orientadora da pesquisa, a doutora Florência Menegalli, o uso de materiais como a quinoa para a produção de biomateriais é de grande importância para o futuro do planeta. “O grão tem propriedades adequadas para esse fim, e a produção do biomaterial não agride o meio ambiente. Porém, o preço da quinoa ainda é alto no Brasil”, pondera a professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos.


Produção

No momento, a quinoa é produzida por pequenos agricultores na região dos Andes. Porém, no Brasil, as pesquisas estão sob comando da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “O cultivo no inverno, com irrigação adequada, tem produzido grãos de alta qualidade. Mas ainda estamos em expansão, pois a área plantada no Brasil é pequena, apesar do excelente potencial. Isso significa que ainda importamos a maior parte dos grãos consumidos”, conta o pesquisador Walter Quadros, da Embrapa Cerrados.

A Embrapa também tem incluído a espécie no projeto de melhoramento de plantas. A perspectiva é lançar materiais com maior produtividade para diferentes épocas de plantio, além de identificar materiais genéticos com melhor qualidade nutricional (1)e funcional. “Quanto aos trabalhos de manejo, objetiva-se também o aperfeiçoamento do plantio à colheita. Ele também deve antecipar o controle da ocorrência de futuras pragas e doenças”, garante Walter. “A perspectiva, portanto, é baratear o produto para o produtor e o consumidor”, avalia.

1 – Proteína
Hoje, a quinoa é amplamente usada na culinária, no preparo de saladas, sopas, entre outros alimentos. É considerada por nutricionistas um bom substituto para a carne, graças ao seu alto valor protéico.

EcoDebate, 24/11/2009

Mudanças climáticas aumentam incidência de raios para próximas décadas


Um planeta com mais raios é o que a humanidade terá de enfrentar em um futuro próximo. Isso é o que sugere o livro “Lightning in the tropics: from a source of fire to a monitoring system of climatic changes” (Os raios nos trópicos: de uma fonte de fogo a um sistema de monitoramento de mudanças climáticas), lançado agora em novembro pela Nova Science Publishers, de Nova York, nos Estados Unidos. “A tendência global de crescimento na frequência de raios ocorrerá, fundamentalmente, devido ao aumento de temperatura provocado pela maior concentração de gases de efeito estufa na atmosfera”, afirma Osmar Pinto Junior, autor do livro e coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além do aumento no número de incidência de descargas atmosféricas, a distribuição geográfica do fenômeno também sofrerá alterações.

Para chegar a essas conclusões foram analisados resultados obtidos nas grandes áreas urbanas e pela maioria dos modelos climáticos, juntamente com a evidência disponível de que existem mais raios no planeta durante a ocorrência do fenômeno El Niño (aquecimento das águas do oceano Pacífico Equatorial), do que durante o La Niña (resfriamento destas águas). “A temperatura é o fator preponderante para a ocorrência de tempestades e, consequentemente, de raios. Contudo, as variações de temperatura em uma dada região dependem também das mudanças nos sistemas de circulação globais da atmosfera e das variações das temperaturas na superfície dos oceanos”, comenta o autor.

O Brasil é hoje o campeão mundial de raios e deverá continuar sendo. De acordo com o Elat, as observações feitas por satélite já indicam um aumento de 18 % na incidência de descargas atmosféricas nos últimos dez anos e a tendência é de que ocorra um acréscimo ainda maior nas próximas décadas. “Os raios deverão aumentar em geral no país, mas em algumas regiões este aumento deverá ser mais significativo, como é o caso da região Amazônica. Contudo, é possível que em pequenas regiões, principalmente no sul do país, ocorram diminuições”, avalia. O pesquisador do Inpe acredita que essas previsões dependem do cenário climático que deverá ocorrer nas próximas décadas em função das ações que serão ou não tomadas para evitar o ritmo de aceleração das mudanças climáticas.

As mudanças no clima sempre existiram ao longo da história do planeta, repercutindo em variações da temperatura global e, assim, alterando a incidência de raios. A diferença é que as mudanças enfrentadas hoje, dizem os especialistas, estão ocorrendo em uma escala de tempo muito menor, isto é, em décadas ao invés de milhares de anos. Outro agravante é que o planeta nunca foi tão populoso e com tecnologias tão sensíveis, o que pode implicar em mais mortes e prejuízos causados pelo aumento da incidência de raios. No Brasil, as consequencias podem ser agravadas, já que a estimativa é que, anualmente, haja cerca de 50 milhões de descargas atmosféricas, que causam em média 100 mortes e em um prejuízo R$1 bilhão.

O livro de Osmar Pinto Junior é o primeiro a abordar a relação entre raios e aquecimento global, apontada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) como extremamente importante para a compreensão das mudanças climáticas. A publicação revela que, assim como no passado os raios tropicais foram a principal fonte do fogo, o que representou uma das grandes conquistas da humanidade, no futuro eles serão fundamentais para monitorar as mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global, particularmente o aumento de furacões e de tempestades severas.

A maior parte dos raios ocorre, atualmente, na região tropical do planeta, principalmente na porção central do continente africano, na região tropical da América do Sul e na Indonésia. Esse fato já era conhecido até mesmo há 200 anos, como pode ser evidenciado na carta escrita pelo Marquês da Borba para a sua família, em 1808, quando ele chegou ao Rio de Janeiro com Dom João VI. Ele escreveu que diariamente ocorriam trovões como ele jamais havia escutado. Apesar disso, a informação sobre raios nos trópicos é ainda escassa, mas há importantes esforços para reuni-la e analisá-la, como exemplifica a obra do pesquisador do Inpe.

Reportagem de Iara Cardoso,

Relatório do PNUD denuncia que quase metade do planeta não tem energia moderna em casa


Mulher cozinha com lenha na vila de Kohlua, na Índia. Foto de Adam Ferguson/NYT, no Portal G1

Cerca de três bilhões de pessoas, aproximadamente a metade da população do planeta, não possui fontes modernas de energia para se aquecer e cozinhar, enquanto quase uma em cada quatro sequer tem luz elétrica, denuncia um relatório da ONU sobre recursos energéticos divulgado hoje.

O estudo foi elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e destaca as enormes dificuldades que os países em desenvolvimento enfrentam em matéria energética, além do impacto na saúde e no meio ambiente de práticas como a queima de lenha ou carvão nos lares mais pobres. Reportagem da Agência EFE.

O acesso a fontes de energia modernas como gás, petróleo ou eletricidade varia de acordo com o país, mas, em geral, as carências nesta matéria se concentram nos países em desenvolvimento mais pobres, particularmente na África Subsaariana.

O diretor de Política de Desenvolvimento do Pnud, Olav Kjorven, ressaltou hoje que a universalização do acesso à eletricidade e às fontes de energia moderna tem que fazer parte do futuro acordo global que será negociado no mês que vem em Copenhague durante a Conferência da ONU sobre a Mudança Climática.

“Se o acesso às energias modernas não fizer parte disso, não vai funcionar”, alertou Kjorven durante a apresentação do relatório.

Um total de 74% dos subsaarianos, ou seja, 560 milhões de pessoas, vivem sem luz elétrica em seus lares. Além disso, 625 milhões dependem da lenha ou do carvão para cozinhar ou combater o frio, segundo o Pnud.

Por outro lado, em regiões pobres mais desenvolvidas, como o Leste da Ásia e o Oceano Pacífico, o acesso à eletricidade é muito mais disseminado, embora 1,1 bilhão de pessoas ainda precisem recorrer a combustíveis primitivos.

Na grande maioria dos países latino-americanos e do Caribe, a proporção de gente que vive sem eletricidade caiu para abaixo de 25%, com a exceção de Haiti, Honduras e Nicarágua.

Além do problema do acesso a fontes de energia modernas, há o de que boa parte desses lares conta com fogões rudimentares, que costumam ser pouco eficientes e originam grande quantidade de fumaça, uma situação particularmente comum no mundo rural.

O relatório adverte que a fumaça criada pela queima de carvão ou lenha junto à ausência de equipamentos modernos e ventilação adequada formam a origem de inúmeros problemas respiratórios.

Quase dois milhões de mortes anuais por doenças como pneumonia, câncer de pulmão e outras patologias respiratórias se associam à inalação da fumaça produzida pela queima de combustíveis sólidos, assegura o estudo, que adverte que os mais afetados costumam ser crianças e mulheres.

No total, 44% dos mortos anualmente por causa destas doenças são menores de idade, enquanto 60% dos adultos são mulheres, detalha o relatório.

“Diante do enorme impacto destas doenças nos países menos desenvolvidos”, os responsáveis pelo estudo asseguram que “uma maior atuação em matéria de energia doméstica teria consequências muito positivas no âmbito da saúde das populações afetadas”.

Outro efeito nocivo da dependência do carvão e da lenha que se deve levar em conta é a emissão de gases poluentes gerada por sua combustão.

O relatório do Pnud alerta que uma melhora na situação do consumo energético doméstico nos países em desenvolvimento é “indispensável” caso haja a intenção de cumprir a meta de reduzir a pobreza mundial pela metade em relação aos níveis de 1990, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) fixados pela ONU.

Concretamente, para que essa meta seja atingida, quase 1,2 bilhão de pessoas deveriam ter acesso à luz elétrica e 1,9 bilhão precisariam abandonar os combustíveis sólidos em lugar de outros menos danosos.

“Os países em desenvolvimento estão muito atrasados em relação à universalização do fornecimento de energia elétrica, seja para cumprir suas metas nacionais ou para alcançar os ODM”, afirma o documento.

Nesse contexto, o estudo destaca que metade dos Governos dos países em desenvolvimento se comprometeu a alcançar metas concretas na ampliação do acesso à eletricidade, mas muito poucos o fizeram em relação ao uso de combustíveis sólidos na cozinha ou para calefação

Reportagem da Agência EFE, no UOL Notícias.

Tráfico de Animais: Lei é frouxa com traficantes


Contravenções não levam à cadeia e, apesar de altas, multas não restringem direitos a ponto de coibir o tráfico de animais.

Apesar do aumento da fiscalização no país, a autuação de traficantes de animais não é certeza de punição. A legislação ambiental vigente prevê de seis meses a um ano de prisão para quem transporta espécimes da fauna silvestre sem permissão, mas a mesma regra diz, em seu artigo 7º, que o criminoso só ficará detido se for condenado a mais de quatro anos de encarceramento, o que não acontece ainda que a maior pena seja aplicada. (leia O que diz a lei). “A lei é feita para quem tem o cativeiro doméstico”, explica Raquel Sabaini, chefe da Divisão de Fiscalização de Fauna, subordinada à Coordenadoria de Operação de Fiscalização do Ibama. Reportagem de Rodolfo Borges, do Correio Braziliense.

Ao optar por não punir com severidade o comprador de animais em situação ilegal, a legislação pega leve com quem retira os bichos da natureza e os submete a torturas que acabam levando a maioria à morte. “É o mesmo que falar que o usuário de droga merece a mesma punição que o traficante”, compara Sabaini, lembrando que a lei começou a distinguir traficante e comprador a partir de 2008, quando o Decreto nº 6.514 estipulou que “as multas serão aplicadas em dobro se a infração for praticada com finalidade de obter vantagem pecuniária”, ou seja, ganhar dinheiro.

O não pagamento dessas multas, contudo, não incorre em prisão, como acontecia até a publicação da Lei nº 9.268, de 1996, que alterou o artigo 51 do Código Penal (Leia Palavra de especialista). A falta de uma punição mais rígida — o que leva à reincidência do traficante — desmotiva a atuação dos fiscais. Resta às forças de repressão tentar enquadrar os traficantes em outros crimes, como o de formação de quadrilha.

“Nunca é uma pessoa só”, garante Hugo Schaedler, chefe da Divisão de Gestão e Proteção Ambiental do Ibama-DF. “Na última grande apreensão, encontramos 619 canários. Como calculamos que os traficantes geralmente pegam dois pássaros por dia, uma única pessoa teria demorado 309 dias para fazer isso. Ou ela trabalhou com alguém para estocar ou para coletar mais rápido”, conclui. O problema é conseguir configurar a atuação de um traficante como membro de quadrilha, porque eles circulam em número pequeno e alegam agir sozinhos.

Só o que tem mandado os traficantes de animais para a cadeia no Brasil é a falsificação de selo público. As anilhas que identificam e certificam a legalidade das aves no país têm status de selo público e são exigidas desde 1976. Sua falsificação incorre em pena de dois a seis anos de prisão, além de multa. Chefe da Delegacia Especial do Meio Ambiente (Dema) do DF, o delegado Antônio Anapolino concorda com penas mais rígidas — “o infrator acaba beneficiado” —, mas diz que, se não houver rapidez e eficácia no cumprimento da legislação, de nada vai adiantar qualquer mudança.

Discussão
Ainda que a maior parte dos envolvidos na repressão ao tráfico de animais concorde que é preciso diferenciar traficante de comprador, alterações na lei não fazem parte das atuais prioridades do Ministério do Meio Ambiente (MMA). “Concentramos nosso foco na discussão do marco legal da lei de biopirataria”, diz o diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, que chama atenção para a complexidade das discussões sobre o tráfico de fauna. “No passado, a legislação era muito rígida. Bastava o menino pegar um passarinho que a lei previa prisão”, compara, acrescentando que a falta de rigidez das atuais penalidades é uma reação à dureza da antiga norma.

Segundo Dias, os artigos da lei ambiental que tratam da fauna são discutidos há anos, principalmente no que tange a maus-tratos de animais. “Estavam em curso discussões sobre o uso de animais em circos e laboratórios para pesquisa, mas a discussão deu lugar à questão da biopirataria”, conta. “A lei que trata do tráfico não está recebendo tanta atenção, mas certamente é assunto que, tão logo consigamos resolver a questão da biopirataria, voltará às discussões”, garante.

Palavra de especialista
Lei é boa, mas insuficiente

“A lei ambiental brasileira é muito boa, positiva e abrangente, mas temos dificuldade na sua aplicabilidade. Ela foi prejudicada com a regulamentação do Código Penal brasileiro, que estipula pena alternativa, como pagamento de cestas básicas, em casos que preveem até dois anos de reclusão. Como o máximo que temos na lei é a pena de um ano de prisão, nenhum crime ambiental no Brasil é passível de detenção.

Evidente que isso enfraquece muito a defesa ambiental. Precisamos aumentar a pena dos crimes ambientais para que eles saiam dessa figura de menor poder ofensivo e para que possamos incluir na legislação uma distinção entre quem efetua o tráfico e quem está apenas de posse de um animal ilegal.

Outro problema diz respeito às penas pecuniárias. As multas podem chegar a R$ 5 mil por animal apreendido. No papel, é muito bonito, mas não existe nenhum prejuízo previsto para o cidadão que recebeu e não quitou essa multa. Não acontece nada se ele não pagar.

Seu nome vai para o cadastro federal de inadimplentes, o que o impede, por exemplo, de participar de uma licitação organizada pelo governo — mas que traficante de animais terá interesse em participar de uma licitação? Depois de cinco anos, essa penalidade caduca. Isso prejudica muito o combate ao tráfico e desestimula quem age na fiscalização.”

Dener Giovanini, coordenador-geral da ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas)

O que diz a lei

O artigo 29 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, prevê detenção de seis meses a um ano e multa para quem, entre outras coisas, “vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente”.

O parágrafo 4º do mesmo artigo prevê que a pena seja dobrada quando o crime é praticado contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração. Se o crime decorre do exercício de caça profissional, o infrator pode pegar até o triplo da pena. O artigo 7º da lei, contudo, diz que as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos, o que acontece mesmo quando a maior pena é aplicada.

Ou seja, não é possível ser preso apenas por traficar animais silvestres. Entre as penas restritivas de direitos com a mesma duração que teriam as restritivas de liberdade, estão a prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos e o recolhimento domiciliar. (RB)

Memória

12 de janeiro
Uma batida da Polícia Militar na Feira do Rolo da Ceilândia resultou na apreensão de 114 pássaros silvestres. Os periquitos, andorinhas e graúnas foram encaminhados para o Jardim Zoológico.

5 de março
A Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais, da Polícia Federal, apreendeu 200 galos em um centro de treinamento para rinhas. Os agentes chegaram ao local enquanto investigavam a máfia dos concursos, liderada, de acordo com as investigações da polícia, pelo ex-técnico judiciário Hélio Ortiz.

21 de agosto
Um homem de 31 anos foi detido na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA) com 40 quilos de peixe e um tatu no porta-malas do veículo. O motorista voltava da Bahia e foi parado ao passar pelos policiais do Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv).

15 de setembro
Uma fiscalização conjunta do Ibama e da Polícia Rodoviária Federal resultou na apreensão de 87 animais silvestres em Cristalina (GO). O homem de 40 anos detido com os bichos admitiu que os levava da Feira do Rolo de Ceilândia para São Paulo.

26 de setembro
Agentes da Polícia Rodoviária Federal detiveram três homens, entre eles um de nacionalidade portuguesa, na BR-020, em Formosa. Eles transportavam 452 canários peruanos escondidos na caçamba de uma caminhonete.

3 de outubro
Seiscentos canários-da-terra que estavam sendo transportados ilegalmente por um casal desde Campo Grande (MS) foram apreendidos na BR-060, perto de Brasília. O casal que carregava os bichos prestou depoimento e foi liberado.

9 de outubro
A Polícia Militar Ambiental apreendeu 110 pássaros sem licenciamento em uma casa no Paranoá. O morador alegou que as aves — curiós, pássaros pretos, sabiás e trincaferros — eram apenas para criação.

18 de outubro
Um homem de 44 anos foi autuado por crime contra a fauna em Ceilândia. Ele criava diversos pássaros silvestres, seis deles sem permissão do Ibama e cinco com anilhas falsificadas. Depois de autuado, foi liberado.

EcoDebate, 03/11/2009

A arquitetura da sustentabilidade empresarial.

O artigo a seguir tem como objetivo servir como um argumento adicional à reflexão sobre a questão da Sustentabilidade Empresarial e suas interfaces.

Arquitetura: termo que vem do grego arché — αρχή — significando “primeiro” ou “principal” e tékton — τέχνη — significando “construção” e refere-se à arte ou a técnica de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano. Fonte :wikpédia.

Sustentabilidade: Segundo o Relatório de Brundtland (1987), sustentabilidade é: “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”.Colocando de forma mais direta: a sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente tanto agora como para um futuro indefinido.

A Arquitetura da Sustentabilidade corresponde à arte de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano em comunhão com as 4 dimensões que constituem o Desenvolvimento Sustentável. O resultado desta ação deve criar um ambiente que seja:

1- ecologicamente correto;
2- economicamente viável;
3- socialmente justo; e
4- culturalmente aceito.

Em consonância com estas dimensões o artigo discorrerá sobre como estruturar e implementar no âmbito empresarial uma política corporativa de sustentabilidade.

As empresas que objetivam estabelecer o seu posicionamento estratégico através da incorporação dos valores e princípios sustentáveis,devem transmitir de forma efetiva ao seu publico de que esta atitude não se trata apenas de uma ação pontual, mas sim, de uma política corporativa de sustentabilidade a ser implementada em médio e longo prazo com iniciativas mensuráveis e com metas bem definidas.

Diante deste pressuposto, uma política corporativa de sustentabilidade que seja abrangente e integradora deve ser concebida de acordo com o seguinte modelo:


O passo inicial será o entendimento e avaliação da cultura empresarial existente, sendo examinados missão e valores,observando-se o grau de atenção direcionado aos temas socioambientais. A seguir, a análise do Plano de Negócios (BP) buscando o entendimento em como serão realizadas as metas de sucesso estabelecidas em médio e longo prazo e as correlações pragmáticas com as dimensões do triple botton line (triplo resultado). O Balanço Anual de resultados será avaliado e entendido onde e como são alocados os passivos e os ativos socioambientais. Por fim os relatórios gerenciais e operacionais, referentes aos processos produtivos, verificando-se a regularidade e o conteúdo reportado, com indicações de correção de desvios.

A existência de reportes periódicos referentes às iniciativas pode indicar um parte de caminho já percorrido dentro da empresa, facilitando a concepção e implementação de uma política corporativa de sustentabilidade. Estas iniciativas correspondem aos projetos mais operacionais, diretamente ligados aos processos.

A política deve ser concebida em acordo com as dimensões ambiental, social e econômica (TBL), sendo a questão cultural inserida dentro da dimensão social.

As metas para o sucesso da implementação da política na empresa devem ser projetadas respeitando-se o grau de flexibilidade para mudanças (monitorado por indicadores específicos) e sua capacidade para absorção e amadurecimento da nova cultura, agora com o viés da sustentabilidade.

Alguns resultados concretos podem ser monitorados e avaliados em curto prazo, ao fim dos primeiros dois anos. O restante deverá ser identificado e avaliado em médio e longo prazos, a partir do terceiro ano em diante.

Os resultados serão contínuos dado que a característica original da sustentabilidade é seu dinamismo. Será um ciclo virtuoso que periodicamente retornará ao inicio para rever objetivos e metas.

As dimensões do triple botton line são concomitantes e uma diversidade de iniciativas transversais coexistirá de forma simultânea. A seguir comentamos algumas delas:

- Gestão Energética: ações de reavaliação estratégica e redesenho de processos cujo resultado pode indicar adoção de iniciativas para otimização do uso da energia. Uso intensivo de energia significa investimento de recursos. Portanto, usar de forma racional é primordialmente importante para a empresa e para o planeta.

- Gestão de Resíduos: adoção de iniciativas que apresentam as melhores práticas no trato dos resíduos gerados antes, durante e após os processos. Coleta, transporte e armazenamento final adequados reduzem o custo da operação, além de contribuir para a preservação dos recursos naturais.

- Gestão dos Recursos Hídricos: água é um recurso finito e caro. Algumas ações podem reduzir seu uso e custo. Por exemplo, a implantação de ETEs (estação de tratamento de esgotos); a captação e uso de águas pluviais, a contratação de água para reuso; a adoção de equipamentos mais eficientes e a implantação de métodos que apontem sua produtividade (input X output). Estudos recentes de Analise de Ciclo de Vida (LCA) apontam que a água é utilizada muito mais do que se imagina e contabilizado de forma inadequada no computo geral do custo dos produtos.

- Gestão das Emissões dos GEE1: regularmente a primeira ação tomada é a realização de um inventário de emissões para identificar o quanto e onde a empresa está emitindo. Depois parte-se para a gestão e se possível, a redução das emissões de GEE.

Estas reduções acontecem via revisão ou aprimoramento de processos produtivos. São monitorados por metodologias especificas aprovadas pela ONU (UNFCCC), sendo os mais conhecidos, os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que podem gerar ativos ambientais (créditos de carbono) com alto valor agregado e grande liquidez no mercado.

-Gestão de Stakehoders: a agenda social da sustentabilidade.
Podem ser considerados “atores participantes” (stakeholders) ao entorno do projeto: comunidades, associações de bairro, grupos jurídicos, promotoria pública, associações religiosas, escolas e universidades, colaboradores da empresa, acionistas (stockholders), consumidores, fornecedores, entre outros.

Diversas iniciativas podem ser concebidas e implementadas.
Para o Público Interno;criação e adoção de políticas de remuneração e reconhecimento, planos de carreira, assistência para saúde, suporte para especializaçã0 profissional.

Para o Publico Externo; criação de estratégias e ações para a disseminação dos conceitos e das boas práticas da Sustentabilidade. Por exemplo, capacitando comunidades de entorno, fornecedores ou consumidores em como lidar com temas como consumo consciente, preservação e utilização dos recursos naturais, impactos ambientais, descarte adequado de resíduos e valores de cidadania.

- Governança Corporativa: incorporação de ações efetivas de transparência empresarial para o publico. Na prática significa adoção de indicadores que buscam apresentar de forma direta, transparente e acessível a performance empresarial.

Alguns índices como o ISE-Indice de Sustentabilidade Empresarial, e o DJSI-Down Jones Sustainability Index agregam empresas que atendem aos pré-requisitos de sustentabilidade exigidos, contribuindo para criar valor real para as empresas.

- Green IT: iniciativas que acontecem a partir do ambiente de IT e são voltadas para redução do consumo de materiais e recursos naturais.
A reavaliação e redesenho de processos assim como o incremento do nível de utilização de alguns equipamentos, como por exemplo, Servidores. São medidas que quando adotadas e alinhadas com a estratégia global da empresa podem resultar em reduções significativas do custo operacional ou da necessidade de recursos para investimento futuros.

- Plano de Comunicação com o Mercado: é o instrumento de interação e informação entre empresa e stakeholders.
Apresenta de forma estruturada, todas as iniciativas planejadas e em andamento assim como os benefícios econômicos e socioambientais obtidos.

Comunica o posicionamento formal da empresa podendo ter a forma de um Relatório de Sustentabilidade, divulgado em períodos específicos e mostrando a regularidade e continuidade da Politica de Sustentabilidade.

O plano de comunicação contribui diretamente para que o Mercado possa perceber o valor criado e incentivar a empresa à continuidade das suas ações.

Por fim, o sucesso efetivo na adoção de uma política de sustentabilidade, deve construir valor real para o produto, empresa,individuo e comunidades.

A grande recompensa para a empresa será a preferência dada pelo Mercado. No momento de decisão de compra será escolhido o produto que apresenta a menor “pegada socioambiental” em seu rótulo. Isto rentabilizará a empresa e contribuirá para a sua continuidade e perenidade.

O beneficio maior será a contribuição efetiva para a preservação do planeta e da qualidade de vida para as futuras gerações.

* Colaboração de Laércio Bruno Filho para o EcoDebate, 31/10/2009

Os três R’s do consumo sustentável


“Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (ONU, 1991, Nosso Futuro Comum)

O consumo consciente é um ato de reflexão antes do ato da compra ou do descarte de um produto qualquer.
Antes de praticar os 3 Rs que vão ajudá-lo no consumo sustentável, adote o R de REPENSAR.Verifique se o que você está comprando é necessário ou supérfluo, se é essencial para o seu bem estar ou se não passa de um impulso de compra.

Os 3 Rs da ecoeficiência:

REDUZIR: significa economizar de todas as formas possíveis. Numa sociedade onde quase todas as embalagens são descartáveis, é preciso repensar nas diversas maneiras de se combater o desperdício.
Adote estas dicas:

.Procure sempre produtos mais duráveis;
.Compre o suficiente para consumo, evitando desperdício de produtos e alimentos;
.Coloque no prato só o que realmente for comer;
.Reforme e conserte os objetos, no lugar de substituí-los por outros;
.Evite comprar legumes, frios e carnes em bandejas de isopor, que não são recicláveis.
.Controle o uso da água: não deixe a torneira aberta enquanto escova os dentes, passa o shampu ou ensaboa a louça. Abrir e fechar várias vezes é melhor do que deixar a água correr sem necessidade;
.Desligue a TV e apague a luz quando sair.
.Lance a moda de usar os dois lados do papel na hora de tirar fotocópias de documentos de grande volume.
.Use o verso de papéis impressos para fazer os seus rascunhos ou bloquinhos de recados.
.Evite embrulhos e embalagens supérfluas, como sacos plásticos para itens avulsos. É sempre mais lixo!
.Não jogue papéis, latinhas e bitucas de cigarro nas ruas, pois vão direto para os bueiros, causando entupimentos e enchentes. Os únicos responsáveis pela poluição das águas, mares, rios e lagos somos nós, a população.

REUTILIZAR: é uma forma de evitar que vá para o lixo aquilo que não é lixo. É ser criativo, inovador, usar um produto de várias maneiras. Veja alguns exemplos:
.Doe o que ainda pode ser usado por outras pessoas para brechós e instituições de caridade: roupas, sapatos, móveis, bijouterias, brinquedos, livros, CDs, DVDs.
.Aproveite tudo o que puder dos alimentos, economizando também nas quantidades. Talos, cascas e folhas de frutas, verduras e legumes são altamente nutritivos e, com um pouco de criatividade, podem ser transformados em pratos saborosos.

RECICLAR: significa enviar um produto ou embalagem pós-consumo de volta para o seu ciclo de vida útil, isto é, encaminhá-lo para as usinas recicladoras, onde serão transformados em novos produtos ou embalagens.

O que pode ser enviado para a reciclagem:

.papéis de todo tipo
.papelão
.jornais
.revistas
.folhetos
.latas de ferro e alumínio
.embalagens do tipo “longa vida”
.vidros
.plásticos
.óleo vegetal usado
.pilhas e baterias
.lâmpadas fluorescentes
.pneus

CUIDADO: observe a seqüência lógica da filosofia dos 3 Rs: primeiro reduzir, depois reutilizar e finalmente reciclar.
Não aumente o consumo só para ter mais material para reutilizar e reciclar!
Fonte: http://www.reviverde.org.br/ Imagem: Corbis

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