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quinta-feira, 30 de março de 2023

Crise climática e a resistência às mudanças

 

Imagem em https://culturadeseguranca.seg.br/gerenciamento-de-crise/crises-relacionadas-as-mudancas-climaticas/

Crise climática e a resistência às mudanças

A crise climática e suas consequências dividem a população mundial. Parcela significativa desconhece ou não se interessa pelo assunto, outra porção não acredita na crise ou não a acha potencialmente forte e, finalmente, existe uma proporção, talvez menor, mas crescente, que aceita e considera muito grave o assunto.

Os analistas que alertam sobre a gravidade das atuais questões climáticas, especialmente os ecossocialistas, postulam da necessidade de mudanças robustas na sociedade, nos comportamentos e hábitos de produção, de consumo e culturais.

Interessante que mesmo entre os que creem na problemática ambiental da crise, muitos relutam em aceitar as modificações propostas por serem, talvez, desnecessárias, inoperantes ou, e principalmente, por serem fortes, radicais e de muito difícil adaptação.

Essa questão de aceitação e adaptabilidade foi brilhantemente discutida em artigo da escritora e historiadora Rebecca Solnit, publicado no Wasghinton Post de 15/03/2023 (1). Alguns fragmentos desse importante e recomendável artigo, traduzidos, são transcritos a seguir.

Um frade me disse uma vez que a renúncia pode ser ótima se significar desistir de coisas que o tornam infeliz. Essa visão é o que falta quando falamos sobre a crise climática – e como devemos responder a ela.

Grande parte da relutância em fazer o que a mudança climática exige vem da suposição de que isso significa trocar abundância por austeridade e trocar todas as nossas coisas e conveniências por menos coisas, menos conveniência. Mas e se isso significasse desistir de coisas das quais ficaremos melhor livres delas, de emissões mortais a sentimentos irritantes de destruição e cumplicidade na destruição? E se a austeridade for como vivemos agora – e a abundância puder ser o que está por vir?

[…] Este é o mundo em que vivemos com combustível fóssil – cuja queima nos torna mais pobres de várias maneiras. Sabemos que a indústria de combustíveis fósseis corrói nossa política. Sabemos que, em todo o mundo, respirar ar contaminado por combustível fóssil mata mais de 8 milhões de pessoas por ano e causa muitos danos, principalmente bebês e crianças. E sabemos que, à medida que o combustível fóssil enche a atmosfera superior com dióxido de carbono que desestabiliza a temperatura e o clima, aumenta o desespero e a ansiedade.

[…] Na verdade, estamos lidando com um sentimento mais amplo de desamparo e até de culpa – o impacto na psique de testemunhar ou se sentir cúmplice de algo errado.

[…] A boa notícia é que o conhecimento de que não estamos separados da natureza, mas dependentes dela, já está muito mais presente do que há algumas décadas. Em todos os lugares, vejo pessoas repensando como trabalham e vivem, transformando esse conhecimento em realidade.

[…] Precisamos de uma mudança de perspectiva em grande escala. Para reformular a mudança climática como uma oportunidade – uma chance de repensar quem somos e o que desejamos.

[…] “Ganhando e gastando, desperdiçamos nossos poderes”, escreveu William Wordsworth alguns séculos atrás. O que significaria recuperar esses poderes, ser rico em tempo em vez de coisas?

(1) https://www.washingtonpost.com/opinions/2023/03/15/rebecca-solnit-climate-change-wealth-abundance/?source=Nature+Briefing

Carlos Augusto de Medeiros Filho, geoquímico, graduado na faculdade de geologia da UFRN e com mestrado na UFPA. Trabalha há mais de 35 anos em Geoquímica em Pesquisa Mineral e Ambiental

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

A China deve ultrapassar os EUA nas emissões históricas de CO2 até 2050

 

A China já emite mais do dobro de EUA e Europa juntos e deve manter esta situação até meados do atual século. Em termos per capita, a China está abaixo dos EUA

 

“As atividades humanas, principalmente através da emissão de gases de efeito estufa,
inequivocamente, têm causado o aquecimento global”
Synthesis Report (SYR) of the IPCC Sixth Assessment Report (AR6)

humanidade já ultrapassou a capacidade de carga da Terra e está desestabilizando o equilíbrio climático que prevaleceu nos 12 mil anos do Holoceno. O perigo atual é a civilização ficar presa em um intenso ciclo de catástrofes. Como disse o Secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura da COP27: “Estamos na autoestrada rumo ao inferno climático e com o pé no acelerador”.

O crescimento desregrado trouxe benefícios, mas também muitos custos. De 1773 a 2023, a economia global cresceu 135 vezes, a população mundial cresceu 9,2 vezes e a renda per capita cresceu 15 vezes. O crescimento demoeconômico dos últimos 250 anos foi maior do que o de todo o período dos 200 mil anos anteriores, desde o surgimento do Homo sapiens. O ritmo acelerado de dominação e exploração humana sobre a natureza só foi possível graças ao uso dos combustíveis fósseis (primeiro o carvão, depois o petróleo e o gás). O “ouro negro” promoveu o sucesso civilizacional e o fracasso ambiental.

Indubitavelmente, os hidrocarbonetos turbinaram o progresso humano. A expectativa de vida ao nascer da população mundial, que girava em torno de 25 anos antes da Revolução Industrial e Energética, está chegando aos 75 anos, triplicando em 250 anos. A extrema pobreza global caiu de 94% em 1820 para 10% em 2015. Houve significativos avanços na educação, nas condições de moradia e no acesso aos mais diferenciados bens de consumo. Tudo isto realizado às custas do retrocesso dos ecossistemas, da perda de biodiversidade e da poluição.

O marco inicial do uso generalizado dos combustíveis fósseis se deu a partir do desenvolvimento da máquina a vapor de James Watt (1736-1819), que foi patenteada em 1769. As emissões globais de CO2 eram de apenas 12 milhões de toneladas em 1770 e estavam concentradas, quase que exclusivamente, na Grã-Bretanha. Em 1850, as emissões de CO2 subiram para 200 milhões de toneladas (estando concentradas na Europa Ocidental e na América do Norte). Em 1900, as emissões globais de CO2 chegaram a 2 bilhões de toneladas (com os EUA se igualando à Europa Ocidental).

Em 1950, as emissões alcançaram 6 bilhões de toneladas, com os EUA respondendo por mais de 40% do total. No ano 2000, as emissões atingiram 25 bilhões de toneladas, com os EUA representando 25% e a Europa Ocidental representando 15%. Os países asiáticos e do Oriente Médio aumentaram muito a participação nas emissões. Em 2021, as emissões globais de CO2 atingiram 37 bilhões de toneladas, sendo a China responsável por 31%, os EUA por 13,5%, a Índia e a Europa Ocidental 7,5% cada e o restante distribuído pelo resto do mundo.

Portanto, as emissões de CO2 cresceram muito, especialmente, nos últimos 70 anos e, historicamente, estavam concentradas na Europa e nos EUA. O gráfico abaixo mostra que a maior parte das emissões históricas vinham da Europa até meados do século XX, mas os EUA assumiram a liderança nas últimas décadas. A Rússia e o Japão também são significativos poluidores. Mas o grande destaque dos últimos anos é a China que lidera com grande distância as emissões correntes e já está em 3º lugar em termos de emissões históricas. Projetando até 2050, o gráfico abaixo mostra que a China será a maior poluidora em termos de emissões acumuladas, superando a Europa e os EUA até 2050. A Índia virá em 4º lugar, superando a Rússia em emissões históricas.

china deve ultrapassar os eua nas emissões históricas de co2

 

Os gráficos abaixo mostram as emissões anuais totais e per capita da China, EUA e Europa entre 1950 e 2021 e projeções até 2050. Nota-se que a China já emite mais do dobro de EUA e Europa juntos e deve manter esta situação até meados do atual século. Em termos per capita, a China está abaixo dos EUA, mas está acima das emissões per capita da Europa. Em termos nacionais, os 3 países mais poluidores atuais são a China, os EUA e a Índia (os 3 países mais populosos do mundo). Mas se for medido as emissões por área territorial, a Índia já está em segundo lugar. Ou seja, os países ricos são os principais responsáveis pelas emissões históricas e os países em desenvolvimento respondem pelas maiores emissões correntes no século XXI.

emissões anuais de co2 europa eua china

 

Todas essas emissões dos últimos 250 anos, mas especialmente dos últimos 70 anos, implicam um custo muito grande para as pessoas e o ambiente. Os gases de efeito estufa, incluindo o dióxido de carbono, prendem o calor na atmosfera, aceleram o aquecimento global e alimentam os eventos climáticos extremos, como tempestades mais fortes, secas mais longas, ondas de calor mais perigosas e outras mudanças indesejáveis, inclusive doenças como asma e enfermidades cardíacas. Temperaturas mais altas provocam o degelo dos polos, dos glaciares e da Groenlândia e elevam o nível dos mares, podendo afetar mais de 1 bilhão de pessoas que vivem ao redor de áreas litorâneas.

Desta forma, está cada vez mais difícil alcançar a meta de um mundo sustentável, inclusivo e resiliente. Ao invés do sonho de um próspero desenvolvimento humano e ecológico, os indicadores ambientais indicam a iminência de um ciclo de catástrofes (“loop doom”).

Os danos causados pelo aquecimento global são, cada vez mais, claros e a recuperação de desastres climáticos e ambientais estão cada vez mais caros. Os custos ultrapassam dezenas de bilhões de dólares. Além disso, esses desastres costumam causar problemas em cascata, incluindo crises de água, elevação do preço da energia e dos alimentos, inundações, furacões, queimadas, bem como aumento da migração e dos conflitos sociais. Tudo isto drenando os recursos que poderiam ser utilizados para o combate à pobreza, para a restauração ecológica e o aumento da biocapacidade do Planeta.

O relatório “1,5°C – vivo ou morto? Os riscos para a mudança transformacional de atingir e violar a meta do Acordo de Paris”, do Institute for Public Policy Research (IPPR) e da Chatham House, aponta que o mundo corre o risco de cair em um ciclo de catástrofes (“loop doom”) e que os custos para lidar com os impactos crescentes da crise climática e ambiental pode substituir o combate à própria raiz do problema. Evitar um ciclo catastrófico exigiria uma aceitação mais honesta por parte dos políticos dos grandes riscos representados pela crise climática e da perspectiva iminente de ultrapassagem dos pontos de inflexão e da escalada da transformação econômica e social necessária para acabar com o aquecimento global.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, divulgou no dia 20 de março de 2023, o relatório síntese do seu atual ciclo de avaliações sobre o aquecimento global provocado pela atividades antrópicas. Houve um debate sobre as emissões históricas e as emissões correntes de gases de efeito estufa. Historicamente, os Estados Unidos e a Europa foram os maiores responsáveis pelas emissões passadas. Mas a China é a principal responsável pelas emissões correntes e vai passar os EUA e a Europa nas emissões históricas até meados do atual século. A Índia também vai aumentar muito as suas emissões nas próximas décadas. Assim, precisamos olhar para o passado, mas também para o presente e para o futuro.

O fato é que quanto mais tempo ignoramos os avisos explícitos de que o aumento das emissões de carbono está aquecendo perigosamente a Terra, maior será o preço a pagar. E o que surpreende na tendência ao colapso climático é a velocidade com que a temperatura média global aumenta e se traduz em clima extremo. Porém, por mais sombrio que seja o cenário climático, isto não deve inibir as ações para mitigar o aquecimento global para impedir que um futuro angustiante se torne ainda mais verdadeiramente cataclísmico. O fundamental é trocar o crescimento pelo decrescimento, com redução da Pegada Ecológica global.

relatório do IPCC afirma que um futuro habitável para todos ainda é possível. Todavia, se nada for feito com urgência para reduzir os níveis de poluição e degradação ambiental, poderemos ter, como mostrou o jornalista David Wallace-Wells, crescentes áreas geográficas inóspitas e contabilizadas como parte de uma “Terra inabitável”.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:

segunda-feira, 6 de março de 2023

Impactos do aquecimento global no aumento do nível do mar

 

Impactos do aquecimento global no aumento do nível do mar

A elevação do nível do mar é um problema sério que está afetando as comunidades costeiras, as áreas baixas e as ilhas do mundo

aquecimento global, causado pela emissão de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, é uma grande ameaça ao clima e ao ecossistema do nosso planeta.

Um dos impactos mais visíveis e significativos do aquecimento global é o aumento do nível do mar, causado pelo derretimento das camadas de gelo e geleiras, bem como pela expansão térmica da água do mar. Esse fenômeno representa uma ameaça significativa para as comunidades costeiras, ilhas baixas e outras áreas vulneráveis a inundações e erosão.

No século passado, o nível global do mar aumentou cerca de 20 cm, e essa tendência deve continuar nas próximas décadas. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o nível global do mar está projetado para subir mais 1-4 pés (30-120 cm) até o final deste século, dependendo do nível de emissões de gases de efeito estufa e outros fatores .

A elevação do nível do mar é um problema sério que está afetando as comunidades costeiras, as áreas baixas e as ilhas do mundo. O aumento do nível do mar tem consequências de longo alcance, como a perda de habitats, inundações e aumento das tempestades. Neste artigo, discutiremos o impacto do aquecimento global na elevação do nível do mar e suas consequências.

Os impactos do aumento do nível do mar já estão sendo sentidos em muitas partes do mundo. Em áreas baixas como Bangladesh, Maldivas e partes da costa da África, as inundações e a erosão estão se tornando mais frequentes e severas, levando ao deslocamento de milhões de pessoas. Em cidades como Miami, Nova York e Xangai, o aumento do nível do mar está exacerbando os efeitos das tempestades e inundações causadas pelas marés, causando bilhões de dólares em danos e perturbando a vida cotidiana.

Perda de mantos de gelo na Groenlândia e na Antártica:Um dos principais impulsionadores do aumento do nível do mar é o derretimento das camadas de gelo e geleiras na Groenlândia e na Antártica. Essas vastas camadas de gelo contêm água suficiente para elevar o nível do mar em mais de 200 pés (60 metros), e seu derretimento está se acelerando devido ao aumento das temperaturas e mudanças nos padrões climáticos. À medida que o gelo derrete, ele flui para o oceano, fazendo com que o nível do mar suba.

Expansão Térmica da Água:

Outro fator que contribui para o aumento do nível do mar é a expansão térmica da água do mar. À medida que o oceano absorve calor da atmosfera, as moléculas de água se tornam mais energéticas e se espalham, fazendo com que o volume do oceano aumente. Este efeito é particularmente pronunciado nas primeiras centenas de metros do oceano, que aqueceram significativamente ao longo do século passado.

Para enfrentar o problema do aumento do nível do mar, é essencial reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Isso pode ser alcançado por meio de uma combinação de medidas, incluindo a transição para fontes de energia renováveis, melhoria da eficiência energética e redução do desmatamento e outras mudanças no uso da terra. Além disso, devemos nos adaptar aos impactos do aumento do nível do mar desenvolvendo infraestrutura e práticas de construção que possam resistir a inundações e erosão, bem como realocando comunidades vulneráveis para terrenos mais elevados.

Em conclusão, o aquecimento global está causando o aumento do nível do mar, com sérias implicações para as comunidades costeiras, ilhas baixas e outras áreas vulneráveis. Os impactos do aumento do nível do mar já estão sendo sentidos e devem se tornar mais severos nas próximas décadas.

Para enfrentar esse problema, devemos tomar medidas urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e nos adaptar aos impactos das mudanças climáticas.

As mudanças climáticas já afetam a todos nós, mas, ainda podemos proteger nosso planeta e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. É urgente e necessário

Referências

Aquecimento acima de 1,8°C irá acelerar o aumento do nível do mar

Mudança Climática e os custos devastadores das inundações costeiras

Piores impactos do aumento do nível do mar ocorrerão antes do esperado

Resumo dos impactos do aumento do nível do mar

Compreenda a relação entre o aquecimento global e o aumento do nível do mar

Nível do mar pode subir até 30 centímetros até 2050, segundo relatório interagências

Estudo relaciona emissões de gases de efeito estufa e aumento do nível do mar

Degelo extremo na Groenlândia aumenta o risco de inundação global

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Telhas e telhados fotovoltaicos na transição energética

 



Telhas e telhados fotovoltaicos na transição energética, artigo de Agostinho Celso Pascalicchio

A energia solar desempenha uma importância cada vez maior na geração elétrica do país.

No contexto nacional, a participação desse tipo de energia na matriz elétrica brasileira em 2021, ano de grande escassez hídrica, foi de 2,5%. Em 2020, a parcela correspondia a 1,8%. Em 2016, a oferta de energia gerada por esse recurso era totalmente inexpressiva.

Conforme instituições brasileiras que atuam na área de energia elétrica, os empreendimentos voltados à geração com fonte solar no Brasil são cada vez mais numerosos e a participação tende a crescer de forma significativa.

O “Atlas Brasileiro de Energia Solar” destaca que o país tem um grande potencial para produção de energia solar, sendo que os dados indicam uma extraordinária capacidade de explorar esse recurso, principalmente na faixa chamada de “Cinturão Solar”, área que se estende do Nordeste brasileiro ao Pantanal, ocupando o norte de Minas Gerais, o sul da Bahia e o norte e nordeste de São Paulo. O Cinturão é formado por significativa participação do território nacional, sendo próximo a importantes pontos de carga.

O país atravessa um ambiente de transição energética e a forma como alimentamos de eletricidade os nossos imóveis ou empreendimentos imobiliários – sejam residenciais ou comerciais – passam por questionamentos e soluções que aliam aspectos relacionados ao meio ambiente, à sustentabilidade e à economia.

Estimulando a tecnologia para o setor e aumentando a eficiência de seus componentes, a energia solar adquiriu grande popularidade, com seu uso aumentando de forma notável por todo o mundo. Esse crescimento faz observar que esse meio já não é alternativa energética para o futuro, representando cada vez mais uma energia limpa para o nosso presente. Temos, no setor, equipamentos que seguem padrões e procedimentos conhecidos, facilitando a homologação para a operação desses sistemas.

As alternativas de geração de energia elétrica com fonte solar apresentam dois tipos principais de sistemas, o tradicional e o integrado. O telhado solar tradicional é aquele que, provavelmente, todos nós imaginamos quando pensamos em painéis solares. São formados por conjuntos de estruturas apoiadas em “racks” de sustentação, colocados sobre um telhado ou cobertura já existentes. Esse tipo de sistema pode ser disposto de forma a constituir várias prateleiras.

A segunda opção é o telhado fotovoltaico ou a telha solar fotovoltaica, que integra a funcionalidade do painel fotovoltaico para geração elétrica com a da telha de cobertura do imóvel. Elas integram a função conjunta de telhado com a de geração de energia elétrica.

A instalação dos telhados fotovoltaicos requer que os equipamentos tenham a face direcionada para o sol, além da necessidade de serem inclinados, pois isso impacta diretamente na forma como eles recebem a radiação solar e, portanto, sobre a produção da energia elétrica.

O sistema, uma vez instalado, ajuda a reduzir os custos de eletricidade, fazendo com que essa economia pague a instalação.

As telhas solares integradas estão disponíveis no país, sendo oferecidas por empresas do setor de construção. Conforme os ofertantes desse produto, o acabamento estético colabora com a limpeza e a durabilidade de cada componente do painel, que precisam de água e sabão para a sua higienização.

funcionamento da telha solar e dos painéis fotovoltaicos montados sobre “racks” são os mesmos: os painéis ficam expostos, capturando a luz solar e transformando-a em energia elétrica com corrente contínua. Depois, essa energia chega a um inversor, equipamento que altera a corrente contínua em alternada, fazendo com que ela possa ser utilizada em qualquer parte de um imóvel ou empreendimento imobiliário.

O mercado brasileiro oferece painéis com 550 Wp, podendo gerar até 2.200Wh/dia. O símbolo “Wp” ou “Watt-pico” é a unidade criada para a medição de potência dos painéis fotovoltaicos. A garantia dos equipamentos pode chegar a 25 anos, sendo que a vida útil pode ser superior a 30 anos.

O sistema fotovoltaico pode funcionar “on-grid” e “off-grid. O primeiro caso acontece quando a geração de energia que excede o consumo do imóvel pode ser injetada na rede de distribuição, gerando créditos que podem ser compensados na conta mensal no prazo de até cinco anos, com economias entre 75% e 90% no valor da conta de consumo do imóvel.

O sistema “off-grid” é aquele que não está ligado à rede de energia da distribuidora. Nele, toda a energia produzida é consumida pela própria unidade geradora. Tem a vantagem de estar 100% livre das tarifas da concessionária, além de gerar energia elétrica em localidades distantes. Esse modelo necessita de um projeto detalhado, instalação específica, banco de baterias e outros equipamentos de controle, podendo requerer um investimento elevado e não apresentar um prazo adequado de retorno do valor investido.

O país está em transição energética. A energia fotovoltaica é limpa, possui baixo custo de manutenção, ausência de partes mecânicas ou móveis, possui tecnologia padronizada e com critérios de homologação definidos. Uma vez instalada, contribui para o meio ambiente, traz respeito à natureza e dispõe de uma extensa área com potencial produtivo. Isso a torna uma candidata perfeita para aumentar sua participação na matriz de energia elétrica do país, não se constituindo apenas em mais uma alternativa de geração de eletricidade em fase experimental de desenvolvimento.

Agostinho Celso Pascalicchio é professor da Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

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