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sábado, 8 de junho de 2019

O oceano está à beira de uma extinção em massa




Nos preocupamos muito com a extinção de animais terrestres, mas e o mar?
De acordo com uma análise inovadora de dados de centenas de fontes, os seres humanos estão na iminência de causar danos sem precedentes para os oceanos e os animais que vivem neles.
  • Extinção iminente para 25% dos tubarões e raias


Um estudo do Grupo de Especialistas em Tubarão, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), descobriu que um quarto dos peixes cartilaginosos do mundo, ou seja, tubarões e raias, correm risco de extinção nas próximas décadas.
Esse número parece absurdo, mas é bastante certeiro. A pesquisa feita pelo grupo foi a primeira a examinar o estado destes peixes em mares costeiros e oceanos de todo o globo e revelou que 249 das 1.041 espécies conhecidas de tubarões, raias e quimeras estão em uma de três categorias de animais ameaçados de extinção da Lista Vermelha da IUCN.

Estudos anteriores documentaram sobrepesca de apenas algumas populações de tubarões e raias. “Agora sabemos que muitas espécies, não apenas os carismáticos tubarões brancos, enfrentam o perigo da extinção”, diz Nick Dulvy, pesquisador da Universidade de Simon Fraser (Canadá) e um dos coautores do estudo. “Não existem verdadeiros santuários para tubarões, onde eles estão a salvo da sobrepesca”.

Tubarões e raias estão em substancialmente maior risco de extinção do que muitos outros animais e têm o menor percentual de espécies consideradas seguras. Usando a Lista Vermelha da IUCN, os autores classificaram 107 espécies de raias e 74 espécies de tubarões como ameaçadas. Apenas 23% de todas as espécies foram rotuladas como “pouco preocupantes” no quesito preservação.

“As espécies maiores de raias e tubarões, especialmente as que vivem em águas relativamente rasas acessíveis à pesca, são as que estão em maior perigo. Os efeitos combinados da superexploração – especialmente para o lucrativo mercado chinês de sopa de barbatana de tubarão – e da degradação de habitat são mais graves para as 90 espécies encontradas em água doce”, explica Dulvy.
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Arraias, incluindo a majestosa jamanta ou raia-diabo, estão em situação geralmente pior do que tubarões.

Durante duas décadas, mais de 300 especialistas analisaram as 1.041 espécies em 17 oficinas do mundo todo, incorporando todas as informações disponíveis sobre sua distribuição, captura, abundância, tendências demográficas, uso de habitat, histórias de vida, ameaças e medidas de conservação.

Porque salvá-los

De acordo com os pesquisadores do recente estudo, se compromissos para proteger estes peixes não forem feitos agora, há um risco real de que os nossos netos não sejam capazes de ver tubarões e raias em estado selvagem.

“Perder estes peixes será como perder capítulos inteiros de nossa história evolutiva”, afirma Dulvy. “Eles são os únicos representantes vivos da primeira linhagem com mandíbulas, cérebros, placentas e sistema imunológico dos vertebrados modernos”.

A mandíbula foi um ganho considerável na evolução das espécies. Muitos anos depois de já haver animais vertebrados, ela ainda não havia sido incorporada no crânio dos seres mais desenvolvidos. Esta vantagem anatômica foi adquirida no mar, e um dos “pioneiros da mandíbula” parece ter sido um ancestral do ser humano. Um estudo da Universidade de Dublin (Irlanda) concluiu que, há cerca de 290 milhões de anos, viveu nas águas do planeta um peixe chamado Acanthodes bronni, o ponto inicial das mandíbulas, cujos parentes próximos mais vivos são os tubarões.

Além de serem parte da nossa história, a perda potencial das maiores espécies de tubarões é assustadora por várias outras razões. “As maiores espécies tendem a ter o maior papel predatório. A perda de predadores de topo afeta toda a cadeia alimentar marinha e tem um efeito de cascata nos ecossistemas marítimos”, esclarece.

43% das espécies de tubarões no litoral brasileiro estão ameaçadas de extinção. Se nada mudar, dezenas de espécies, cujas populações declinaram em até 90% nos últimos 20 anos, estarão extintas nas próximas décadas. A legislação do Brasil proíbe a “caça” de tubarões e permite sua pesca sob certas condições, mas a fiscalização é fraca (por exemplo, uma pesquisa de 2011 mostrou que 21% das nadadeiras de tubarão do mercado de Hong Kong vinham do Oceano Atlântico Ocidental, área que inclui o Brasil e que sugere que nossos pescadores estão envolvidos em atividade ilegal).

O Grupo de Especialistas em Tubarão da IUCN pede aos governos para proteger os tubarões, raias e quimeras através de uma variedade de medidas, incluindo proibição da captura das espécies mais ameaçadas, cotas de pesca com base científica e proteção de habitats-chave. [ScienceDaily]

“Podemos estar sentados em um precipício de um grande evento de extinção”, disse Douglas J. McCauley, ecologista da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (EUA), um dos autores da nova pesquisa.

A boa notícia é que ainda há tempo para evitar uma catástrofe. Em comparação com os continentes, os oceanos estão em sua maior parte intactos e selvagens o suficiente para recuperar sua saúde ecológica.

O quadro perigoso

Estudos científicos sobre a saúde dos oceanos são muito sujeitos a incertezas. É mais difícil para os pesquisadores julgar o bem-estar de uma espécie que vive debaixo d’água, milhares de quilômetros de distância, do que acompanhar a saúde de uma espécie em terra.

Além disso, as poucas mudanças que os cientistas observam, em especial nos ecossistemas oceânicos, podem não refletir as tendências em todo o planeta.

Dessa forma, para criar uma imagem mais clara da saúde dos oceanos, a nova pesquisa reuniu dados a partir de uma enorme variedade de fontes, de descobertas fósseis a estatísticas de transporte de contêineres modernos, capturas de peixe e mineração dos fundos marinhos.
Enquanto muitas das informações já existiam, nunca tinham sido justapostas desse modo.
Como resultado, os cientistas concluíram que há sinais claros de que os seres humanos estão prejudicando os oceanos em um grau notável. Algumas espécies estão sendo mais exploradas que outras, mas os maiores danos ainda vêm de perda de habitat em larga escala.
Os recifes de corais, por exemplo, diminuíram em 40% em todo o mundo, em parte como resultado do aquecimento do clima causado pelo homem.
Alguns peixes estão migrando para águas mais frias, mas espécies menos afortunadas podem não ser capazes de encontrar novos lares. Ao mesmo tempo, as emissões de carbono estão alterando a química da água do mar, tornando-a mais ácida, o que também pode prejudicar os animais marinhos.
  • Acidificação dos oceanos atual é a mais rápida em 300 milhões de anos
As operações de mineração é mais um fator que está transformando o oceano. Os contratos de mineração dos fundos marinhos cobrem milhares de quilômetros quadrados debaixo d’água, destruindo ecossistemas únicos e introduzindo poluição no mar profundo.
  • Extinção estaria ocorrendo mil vezes mais rapidamente por causa dos humanos?

Apenas por enquanto

Até agora, os mares tinham sido, em grande parte, poupados da carnificina vista em espécies terrestres.

O registro fóssil indica que um grande número de espécies animais extinguiram-se quando os seres humanos chegaram em continentes e ilhas. Por exemplo, o moa, um pássaro gigante que viveu na Nova Zelândia, foi dizimado na chegada dos polinésios a região em 1300, provavelmente dentro de um século.

Depois de 1800, com a Revolução Industrial, as extinções em terra só aceleraram. Passamos a alterar o habitat dos animais selvagens, detonando florestas, arando pradarias e estabelecendo estradas e ferrovias em todos os continentes.

  • Sexta extinção em massa será causada por humanos
Ao longo dos últimos cinco séculos, os pesquisadores registraram 514 extinções de animais terrestres. No entanto, extinções documentadas no oceano são muito mais raras.
Antes de 1500, algumas espécies de aves marinhas são conhecidas por terem desaparecido. Desde então, os cientistas documentaram apenas 15 extinções, incluindo a foca-monge do Caribe e a vaca-marinha-de-steller.

Provavelmente estes números são subestimados.

Fundamentalmente, somos predadores terrestres, segundo o Dr. McCauley. Mas isso não significa que o mar esteja a salvo. Muitas espécies marinhas que se tornaram extintas ou ameaçadas dependem da terra – como aves marinhas que nidificam nas falésias, tartarugas que põem ovos nas praias etc.

Ainda assim, há tempo para os seres humanos pararem esse dano. O Dr. McCauley e seus colegas argumentam que limitar a industrialização dos oceanos em algumas regiões poderia permitir que espécies ameaçadas se recuperassem em outras.

Os cientistas também acham que reservas têm de ser concebidas com a mudança climática em mente, de modo que as espécies escapem de altas temperaturas e acidez.

Por fim, a desaceleração das extinções nos oceanos precisa de grandes cortes nas emissões de carbono, também. Coisa que o homem não tem conseguindo fazer e nem parece estar se esforçando para tentar. [NYTimes]

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César Torres

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