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domingo, 5 de setembro de 2010

História do desmatamento no Brasil


História do desmatamento no Brasil

O desmatamento, também chamado de desflorestamento, nas florestas brasileiras começou no instante da chegada dos portugueses ao nosso país, no ano de 1500. Interessados no lucro com a venda do pau-brasil na Europa, os portugueses iniciaram a exploração da Mata Atlântica.

As caravelas portuguesas partiam do litoral brasileiro carregadas de toras de pau-brasil para serem vendidas no mercado europeu. Enquanto a madeira era utilizada para a confecção de móveis e instrumentos musicais, a seiva avermelhada do pau-brasil era usada para tingir tecidos.

Desmatamento na Amazônia e na Mata Atlântica

Desde então, o desmatamento em nosso país foi uma constante. Depois da Mata Atlântica, foi a vez da Floresta Amazônica sofrer as conseqüências da derrubada ilegal de árvores. Em busca de madeiras de lei como o mogno, por exemplo, empresas madereiras instalaram-se na região amazônica para fazer a exploração ilegal. Um relatório divulgado pela WWF ( ONG dedicada ao meio ambiente ) no ano de 2000, apontou que o desmatamento na Amazônia já atinge 13% da cobertura original.

O caso da Mata Atlântica é ainda mais trágico, pois apenas 9% da mata sobrevive a cobertura original de 1500.

Embora os casos da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica sejam os mais problemáticos, o desmatamento ocorre nos quatro cantos do país. Além da derrubada predatória para fins econômicos, outras formas de atuação do ser humano tem provocado o desmatamento. A derrubada de matas tem ocorrido também nas chamada frentes agrícolas. Para aumentar a quantidade de áreas para a agricultura, muitos fazendeiros derrubam quilômetros de árvores para o plantio.

Urbanização e desmatamento

O crescimento das cidades também tem provocado a diminuição das áreas verdes. O crescimento populacional e o desenvolvimento das indústrias demandam áreas amplas nas cidades e arredores. Áreas enormes de matas são derrubadas para a construção de condomínios residenciais e pólos industriais. Rodovias também seguem neste sentido. Cruzando os quatro cantos do país, estes projetos rodoviários provocam a derrubada de grandes faixas de florestas.

Queimadas e incêndios

Outro problema sério, que provoca a destruição do verde, são as queimadas e incêndios florestais. Muitos deles ocorrem por motivos econômicos. Proibidos de queimar matas protegidas por lei, muitos fazendeiros provocam estes incêndios para ampliar as áreas para a criação de gado ou para o cultivo. Também ocorrem incêndios por pura irresponsabilidade de motoristas. Bombeiros afirmam que muitos incêndios tem como causa inicial as pontas de cigarros jogadas nas beiradas das rodovias.

No mundo

Este problema não é exclusivo do nosso país. No mundo inteiro o desmatamento ocorreu e ainda está ocorrendo. Nos países em desenvolvimento, principalmente asiáticos como a China, quase toda a cobertura vegetal foi explorada. Estados Unidos e Rússia também destruíram suas florestas com o passar do tempo.

As ações contra o desmatamento

Embora todos estes problemas ambientais estejam ainda ocorrendo, verifica-se uma diminuição significativa em comparação ao passado. A consciência ambiental das pessoas está alertando para a necessidade de uma preservação ambiental. Governos de diversos países e ONGs de meio ambiente tem atuado no sentido de criar legislações mais rígidas e uma fiscalização mais atuante para combater o crime ecológico. As matas e florestas são de extrema importância para o equilíbrio ecológico do planeta Terra e para o bom funcionamento climático. Espera-se que, no início deste novo século, o homem tome consciência destes problemas e comece a perceber que antes do dinheiro está a vida de nosso planeta e o futuro das gerações futuras. Nossos filhos têm o direito de viverem num mundo melhor.

Vale lembrar:
- O desmatamento numa determinada região pode provocar o processo de desertificação (formação de desertos e regiões áridas). Este processo vem ocorrendo no sertão nordestino e no cerrado de Tocantins nas últimas décadas.

Chuva ácida


O que é?

Formação e efeitos

Ela é formada por diversos ácidos como, por exemplo, o óxido de nitrogênio e os dióxidos de enxofre, que são resultantes da queima de combustíveis fósseis. Quando chegam à terra no formato de chuva ou neve, estes ácidos danificam o solo, as plantas, as construções históricas, os animais marinhos e terrestres etc.

A chuva ácida pode até mesmo causar o descontrole de ecossistemas, ao exterminar algumas espécies de animais e vegetais. Causando a poluição de rios e fontes de água, a chuva pode também prejudicar diretamente a saúde das pessoas, provocando doenças do sistema respiratório.Este fenômeno tem crescido significativamente nos países em processo de industrialização como, por exemplo, Brasil, Rússia China, México e Índia. A setor industrial destes países tem crescido muito, porém de forma descontrolada, afetando negativamente o meio ambiente. Nas décadas de 1970 e 1980, na cidade de Cubatão (litoral de São Paulo) a chuva ácida causou muitos danos ao meio ambiente e aos moradores. Os ácidos poluentes lançados no ar pelas empresas, estavam causando muitos problemas de saúde na população da cidade. Foram relatados casos de crianças que nasciam sem cérebro ou com outros problemas físicos.

A chuva ácida também causou desmatamentos significativos na Mata Atlântica na região da Serra do Mar.Estudos feitos pela WWF (Fundo Mundial para a Natureza) indicaram que nos países ricos o problema também ocorre. No continente europeu, por exemplo, estima-se que 40% dos ecossistemas estão sendo danificados pela chuva ácida e outros tipos de poluição.Curiosidade: o termo chuva ácida foi usado pela primeira por Robert A Smith, na Inglaterra durante a Revolução Industrial (meados do século XIX).

Ecologia e Meio Ambiente


Uma questão que ganha cada vez mais espaço em todos os níveis de discussão é o meio ambiente e os problemas do meio ambiente. A filosofia também se interessa pelo tema, principalmente porque envolve, além de aspectos conceituais, problemas éticos.

Podemos dizer que na atualidade a discussão ecológica ganha espaço por que se faz urgente encontrar uma alternativa para fazer o casamento entre progresso e defesa do meio ambiente. Ou, numa linguagem mais atual, potencializar um progresso sustentável. Aqui não vamos nos deter na diferenciação conceitual ente Ecologia e Meio Ambiente, antes, pelo contrário, tomaremos os dois conceitos com sentido unívoco. Usaremos indistintamente Ecologia e Meio ambiente para nos referir à mesma realidade eco-ambiental, pois nosso objetivo, aqui é somente levantar o questionamento a respeito da problemática.

As inúmeras entidades Ecológicas e de defesa do Meio Ambiente não negam a oportunidade nem os benefícios e necessidade do progresso. A discussão acontece porque, de modo geral, as empresas ocupam-se em explorar sem preocupação de preservar.

Quando se trata de uma empresa que explora recursos naturais (renováveis ou não), faz-se necessário, simultaneamente, um trabalho de preservação e recuperação do ambiente. Uma madeireira, por exemplo, pode fazer extração de madeiras, mas, para que seja ecológica e eticamente correta, deve manter áreas de reflorestamento e fazer a exploração de forma a não agredir a fauna e a flora, com derrubadas desordenadas ou queimadas. Além disso, deveria fazer um trabalho de reaproveitamento de todos os resíduos: serragem, restos de madeira, etc. Tudo para evitar o impacto negativo ao meio ambiente. Costuma-se dizer que uma ação ecologicamente correta pode ser mais lucrativa, pois, além do lucro financeiro gera lucro ambiental.

Mas essa é só uma face do problema ecológico. A defesa do meio ambiente não se resume aos critérios que devem ser seguidos pelas empresas que exploram recursos naturais. Outras empresas também precisam manter o equilíbrio da natureza. Uma fábrica de farinha, um supermercado, um escritório de contabilidade ou mesmo uma escola, podem ocasionar mais danos ao meio ambiente do que uma serraria que esteja fazendo manejo florestal ou reflorestamento. Um escritório de contabilidade que atira seus resíduos de forma desordenada em um terreno baldio é mais agressivo do que uma eventual mineradora que faz manejo e controle de impacto ambiental.

Muitas pessoas se prendem à idéia de que defesa do meio ambiente e da ecologia é coisa para as entidades que com isso trabalham; ou meio ambiente é defesa das florestas e animais em extinção. Ecologia, também, não se resume à discussão de grandes temas como: buraco na camada de ozônio, derretimento das calotas polares, aquecimento global. Nem a temas regionais como a seca do nordeste ou o impacto da construção de uma hidroelétrica. Também ultrapassa os limites da defesa das baleias, das tartarugas, dos jacarés ou de outras espécies tanto animais como vegetais, em risco de extinção. Vai além dos debates ou campanhas em defesa de um determinado ecossistema ameaçado ou da condenação dos vazamentos de petróleo.

Meio ambiente, na realidade são todos os espaços humanos ou naturais. Sendo assim, cada plástico jogado no fundo do quintal é uma ação agressiva ao meio ambiente. Plantar árvores numa determinada área não significa, necessariamente, um trabalho ou uma consciência ecológica. As passeatas ecológicas que escolas realizam na semana do meio ambiente ou no dia da árvore podem ser infrutíferas se não vierem acompanhadas de ações concretas no cotidiano ou se ficarem só no ato de plantar a árvore ou fazer a passeata. Cada ação exige um processo de consciência e conscientização ecológica anterior e posterior. Um trabalho que deve ser constante.
O que os professores fazem para que os alunos mantenham o pátio da escola em ordem? Como é mantida a higiene da sala de aula? Como são trabalhadas questões como preservação do patrimônio publico em geral e da escola em particular? Como são tratadas as relações interpessoais? Qual o tratamento dispensado aos portadores de deficiência, ou àqueles que tem a cor da pele diferente da nossa? Como as pessoas reagem diante de um acidente ecológico de grande impacto e diante de um esgoto a céu aberto em sua rua? Como as pessoas se portam diante da notícia da pesca predatória realizada por um determinado país distante e diante do desemprego em sua cidade? Qual atitude deverá ser tomada diante de um papel de bala sendo jogado na rua ou em sala de aula e diante da caça ou pesca predatória?

Claro que grandes temas e problemas ecológicos são mais destacados do que as pequenas ações do cotidiano. Mas isso não implica em dizer que um seja mais importante que o outro. O que realmente importa é fazer com que todos os seres humanos desenvolvam ações que valorizem a vida. E essas ações não começam com aquelas que merecem destaque nos meios de comunicação, mas com as ações do e no cotidiano.

O carinho e o respeito ao meio ambiente começa, portanto com as pequenas ações. Não são só os outros que precisam respeitar e preservar. Essa é uma ação que deve merecer a atenção de todos a partir de nosso quarto, de nossa cozinha, de nosso ambiente cotidiano.
A consciência ecológica só se desenvolve com saúde se receber tratamento carinhoso no dia-a-dia.

A questão, do meio ambiente, também está no âmago da reflexão filosófica não só porque é uma questão atual, nem porque diz respeito a todas as pessoas, mas porque é uma questão humana. Podemos dizer que interessa a filosofia todas as questões humanas e não somente aquelas que estão em destaque na mídia.
Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.Fonte: http://www.webartigos.com/articles/19550/1/ECOLOGIA-E-MEIO-AMBIENTE/pagina1.html#ixzz0ycXRWcxR

sábado, 4 de setembro de 2010

O conceito de desenvolvimento sustentável


O conceito de desenvolvimento sustentável foi criado para estabelecer um contraponto ao modo de explorarem-se os recursos naturais de forma predatória e inconseqüente. Aplicando-se esses conceitos a forma como o ser humano atua e intervém no meio ambiente, é possível conseguir uma maximização dos recursos naturais sem por em risco a sua continuidade e perenidade.


Traçar formas de atuação que propusessem formas sustentáveis de exploração desses recursos é a forma única e eficientemente já demonstrada para possibilitar um desenvolvimento e o aumento da renda e melhoria das condições de vida de populações inseridas nesse contexto. Mesmo os habitantes de grandes cidades com altíssimo índice de urbanização, podem vir a se beneficiar da implantação de políticas que visem a sustentabilidade do meio ambiente urbano.


No entanto, incrivelmente ainda não há um consenso firmado em torno dessas práticas. Muitos habitantes que se beneficiariam enormemente com a adoção delas; ainda encontram-se avessos a sua adoção e implementação. Tal fato explica-se única e exclusivamente pela ignorância e pela má influência de um “status quo” dominante que se sente ameaçado pelas “boas novas” ambientalistas. Explorar o meio ambiente com responsabilidade e sustentabilidade, além de propiciar uma exploração dos recursos disponíveis por tempo muito maior, permite ainda um ganho em qualidade de vida e uma melhoria financeira das populações envolvidas.


Medidas simples como o correto estudo da adequação do solo a determinados cultivares e o impacto de criações exóticas em um ambiente impróprio, por exemplo, podem evitar enormes dissabores ambientais e prejuízos que podem inviabilizar em médio prazo a exploração economicamente viável de enormes áreas produtivas.


Da mesma forma, o conhecimento e controle sobre a colonização e a ocupação de áreas próximas ou dentro de áreas urbanas, já densamente povoadas, pode evitar que a poluição de mananciais e demais elementos necessários para a sobrevivência dessas populações se tornem um impeditivo e um entrave à qualidade de vida e ao pleno desenvolvimento desses grupos. Isso pode ser alcançado através de Empreendimentos Sustentáveis.


Trazer a população das áreas urbanas e das áreas rurais para participarem desse debate e entenderem que só através da sustentabilidade do uso dos recursos e da exploração do meio ambiente; será possível manter e ampliar a qualidade de vida e as condições de produção de riquezas e alimentos capazes de manter e sustentar o avanço das populações humanas.


Muito mais que interessar apenas a nerds e a ecologistas, a sustentabilidade é hoje a única forma viável para que o ser humano continue sua caminhada pela face do planeta. Abdicar desse sistema; é consumir os recursos naturais indispensáveis para nossa própria sobrevivência. Negar a aplicação das práticas de sustentabilidade do meio ambiente é, antes de qualquer coisa, negar a nós e as gerações futuras, o direito a vida e a continuidade de nossa espécie. Afinal de contas, como será possível sobreviver se as gerações atuais consumirem o planeta de forma completa e destrutiva?


O desfecho do consumo desenfreado de nossos recursos naturais, ao ritmo de hoje, será apenas a destruição, o empobrecimento e a morte de grupos humanos diversos ao redor do mundo. A fome, por sua vez, provocará revoltas e guerras e a raça humana acabará de forma violenta e dramática pelo próprio ecossistema que a sustentou durante milênios.


Pecuária e vegetarianismo no RS.

Pecuária e vegetarianismo no RS. Campanhas como a “Segunda-feira sem carne” têm se propagado e gerado muitas discussões em torno da pecuária no mundo. O metano, gás liberado principalmente pelo gado, é um dos principais causadores do fenômeno do aquecimento global, e a diminuição do consumo da carne, segundo alguns especialistas, traria muitos benefícios para o meio ambiente. A IHU On-line realizou uma entrevista, por telefone, com o ecólogo Valério de Patta Pillar e com a psicóloga e vegetariana Eliane Carmanin Lima sobre este tema. O professor da UFRGS falou sobre a situação da pecuária no RS e sua influência para o bioma do pampa gaúcho. Já Eliane falou de sua experiência como vegetariana no RS, onde a ligação com a carne é muito forte.

Valério de Patta Pillar é graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria. É mestre em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fez doutorado em Plant Sciences pela University of Western Ontário (Canadá). Atualmente, é professor da UFRGS.

Eliane Carmanin Lima é psicóloga e mestre em sociologia pela UFRGS. Como pesquisadora, vem estudando o vegetarianismo num enfoque sociológico. Idealizou o Cadastro-Veg, um cadastro de vegetarianos, que se originou conjuntamente com uma pesquisa sobre os vegetarianos no Brasil.

IHU On-Line – Qual a situação atual da pecuária no RS?

Valério de Patta Pillar – A pecuária é uma atividade tradicional na América do Sul, desde que o gado foi introduzido, no século XVII, pelos jesuítas. Há campos propícios à atividade, tanto que o gado logo se espalhou naturalmente por uma vasta região, até o Uruguai, sem cuidado. A pecuária foi evoluindo, modificando-se. Entretanto, de algumas décadas para cá, não conseguiu, em termos de ciência, competir com outras atividades econômicas, como a agricultura. Campos localizados em solos mais favoráveis foram perdidos e transformados em lavouras. No Planalto Médio do Rio Grande do Sul, adequado para mecanização, por exemplo, há poucos remanescentes campestres. Em outras regiões, não tão favoráveis para agricultura intensiva, como a fronteira oeste, com solos mais rasos e clima não tão favorável à agricultura intensiva, foram mantidos os campos. Recentemente, também surgiu a silvicultura, propagandeada como alternativa mais interessante aos proprietários, em comparação com a pecuária, justamente nestas áreas remanescentes campestres da metade sul do Rio Grande do Sul. Os campos são mal manejados, poderiam produzir mais, em termos de ganho de peso ou produção de terneiros. Poderia produzir muito mais simplesmente alterando o manejo, sem agregar insumos. A produção aqui não consegue competir com outras atividades econômicas, e nós estamos consumindo carne do centro-oeste e do norte do país. Há espaço para ganhos de produtividade e conservação da biodiversidade com melhoria do manejo do pastoreio.

IHU On-Line – De que forma a expansão de atividade agrícola ameaça o Bioma do Pampa?
Valério de Patta Pillar – Para que se possa ter lavoura numa área de terra, a vegetação natural tem de ser transformada. Há uma conversão daquele tipo de cobertura vegetal natural. É incompatível a conservação da biodiversidade do campo naquele local onde a lavoura se instala. Isso vale também para a silvicultura. O plantio de eucalipto e pinos em áreas campestres significa a conversão desses locais. As espécies da fauna e da flora adaptadas àqueles ambientes não se mantêm na área da silvicultura e de lavoura. É uma perda de habitats e ocorre, concomitantemente, a fragmentação dos remanescentes de campo. Essa é uma das maiores causas de extinção de espécies. A expansão da agricultura, da forma como aconteceu em algumas regiões do estado, é uma ameaça à diversidade dos campos.

IHU On-Line – Que estratégias a pecuária deve pensar com vistas à sustentabilidade ecológica e conservação da biodiversidade gaúcha?

Valério de Patta Pillar – A pecuária é uma das poucas atividades econômicas compatível com a conservação da biodiversidade. Utiliza-se um recurso natural, que é a forragem provida pelas áreas de campo. A vegetação campestre produz a forragem utilizada na atividade pecuária, oferecendo um serviço ambiental. Nas áreas nas quais já temos a atividade agrícola, precisaria haver o retorno da pecuária, no sentido de que as áreas de campo sejam restauradas. O Código Florestal permite a exploração econômica sustentável das áreas de reserva legal com vegetação de campo através da pecuária. A demarcação das reservas legais em áreas originalmente de campo possibilitaria a restauração da vegetação campestre e a reintrodução da atividade pecuária nas propriedades agrícolas. Teríamos vários benefícios com o manejo mais adequado. A pecuária se tornaria mais econômica, beneficiando a biodiversidade e mantendo a competitividade em relação às demais atividades econômicas.

IHU On-Line – A campanha “Carne Legal” alerta o consumidor sobre a importância de saber a origem de produtos bovinos. A pecuária gaúcha já se adaptou a este processo?

Valério de Patta Pillar – Temos, no Brasil, o paradoxo de estar transformando campos em plantações de eucalipto e pinos no Sul, e, ao mesmo tempo, desmatar parte da Amazônia para transformá-la em pasto. No centro-oeste, também tivemos uma transformação brutal da vegetação do Cerrado em áreas de pastagens cultivadas. Sou favorável e participo como consumidor deste tipo de campanha, questionando sempre sobre a origem da carne. Devemos incentivar o consumo de carne produzida em vegetações naturais, que é compatível com a conservação da biodiversidade.

IHU On-Line – Qual sua opinião sobre campanhas, como a da ONU, que pedem para que a população coma menos carne? Negrito

Valério de Patta Pillar – O documento da FAO-ONU (Food and Agriculture Organization – ONU), avaliando a situação pecuária mundialmente, não considera situações particulares, como nesta parte da América do Sul, em que a atividade cumpre um papel importante na conservação da biodiversidade. Se esses campos não fossem utilizados com pecuária, haveria um acúmulo de biomassa altamente inflamável, e nós teríamos grandes incêndios. A ONU generaliza, avaliando que a pecuária, do ponto de vista do consumo de energia, é bastante ineficiente e contribui significamente na emissão de gases estufa. Mas qual seria a alternativa para essas terras e pradarias, no mundo todo, que são usadas na pecuária? A conversão dessas terras em cultivo resultaria em mais emissões. Os solos desses campos são reservatórios de carbono. No momento em que o solo é cultivado, a matéria orgânica se decompõe e há emissões de gás carbônico para a atmosfera. A ONU desconsidera isso na sua avaliação. Todas as alternativas econômicas significariam um aumento de emissões. A emissão de metano e gás carbônico pelos bovinos é recompensada pelo sequestro de carbono no solo. Obviamente que a atividade pecuária que depende de confinamento, de produção de grãos e de usos intensos de energia fóssil deveria ser responsabilizada pelas emissões, mas não a atividade em geral.

IHU On-Line – Porque e quando a senhora se tornou vegetariana?
Eliane Lima – Faz mais de 20 anos. Eu li uma reportagem na época que falava dos animais e aí me dei conta de que eu estava comendo animais. Como eu realmente me importava e amava eles eu decidi, naquele momento, que eu não mais os comeria. E, desde então, eu não como mais carne. Foi muito mais fácil do que eu pensava.

IHU On-Line – É difícil ser vegetariano no Rio Grande do Sul e no Brasil?

Eliane Lima – Atualmente, aqui no RS, é facílimo. São muitos restaurantes vegetarianos, e esse número vem crescendo vertiginosamente. Há 20 anos, não era assim tão fácil. Havia apenas um restaurante macrobiótico, onde os vegetarianos se encontravam e se conheciam, formando ali uma nova cultura, uma identidade. Ser vegetariano não é apenas um hábito. Antes de tudo, é um hábito cultural

IHU On-Line – Só o fato de diminuirmos a quantidade de carne em nossos pratos vai trazer que tipo de mudanças para o clima do planeta?

Eliane Lima – Existe uma campanha chamada “Segunda-feira sem carne”, que começou na Inglaterra. A campanha foi viabilizada depois que um estudo apontou que, se a população da Inglaterra deixasse de comer carne apenas um dia na semana, isso traria um impacto muito grande para combater o aquecimento global. Isso porque a pecuária é a atividade que mais traz consequências ruins para o meio ambiente do planeta. Existe uma preocupação muito grande das consequências do gás carbônico na atmosfera. No entanto, nos últimos dez anos, a emissão de gás carbônico na atmosfera aumentou em 33%, e o metano, que é emitido pelos rebanhos bovinos, aumentou 130%. Portanto, diminuir o consumo de carne tem sim grandes impactos em relação às consequências das mudanças climáticas.
(Ecodebate, 07/07/2010) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Multifuncionalidade agrícola



Na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, uma pesquisa coordenada pela professora Fabiana Cunha Viana Leonelli tem o objetivo de analisar as diferentes maneiras de produzir e gerar renda em ambientes rurais, como a multifuncionalidade agrícola. Esse novo modo de pensar o ambiente rural — tradicionalmente associado, no Brasil, à monocultura em grandes propriedades —, repensa a ocupação do espaço agrário, valorizando o produtor e as especificidades locais.

A professora conta que seu interesse pelo assunto vem desde quando trabalhava como analista na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), onde interagia com realidades agrícolas distintas e via como pequenos produtores ficam à margem do agronegócio. Ela explica que a multifuncionalidade agrícola consiste em utilizar as diferentes possibilidades que o espaço rural pode trazer, explorando os produtos e particularidades locais, que muitas vezes existem com exclusividade na região; e em valorizar o produtor e a pequena produção familiar. Como consequência deste modelo, há manutenção da paisagem e da natureza ao redor e a preservação da organização social. Fabiana diz que o foco está no agricultor — e isso significa não somente diversificar a produção, já que não se aposta na monocultura, mas também agregar outras atividades, como o turismo e a gastronomia.

A manutenção da paisagem representa sustentabilidade sendo posta em prática— assunto muito comentado, mas, segundo Fabiana, com poucas ações efetivas. Sobretudo porque, de acordo com ela, a sustentabilidade é inviável no atual modelo agrícola baseado no latifúndio monocultor. Ela cita como exemplo iniciativas no sul de Minas Gerais, onde pequenas e médias propriedades promovem turismo em lugares como hotéis fazenda, providos de gêneros produzidos localmente, o que dá autenticidade ao local e preserva um estilo de vida ao mesmo tempo benéfico ao produtor e a quem procura descanso e qualidade.

Qualidade é também a premissa sobre a qual se baseia o slow food, movimento de âmbito mundial que procura, por meio da gastronomia, resgatar o valor da produção e dos alimentos, recuperando sabores regionais. Fabiana diz que isso é reflexo de “uma preocupação das pessoas com o que se come e como se obtêm a comida”.

No Brasil, a multifuncionalidade agrícola está presente em poucos lugares como o Vale dos Vinhedos (RS), e algumas produções de café e queijo na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Porém, em países europeus a prática é incentivada pela Política Agrícola Comum, difundida em países como França, Alemanha, Portugal, Espanha e Itália, o que justifica os subsídios governamentais para a agricultura. Fabiana explica que o modelo agrícola adotado lá reflete a opção pela manutenção de uma estrutura social: “Se estas pessoas saíssem do lugar onde vivem e trabalhassem para cidades maiores, encontrariam subemprego e uma qualidade de vida pior”, sem contar que, segundo ela, acabar com este tipo de produção e promover a mudança deste produtor para a cidade levaria a um desequílibrio na distribuição da população, tradicionalmente heterogênea na Europa, e na ocupação do território.

São CarlosO projeto de Fabiana ainda está em fase embrionária. Ele foi pensado usando como exemplo uma pesquisa feita em São Carlos no início dos anos 2000, para a elaboração do plano diretor da cidade. Na época, a ideia foi inserir o plano da área rural no plano urbano, onde a proliferação de condomínios residenciais verticais cria vazios de ocupação, “verdadeiras ilhas de prosperidade espalhadas num espaço maciço não organizado”. Foram pensadas atividades rurais relacionadas à política municipal, o que significou agregar serviços do espaço rural, destinando, por exemplo, parte da produção para merenda escolar e, em nível local, pensar no entorno rural. Atualmente, a professora está em contato com a Secretaria Municipal de São Carlos para saber o andamento do projeto que servirá de base para o atual.

Nesta nova iniciativa, ela conta com apoio de profissionais de outras áreas, até mesmo porque a multifuncionalidade precisa ser pensada amplamente. Estão envolvidos no projeto o professor Antonio Cozella, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a professora Kelen Christina Leite, da área de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Roberta Sá, coordenadora do Slow Food Cerrado.

A professora explica que, para funcionar a multifuncionalidade precisa ser pensada conjuntamente, em uma parceria entre poder público, institutos de pesquisa, iniciativa privada e produtores locais. Ela diz ainda que é necessário entender e respeitar as diversidades regionais, e por isso não pode ser pensada como política pública para todo o país. Fabiana ressalta a sustentabilidade presente nesta maneira diferente de utilizar o espaço rural, capaz de, segundo ela, “localmente mudar a realidade”.
Imagem: Marcos Santos
Reportagem de Camila Camilo, do USP Online, publicada pelo EcoDebate, 07/07/2010

Transição Urbana e Transições Demográficas





A história do surgimento das cidades não chega a 6 mil anos e só foi possível após a revolução agrária – ocorrida entre 10 e 12 mil anos atrás, quando ocorreu a domesticação dos animais e o domínio da agricultura – que possibilitou a geração de um excedente de produção capaz de sustentar uma população que passou a viver no meio urbano e se beneficiou da disponibilidade de recursos de subsistência advindos do meio rural. Foi com a agricultura e a pecuária que os povos caçadores-coletores (nômades) deram o passo decisivo para o domínio da natureza e para o processo de fixação (sedentarização) urbana. Não resta dúvida de que as cidades são fruto dos avanços da produtividade rural, pois não conseguriam viver de outra maneira.

Mas as cidades se mantiveram limitadas dentro de um território definido não pela cidade em si, mas pela disponibilidade de produtos agro-pecuários que ela era capaz de absorver em sua área de influência e domínio. A área de influência das cidades sempre foi limitada pela própria produtividade urbana e do grau de sua força militar e política. Assim, o crescimento das cidades dependia de uma dupla determinação: as cidades cresciam em função da produtividade rural e sua área de influência dependia da capacidade da cidade de manter um determinado território sob controle (militar, político e/ou econômico).

Até o final do século XVIII mais de 95% da população mundial estava no meio rural e as taxas de mortalidade e natalidade eram extremamente altas. Tudo isto começou a mudar com a Revolução Industrial que possibilitou a criação exponencial de máquinas e equipamentos e o uso de energia – não humana ou animal – no processo produtivo em massa. O desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade urbana industrial – mesmo não sendo aquele de caráter humanista defendido pelos pensadores iluministas – propiciou um grande desenvolvimento econômico e social.

A Revolução Industrial se concentrou no meio urbano e possibilitou o crescimento e o desenvolvimento das cidades. Mas os ganhos não vieram de forma linear. Ao contrário, as condições de saúde e a esperança de vida piroram nas cidades no começo da Transição Urbana. Só com os avanços da produtividade industrial, com a melhoria das técnicas agricolas, com a melhoria dos transportes e com o avanço da medicina e do saneamento básico foi que as taxas de mortalidade começaram a baixar e houve um progressivo aumento da esperança de vida. Assim, a partir de uma determinada etapa, que varia de país a país, a Transição Urbana propiciou o início da Transição Demográfica.

A Transição Urbana, sem dúvida, influenciou muito a Transição Demográfica, sendo que as primeiras abordagens teóricas da Transição Demográfica tiveram origem na Teoria da Modernização. De forma bastante resumida a Teoria da Modernização diz que os ganhos de produtividade da economia possibilitaram o aumento da oferta de bens e serviços, especialmente alimentos, educação e saúde, criando as condições para a queda das taxas de mortalidade. A fecundidade permaneceu alta em decorrência das doutrinas religiosas, dos códigos morais e dos costumes comunitáros e familiares da sociedade tradicional. Porém, com o advendo da sociedade moderna mudam-se a relação custo/benefício dos filhos, os costumes e os velhos tabus e preconceitos são superados, passado a haver um controle generalizado da fecundidade. No primeiro momento existe uma aceleração do crescimento vegetativo da população, mas com a continuidade de queda das taxas de natalidade o crescimento natural diminui, podendo até se tornar negativo.

As abordagens mais simplistas identificam a Transição Urbana como a passagem de uma sociedade tradicional (ou feudal) para a sociedade moderna (ou urbana e industrial). De maneira ainda mais simples, se diz que a Transição Urbana foi a causa principal da Transição Demográfica. Na verdade as duas Transicões se auto-influenciam e se reforçam, convivendo no mesmo espaço e tempo e só em pequena parte podem ser entendidas como fazendo parte dos desdobramentos daquilo que o Marquês de Condorcet chamava de “perfectibilidade humana”. Além disto, é preciso distinguir o processo de Modernização dos processos de Ocidentalização e de Secularização e entender o processo que Weber chamava de “desencantamento do mundo”.

A transição demográfica pode acontecer em sociedades predominantemente rurais. A Tailandia é um caso típico. Mas o exemplo mais significativo é o da China que assistiu a Transição Demografica antes da Transição Urbana. Segundo dados da ONU a área rural da China absorvia mais de 2/3 da população chinesa quando se deu a grande queda da fecundidade nos anos 1970, antes da dacroniana política de filho único, de 1979. Não foi a urbanização que derrubou as taxas de fecundidade na China. Ao contrário, foi a Transição Demográfica – juntamente com as reformas econômicas – que possibilitou a Transição Urbana e a diminuição das barreiras à migração rural-urbana (flexibilização do sistema de registro de residência conhecido como “hukou”).

Como mostrou Caldwell, a Transição Demográfica depende da reversão do fluxo intergeracional de riquezas entre as gerações. Esta reversão é ajudada pela Modernização (urbanização e industrialização), pela Ocidentalização e pela Secularização. Mas principalmente está relacionada com as mudanças na estrutura familiar e nas relações entre os gêneros e as gerações. A Transição Demográfica não é uma consequência deterministica da Transição Urbana.

Também a continuidade da Transição Demográfica não depende do grau de urbanização do pais. A Segunda Transição Demográfica acontece em diversos ambientes urbanos e é explicada pela diversificação dos arranjos familiares. A Terceira Transição Demográfica tem a ver com o processo de retirada da procriação e o crescimento do percentual de pessoas e casais sem filhos. Embora as características da Segunda e da Terceira Transição Demográfica sejam comumente mais encontradas nas áreas urbanas, elas estão presentes também no meio rural. Além disto o rural do século XXI não é o mesmo dos séculos anteriores. O chamado “novo rural” pode ser um espaço – que mesmo fora das cidades – é caracterizado por uma sociabilidade que nada difere da sociabilidade urbana.

Não é impossível se pensar em uma situação em que os países com fecundidade muito abaixo do nível de reposição e com declínio populacional assistam a uma redução de suas populações e áreas urbanas (que concentram as menores famílias) e um aumento percentual relativo de suas populações rurais. Nesta hipótese, teremos as Transições Demográficas influenciando e determinando uma certa reversão da Transição Urbana.

A transição urbana e as transições demográficas são dois fenômenos espaciais e sociais da maior importância. São como dois filhos gêmeos da modernidade e que, ao crescerem, ajudaram a reconfigurar o mundo moderno e, hoje, preparam as bases para uma nova transição ainda mais importante: a transição da economia de alto carbono para a de baixo carbono.

José Eustáquio Diniz Alves, colunista do EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; expressa seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br
EcoDebate, 07/07/2010

Entendendo o vazamento de petróleo nos EUA

As informações que chegam à população são de que pelo menos cinco mil litros de óleo vazam diariamente do “buraco” do poço de petróleo que sofreu acidente no Golfo do México. Este volume é cinco vezes maior do que o estimado quando a plataforma que extraia óleo deste poço afundou.
A IHU On-Line conversou com o professor de Geologia da Unisinos, Gerson Fauth, sobre as implicações técnicas para conter o vazamento e se há chances de ocorrer algo semelhante no Brasil, que, com o pré-sal, começa a investir pesado na extração de petróleo. A entrevista foi realizada por telefone. “Nesse final de semana, uma tormenta forte deve chegar à região e empurrará o óleo em direção ao litoral. Esse vazamento deve levar até dois meses para ser estancado, e isso causará uma série de consequências no litoral sul dos Estados Unidos, principalmente para a população da Louisiana. Como essa região é pantanosa, o problema é mais grave ainda. Isso porque, se o óleo entrar nessa região de pântano, será impossível retirá-lo”, disse.

Gerson Fauth é mestre em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutor em Geologia pela Universitat Heidelberg (Alemanha). Atualmente, é professor do PPG em Geologia da Unisinos, onde ministra as disciplinas de Bioestratigrafia e Ostracodes.
IHU On-Line – Para entendermos a questão do vazamento do petróleo no Golfo do México. Porque o processo de contenção do óleo é tão demorado?
Gerson Fauth – As condições de onde está sendo retirado esse óleo são de mar profundo. Existe uma série de dificuldades técnicas para se chegar a esse lugar e ter condições para pegar todo esse petróleo que está jorrando do poço. Este óleo, quando sai do “buraco” que se abriu, tende a migrar para a parte mais superficial, mais leve e, na medida em que sai do poço, se espalha bastante, impactando uma área gigantesca. A imprensa tem dito que eram cinco mil barris por dia, mas a conta pode ser muito maior do que essa.
IHU On-Line – Que implicações técnicas são necessárias para a contenção desse vazamento?
Gerson Fauth – A implicação técnica exata ninguém sabe ao certo. Esses tipos de problemas que ocorreram agora não são muito comuns. Ainda assim, há uma série de precauções que devem ser tomadas quando se vai perfurar para extrair o óleo, é preciso ter muitas válvulas e portas que são trancadas caso exista um erro. Comenta-se que uma determinada válvula que precisava ser colocada, não foi. A British Petroleum não tomou certas precauções para evitar problemas que decorreram nessa catástrofe ecológica. Ou seja, houve uma economia que causou esse problema. Quando é uma empresa séria, esse tipo de situação não ocorre.
IHU On-Line – Por quanto tempo se sofrerá com as consequências desse vazamento?
Gerson Fauth – Não se sabe ainda ao certo. Nesse final de semana, uma tormenta forte deve chegar à região, e ela deve empurrar o óleo em direção ao litoral. Esse vazamento levará até dois meses para ser estancado, e isso vai causar uma série de consequências no litoral sul dos Estados Unidos, principalmente para a população da Louisiana. Como essa região é pantanosa, o problema é mais grave ainda. Isso porque, se o óleo entrar nessa região de pântano, será impossível retirá-lo. Provavelmente, muitas gerações vão sofrer com as consequências desse desastre.
IHU On-Line – Que danos ambientais, especificamente, esse vazamento pode causar?
Gerson Fauth – Os mais prejudicados são os ambientes pantanosos no sul dos EUA. Dessa forma, o desastre atinge as aves que vivem sobre a água e a própria população ribeirinha que vive da pesca. Imagine um lugar pantanoso, muita água, pouca energia, poucas ondas, que é invadido por um óleo que bate nos troncos e nas folhas. Dificilmente ele vai ser retirado. A mesma coisa aconteceu no Alasca, só que num lugar pedregoso. Lá, as pedras foram “lavadas” e o problema praticamente solucionado. Como lavar um lugar pantanoso? Quando chega na areia é fácil de tirar, mas nos pântanos não.
IHU On-Line – Algo parecido pode acontecer no Brasil?
Gerson Fauth – É pouco provável. Bom, pode acontecer com qualquer sonda, qualquer plataforma no mundo em que não sejam tomadas as devidas precauções. As chances de isso acontecer no Brasil são pequenas, porque as empresas que trabalham aqui são mais sérias. No caso dos EUA, houve uma espécie de “quarteirização”, pois uma empresa cedeu à outra empresa, que cedeu para uma terceira. No final, ninguém se responsabilizou e assumiu a culpa. Mas a BP, que é uma das maiores petroleiras do mundo, está sendo culpada por ser a principal responsável por aquele poço, embora ela não estivesse naquele lugar, naquele momento.
IHU On-Line – O Brasil teria condições de amparar um problema assim?
Gerson Fauth – Nenhum país tem condições. Os EUA são o país mais rico do mundo, com melhor tecnologia, com os profissionais mais capacitados, e não conseguem resolver o problema. O presidente Obama está sendo humilhado por não conseguir contornar a situação. Ninguém está preparado para isso.
IHU On-Line – Esse vazamento no Golfo do México pode mudar de alguma forma a economia do petróleo?
Gerson Fauth – Eu entendo que não, não muda nada. Agora, o que muda é que haverá maiores estudos a respeito de aperfeiçoamento de técnicas para evitar esse tipo de problema no futuro. Na história da extração do petróleo no mundo, existiram vários vazamentos, mas nenhum tão intenso, tenso e catastrófico para o meio ambiente como esse. E também este vazamento no Golfo do México só está na mídia porque é nos EUA. A Nigéria está vivendo o mesmo problema e não está na mídia. O que é lamentável, pois sempre que uma catástrofe como essa acontecesse, a população e o mundo deveriam ser alertados.
(Ecodebate, 06/07/2010) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

Biomonitoramento


Aeroportos da Alemanha inventaram uma forma incomum de monitorar a qualidade do ar. O Aeroporto Internacional de Dusseldorf e sete outros aeroportos estão usando abelhas como “biodetetives”, e o mel é testado regularmente para verificar a presença de toxinas.
“A qualidade do ar no aeroporto e em torno dele é excelente”, diz Peter Nengelken, que faz a ligação entre o aeroporto e a comunidade. A primeira coleta de mel feita este ano de cerca de 200 mil abelhas foi testada no começo de junho, disse ele, e indicou que as toxinas estão bem abaixo dos limites oficiais, coerentes com os resultados desde 2006 quando o aeroporto começou a trabalhar com as abelhas.
Os apicultores de um clube da vizinhança cuidam das abelhas. O mel, “Dusseldorf Natural”, é engarrafado e oferecido como presente. Reportagem de Tanya Mohn, The New York Times.
O biomonitoramento, ou o uso de organismos vivos para testar a saúde do meio ambiente, não substitui o monitoramento tradicional, diz Martin Bunkowski, engenheiro ambiental da Associação de Aeroportos Alemães. Mas “é uma mensagem muito claro para o público porque é fácil de compreender”, acrescentou.
Volker Liebig, químico do Orga Lab que analisa as amostras de mel duas vezes por ano para o aeroporto de Dusseldorf e outros seis aeroportos alemães, disse que os resultados mostram a ausência de substâncias testadas pelo laboratório, como alguns hidrocarbonetos e metais pesados, e “era comparável ao mel produzido em áreas sem nenhuma atividade industrial”. É necessário uma amostragem durante um tempo bem mais longo para tirar uma conclusão definitiva, diz ele, mas os resultados preliminares são promissores.
Será que as abelhas serão as sentinelas modernas, assim como eram os canários que usados no passado como sinais de alerta para os gases tóxicos nas minas de carvão?
Usar as abelhas como “bioindicadores terrestres” da saúde do meio ambiente é uma abordagem relativamente nova, diz Jamie Ellis, professor-assistente de entomologia no Laboratório de Pesquisa e Extensão sobre Abelhas Melíferas, na Universidade da Flórida em Gainesville. “Todos nós acreditamos que é possível, mas pode ser um pouco cedo para traduzir esses resultados em soluções ou respostas para o mundo real”. Ainda assim, um trabalho semelhante com insetos para medir a qualidade da água tem obtido sucesso há tempos.
Muitos especialistas dizem que as aeronaves não são a única, nem mesmo a principal, fonte de poluição nos aeroportos. Carros, táxis, ônibus e atividades terrestres assim como as indústrias locais costumam ser os principais poluidores.
Não surpreende que Nancy Young, vice-presidente de assuntos ambientais para a Associação de Transporte Aéreo dos EUA, um grupo que reúne as companhias aéreas, defenda a qualidade do ar nos aeroportos. “Os aeroportos não são grandes contribuidores” para a poluição local do ar, diz ela, acrescentando que as emissões da aviação representam “menos de 1% do total do país e normalmente marcam apenas alguns pontos percentuais em qualquer área metropolitana com um aeroporto grande”. Ela disse que os EUA melhoraram a qualidade do ar em seus aeroportos através de normais mais rígidas e da melhoria das técnicas de monitoramento.
Em todo o mundo, houve melhorias semelhantes, diz Steven Lott, porta-voz da Associação Internacional de Transporte Aéreo. Desde os anos 60, as emissões de monóxido de carbono, de alguns hidrocarbonetos, fumaça e óxido de nitrogênio foram reduzidas substancialmente, disse Lott. Os limites para a maioria delas são estabelecidos pela Organização Internacional da Aviação Civil, um órgão das ONU.
“É um desafio para um setor que continua a crescer”, disse Lott. Mas a inústria investiu em desenvolver tecnologias mais limpas para os motores das aeronaves, equipamentos de apoio terrestre e veículos, bem como melhorias na forma de operar os equipamentos. Iniciativas como o Green Teams, por exemplo, permite que consultores do setor visitem as companhias aéreas para identificar e compartilhar formas de reduzir a queima de combustível e as emissões. Mais de 105 companhias já participaram, diz ele.
Ainda assim, alguns grupos comunitários não estão convencidos de que a qualidade do ar nos aeroportos melhorou.
“Está bem pior do que as pessoas pensam”, diz Debi Wagner, membro do comitê Citizens Aviation Watch USA, que mora em Seattle. Ela disse estar preocupada principalmente com a saúde das pessoas que vivem num raio de 4,8 quilômetros dos aeroportos comerciais.
Dois estudos recentes também levantaram questões sobre a qualidade do ar nos aeroportos. Ambos se concentram em pequenos campos de aviação, como o que existe em Santa Monica, Califórnia, que foi estudado em ambos os relatórios. “Os poluentes tradicionais não pareceram ser um problema local”, diz Philip Fine, gerente de medições atmosféricas para a Administração Distrital de Qualidade do Ar da Costa Sul, uma agência reguladora da qualidade do ar na maior parte do sul da Califórnia. “Entretanto, houve problemas com partículas ultrafinas e chumbo.”
Fina, que supervisiona uma rede de mais de 35 estações de monitoramento do ar, foi um dos pesquisadores-chefe de um estudo financiado pela Agência de Proteção Ambiental que deve ser divulgado nas próximas semanas.
Os níveis de chumbo nas emissões de aeronaves que não são a jato não excederam os limites federais, mais estavam significativamente elevados, disse Fine. Níveis altos de partículas ultrafinas, principalmente dos jatos, também são uma preocupação. As partículas têm vida curta, mas como estão em alta concentração e a favor do vento durante a decolagem, elas são especialmente preocupantes para as pessoas que vivem perto de pequenos aeroportos ou que ficam expostas repetidamente, diz Fine.
A maioria dos grandes aeroportos ficam mais afastados das comunidades residenciais, e também têm áreas de transição os separando.
As implicações das partículas ultrafinas na saúde ainda são desconhecidas, mas algumas pesquisas médicas sugerem que elas podem apresentar um risco sério porque as partículas extremamente finas passam facilmente pelas paredes das células e podem penetrar no cérebro ou no sistema circulatório.
Estudos epidemiológicos mostraram que há riscos de saúde por conta dos níveis elevados dessas partículas emitidas por carros e caminhões, uma preocupação para as pessoas que vivem próximas a avenidas movimentadas ou que as usam com frequência, diz Suzanne E. Paulson, professora de ciências atmosféricas na UCLA. Mas “não sabemos quase nada sobre os efeitos das emissões das aeronaves para a saúde” no que diz respeito a essas partículas, disse Paulson. Ela foi pesquisadora-chefe em outro estudo, publicado no final do ano passado no jornal “Environmental Science & Technology”.
O governo federal estabelece parâmetros para poluentes atmosféricos como o ozônio e material particulado, diz Fine, “mas as partículas ultrafinas não são reguladas atualmente”.
A Europa tem limites governamentais de partículas ultrafinas para as emissões veiculares, diz Fine. Emanuel Fleuti, chefe de serviços ambientais para o Aeroporto de Zurique, disse que há preocupações na Europa também.
Enquanto isso, ele diz estar confiante em relação ao trabalho de biomonitoramento que os aeroportos alemães estão fazendo com as abelhas, uma vez que os resultados são consistentes com o monitoramento tradicional da qualidade do ar na Europa. Alguns aeroportos na França, Suécia e Israel também começaram recentemente a trabalhar com abelhas. “Se você olha o mel, está perfeitamente bom”, diz Fleuti, acrescentando que ele costuma pegar alguns potes quando visita a Alemanha. “É um mel bom.”
Reportagem [At German Airports, Bees Help Monitor Air Quality] do New York Times, no UOL Notícias. EcoDebate, 06/07/2010

Drenagem ácida

  • 1 – Água
  • 2 – A drenagem ácida ocorre quando minerais que contêm sulfetos e se localizam em locais mais profundos são expostos a ambientes mais abertos e entram em contato com oxigênio e água, gerando, assim, sulfatos, que podem contaminar águas subterrâneas
  • 3 – Água entra em contato com os sulfetos das rochas
  • 4 – Minerais contendo sulfetos
  • 5 – Água ácida

Perigo na mineração – Cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estudam uma forma de combater a drenagem ácida, um dos maiores problemas ambientais causados por empresas de mineração, com possibilidade de mobilizar elementos tóxicos e poluir os recursos hídricos, causando impactos na biodiversidade dos ambientes afetados e também na saúde humana. A ocorrência da drenagem ácida tem sido relatada principalmente na extração de ouro, chumbo, zinco, níquel e cádmio. No Brasil, os principais estados mineradores são Pará, Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais, onde está concentrado o maior número de lavras.

A drenagem ácida é uma solução aquosa gerada quando minerais que contêm sulfetos, localizados em ambientes profundos, são expostos a ambientes abertos e entram em contato com oxigênio e água, gerando sulfatos (substâncias ácidas). A coordenadora do Instituto Nacional — Recursos Minerais, Água e Biodiversidade (IEE) e professora do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFMG, Virgínia Sampaio Teixeira, explica que o processo de transformação da água ácida ocorre com a combinação de minérios que possuem enxofre com micro-organismos, que geralmente estão presentes nos depósitos de minérios e de água. Reportagem de Alice Maciel, no Correio Braziliense.

“O fato de haver minérios sulfetados não significa necessariamente que há água ácida. O que causa o problema são características locais e a diferença entre o poder de geração dessa água e o poder de neutralizá-la, que o próprio minério e o solo têm”, explica. As águas naturais têm concentração de substâncias e características do seu contato com o solo que podem reagir de maneiras diferentes quando encontram a água de pH baixo, como nos locais onde há maior quantidade de carbonatos e bicarbonatos, componentes de característica básica, sendo mais fácil, dessa forma, ocorrer a neutralização natural da água.

Uma das formas de evitar a formação da drenagem ácida é prevenindo a criação de condições que favoreçam a reação, com o controle dos três principais fatores químicos do processo: oxigênio, água e sulfeto. “O sulfeto e a bactéria já estão no local. A atuação ocorre principalmente no oxigênio e na água. Sendo que, entre os dois, o mais fácil de controlar é o oxigênio”, afirma Virgínia. Segundo ela, é importante agir para que as superfícies de rejeitos que contêm minerais sulfetados não fiquem expostas às condições oxidantes em presença de água.

O professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG Flávio Vasconcelos acrescenta que uma das maneiras de as mineradoras prevenirem a formação da água ácida é cobrindo a pilha de estéril (monte de material extraído que se forma com a mineração) com algo impermeável que tenha a função de evitar ou minimizar a infiltração. “Mesmo com essa técnica, é possível haver um pouco de infiltração. De qualquer forma, é uma maneira de reduzir o dano.”
Em Minas Gerais, há 17 lavras com grande potencial para produzir a água ácida — a maioria de extração de ouro. Segundo a gerente de Resíduos Sólidos, Industriais e Minerários da Fundação Estadual de Meio Ambiente, Eleonora Deschamps, o órgão ambiental fiscaliza e orienta as empresas a monitorar as pilhas de estéril do material extraído. “Além de contaminar o solo e a água, a drenagem ácida pode atingir nascentes e rios, de onde muitos municípios fazem a captação para abastecimento público. Com isso, metais pesados e tóxicos solubilizados em meio ácido podem ser consumidos pelas pessoas, como o cromo e o arsênio, que têm potencial cancerígeno. Por essa razão, o assunto merece atenção e alerta à saúde”, diz.

Água doceAlém da pesquisa sobre drenagem ácida, os cientistas da UFMG avaliam maneiras de diminuir os impactos da mineração nas águas subterrâneas, encontradas abaixo da superfície do solo. Elas correspondem ao maior estoque de água doce nos continentes e são responsáveis pela regulação de córregos, rios e nascentes. Muitos municípios usam essa água para seu abastecimento.

De acordo com o professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG Celso de Oliveira Loreiro, se o processo de exploração mineral atinge grandes profundidades, a água subterrânea pode ser afetada. “A água passa a ser, em princípio, um tipo de empecilho para a mineração, sendo necessário retirá-la. E essa retirada promove, efetivamente, um rebaixamento da mina, com potencial de impactos hídricos nos focos de água no entorno”, afirma.
Segundo ele, uma das formas de amenizar esse impacto é fazendo uma gestão da água. “A água que se retira para promover o rebaixamento pode ser administrada em termos da própria cooperação industrial, do processo industrial, na operação e na reciclagem, por meio de um estudo de engenharia. Ela pode ser usada, voltar a ser utilizada e até mesmo retornar para a natureza com qualidade.”
EcoDebate, 06/07/2010

Saúde e Meio Ambiente

Malditos os que se acha ‘donos’ da Terra.

Às vezes eu questiono os motivos que me levam a levantar bandeiras que não me pertencem; que não afetam meus mais imediatos interesses diretamente. Mas, como ignorar a ação do meio ambiente sobre nossa saúde? – A harmonia com o meio ambiente e a sua preservação fazem parte do esquema de saúde social dentro do qual se insere a individual. Exemplo: os terapeutas devem colaborar na mudança dos conceitos da agricultura industrial voltada para a superprodução, com conseqüentes danos ecológicos que, decorrem do desmatamento, da diminuição das matas ciliares, do envenenamento da água, do aterro das nascentes, das aplicações químicas que geram intoxicações e estimulam o surgimento de pragas; e acima disso mostrar também o desperdício na produção, no armazenamento e na distribuição de alimentos, como causa de fome e do surgimento de mais e mais doenças.

Nosso assunto de hoje é a tentativa por parte de alguns parlamentares da bancada ruralista de mudança da lei de proteção ambiental, enfraquecendo o código florestal brasileiro.
Antes de adentrar no tema gostaria de recordar um fato: Dia destes, assisti ao final de um debate a respeito do uso da terra que me deixou muito preocupado; porque não dizer desalentado quanto ao futuro do planeta. O assunto era a monocultura, no caso em discussão, a cana-de-açúcar e os males que podia gerar ao meio ambiente a curto e médio prazo. De um lado estava um cidadão preocupado com o meio ambiente e um técnico em engenharia ambiental e de outro um usineiro e um fazendeiro – cada qual expôs seu ponto de vista sobre os malefícios e os benefícios da cultura da cana em larga escala como está ocorrendo no estado de São Paulo (malditos carvõezinhos que empesteiam nossa cidade, emporcalhando tudo e agravando as doenças respiratórias através da troglodita queima antes da colheita).

Foram usados todos os argumentos pró e contra como: possibilidade de criar desertos, destruição ambiental não recuperável, alterações climáticas regionais, criação de novos empregos, geração de energia elétrica, uso de subprodutos para a produção de polímeros, exportação de tecnologia sucroalcoeira, etc. A discussão caminhava tranqüila até que, lá pelas tantas, um telespectador através de e-mail sugeriu a possibilidade de aplicação de uma idéia já em uso em alguns municípios: zoneamento agrícola, submetendo o uso da terra na área rural a algo semelhante ao que temos na zona urbana; não foi possível discutir a idéia, pois o fazendeiro nem deixou o moderador concluir a mensagem, ele foi categórico: – Isso é uma besteira que contraria a Constituição, pois a terra é minha e faço dela o que eu bem entender; se não estiver plantando algo ilícito ninguém pode determinar o que devo ou não cultivar na minha propriedade. – Me diga algo que esteja dando mais dinheiro do que plantar cana que logo eu vou começar a preparar a terra! – Como é melhor rir do que chorar, na hora eu lembrei de uma célebre frase do H. Simpsom (desenho da TV): “A culpa é minha; ponho ela em quem eu quiser”…

Não importa quem ganhou o debate, no sentido de convencer mais telespectadores, o que realmente me preocupou: até quando vamos confundir o que é legal com o justo, ético e inteligente? E o que começa a desalentar: em pleno século XXI o conceito de propriedade não se atualizou segundo as conquistas da inteligência e da capacidade de discernir. Jesus cansou de nos avisar para não desperdiçarmos muito tempo nem gerarmos débitos graves com os outros e com o planeta tentando armazenar em celeiros ou guardar em cofres as coisas materiais. Salta aos olhos que não somos donos de nada, estamos donos, temporariamente. No caso do fazendeiro, deu para perceber que ele se sentia realmente dono da sua terra; esquecia que dali a alguns minutos poderia estar morto ou é possível que pouco tempo depois resolvesse vender as terras e, a pessoa que se acharia dono delas seria outra. Ainda não somos donos de nada, nem do nosso tão decantado livre arbítrio, que ainda é precário e relativo.

Orgulhosos e egoístas pela nossa teimosia em manter posturas como a dele nós ainda estamos fortemente sujeitos á ação da lei de causa e efeito pelo lado negativo; tanto no aspecto individual como coletivo (amigo leitor, não vá pensando que não tem nada com isso). As pessoas que se acham donas da terra; ou de qualquer outra coisa de 3D, como ele; se soubessem o que as aguarda no futuro teriam com certeza uma conduta diferente no presente – O pior é que, alguns de nós herdaremos a Terra; e de retorno, sofreremos pelo comodismo e pela covardia desta vez; esperamos que não mais junto com ele e alguns vândalos que hoje se acham proprietários. Nada desta dimensão nos pertence nem aos nossos herdeiros, pois não somos donos nem da própria existência. Não temos competência nem para dispor dela se estivermos descontentes com o rumo que tomou; ou se nos sentimos infelizes porque ela não está rendendo tudo que esperávamos; pois a vida apenas a Deus pertence.

O planeta é um bem de uso comum.

Ainda dependemos muito uns dos outros, nossa soberania emocional é pouco desenvolvida colocações infantis como “a vida é minha faço dela o que quiser” ou “não tenho medo nem me importo de morrer; até nem quero ficar velho para não dar trabalho para os outros”; afirmações desse tipo sinalizam ignorância e pouca maturidade psicológica da nossa parte.

A situação é grave; pois mesmo os que se acham espiritualistas; quando se encontram na condição de proprietários da terra, ainda criam animais para matança, aterram nascentes para plantar um pouco mais de capim, soja ou cana. Aproveitam a estiagem para atear fogo á reserva obrigatória de lei e, depois, já que está queimada na cara dura a aproveitam para plantio. Infelizmente a maior parte de nós quando vive a prova do poder e da propriedade ainda pensa mais com o bolso do que com o coração. Depois, em 4D, desencarnados damos trabalho por décadas ou centenas de anos na condição de apegados obsessores; tirando o sossego de herdeiros e até de terceiros; pois, quando nos apegamos ás posses não apenas destruímos o meio ambiente ou assassinados animais; ainda transportamos essas encrencas para o outro lado da vida. Claro que dentro da perfeição da criação, todos os males acabam tornando-se um bem. Quem comete desatinos e torna-se um sofredor ou até obsessor e; nessa pisada de bola, torna-se ferramenta para que outros devedores de si mesmo ou do coletivo possam progredir quando já mais conscientes e esclarecidos – Mas, até quando será dessa forma? – Entregar tudo na tal mão de Deus é covardia? Preguiça? Falta de responsabilidade?

O planeta suportará tanta agressão cada vez mais rápida e intensa dos que se acham os donos do planeta como as populações do hemisfério norte e os proprietários da terra abaixo do equador? Nossa querida Gaia dá sinais de estar agonizando – Será que não seria hora de depurá-lo das pessoas que não gostam dele? – O que estará atrasando o final dos tempos? – Será que os habitantes dos mundos que vão receber os terráqueos estão protestando junto a Deus, fazendo passeatas cósmicas para não nos receber? – Talvez muitos governadores de mundos estejam preocupados com a possibilidade da nossa eminente chegada e estejam negociando cotas – algo assim: o meu planeta só agüenta uns dez mil dessa raça; outro: – até uns dois milhões dos mais mansos dá para acomodar, mais do que isso vai ser problema…

Mesmo tentando manter a fé na raça humana ainda fico com um que de desconfiança de alguns Avatares afirmarem que mesmo expulsos daqui levaríamos o progresso a esses mundos: nossos novos lares – Será? – Se nós levarmos a doença do orgulho e do egoísmo a povos primitivos não será um novo desastre? – Parece que já assisti a esse filme várias vezes, apenas o enredo e alguns personagens mudam…É esperar para ver. Com a palavra o senhor do Tempo…

Mas, vamos ao que interessa. Recebi o seguinte comunicado:

“Caros amigos,Um grupo de deputados estão tentando enfraquecer as proteções ambientais no Brasil, matando nosso Código Florestal. Vamos deixar claro que os brasileiros não permitirão um retrocesso na proteção das nossas florestas. Clique abaixo:

Envie uma mensagem agora!

É chocante, mas o congresso brasileiro poderá abrir oficialmente uma “temporada de desmatamento”, nas 5 regiões do Brasil, significando um retrocesso de décadas em proteção ambiental!

Mais de 70 deputados da bancada ruralista, representando os interesses do agronegócio, estão tentando enfraquecer o Código Florestal brasileiro. Se eles conseguirem, milhões de hectares deixarão de ser protegidos por lei!

O Congresso está dividido – há uma forte oposição dos parlamentares ambientalistas; mas os dois maiores partidos, o PT e o PMDB, ainda não assumiram uma posição. Porém, a não ser que haja uma grande pressão popular, é provável que eles se alinhem com os ruralistas para ganhar apoio político nas eleições de outubro. Chegou a hora de mostrar o que o Brasil quer! Vamos enviar milhares de mensagens direto para os emails dos líderes partidários, eles estão negociando o posicionamento dos seus partidos agora mesmo! Clique abaixo e envie a sua:

http://www.avaaz.org/po/mensagem_codigo_florestal/?vl

As propostas mais perigosas são: a anistia irrestrita ao desmatamento ilegal ocorrido até 2008, a eleminação da Reserva Legal para propriedades de até 4 módulos rurais inclusive na Amazônia e a transferência da regulamentaçõa para o nível estatal, flexibilizando a lei. As propostas são uma grave ameaça à preservação ambiental, reduzindo dramaticamente as áreas atualmente protegidas.

Grupos ambientais estão fazendo tudo o que podem para impedirem os ruralista, mas eles precisam de nossa ajuda. Mais de 90.000 brasileiros assinaram a petição para salvar o Código Florestal em menos de duas semanas. Mas agora nós precisamos aumentar a pressão e enviar milhares de mensagens ao líderes partidários. Os líderes estão negociando o posicionamento dos partidos agora mesmo – envie uma mensagem para eles, deixando claro que não queremos alterações no Código Florestal!

http://www.avaaz.org/po/mensagem_codigo_florestal/?vl

Nós precisamos acabar com o mito de que a preservação ambiental é uma ameaça ao desenvolvimento. Um estudo recente mostra que o Brasil possui mais de 100 milhões de hectares disponíveis para agricultura, ou seja, há terra suficiente para produzir. O Brasil tem o privilégio de ser um país rico em recursos naturais e temos a rara oportunidade de crescer de forma sustentável. É nossa responsabilidade desenvolver e preservar ao mesmo tempo. Envie uma mensagem agora, não deixe que eles acabem com o Código Florestal!


* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 06/06/2010

A Cidade Lixo

A cidade de lixo de Manshyiat Naser

O Manshyiat favela Naser, nos arredores de Cairo, é muitas vezes referida como "A Cidade do Lixo", devido à grande quantidade de lixo.

Tão inacreditável como as fotos abaixo podem parecer, Manshyiat Naser é um lugar real, onde as pessoas fazem sua vida fora do lixo.

Como em qualquer outra comunidade normal, você vai encontrar ruas, casas e apartamentos em todo o assentamento, mas tudo e todos aqui depende de lixo. Os habitantes de Manshyiat Naser (chamado Zabbaleen) trazer o lixo para a cidade, de caminhão, carro, ou quaisquer outros meios necessários, e qualquer tipo de lixo reciclável ou útil.

Cada rua e cada edifício em Manshyiat Naser é guardada com montanhas de lixo, e você vai ver homens, mulheres e crianças escavando exaustivamente através deles, procurando algo que pode vender. Embora possa parecer um sistema antiquado de tratamento de lixo, o Zabbaleen fazer um trabalho muito melhor do que qualquer um dos sistemas de tratamento de resíduos do mundo moderno.

Cerca de 80% do lixo é reciclado e revendido, enquanto o restante é de comer aos porcos que vagam pelas ruas da cidade, ou queimado para a combustível. O Zabbaleen mal conseguem sobreviver com o que eles fazem fora de triagem de lixo, mas muitos deles têm feito isso durante gerações e que não concebem viver as suas vidas de outra forma.

Eles dispõem de cerca de um terço do lixo do Cairo, sem nenhum custo para as autoridades, e conseguem fazer uma vida decente para eles e suas famílias. O Modelo de Manshyiat Naser foi copiado em diversas cidades ao redor do mundo, incluindo Manila, Bombaim e Los Angeles. Muitos fotógrafos foram fascinados pela maneira Zabbaleen da vida e do olhar distinto da Cidade do Lixo.

Manshyiat Naser é uma espécie de favela, ou gueto, da cidade de Cairo, capital do Egito. Mas ela é mais conhecida como “A cidade de lixo” por causa da enorme quantidade de detritos que ficam espalhados pelas ruas.
As fotos podem parecer montagem, mas Manshyiat realmente existe e pessoas realmente vivem lá. A “cidade” tem ruas, casas, apartamentos e funciona como uma comunidade qualquer. O que muda é o trabalho dos habitantes da região: eles não só moram no meio do lixo, mas tiram seu sustento dele.

E, acredite se quiser, são os próprios moradores, conhecidos como Zabbaleen, que trazem o lixo para a região (usando carros, caminhões, ou qualquer outro meio de transporte) e separam o reciclável do resto.
Cada rua e cada edifício de Manshyiat são completamente tomados pelo lixo e você pode encontrar homens, mulheres e crianças fuçando na sujeira, sempre procurando por algo para vender.
Apesar de parecer um sistema absurdo, graças aos Zabbaleen, 80% de todo esse lixo é reciclado – o resto serve de alimentos para porcos ou é queimado, sendo usado como combustível. E o lixo representa um terço de todos os detritos produzidos no Cairo.


O modo de vida dessas pessoas se tornou também um modo de deixar as cidades mais limpas e o modelo foi copiado por outras cidades no mundo: Bombaim, Manila e até mesmo Los Angeles.


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