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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Agrotóxicos: Conheça o ‘tempero’ mais usado por brasileiros que pode matar a sua família

Em todas as regiões do país são encontradas amostras de resíduos tóxicos em concentrações acima do recomendável, seja nas plantações, no solo, nas águas ou nos peixes.

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Imagine que um amigo convida você para almoçar na casa dele. Na mais saudável das intenções, a proposta é um menu leve. Digamos que uma salada de entrada e batatas recheadas no prato principal. Você possivelmente toparia o convite, não? E se ele dissesse que usaria veneno no tempero?

É isso que acontece na casa de uma pessoa qualquer como eu, você e esse amigo fictício. E também nos restaurantes de esquina, buffets por quilo e praças de alimentação. Pode lavar as folhas, deixar a cenoura no vinagre e esfregar cada pepino com bucha. Se na lavoura eles receberam agrotóxicos, ainda estarão contaminados. Quem diz isso não é o Hypeness, é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Se todos os defensivos agrícolas utilizados por ano em nosso país fossem divididos pela população, daria um galão de 5,2 litros para cada brasileiro. Vai um aí na janta?

Foi no pós-2a Guerra que o uso de agrotóxicos passou a ser disseminado, com o crescimento exponencial da agricultura industrial. A chamada Revolução Verde levou uma série de inovações ao campo para aumentar a produção agrícola. Entre elas, a substituição da mão-de-obra humana pela mecanizada, o advento de sementes geneticamente modificadas e o uso de adubos químicos e venenos para pragas. O objetivo declarado até poderia ser nobre: combater a fome. Porém, cinquenta anos depois, além dos impactos sociais causados pelo êxodo rural, as consequências para o meio ambiente e para a saúde das pessoas evidenciam que esse modo de produzir pautado apenas na quantidade e não na qualidade está ultrapassado.

Agente Laranja, da Monsanto, sendo utilizado na guerra do Vietnã.

No ano passado, a Embrapa deixou disponível na internet um estudo realizado por seus pesquisadores entre os anos de 1992 e 2011. O objetivo do levantamento era traçar um panorama sobre a contaminação ambiental causada pelos agrotóxicos no Brasil. E o cenário é assustador: em todas as regiões do país são encontradas amostras de resíduos tóxicos em concentrações acima do recomendável, seja nas plantações, no solo, nas águas ou nos peixes. Isso porque não foram avaliados os impactos sobre a carne, ovos e leite, que indiretamente também trazem agrotóxicos para a mesa.

Muito se fala sobre como o Brasil disputa a liderança no mercado mundial de soja. O que não se fala tanto é sobre como essa cultura lidera o uso de defensivos agrícolas no país. Um bastante aplicado para limpar terrenos antes do cultivo é o herbicida 2,4-D. Trata-se de um dos componentes do agente laranja, utilizado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. O herbicida é proibido em países como a Suécia, a Noruega, a Dinamarca, em vários estados do Canadá e os Estados Unidos vêm discutindo o seu banimento também. Aqui é liberado. E ele é apenas um.

Em nosso país temos mais de 400 tipos de agrotóxicos registrados. Entre eles, pelo menos 14 venenos proibidos no resto do mundo acabam sendo desovados por aqui e têm permissão para o comércio. Na União Europeia e Estados Unidos, são considerados lixos tóxicos. No Brasil manuseamos, respiramos, bebemos e comemos. Alguns a gente até proíbe, mas a venda e o uso ilegal correm soltos pelo campo frente a uma fiscalização falha. E, das substâncias permitidas, em inúmeros casos são aplicadas quantidades acima dos limites aceitáveis. Até porque há um mito entre produtores rurais de que, quanto maiores as doses, mais tempo a lavoura fica livre de pragas. Mas parece que esse controle se tornou ele próprio a maior praga. Porque os impactos na saúde pública são evidentes.

A cada 90 minutos, um brasileiro é envenenado em decorrência do uso de agrotóxicos no país. E isso são apenas os casos notificados ao sistema de saúde. É uma epidemia de intoxicações agudas, com direito a dores de cabeça, vômitos, infecção urinária, alergias. O uso de agrotóxicos é uma prática tão deliberada, inconsequente e sem controle que chegamos ao absurdo de episódios como esse, onde um avião simplesmente despejou sua carga do inseticida engeo pleno em cima de uma escola, hospitalizando funcionários e dezenas de crianças. Aliás, a prática da pulverização aérea foi proibida pela União Europeia lá em 2009, dada sua baixa eficiência e riscos ambientais. Por aqui, apesar da pressão dos movimentos sociais, a discussão sobre proibição da pulverização aérea está nesse nível aqui.

Ainda sobre os impactos que o uso massivo de agrotóxicos têm sobre a saúde, eles vão além do mal estar. Especialistas apontam uma relação direta entre o acúmulo de agrotóxicos no organismo e o desenvolvimento de câncer de mama, fígado e testículos. Uma contradição quando se pensa que o consumo de frutas e legumes é exatamente uma das atividades saudáveis recomendadas para ajudar a prevenir o surgimento de tumores malignos. Há pouco tempo, uma pesquisa realizada no município de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, mostrou que havia resíduos de agrotóxicos no leite materno de todas as mulheres examinadas. Todas, 100%.  A mesma cidade é apontada como ícone do desenvolvimento trazido pelo agronegócio, como mostrou essa reportagem que foi à TV.

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Agora, nem eu e nem você somos obrigados a ingerir produtos contaminados por agrotóxicos. A alternativa está bem ao nosso alcance: optar pelo consumo de alimentos provenientes da agricultura orgânica. Além de serem isentos de adubos químicos e venenos para pragas, eles também não contêm remédios veterinários, hormônios e organismos geneticamente modificados. Quando se trata de alimentos orgânicos processados, nada de corantes, aromatizantes e conservantes sintéticos. É um modo de produzir que respeita os ciclos da natureza e estabelece formatos de trabalho colaborativos, valorizando a qualidade de vida de quem produz, de quem vende e de todos que consumimos.

Muito se diz sobre os alimentos orgânicos serem mais caros do que os demais. É uma meia-verdade. Nos supermercados e mesmo nos sacolões, talvez possa ser. Até porque ainda não temos por aqui um varejista como o Whole Foods Market, que desde os anos 80 vende somente comida orgânica. A rede começou com apenas 19 pessoas trabalhando, e hoje já são mais de 50 mil colaboradores em suas lojas pelos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Com seu capital aberto, a empresa é uma prova de que a agricultura orgânica não é inimiga do business. Um exemplo de como é possível vender com escala e obter lucros sem ser nocivo ao meio ambiente e às pessoas.

Olhando para a nossa realidade, a maneira mais fácil de encontrar orgânicos a preços acessíveis é comprando direto do produtor. E com isso não estamos dizendo que é preciso fazer uma viagem à roça cada vez que a geladeira esvaziar. Hoje já são mais de 300 feiras orgânicas espalhadas pelo Brasil, onde é possível encontrar de tudo a preços justos e sem riscos à saúde. Fizemos até uma matéria mostrando algumas. Uma simples busca por “orgânicos” no Google ou Facebook também traz vários resultados de produtores vendendo os mais diversos insumos, alguns provavelmente localizados perto de você.

Outras iniciativas que devem ser apoiadas e multiplicadas são as dos hortões urbanos. Que, além de gerarem alimentos saudáveis, também contribuem para o cinza das cidades se tornar mais verde. Recentemente visitamos um incrível no meio de São Paulo. Aliás, também podemos cultivar alimentos em nossas próprias residências. Dentro de casa ninguém vai jogar agrotóxico, concorda? Hortaliças e temperos são alguns exemplos do que pode ser plantado facilmente em pequenos vasos para suprir a demanda doméstica. Quem sabe fazendo isso você não toma gosto pela coisa e chega ao nível dessa família norte-americana, que a 15 minutos do centro de Los Angeles produz toneladas de alimentos orgânicos no próprio quintal.

O cultivo de orgânicos dentro de cooperativas familiares poderia suprir a todos com alimentos de qualidade a preços justos. Seria uma questão de organizar a produção e o escoamento de forma mais descentralizada. Tanto que a própria ONU incentiva o desenvolvimento dessas práticas. Mas, no Brasil, de um lado estão os grandes interesses econômicos do agronegócio e, do outro, as questões ambientais e de saúde pública. Evidências científicas alarmantes nem sempre são decisivas frente à contribuição que certos grupos dão ao nosso PIB. Apesar de algumas iniciativas localizadas do poder público serem muito bem-vindas, esperar que o governo solucione todo esse embate pode ser esperar tempo demais.
Claro que para haver mudanças é importante atuar politicamente em relação ao tema, cobrando dos 3 poderes as medidas que queremos, fazendo petições, organizando protestos e não votando nos representantes que vão contra nossos valores. Entretanto, de forma bem pragmática, podemos no dia a dia tomar decisões que pressionem os grupos econômicos a mudarem de rota. Quanto mais gente consumindo orgânicos, mais mau negócio o uso de agrotóxicos se torna. Só que para isso é preciso uma postura mais pró-ativa e crítica na hora de ir às compras. Não basta chegar no local mais próximo e pegar o item mais barato possível, achando que com uma lavadinha vai ficar tudo bem. Temos que ser sinceros com nós mesmos para ter uma vida com mais qualidade.

Agrotóxicos não são uma necessidade inevitável. É possível levar comida para cada mesa brasileira sem agredir o meio ambiente e nem causar danos à saúde dos trabalhadores rurais e de nós mesmos. Ar puro, águas limpas, terras férteis e alimentos de qualidade. A gente tem direito a tudo isso.

E esse é um dos motivos pelos quais apostamos na ideia de que o futuro é mesmo um retorno ao campo. Não da forma como nossas gerações passadas fizeram. O futuro é poder unir tecnologia com natureza e usufruir dos dois com equilíbrio. Muita gente já decidiu largar a cidade em busca de mais qualidade de vida, mas se esse não for um sonho seu, não é preciso ser tão radical. Basta se reaproximar da natureza reativando hábitos sábios que nossos antepassados deixaram: plantar, para comer bem.

Uma varanda num apartamento já é espaço suficiente para produzir alguns alimentos básicos para uma família e evitar servir veneno como acompanhamento das refeições para as pessoas que ama. Vendo desse ponto de vista, qual o trabalho de regar alguns vazinhos todos os dias?

Publicado no Portal EcoDebate

Conviver com a seca

 


caatinga é um bioma brasileiro embora pareça estranho assim ser denominada. O indivíduo que habita na caatinga tem que se tornar um agente que presta um serviço ambiental ao preservar e se integrar a este bioma como uma própria estratégia de convivência com a seca.

Como assevera Francisco Campelo, secretário nacional de combate à desertificação, não é lícito pensar que se chega no Alasca, ou na Groenlândia ou local equivalente e se pense em combater a neve. Assim como a seca não pode ser combatida. Se deve buscar uma integração com o bioma como forma de atenuar os eventos climáticos. Não existem receitas, mas narrar algumas experiências pode ser didático e inspirador.

O substrato forrageiro que pode ser empregado, exige ainda maior luminosidade e por isso a extração madeireira que pode se incorporar na matriz energética como biomassa, nem sempre pode ser vista como predatória ou não preservacionista. A recuperação de água em cisternas para utilização em períodos de baixa pluviosidade é outra técnica milenar que pode ser utilizada. É muito comum e bem-aceita pelo gado e assemelhados o uso extensivo de uma planta chamada “palma” e que une características cactáceas de retenção de água com saborosidade de forrageiras comuns.

Construir escadarias em arcos nos cursos de água, de pedras que são fechadas naturalmente e permitem reter água que devido a elevação da pressão pode ser armazenada em aquíferos freáticos subterrâneos e outra ação que exige baixos investimentos e pode trazer resultados muito satisfatórios. Estes procedimentos podem ser muito ampliados com projeções de pequenos barramentos ou poços horizontais para facilitar armazenamento subterrâneo, onde as taxas de evapotranspiração da água são muito menores.

O bioma da caatinga que deriva da denominação indígena de “mata de coloração esbranquiçada” que se confunde com a extrema luminosidade derivada da alta taxa de insolação, tem um imenso potencial para permitir um manejo integrado onde auxilie o indivíduo humano nas suas condições de sobrevivência em condições que inegavelmente são complicadas e com alto grau de adversidade.

A biodiversidade vegetal da caatinga pode amparar em estágios muito mais desenvolvidos, atividades econômicas que se vinculem a produção para os ramos farmacêutico, cosmético e também para os setores de química e alimentos. A caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, que segundo dados do Ministério do Meio Ambiente ocupa cerca de 11% do território do país. É muito grande sua biodiversidade e é o bioma de clima semiárido com maior diversidade no mundo.

É cada vez mais relevante a produção de produtos não madeireiros na região, produzindo alimentos, bebidas, cosméticos a partir de fitoterápicos, biojóias, acessórios diversos, tapeçarias, mobiliários e outros variados artesanatos, em projetos desenvolvidos e apoiados por organizações não governamentais desde a criação da Bodega de Produtos Sustentáveis do Bioma Caatinga, mais conhecida como Bodega da Caatinga.

Os processos de desertificação constituem um dos mais graves impactos que sofre a caatinga e para combater esta realidade, a implantação de unidades de conservação integrais e efetivas é bastante relevante. Mas por ser a alternativa mais difícil e onerosa, não é a única estratégia que vem sendo utilizada.

Tanto quanto a disseminação de técnicas de manejo e realização de serviços ambientais que podem atenuar para os habitantes do semiárido as condições adversas em que vivem, além de perpetuar de forma mais eficiente o bioma e melhorar as condições de qualidade ambiental e qualidade de vida de todas as populações da região. Que constituem um agrupamento de pessoas com a menor renda e a menor qualidade de vida em todos os aspectos que se considere, em todo o país.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

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Lençol freático: o melhor reservatório urbano para as águas de chuva

artigo

Esses tempos de crise hídrica em vários regiões e centros urbanos do país tem virtuosamente servido a um despertar de leigos e especialistas para certos aspectos de ordem hidrológica que somente não se destacaram antes porque nessas mesmas regiões que hoje sofrem com a falta do recurso hídrico predominava uma certa cultura da bonança hídrica, no âmbito da qual era inimaginável uma circunstância de escassez grave e prolongada.

O absurdo das perdas de água nas canalizações de distribuição, o enorme desperdício por parte os usuários finais, a criminosa poluição das águas urbanas, o desmatamento generalizado dos mananciais, a perda quase total do volume hídrico de chuvas ocasionais, compõem alguns desses paradoxos e aberrações.

No caso específico do melhor aproveitamento das águas de chuva o país pode, a partir dessas constatações, dar um enorme salto de qualidade em um período de tempo razoavelmente curto, com resultado fantástico para o balanço hídrico de suas cidades. Até porque em regiões como São Paulo, e especialmente em épocas como as de crise hídrica, como a atual, choca-nos testemunhar o enorme desperdício de boa água quando de chuvas torrenciais urbanas. É um paradoxo, como uma cidade em crise hídrica pode permitir que tal caudal de água boa se esvaia pelo sistema de drenagem sem um mínimo aproveitamento?

Precisamos distinguir nesse caso dois tipos de aproveitamento de águas de chuva: o direto e o indireto.

Sobre o armazenamento direto, não há dúvida que os reservatórios domésticos e empresariais de águas de chuva para usos mais brutos, como lavagem de pisos internos, praças, arruamentos, autos, regas de vegetação, descargas sanitárias, operações em caldeiras e processos industriais, etc. em muito aliviariam o sistema público de oferta de água tratada potável. Pode-se inclusive pensar em grandes reservatórios urbanos subterrâneos implantados em áreas urbanas circunscritas, nas quais, pelo tipo e consolidação da urbanização presente, o grau de contaminação das águas de escoamento superficial fosse mais baixo e tolerável. O piscinão do Pacaembu, na cidade de São Paulo, seria um bom exemplo. Essas águas passariam por algum mínimo tratamento local e poderiam após ser utilizadas para vários fins que não exigissem sua potabilidade.

Mas há também a excepcional e esquecida possibilidade de armazenamento indireto, ou seja, armazenamento da água de chuva devidamente infiltrada no solo e acumulada nas camadas que compõem o substrato geológico das cidades; em outras palavras a água subterrânea. É conhecida a propriedade das cidades em impermeabilizar os terrenos e impedir a infiltração das águas de chuva, lançando-as rápida e diretamente nos sistemas de drenagem superficial, que ao fim, através de córregos e rios as conduzem e levam para fora do município. Se, através de uma série de dispositivos, como os próprios reservatórios domésticos e empresariais aliados à capacidade de infiltração, a disseminação de bosques florestados, a obrigatoriedade de adoção de pisos e pavimentos drenantes, etc., a cidade aumentar sua capacidade de infiltrar águas de chuva estaremos “abastecendo” o grande reservatório subterrâneo com milhões de metros cúbicos de boa água; a ser retirada e aproveitada através da instalação de uma rede de poços profundos. Essa alternativa ainda trará uma enorme colaboração na redução de riscos de enchentes urbanas.

Nisso tudo está, obviamente, envolvida uma questão de mudança de cultura e muito esforço educativo. Não há o que esperar, mãos à obra.

Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)
Geólogo formado pela Universidade de São Paulo; ex-diretor de Planejamento e Gestão do IPT; autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar”, “Cubatão” e “Diálogos Geológicos” e “Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções”, “Manual Básico para Elaboração e Uso da Carta Geotécnica”, consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente, Colaborador e Articulista do Portal EcoDebate.

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Alimentos e agrotóxicos

 

Os agrotóxicos são pesticidas, herbicidas e fungicidas, dentre outras substâncias, estas são as mais comuns, que são aplicados em lavouras ou em cultivos vegetais em geral. Cerca de 15 a 20 por cento dos alimentos que se consome no país, tem nível de agrotóxicos acima do permitido. Não se está fazendo qualquer libelo condenando ou estigmatizando agrotóxicos. Se estas substâncias não existissem em nosso atual contexto a segurança alimentar geral da população estaria comprometida.

Mas é preciso pensar e conceber uma agricultura que não seja mais tão dependente destas proteções que ocorrem com substâncias cancerígenas ou com outros tipos de periculosidades. É preciso conceber um outro tipo de equilíbrio na natureza que favoreça a todos. No Brasil, dados oficiais indicam outro panorama ao menos na agricultura familiar, onde cerca de 10 mil agricultores já desenvolvem agricultura orgânica, sendo cerca de 7 mil certificados por boas práticas e procedimentos, como agricultores orgânicos. Atuam em propriedades próprias de pequeno porte ou de terceiros, que já substituíram integralmente os agrotóxicos por mecanismos biológicos de controle de pragas e utilizam produtos naturais como inibidores e controladores de pragas.

Mas ninguém é louco ou está propondo drástica substituição de agrotóxicos por outras formas de produção que prescindam destes protetores químicos do dia para a noite. Ainda mais no agribusiness onde as monoculturas vegetais tanto dependem dos agrotóxicos porque estão baseadas em formas não harmônicas ou não equilibradas de produção. O que se propõe é uma lenta e planejada mudança para inserção desta produção em parâmetros de equilíbrio e harmonia com os biomas e ecossistemas nas quais estas plantações estão inseridas. Para que ocorra então uma lenta substituição de agrotóxicos por controles biológicos e mecanismos de controle com substâncias naturais.

É evidente que interesses econômicos, particularmente de empresas produtoras de agrotóxicos em geral seriam muito contrariados. A maior parte destas organizações tem capital transnacional e grande capacidade de articulação e de formar e exercer blocos de pressão. Não é possível imaginar algo em contraposição frontal. Mas quando interesses econômicos são contrariados, nada melhor do que imaginar uma resposta na mesma dimensão.

Pressões políticas sobre governos sérios pode gerar utilização de mecanismos tributários para criação e manutenção de vantagens tributárias para empreendedores que busquem e pratiquem mecanismos mais adequados de produção agrícola seja para exportação, seja para consumo e utilização no mercado interno.

Isto pode parecer um pouco fantasioso, ingênuo ou ilusório. Mas não é bem assim. Se não for lícito imaginar que um dia teremos um estado federativo e situações nos estados federados, onde a vontade popular possa influenciar e ser hegemônica, então seria como desistir do país, coisa que todo o povo brasileiro não se dispõe a fazer.

O restante são questões burocráticas de maiores ou menores dificuldades, fundamentadas por necessidades de arrecadação e balanceamento entre as vantagens obtidas e as renúncias fiscais que se dispõe a realizar. Vai se tornar importante avaliar quanto se economizará no sistema de saúde com a redução de doenças instigadas pelo uso maciço destas substâncias e quanto será a oneração sobre este sistema pela manutenção do uso deste tipo de defensivo agrícola. Sem falar nas influências decorrentes de consumo dos agrotóxicos nos alimentos, seja em limites toleráveis, seja em dosagens acima dos níveis toleráveis. E esta é uma realidade difícil de ser mensurada.

É como cigarro. Tudo que o estado central e os estados federados arrecadam com tabaco, acaba sendo invertido em níveis mais elevados em necessidades decorrentes do uso do fumo, nos sistemas de saúde de todas as esferas consideradas. Para o tabaco, existem já hoje mensurações bastante apropriadas da realidade para o exercício do planejamento e determinação de opções por parte dos responsáveis nas entidades públicas e estatais em geral.

Cada vez mais, alternativas como permacultura e sistemas orgânicos adequados, integrações entre lavoura, criação e reflorestamento, serão mensuradas para determinação de validade e de interesses a serem privilegiados. O objetivo final de tudo isso tem que ser a busca de maior equilíbrio nos biomas e ecossistemas para que se atinja melhores parâmetros de qualidade ambiental e qualidade de vida para todas as populações afetadas.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

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O perigo do sal: ‘A maioria de nós nem sequer sabe o quanto de sódio consome’

 


OPAS/OMS convoca a indústria produtora de alimentos a reduzir o sal em seus produtos, especialmente entre os produtos consumidos por crianças, bem como pôr fim à publicidade infantil de produtos com sódio em excesso. “O sabor salgado é uma preferência adquirida”, destaca especialista, lembrando a responsabilidade de pais e demais responsáveis.

 


Adultos que consomem diariamente mais de 5 gramas de sal por dia estão em maior risco desenvolver pressão alta, o principal fator de risco para doenças cardiovasculares e insuficiência renal. Foto: saltwise.co.nz

 

A Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) estão convocando a indústria produtora de alimentos a reduzir o sal em seus produtos, especialmente entre os produtos consumidos por crianças. Além disso, a OPAS/OMS também pede o fim da publicidade voltadas para o público infantil de produtos com elevadas quantidades de sódio.

Durante a Semana Mundial pela Conscientização do Sódio, celebrada entre 16 e 22 março, a OPAS/OMS também está convocando as famílias para “fugir do sódio escondido”, escolhendo mais refeições preparadas em casa e com ingredientes frescos.

“A maioria de nós nem sequer sabe o quanto de sódio consome, isto porque a maior parte do sódio que consumimos está escondido em alimentos processados, prontos para consumo. Para mudar este cenário, parte da solução deve partir da indústria produtora de alimentos, que deve reduzir o sódio nos seus produtos”, disse Branka Legetic, consultora da OPAS/OMS para Doenças Crônicas Não Transmissíveis. “Por outro lado, as pessoas devem usar menos sal no preparo de suas refeições, além de garantir que as crianças comam mais alimentos frescos e preparados em casa”, acrescentou.

As crianças são especialmente vulneráveis à publicidade e ao marketing de alimentos e, ao mesmo tempo, estão desenvolvendo seus hábitos alimentares. Os hábitos alimentares praticados na infância terão um forte impacto sobre o padrão de consumo alimentar quando adultos. O alto consumo de sal, mesmo durante a infância, tem um efeito sobre a pressão arterial e pode predispor as crianças a doenças como a hipertensão, osteoporose, asma e outras doenças respiratórias, obesidade e câncer de estômago.

O fato de que crianças e adolescentes estão em estágio de desenvolvimento é uma ótima oportunidade, e este desenvolvimento se reflete também no seu paladar . “O sabor salgado é uma preferência adquirida, por isso é possível que os pais e cuidadores tomem medidas que evitem que as crianças tenham preferências por alimentos excessivamente salgados desde a primeira infância”, destacou Legetic. “Outra estratégia é envolver as crianças e adolescentes na preparação das refeições em casa, para que eles possam estabelecer bons hábitos alimentares para toda a vida.”

Consumo de sal nas Américas

Adultos que consomem diariamente mais de 2 mil miligramas de sódio – equivalente a 5 gramas de sal por dia – estão em maior risco desenvolver pressão alta, o principal fator de risco para as doenças cardiovasculares, bem como insuficiência renal. As diretrizes oficiais da OMS recomendam que estes limites sejam ajustados para baixo quando consideramos o consumo de crianças e adolescentes, que geralmente consomem menos calorias diárias do que os adultos.

Na região das Américas, a ingestão média diária de sal é maior do que 5 gramas, variando entre 8,5 e 9 gramas no Canadá, Chile e Estados Unidos para 11 gramas no Brasil e 12 gramas na Argentina.

Desde 2009, a OPAS/OMS tem liderado os esforços regionais, por meio da ação conjunta entre os governos, especialistas em saúde, representantes da indústria e organizações não governamentais, para reduzir a ingestão de sal nas Américas.

A OPAS/OMS, no âmbito do consórcio para a redução do consumo de sal (Salt Smart Consortium), desenvolveu um plano de ação que conclama a indústria de alimentos processados a reduzir voluntariamente os níveis de sal em seus produtos, propondo metas específicas para a redução de sal em alguns grupos de alimentos (pães, biscoitos e bolos, carnes processadas, maionese e sopas).

O plano também prevê campanhas de sensibilização para ajudar os consumidores a entender as informações apresentadas nos rótulos dos alimentos além da conscientização do por que é importante consumir menos sódio.

Fonte: ONU Brasil

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Dez dicas para economizar água em casa



Por Gustavo Gomes*, da EBC

A falta d’água, problema que afeta há décadas uma parte considerável da população do Nordeste, atingiu nos últimos meses também os moradores do Sudeste com a redução dos níveis de diversos reservatórios que abastecem os estados da região. A população de grandes cidades, como São Paulo, tiveram que se adaptar à nova rotina, que inclui momentos de interrupção do abastecimento durante períodos do dia e a chamada “diminuição da pressão”.

Morando ou não nessas regiões, é possível adotar algumas medidas práticas no dia a dia para reduzir o consumo de água na residência. Além de contribuir com a redução total do consumo da sua cidade, ainda gera uma economia na conta no fim do mês. Confira dez dicas para reduzir o consumo de água:

1 – Reaproveite a água da máquina de lavar

A água que a máquina de lavar roupa usa para o enxague pode ser utilizada para limpar o chão da cozinha ou do quintal. Basta retirar a mangueira de vazão do cano e desviar o fluxo para um balde. Dependendo do número de enxagues, dá para economizar até três baldes cheios por lavagem e reutilizar a água em outras tarefas diárias.

2 – Ar-condicionado

O seu ar-condicionando fica pingando água? Coloque um balde embaixo da goteira e utilize a água captada para outras atividades domésticas.

3 – Balde no chuveiro

Quem usa chuveiro a gás precisa ligar o equipamento e deixar a água escorrer pelo ralo enquanto ela esquenta. Quem não quer encarar a água fria pode colocar um balde embaixo da ducha enquanto o chuveiro esquenta e usar a água para dar descarga no vaso sanitário. A economia pode chegar a até 10 litros.

4 – Lavagem de frutas e legumes

Na hora de lavar frutas, legumes ou verduras, use uma panela ou tigela com água, em vez de usar água corrente. Depois, use essa mesma água para outras tafeas, como limpar o chão ou para regar as plantas.

5 – Eficiência no banho

Otimize seu tempo e consumo de água no banho. Desligue o chuveiro ao se ensaboar e reduza o tempo embaixo da ducha. Cada cinco minutos de banho gastam 60 litros de água. Se você reduzir o tempo no chuveiro em um minuto, por exemplo, economiza 12 litros.

6 – Carro limpo sem desperdício

Quando for lavar o carro, não utilize mangueira. Troque o utensílio pelo balde. Outra forma de economia é a ecolavagem: é possível deixar o veículo limpo e protegido com menos de um litro de água. Para viabilizar, você precisa de um shampoo especial para lavagem, dois panos de microfibra e um borrifador com 400 ml de água.

7 – Na pia do banheiro

Desligue a torneira ao fazer a barba, lavar as mãos ou escovar os dentes. Segundo a Sabesp, uma torneira ligada gasta de 12 a 20 litros por minuto. E depois do uso verifique se a torneira ficou bem fechada. O pinga-pinga gera um consumo de 6,5 mil litros ao longo do mês, o suficiente para 45 pessoas tomarem banhos com duração de 15 minutos.

8 – Invista nos acessórios

Na loja de utilidades domésticas ou ferragens, pergunte sobre os arejadores ou pelos redutores de vazão, itens que podem reduzir o consumo em pelo menos 20%. Em São Paulo a Sabesp está distribuindo essas peças para a apopulação. Outra opção são as válvulas de descarga de duplo acionamento, que permitem o despejo de três ou seis litros d’água.

9 – Louça suja de molho

Deixe panelas, pratos e utensílios sujos de molho por alguns minutos antes de lavá-los. O procedimento ajuda a soltar a sujeira. Durante a lavagem, deixe a torneira fechada enquanto ensaboa e use água corrente só na hora de enxaguar. Importante lembrar que a máquina de lavar-louça gasta cerca de 40 litros, utilize-a somente quando estiver cheia.

10 – Procure os vazamentos

Fique atento aos vazamentos na sua casa. Segundo a Copasa, uma torneira mal encaixada pode desperdiçar, em média, 2.088 litros por dia ou 62.640 litros por mês. Uma forma de verificar se há vazamentos é fechar todas as torneiras e monitorar o hidrômeto. Se o ponteiro do registro continuar firando, é sinal de que há vazamento. Procure um profissional qualificado para identificá-lo e consertá-lo.

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Idec faz alerta: brasileiros consomem sódio demais

 

 

saúde

 

Brasileiro consome duas vezes mais sódio que o recomendado pela OMS e, nas Américas, é o segundo país que mais consome sal, atrás apenas do Paraguai. Especial elaborado pelo Idec faz alerta aos perigos do consumo excessivo de sódio e mostra alimentos que mais possuem sódio “escondido”.

Em 16 de março, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) lança o especial “O sódio que você não vê”, que traz orientações sobre o consumo de sódio e alerta os consumidores para o aumento do consumo desse nutriente em alimentos ultraprocessados no Brasil. Em conjunto com outros hábitos alimentares não saudáveis, este é um dos principais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis relacionadas à alimentação, como a hipertensão (pressão alta).

Você sabia que o brasileiro é um dos povos das Américas que mais consome sódio? Com uma média de 4,1 gramas por dia, o brasileiro só fica atrás do Paraguai em quantidade de consumo de sódio. Na terceira posição, está a Colômbia, com 4,0 gramas por dia.

País

Total*

(g de sódio /dia)

Homens*

(g de sódio /dia)

Mulheres*

(g de sódio/dia)

Brasil

4,1

4,3

3,9

Paraguai

4,3

4,5

4,1

Colômbia

4,0

4,2

3,9

Canadá

3,7

3,9

3,5

Bolívia

3,6

3,8

3,4

EUA

3,6

3,8

3,4

Venezuela

3,5

3,7

3,4

Panamá

3,4

3,5

3,2

Fonte: Powles et al. BMJ Open, 2013. (*valores estimados de acordo com as informações disponíveis de cada país)

“Vale lembrar que o limite máximo de consumo de sódio recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 2,0 gramas por dia. Portanto, o brasileiro consome o dobro do recomendado de sódio, o que pode trazer uma série de riscos para saúde”, explica Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec.

Muita gente não sabe, mas o sódio está presente naturalmente em alguns alimentos, como o sal de cozinha, mas é também muito utilizado na produção de alimentos ultraprocessados, que são produtos elaborados a partir de ingredientes industriais, vendidos prontos para comer ou aquecer. “Atualmente, as pesquisas indicam que o consumo de sódio adicionado em alimentos processados como pães, embutidos e comidas prontas congeladas está aumentando. Números que trazem um alerta para os consumidores já que o excesso de sódio é o principal fator de risco para a hipertensão, ou seja, pressão alta. Essa doença aumenta o risco de outras doenças graves como Acidente Vascular Cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e infarto, e insuficiência renal”, complementa.

O especial do Idec também traz a página Cadernos do Idec, com a publicação “Redução de Sódio em Alimentos – uma análise dos acordos voluntários no Brasil”, que pode ser baixada gratuitamente, além de uma página com dicas para o consumidor fazer escolhas alimentares mais saudáveis e ficar atento ao sódio que ele não vê, metas de redução no consumo de sódio propostas pelo governo brasileiro e links para pesquisas e artigos sobre o assunto. O especial apoia a divulgação da Semana Mundial da Conscientização sobre o Sal, promovida pela ALASS (Acción Latino-Americana de Sal y Salud), no período de 16 a 22 de março de 2015.

Exemplos de alimentos que contém o sódio que você não vê:

Exemplos do valor médio de sódio das categorias de alimentos pesquisadas pelo Idec e que fazem parte dos acordos voluntários para redução desse nutriente:

– Caldos e temperos prontos: 3,15 média de sódio (g/100g)

– Macarrão instantâneo: 1,75 média de sódio (g/100g)

– Mortadela: 1,40 média de sódio (g/100g)

– Salsicha: 1,28 média de sódio (g/100g)

– Maionese: 1,09 média de sódio (g/100g)

– Biscoito salgado: 0,80 média de sódio (g/100g)

O especial pode ser acessado no link: http://www.idec.org.br/especial/o-sodio-que-voce-nao-ve

* Colaboração de Daniel Limas, do IDEC, publicada no Portal EcoDebate


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