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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Respeitar os limites da Terra, o novo e inédito desafio


“ O estouro da bolha econômica- financeira, no dia 23/09/2008, ocorreu o assim chamado Earth Overshoot Day, o dia da ultrapassagem da Terra”, comenta o teólogo Leonardo Boff em seu artigo intitulado: Limites do Capital são os Limites da Terra.

Ir além, explorar, dominar, conquistar, apropriar-se e superar os limites que a natureza impõe sempre foram desafios à humanidade. Desses desafios nasceram tecnologias revolucionárias e de ponta, indicadores, inventários, mapeamentos, valores máximos ou limite superior e valores mínimos ou limite inferior, entre tantos outros. Na matemática, assim como na educação formal ou mesmo informal, temos conhecimento do significado de limites. No entanto, é preciso incorporar à nossa conduta e postura esse significado, para mantermos uma relação mais amigável com o meio ambiente. Equivocadamente, os homens, apoiados pela visão mecanicista do mercado, conferem à natureza o “status” de meio de obtenção de lucros, usufruindo de recursos naturais sem se preocupar com a finitude dos mesmos.

Estamos no vermelho. Usando o cheque especial de um banco chamado “Natureza” que nos emprestou recursos sem cobrança de juros, e, que, por descuido de todos, tornou-se inadimplente, à beira da falência. Hoje, o Planeta é insustentável. Até o ano de 2000, o Planeta ainda supria as necessidades básicas do homem. Prestava os serviços ambientais e desempenhava funções em 37 diferentes modalidades como: polinização garantida pelas abelhas e insetos, regulação do clima, regulação da água, biodiversidade com poucas perdas etc.. Com o aumento da população mundial de 1,6 bilhão em 1900, para 6,7 bilhões em 2009, os recursos naturais considerados infinitos, passaram a ser finitos. As políticas públicas adotadas pelo capitalismo contemplaram apenas 20% da humanidade, acentuando ainda mais as desigualdades sociais.

Segundo Leonardo Boff, estamos diante de quatro crises: duas conjunturais – a econômica e a alimentar e duas estruturais – a climática e a energética, sendo esta última, para o Brasil, de grande expectativa no potencial de atendimento a uma maior demanda no futuro. Diante das crises, poucos são os que colocam a questão de forma axial: afinal, se trata de salvar o sistema ou resolver os problemas da humanidade? Segundo Leonardo, a discussão dominante se restringe a presente questão: que correções importam fazer para salvar o capitalismo e regular os mercados? Quanto tempo demandará a reciclagem de idéias e a tomada de decisão para mudar o paradigma?

É bom lembrar que a degradação da natureza eleva a 40% o que a Terra já não é mais capaz de produzir. O ciclo de vida de cada produto da natureza não é respeitado. Ele é interrompido antes mesmo que seja finalizado o tempo previsto para o seu amadurecimento.

Exemplos divulgados na mídia televisiva são a pesca predatória e a pesca em período de defeso, respectivamente, quando são retiradas de seu habitat espécies com dimensões inferiores aos estabelecidos na legislação ambiental brasileira ou no período de reprodução, infração prevista também na Lei de Crimes Ambientais. Praticar atos ilícitos como estes impedem que as populações restantes supram a demanda cada vez maior do produto no mercado. Já ultrapassamos alguns limites da Terra e comprometemos os demais. Provavelmente um incomensurável colapso nos espera. Já estamos a pleno vapor das mudanças climáticas, com 150.000 mortes por ano em desastres naturais, aumento da temperatura em 0,6º C, frequência de ocorrência maior de furacões nos continentes, registro de enchentes e enxurradas anuais em muitas cidades do Planeta. Miguel d’Escoto, atual Presidente da Assembléia Geral da ONU, em seu discurso inaugural em meados de outubro de 2008, afirmou que de todas as formas , mesmo mitigado, o aquecimento global vai produzir transtornos significativos no equilíbrio climático da Terra e provocar, nos próximos anos, cerca de 200 milhões de refugiados climáticos.

Voltamos à mesma tecla: onde estão os limites da Terra? Onde estão os limites do capital? Vimos que, segundo Leonardo Boff, o limite de uma coincide com o limite do outro. Sem biodiversidade não há alimento e muito menos indústria.

Um convite ao verdadeiro dever de casa que todos temos que fazer é: obedecer aos limites impostos pela ciência e pela experiência. Até então, não se tinha falado sobre os limites da natureza ou fronteiras planetárias. Surge, porém, Johan Rockström, pesquisador da Universidade de Estocolmo, e outros cientistas que propuseram três dos nove Limites da Terra, as chamadas Fronteiras Planetárias que a Revista Nature divulgou em 24/09/2009. Os limites da Terra dizem respeito a nove processos sistêmicos principais: mudanças climáticas; acidificação dos oceanos; influência dos ciclos globais de nitrogênio e de fósforo; uso da água potável; alterações no uso do solo; carga de aerossóis atmosférica; poluição química. Limites propostos pelos cientistas:

Processos Sistêmicos Principais: Ciclo do nitrogênio - Antes da Revolução Industrial - 0 (zero) Até a Revolução Industrial 35 milhões t/ano - Valores atuais - 121 milhões t/ano


Consumo de água potável por ser humano - Antes da Revolução Industrial = 415 km3/ano Valores Atauis = 2.600 km3/ano - Limite Proposto = 4.000 km3/ano


Taxa de perda de biodiversidade calculada em espécies extintas por milhão de espécies extintas por ano. Até a Revolução Industrial = 0,1-1,0 Valores Atuais = >100 - Limite Proposto = 35

Espera-se que a sensibilização e conscientização para os graves problemas ambientais surgidos a partir da Revolução Industrial, motivem pesquisadores e governos a buscarem criativas soluções e mecanismos de sustentabilidade para uma rápida mudança de paradigma, já que agora a conhecemos. Espera-se, também, impedir que os valores se situem no limite superior de cada processo aqui citado e que o bom senso impere nas reuniões da COP-15, em dezembro, na Dinamarca, sobre as Mudanças Climáticas – o calcanhar de Aquiles do Século XXI.

Carol Salsa - EcoDebate, 29/09/2009

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