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quarta-feira, 7 de abril de 2021

Em busca de uma Revolução na Educação

 

Em busca de uma Revolução na Educação, artigo de Henrique Flory

Essa revolução na Educação já está aí presente, mas ainda não é bem entendida. Já existem alunos e pequenos grupos sociais vivenciando-a. É a Educação que ensina que seus alunos não esperam pelo ontem, eles criam o amanhã

[EcoDebate] Estamos todos sofrendo de tal forma com os efeitos avassaladores da crise continuada do COVID-19 que muitos conseguem apenas ver as desgraças, as mortes, as UTIs lotadas, a falência do sistema de saúde e o desespero tomando posse dos nossos espíritos. Eles não conseguem perceber que em todas as calamidades e guerras existem sim avanços e melhorias, existem ganhos que podem, se entendidos e defendidos, ser incorporados na sociedade de forma duradoura. Esse artigo pretende mostrar como esses processos estão ocorrendo na Educação, se nos dermos a chance de conseguir observá-los.

A decretação da primeira quarentena em meados de Março de 2020 pegou quase todas escolas de surpresa. Muitas suspenderam suas atividades, por poucos dias que se estenderam a meses e depois se tornaram uma adaptação em aulas remendadas de diversos tipos: tarefas, indicações de leitura, vídeos, aulas em vídeo, telepresenciais, mas em sua grande maioria nada planejado nem organizado.

Outras escolas, porém, estavam melhor preparadas, já tinham experiências reais e significativas com aulas a distância, telepresença, criação de incentivos e sistemas de avaliação online e em tempo real. Essas escolas, com o “alívio” burocrático e sindical conseguido devido às condições da pandemia, puderam expandir e evoluir suas prestações de serviços, chegando a uma nova realidade, que praticamente independe da sala de aula tradicional. Sim, um movimento certamente inevitável e inexorável, mas que sem a pandemia levaria décadas para se consolidar.

As mudanças não foram apenas ao se incorporar tecnologias. Toda metodologia de estudo e ensino pode ser repensada. Uma nova startup educacional passou a oferecer 2.000 professores particulares online, 24 horas por dia, 7 dias por semana, mudando o conceito de se estudar ao fazer atividades e exercícios. A avaliação em tempo real do nível de interesse e participação dos alunos trouxe a possibilidade de “medir o pulso” do paciente ao invés de “fazer a autópsia” de três em três meses, apenas na época das provas.

Aqueles que não conseguiram ver ou acompanhar as mudanças passaram a clamar pela volta presencial, como se fosse uma forma melhor e mais evoluída de ensino. Como se apinhar 40 alunos em uma sala com um professor, a escola-fábrica herdada da era industrial, fosse realmente eficiente. Como se essa solução, ao colocar 35% dos alunos, fosse funcionar, e não resultasse em os outros 65% exigindo que a aula fosse repetida quando tivessem a oportunidade de estar presentes.

Grande parte da população, enganada por falsas esperanças, comprou a ideia da volta. E os argumentos, embora todos focados no retrovisor da História, parecem convincentes e atraentes. Vamos voltar ao que era antes, vamos apagar esse ano terrível das nossas memórias. Os alunos precisam estar na escola!

Os alunos precisam estar na escola porque em casa ninguém consegue forçá-los a estudar, e na escola sim. Esse é o conceito da escola-prisão. Escola não deve ser isso. Os alunos precisam estar na escola para ter uma refeição. Essa é a escola-refeitório. Os alunos precisam estar na escola porque o ambiente familiar é tóxico. Essa é a escola-albergue.

As experiências de 2020 nos ensinaram que a Escola não precisa, e não pode, ser nada disso. Outras instituições precisam existir para cumprir essas funções. O conceito da escola evoluiu, tornou-se difuso para abraçar o online, o social e as redes sociais, as múltiplas e diversas formas de aprender e avaliar o aprendizado.

Essa revolução na Educação já está aí presente, mas ainda não é bem entendida. Já existem alunos e pequenos grupos sociais vivenciando-a. É a Educação que ensina que seus alunos não esperam pelo ontem, eles criam o amanhã. Eles não bebem toda a água do bote salva-vidas na esperança de que o resgate venha amanhã. Eles criam seus novos grupos e interações e projetos, não ficam na dependência de um salvador divino ou uma vacina perfeita que irá nos conduzir de volta ao mundo de antes.

Eles são a solução, não terceirizam a esperança.

* Henrique Flory é diretor do Colégio Einstein Assis – https://einsteinassis.com.br/  EcoDebate

 

Degelo da Antártica revela alto risco de aumento do nível do mar em longo prazo

 

Degelo da Antártica revela alto risco de aumento do nível do mar em longo prazo

Quanto mais quente fica, mais rápido a Antártica perde gelo – e grande parte dele terá ido embora para sempre. As consequências para as cidades costeiras do mundo e locais de patrimônio cultural seriam prejudiciais, de Londres a Mumbai e de Nova York a Xangai.

 PREVISÃO: Evolução do degelo.


Isso é o que uma equipe de pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático, Universidade de Potsdam e da Universidade de Columbia, em Nova York descobriu em seu novo estudo, publicado na revista Nature (matéria de capa), de quanto aquecimento a plataforma de gelo Antártica pode sobreviver.

Potsdam Institute for Climate Impact Research*

Em cerca de um milhão de horas de computação, suas simulações detalhadas sem precedentes delineiam onde exatamente e em quais níveis de aquecimento o gelo se tornaria instável e, eventualmente, derreteria e drenaria para o oceano.

Eles encontram um concerto delicado de efeitos de aceleração e moderação, mas a principal conclusão é que a mudança climática não mitigada teria consequências terríveis a longo prazo: se o nível de temperatura média global for sustentado por tempo suficiente em 4 graus acima dos níveis pré-industriais, o derretimento da Antártica sozinho poderia eventualmente elevar o nível global do mar em mais de seis metros.

” A Antártica um detém mais da metade da água doce da Terra, congelado em uma vasta camada de gelo, com cerca de 5 quilômetros de espessura”, explica Ricarda Winkelmann, pesquisador do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático (PIK) e da Universidade de Potsdam, e coautor do estudo. “À medida que a água e a atmosfera do oceano circundante aquecem devido às emissões humanas de gases de efeito estufa, a calota de gelo do Pólo Sul perde massa e, eventualmente, torna-se instável. Devido à sua magnitude, o potencial da Antártica a para contribuição ao nível do mar é enorme: Nós descobrimos que já a 2 graus de aquecimento, derretimento e o fluxo acelerado de gelo no oceano, eventualmente, acarretará 2.5 metros de aumento do nível do mar global apenas a partir deAntártico a sozinho. A 4 graus, serão 6,5 metros e a 6 graus quase 12 metros se esses níveis de temperatura forem sustentados por tempo suficiente. ”

Mudança de longo prazo: não é rápida, mas é para sempre

O título do artigo refere-se ao fenômeno físico complexo da histerese. Nesse caso, isso se traduz em irreversibilidade. Anders Levermann, coautor e pesquisador da PIK e da Universidade de Columbia descreve: “A Antártica a é basicamente nossa herança definitiva de uma época anterior na história da Terra. Ela existe há cerca de 34 milhões de anos. Agora, nossas simulações mostram que, uma vez derretida, ela não volta ao seu estado inicial, mesmo que as temperaturas voltem a baixar. Na verdade, as temperaturas teriam que voltar aos níveis pré-industriais para permitir a sua recuperação total – um cenário altamente improvável. Em outras palavras: O que perdemos da Antártica agora, está perdido para sempre. ”

As razões por trás dessa irreversibilidade são os mecanismos de auto-reforço no comportamento do manto de gelo em condições de aquecimento. O coautor Torsten Albrecht expõe: “Na Antártica Ocidental a, por exemplo, o principal fator de perda de gelo é a água quente do oceano, levando a um maior derretimento sob as plataformas de gelo , o que por sua vez pode desestabilizar a camada de gelo aterrada . Isso torna as geleiras do tamanho da Flórida deslizar para o oceano. Quando as temperaturas ultrapassam o limiar de seis graus acima dos níveis pré-industriais, os efeitos da superfície de gelo se tornam mais dominantes: como as gigantescas montanhas de gelo afundar lentamente para alturas mais baixas onde o ar é mais quente, o que leva a mais derretimento na superfície do gelo – exatamente como observamos na Groenlândia. ”

O destino de Nova York, Tóquio, Hamburgo está em nossas mãos

A perda e o derretimento do gelo se aceleraram significativamente nas últimas décadas na Antártica a. Os autores no entanto explicitamente não ter abordado a questão da escala de tempo em seu trabalho, mas sim avaliar os níveis de aquecimento crítico em que partes da calota de gelo da Antártida se tornam instáveis.

Winkelmann explica esta abordagem: “No final, é a nossa queima de carvão e óleo que determina as emissões contínuas e futuras de gases de efeito estufa e, portanto, se e quando os limites de temperatura críticos na Antártica a forem ultrapassados. E mesmo se a perda de gelo acontecer em longo prazo, os respectivos níveis de dióxido de carbono já podem ser alcançados em um futuro próximo. Decidimos agora se conseguiremos deter o aquecimento. O destino da Antártica está realmente em nossas mãos – e com ele, de nossas cidades e locais culturais em todo o mundo, de Copacabana no Rio de Janeiro à Ópera de Sydney. Portanto, este estudo é realmente mais um ponto de exclamação por trás da importância do Acordo Climático de Paris: Manter o aquecimento global abaixo de dois graus. ”

Levermann acrescenta: “Se desistirmos do Acordo de Paris, desistimos de Hamburgo, Tóquio e Nova York.”

O maior segredo científico para ter uma memória incrível

Marcelo Ribeiro


Há poucas coisas que são tão benéficas para sua memória quanto ter uma boa noite de sono. Entenda a causa.

Se você está cansado, é difícil prestar atenção, e a memória requer atenção

Para lembrar das informações, você precisa prestar atenção. Se você está cansado simplesmente não consegue prestar atenção tão eficazmente como quando está descansado. Essa afirmação parece simples, mas traz à tona outra pergunta: por que você se cansa?

Você pode se sentir cansado e ter problemas para prestar atenção porque você está acordado há muitas horas e a pressão do sono está aumentando, ou — mesmo que você tire um cochilo — porque é no meio da noite e seu ritmo circadiano(seu relógio interno) está mandando você dormir. Em ambos os casos, você terá problemas para prestar atenção, e, portanto, problemas para lembrar das coisas.

Cafeína ajuda?

A cafeína bloqueia receptores químicos em seu cérebro para que, temporariamente, você não possa sentir a pressão do sono. Assim, a cafeína pode permitir que você fique mais alerta, fique mais atento e lembre-se melhor. Mas como você provavelmente sabe por experiência própria, a cafeína só pode atrasar a pressão crescente do sono, o que vai levar leva a um cansaço avassalador.

Preparando para um novo aprendizado

Quando você aprende novas informações durante o dia, ela é temporariamente armazenada no hipocampo, uma parte do seu cérebro atrás dos olhos em forma de cavalo marinho. O hipocampo tem uma capacidade limitada de armazenamento. Se você exceder essa capacidade, você pode ter dificuldade em incorporar novas informações — ou você pode substituir uma memória antiga com uma mais nova.

Felizmente, isso comumente não acontece. Todas as noites durante o sono as conexões entre os neurônios (chamadas sinapses) encolhem para reduzir ou eliminar as memórias inúteis — como o que você comeu no café da manhã na semana passada e as roupas que você usou ontem. Esta eliminação seletiva de sinapses durante a noite prepara você para formar novas memórias no dia seguinte.

Durma para consolidar memórias

O sono também nos ajuda a consolidar as memórias que queremos preservar, transferindo-as de memórias transitoriamente acessíveis para aquelas que podem ser lembradas anos depois. Memórias de fatos e habilidades mostram maior retenção durante um período de 12 horas que inclui sono contra um período de 12 horas enquanto estamos acordados. Grande parte dessa consolidação ocorre durante o segundo estágio do sono, uma fase de sono leve que ocorre mais comumente nas horas anteriores a acordar. Isso significa que se você acordar cedo sem uma noite inteira de descanso, você pode estar prejudicando sua capacidade de manter suas memórias.

Interconectando as memórias durante o sonho

Embora você sonhe em vários estágios do sono, seus sonhos mais interessantes e vívidos geralmente ocorrem durante o sono em que ocorre o movimento rápido dos olhos (sono REM, na sigla em inglês), que tem esse nome porque os olhos se movem rapidamente, mas o corpo está paralisado. É durante o sono REM que suas memórias recém-consolidadas se interconectam com suas memórias anteriores, incluindo as de sua vida, bem como sua biblioteca de fatos e conhecimentos. Essa conexão entre suas memórias recentes e suas memórias e conhecimentos anteriores é uma das razões pelas quais você acorda com uma nova e valiosa perspectiva sobre um problema — ou talvez até mesmo uma solução completa!

Isso realmente aconteceu com Dmitri Mendeleev, que estava lutando por meses para descobrir como os elementos atômicos deveriam ser dispostos na tabela periódica. Em um sonho que teve 17 de fevereiro de 1869, ele vislumbrou a localização de todos os elementos na tabela e, depois de escrever o sonhou, realizou apenas uma única correção pequena.

Você se sentirá melhor de manhã

Você já ficou terrivelmente abalado com alguma coisa e, no dia seguinte, se sentiu (ao menos um pouco) melhor? O sono também pode desconectar as emoções ligadas a memórias dolorosas, mantendo o conteúdo da memória. Assim, você poderá se lembrar do que te chateou sem ter que reviver toda a intensidade emocional do evento.

Remédios para dormir ajudam?

A melatonina não um comrpimido comum para dormir, mas pode ajudar a regular seu ciclo de sono se esse for o problema. Paracetamol pode aliviar pequenas dores e dores que podem deixar você de olhos abertos durante a noite. Todos os outros comprimidos para dormir, no entanto, seja prescrito comprado sem receita, sedam você e realmente pioram a memória, tanto o que você aprendeu naquele dia quanto o que você está tentando aprender no dia seguinte! Tratamentos não farmacológicos para o sono são de longe os melhores.

Um segredo

Quer maximizar sua memória se você está estudando para uma prova ou concurso, se preparando para uma reunião importante ou está com ansiedade por causa de outra responsabilidade? É mais provável que você se lembre das informações para a prova, os documentos da reunião se você passar o olho pelo material que você deseja lembrar, diariamente, por vários dias, com cada dia destes seguido por uma boa noite de sono de sete a nove horas. Durma bem!

Marcelo Ribeiro . HypeScience

terça-feira, 6 de abril de 2021

A inversão da realidade, artigo de Montserrat Martins

 




Senso crítico é exercer modos de raciocínio que deveríamos fazer na análise dos fatos cotidianos, o que nos alertaria tanto contra criminosos, quanto contra as fake News que também estão na moda

As famílias costumavam alertar “cuidado com as pessoas que você conhece na internet”, quando se popularizaram as redes sociais e sites de relacionamento, uma década atrás. Parecia muito estranho conhecer uma pessoa sem ser pessoalmente. Histórias sobre psicopatas de todos os tipos eram contadas, sobre os perigos da internet.

Ainda existem medos e histórias sendo contadas, mas nos últimos dez anos o mundo mudou completamente e hoje a internet é o principal meio de conhecimento entre as pessoas. A pandemia acelerou ainda mais esse processo e hoje, por ironia do destino, as pessoas tem medo é de se conhecer presencialmente.

Assim como nos relacionamentos, os negócios também migraram para a internet, ter uma loja física não é mais necessária para você fazer vendas, que agora são pelos sites. A Medicina, você sabe, já faz teleconsultas. A política não tem mais comícios e sim lives. A TV deixou de ser o principal entretenimento, que hoje são os perfis das “novas celebridades” como os youtubers e as pessoas com milhões de seguidores no instagram.

Com exceção dos jovens até 20 anos, que já se criaram nessa nova realidade, quem nasceu “no século passado” (antes de 2000) está vivendo uma “inversão da realidade”, onde todas os tipos de trabalho tem cada vez mais “home office” em comparação com as atividades presenciais. Até a vigilância é cada vez feita mais por câmeras do que por vigilantes presenciais.

Sim, existem os psicopatas da internet, mas eles não são diferentes dos que batem às portas de idosos dizendo que vieram aplicar a vacina em casa, para lhes roubar, não são diferentes do “golpe do bilhete” ou dos “descobridores de talentos” que aliciam jovens, ou de todos os golpistas que iludem as pessoas com facilidades presencialmente. A internet é apenas um meio de comunicação, ela não muda o caráter das pessoas, os psicopatas agem nela como em qualquer outro lugar.

Senso crítico é o principal instrumento de defesa contra golpes, seja na internet ou presencialmente. Deveria ser matéria de estudo nas escolas, como por exemplo o livro “Senso crítico: do dia a dia às ciências humanas”, de David w. Carraher (São Paulo, Pioneira, 1983).

Senso crítico é exercer modos de raciocínio que deveríamos fazer na análise dos fatos cotidianos, o que nos alertaria tanto contra criminosos, quanto contra as fake News que também estão na moda. Nada indica que senso crítico vá entrar “na moda”, ele não dá lucro. Mas nada impede que você, para se defender, desenvolva o seu.

Montserrat Martins é Psiquiatra

  EcoDebate

Mudanças climáticas reduziram a produtividade agrícola global em 21% desde 1960

 


Mudanças climáticas reduziram a produtividade agrícola global em 21% desde 1960

Apesar dos avanços agrícolas importantes para alimentar o mundo nos últimos 60 anos, um estudo liderado por Cornell mostra que a produtividade agrícola global é 21% menor do que poderia ter sido sem as mudanças climáticas. Isso é o equivalente a perder cerca de sete anos de aumento de produtividade agrícola desde 1960.

Os futuros impactos potenciais das mudanças climáticas na produção agrícola global foram quantificados em muitos relatórios científicos, mas a influência histórica das mudanças climáticas antropogênicas no setor agrícola ainda não tinha sido modelada.

Cornell University*

Agora, um novo estudo fornece esses insights: “Anthropogenic climate change has slowed global agricultural productivity growth”, publicado na Nature Climate Change , foi liderado pelo economista Ariel Ortiz-Bobea, professor associado da Escola de Economia e Gestão Aplicada Charles H. Dyson em Cornell.

“Descobrimos que a mudança climática basicamente eliminou cerca de sete anos de melhorias na produtividade agrícola nos últimos 60 anos”, disse Ortiz-Bobea. “É equivalente a apertar o botão de pausa no crescimento da produtividade em 2013 e não ter nenhuma melhora desde então. A mudança climática antropogênica já está nos retardando.”

Os cientistas e economistas desenvolveram um modelo econométrico abrangente que liga as mudanças anuais no clima e nas medidas de produtividade com a produção dos modelos climáticos mais recentes ao longo de seis décadas para quantificar o efeito da recente mudança climática causada pelo homem no que os economistas chamam de “total produtividade dos fatores “, uma medida que captura a produtividade geral do setor agrícola.

Ortiz-Bobea disse ter considerado mais de 200 variações sistemáticas do modelo econométrico e os resultados permaneceram bastante consistentes. “Quando olhamos para diferentes partes do mundo, descobrimos que os impactos históricos das mudanças climáticas foram maiores em áreas já mais quentes, incluindo partes da África, América Latina e Ásia”, disse ele.

Os humanos já alteraram o sistema climático, disse Ortiz-Bobea, conforme a ciência do clima indica que o globo está cerca de 1 grau Celsius mais quente do que sem os gases de efeito estufa atmosféricos.

“A maioria das pessoas vê a mudança climática como um problema distante”, disse Ortiz-Bobea. “Mas isso é algo que já está surtindo efeito. Temos que lidar com a mudança climática agora para evitar mais danos para as gerações futuras”.

Referência:

Ortiz-Bobea, A., Ault, T.R., Carrillo, C.M. et al. Anthropogenic climate change has slowed global agricultural productivity growth. Nat. Clim. Chang. 11, 306–312 (2021). https://doi.org/10.1038/s41558-021-01000-1

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.


Amazônia e Bioeconomia – Sustentada em ciência, tecnologia e inovação

 


Amazônia e Bioeconomia – Sustentada em ciência, tecnologia e inovação

 Instituto de Engenharia lança estudo inédito sobre Amazônia e as oportunidades da bioeconomia no Brasil. Caderno foi elaborado com a participação de grandes nomes da academia, do mercado e da ciência com coordenação de Carlos Nobre

 

O Instituto de Engenharia, entidade centenária nacional, acaba de lançar um estudo inédito: Amazônia e Bioeconomia – Sustentada em ciência, tecnologia e inovação.

O material completo pode ser baixado no http://www.institutodeengenharia.org.br/site/amazonia-e-bioeconomia/ e mostra como a Amazônia e o investimento em bioeconomia pode levar o Brasil para uma onda de desenvolvimento econômico. Nele são indicados caminhos e condições para que o País alcance protagonismo nesta nova bioeconomia circular que se baseia na descarbonização das atividades econômicas.

O caderno foi coordenador pelo cientista e engenheiro, Carlos Nobre e pelo conselheiro e engenheiro do IE, George Paulus e teve a participação do reitor da Universidade de São Paulo, Vahan Agopyan; Carlos Brito Cruz, VP sênior da Elsevier e ex- reitor da UNICAMP; Tatiana Schor, secretária-executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas; Ana Euler, pesquisadora da Embrapa Amapá; Adalberto José Val, pesquisador do INPA e um dos integrantes do Conselho da Amazônia; Ary Plonski, diretor do IEA-USP; Ricardo Kenzo, VP de Relações Externas do IE e Victor Brecheret, conselheiro do IE.

“Esse projeto representa uma contribuição do Instituto de Engenharia à discussão sobre as oportunidades e desafios do Brasil na Bioeconomia. O nosso País precisa imaginar, discutir e escolher que desenvolvimento quer e pode fazer acontecer, principalmente usando de forma sustentável os recursos encontrados na Amazônia”, afirma Eduardo Lafraia, presidente do IE.

Durante a produção deste material ficou claro que o País precisa investir com qualidade em Educação, Ciência e Tecnologia para inovar e se apropriar de seu mais significativo diferencial para o século XXI, a Amazônia. “Manter o status quo de ocupação do território significa atrair um movimento migratório em que as pessoas mudam para Amazônia sem condições, e acabam numa situação de miséria”, comenta Tatiana Schor, secretária-executiva de CT&I do Amazonas.

Pautas para debate e ação no estudo
Para que o País de fato se torne uma potência mundial da Bioeconomia, transformações importantes precisarão ser enfrentadas por nossa sociedade. Essas mudanças podem levar anos ou até décadas e não há tempo a perder para iniciá-las. A velocidade de implementação é sem dúvida o fator mais importante. Com isso, o IE defende:

Centralidade Estratégica da Bioeconomia para o Brasil: essa estratégia deve assumir explicitamente uma relação de subordinação à biodiversidade, que precisa estar no comando das atividades econômicas e promover um processo de reindustrialização.

Governança: o Estado brasileiro deve assumir o papel de criar e implementar uma Política Nacional de Bioeconomia com a criação de um Conselho Nacional da Bioindústria. O conselho deve acelerar o avanço da bioeconomia nas seguintes questões:

• Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
• Empreendedorismo competitivo globalmente
• Educação e capacitação profissional
• Obtenção de financiamento nacional e internacional
• Acesso aos mercados globais
• Comunicação com a sociedade

Desenvolvimento do sistema de CT&I: é necessária a implantação de um programa de atração e fixação de pesquisadores e empresas para atuarem na região. Ao mesmo tempo é necessário estruturar e apoiar as instituições e entidades de excelência, com foco em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) junto a parques tecnológicos que transformem as inovações em produtos e serviços de alto valor agregado. Gargalos do sistema de CT&I a serem atacados:

i. Investimento em educação
ii. Investimento em infraestrutura básica
iii. Investimento privado em CT&I
iv. Recursos públicos para CT&I

Fortalecimento das instituições de ensino e pesquisa: retomada dos investimentos nas instituições de pesquisa e ensino e com foco nos seguintes pontos:
i. Atualização da Formação em Engenharia para sustentabilidade
ii. Desenvolvimento da Engenharia Biológica
iii. Rede de Ciência, Tecnologia e Inovação

Hub de excelência em CT&I da Amazônia: para que o Brasil alcance a autonomia na nova Bioeconomia é preciso que se desenvolva Capacidade e Conhecimento nacional. Assim como aconteceu nos casos das indústrias aeronáutica e do agronegócio, o País precisa agora de um agente de excelência em CT&I, que assuma tanto a responsabilidade pelo estímulo e coordenação das atividades de CT&I de ponta na Amazônia, como o desenvolvimento de polos tecnológicos que atraiam e capacitem empreendedores para levar as inovações ao mercado. E ainda articule os esforços das Universidade e Institutos de Pesquisa da região.

Evolução populacional: estima-se que hoje 29,3 milhões de pessoas vivam na Amazônia Legal brasileira, com parte significativa abaixo da linha da pobreza. Como será a região quando chegar aos 40 milhões, 50 milhões de habitantes? Replicaremos os movimentos de favelização de outras regiões? Qual desenvolvimento dos amazônidas querem para região?

“O modelo de desenvolvimento do País dos últimos 500 anos fatalmente comprometerá nossa biodiversidade. Precisamos encontrar um novo modelo que garanta o acesso a saúde, educação e habitação, sem comprometer as oportunidades das gerações futuras. A meu ver, isso pode ser alcançado com o desenvolvimento científico e tecnológico no campo da bioeconomia circular”, argumenta George Paulus, coordenador do caderno e conselheiro do IE.

Para Carlos Nobre, é possível conciliar desenvolvimento econômico, intelectual e social da Amazônia, com a simultânea conservação a floresta tropical. Durante pelo menos duas ou três décadas, apenas duas vertentes eram pensadas como possíveis, a primeira via, que afirma que há a necessidade de isolar completamente e garantir a preservação de grandes extensões da floresta, e a segunda via, baseada em uso intensivo de recursos naturais, por meio das atividades e serviços da pecuária, agricultura, mineração e geração de energia. “A Terceira Via Amazônica representa uma oportunidade para desenvolver uma ‘economia verde’ que aproveite todo o valor de uma ‘floresta produtiva permanente’ para, com a ajuda de novas tecnologias físicas, digitais e biológicas já disponíveis ou em evolução, estabelecer um novo modelo de desenvolvimento econômico socialmente inclusivo”.

 Fonte: Instituto de Engenharia – www.institutodeengenharia.org.br/site/ EcoDebate

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