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terça-feira, 4 de julho de 2023

As novidades e as surpresas do censo demográfico 2022


Em uma conjuntura de negacionismo e polarização, o Brasil teve o censo possível, refletindo a nova realidade da sociedade brasileira.

Houve muita dificuldade para se realizar o censo demográfico de 2022. O governo passado restringiu os recursos para o IBGE se equipar e se preparar para realizar o recenseamento em 2020. As dificuldades já eram grandes quando veio a pandemia da covid-19 que inviabilizou a realização do levantamento no segundo semestre de 2020. Em 2021, novamente, faltou dinheiro e vontade. A questão foi judicializada e o STF entrou em campo para obrigar o governo a liberar os recursos e fazer o censo em 2022.

Na corrida de obstáculos, o recenseamento foi a campo com a sociedade dividida e em meio a uma eleição extremamente polarizada. Houve atraso na coleta dos dados e não foi nada fácil aplicar os questionários nos domicílios brasileiros.

No dia 28 de junho passado, o IBGE divulgou os dados sobre o tamanho da população brasileira em suas diversas escalas geográficas. Nos próximos meses serão divulgados uma enorme gama de informações que vão contribuir para o Brasil conhecer o perfil sociodemográfico do país. O censo é fundamental para a formulação das políticas públicas e para a decisão de investimentos da iniciativa privada.

A tabela abaixo mostra a evolução da população brasileira nos últimos 150 anos. O primeiro censo demográfico foi realizado ainda na época do Império, em 1872 (nos cinquenta anos da Independência) e contabilizou uma população de quase 10 milhões de habitantes (menos do que a atual capital de São Paulo).Em 1950, a população já era de quase 52 milhões de habitantes. O maior crescimento ocorreu nas décadas de 1950 e 1960. A desaceleração do crescimento começou no início dos anos de 1970. A transição demográfica é a marca principal das últimas décadas e acréscimos menores de população eram esperados, mas o número de 203 milhões ficou aquém do estimado.


O maior crescimento relativo da população brasileira ocorreu no período 1950 a 1970, quando o ritmo estava a 3% ao ano. Mas a velocidade do crescimento nacional diminuiu para 1,64% na década de 1990, para 1,17% na primeira década do atual século e caiu para 0,52% no último período intercensitário. As regiões Nordeste e Sudeste – as mais populosas do país – cresceram abaixo da média nacional entre 2010 e 2022. As outras regiões cresceram acima da média, sendo que o Centro-Oeste apresentou a maior variação positiva.
A tabela abaixo mostra que não houve alteração na ordem do tamanho populacional das regiões e das Unidades da Federação (UFs), mas houve sim diferentes ritmos de crescimento. O Nordeste foi a região que menos cresceu e o estado de Alagoas ficou praticamente do mesmo tamanho no período. O Sudeste também teve baixo crescimento e o estado do Rio de Janeiro teve uma variação semelhante à de Alagoas. As Unidades da Federação que apresentaram o maior ritmo de crescimento foram Roraima, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás.

De maneira surpreendente, várias capitais tais como Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Belém, dentre outras, diminuíram de tamanho. Cidades grandes como São Gonçalo também diminuíram de maneira inesperada. São João de Meriti, na baixada fluminense, retrocedeu para o nível anterior ao censo de 1991.

O censo demográfico é a principal fonte de informações sociodemográficas do país. Apesar das dificuldades, o IBGE fez um esforço tremendo para realizar as entrevistas e chegar aos domicílios. Mas em uma conjuntura de negacionismo e polarização, o Brasil teve o censo possível, refletindo a nova realidade da sociedade brasileira.

Ao longo dos próximos meses o Instituto vai divulgar as demais informações do censo demográfico de 2022 e os cientistas sociais poderão analisar com mais precisão as informações censais.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382







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