A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP17), que começa no próximo mês em Durban, na África do Sul, coincide com a crise financeira internacional, comprometendo os esforços para angariar fundos para o combate às mudanças climáticas, alertou uma alta funcionária da ONU. Reportagem da AFP.
“Este não é o melhor momento para falar em dinheiro porque todos os países ricos estão em crise financeira”, afirmou Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção-quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, em declarações à imprensa a respeito da cúpula de Durban, que será celebrada entre 28 de novembro e 9 de dezembro.
Ela instou os países desenvolvidos a pensarem nos recursos como necessidade de longo prazo que vai pedurar após o momento sombrio que afeta a zona do euro.
“As necessidades financeiras do clima, tanto para adaptação quanto para a mitigação, não são necessidades de curto prazo. São necessidades de longo prazo e precisam ser vistas desta forma. A crise financeira é uma crise financeira que vivemos agora, mas não é uma crise de longo prazo para os próximos 20, 30 anos”, afirmou.
Os negociadores climáticos tentam angariar fundos para um Fundo Verde Climático, que repassaria US$ 100 milhões ao ano até 2020 aos países em desenvolvimento para enfrentar as mudanças climáticas e seus efeitos.
A criação do fundo foi acertada durante a Conferência do Clima em Cancún-2010, mas os negociadores ainda precisam definir de onde o dinheiro virá e como será gerido.
A outra grande questão na agenda de Durban é o futuro do Protocolo de Kioto, cujas metas atuais de emissões expiram ao final de 2012.
Autoridades têm se referido a Durban como um encontro do tudo ou nada para o futuro do acordo, o único até hoje a estabelecer compromissos legalmente vinculantes para conter as emissões de gases de efeito estufa, que os cientistas dizem que pode levar a saúde do planeta à catástrofe se não forem controladas.
O embaixador do país-sede das negociações rejeitou a possibilidade de um novo sistema de metas legalmente vinculantes para substituir Kyoto, afirmando que uma agenda ambiciosa demais poderia arruinar as conversações.
“Falar em qualquer instrumento legalmente vinculante seria irresponsável, muito irresponsável”, afirmou NJ Mxakato-Diseko, representante sul-africano na conferência.
“Sequer sugerir que o resultado de (a conferência de) Durban precisa ser um instrumento legalmente vinculante seria irresponsável porque arruinaria o sistema”, acrescentou.
Segundo Figueres, os negociadores precisam chegar a um acordo sobre um “quadro de mitigação mais amplo”, que combinasse uma segunda rodada de metas de Kyoto, com compromissos de países extra-Kyoto para fazer cortes comparáveis.
Os maiores poluidores do mundo, China e Estados Unidos, não fazem parte dos cortes de emissões previstos no Protocolo de Kyoto. Canadá, Rússia e Japão já anunciaram que não assinariam uma renovação do tratado.
Reportagem da AFP, no UOL Notícias EcoDebate
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César Torres