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sábado, 8 de junho de 2019

Biodiversidade e meio rural



Mata Atlântica

Tanto a comunidade científica internacional quanto governos e entidades não-governamentais ambientalistas vêm alertando para a perda da diversidade biológica em todo o mundo.
A degradação que está afetando o planeta encontra raízes na civilização humana contemporânea, agravada pelo crescimento explosivo da população e pela distribuição desigual da riqueza. A perda da diversidade biológica envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos.
Em anos recentes, a intervenção humana em habitats que eram estáveis aumentou significativamente, gerando perdas maiores de biodiversidade. Biomas estão sendo ocupados em diferentes escalas e velocidades.
Site do Ministério do Meio Ambiente destaca que é necessário que sejam conhecidos os estoques dos vários habitats naturais e dos modificados existentes no Brasil, de forma a desenvolver uma abordagem equilibrada entre conservação e utilização sustentável da diversidade biológica, considerando o modo de vida das populações locais.
Como resultado das pressões da ocupação humana na zona costeira, a Mata Atlântica, por exemplo, ficou reduzida a aproximadamente 7% de sua vegetação original. Na periferia da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, são encontradas áreas com mais de 500 espécies de plantas por hectare, muitas dessas são árvores de grande porte e ainda não descritas pela ciência.
Os principais processos responsáveis pela perda de biodiversidade são a perda e fragmentação dos habitats, a introdução de espécies e doenças exóticas, a exploração excessiva de espécies de plantas e animais, o uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento, a contaminação do solo, água, e atmosfera por poluentes e as mudanças climáticas.
As inter-relações das causas de perda de biodiversidade com a mudança do clima e o funcionamento dos ecossistemas apenas agora começam a ser vislumbradas.
Razões principais justificam a preocupação com a conservação da diversidade biológica. Primeiro, porque se acredita que a diversidade biológica é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Segundo, porque se acredita que a diversidade biológica representa um imenso potencial de uso econômico, em especial pela biotecnologia. Terceiro, porque se acredita que a diversidade biológica esteja se deteriorando, com aumento da taxa de extinção de espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas.
O Princípio da Precaução, aprovado na Declaração do Rio durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD/Rio-92), estabelece que as ações devem ser imediatas e preventivas.
Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica. (Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica.
O potencial de utilização sustentável da biodiversidade é dependente da disponibilidade de matéria prima, tecnologia e mercado. Um parente silvestre do trigo originário da Turquia proporcionou genes resistentes a doenças para as variedades comerciais de trigo resultando em ganho anual de US$50 milhões, somente nos Estados Unidos.
Uma variedade de cevada da Etiópia forneceu um gene que protege, atualmente, a cultura da cevada na Califórnia contra um vírus fatal, proporcionando economia de US$ 160 milhões.
Nos Estados Unidos, 25% dos produtos famacêuticos receitados contêm ingredientes ativos derivados de plantas e existem mais de 3000 antibióticos derivados de microrganismos. A exploração farmacológica da biodiversidade brasileira está em seu início e, a julgar pelos resultados obtidos em outros países, acredita-se que exista um vastíssimo campo para a produção de fármacos ainda desconhecidos.
Na área da agricultura o Brasil tem exemplos, de repercussão internacional, sobre o desenvolvimento de biotecnologias que geraram riquezas por meio do adequado emprego de componentes da biodiversidade.
Este é o caso do programa de controle biológico, por meio de “Baculovirus” utilizado no combate à lagarta da soja, que gera economia da ordem de 200 milhões de dólares anuais, para os produtores brasileiros.
Exemplo semelhante e já rotineiro na exploração de cana-de-açúcar é o uso de parasitas para controlar a cigarrinha, prática que representa economia anual superior a 100 milhões de dólares.
De importância estratégica para a produção de soja no Brasil, com reflexos diretos na nossa pauta de exportações, é a economia obtida com as pesquisas que possibilitaram a substituição de fertilizantes nitrogenados por associações simbióticas da planta com bactérias fixadoras de nitrogênio.
Não é preciso interpretar a importância da biodiversidade com viés economicista, mas buscar o equilíbrio do mundo deve ser o caminho.
CAMPANHOLA, C., MORAES, G. J. e SÁ, L. A. N. de. Review of IPM in South America. IN: MENGECH, A. N.; SAXENA, K. N.;
GOPALAN, H. N. B. Integrated Pest Management in the Tropics: Current Status and Future Prospects. John wiley & Sons, Chichesster, England, 1995. p. 121-152.
http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-global/impactos -EcoDebate

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César Torres

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