A eficiência energética, a princípio, está presente no nosso dia a dia. Em termos gerais, está ligada à otimização do uso de recursos, ou seja, tornar eficiente o consumo, em especial de energia elétrica, de derivados de petróleo, gás natural e água, com vistas à economia. Portanto, desde o controle de um banho quente à elaboração de um plano integrado de monitoramento em uma multinacional, tudo passa pela eficiência energética. No decorrer do nosso dia, temos infinitas possibilidades de praticar a eficiência energética, com uma pequena mudança de comportamento. A simples opção por um chuveiro a gás no lugar de um elétrico pode gerar economia de energia, assim como o apagar das luzes quando se deixa um cômodo. Em maiores proporções, as empresas também podem adotar medidas para redução do consumo, como dar preferência a plantas nativas nos jardins internos, para redução de água, e utilizar pressurizadores nas torneiras. Com foco em energia, a pintura de telhados na cor branca reflete a luz solar e impacta diretamente na redução da necessidade de ar-condicionado, assim como o uso de sistemas de controle de iluminação e ar-condicionado setorizados e a própria manutenção preventiva dos equipamentos. Um estudo realizado pela Abesco (Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Conservação de Energia), em 2010, aponta que o desperdício energético no Brasil chega a R$ 15 bilhões/ano. Já dados do Banco Mundial indicam que, se aprendêssemos a usar efetivamente nosso potencial de eficiência energética, economizaríamos mais de R$ 4 bilhões/ano, apenas racionalizando o uso de nossos recursos. Porém, embora sejam inúmeras as vantagens da eficiência energética, como redução de custos, de emissão de poluentes e de recursos naturais, no Brasil ela ainda é pouco praticada. Os esforços, ainda tímidos, surgem, em grande parte, para atender a uma demanda de empresas multinacionais que já têm a preocupação com a sustentabilidade e só se instalam em prédios com tecnologias "verdes". A solução para o estímulo à eficiência energética pode estar nas mãos do próprio governo que, por meio de mais fiscalização e planejamento, pode atrair o comportamento positivo das pessoas e das empresas. Um bom plano de incentivos à indústria e uma campanha de mídia podem promover os benefícios da eficiência energética. Paralelamente, o empresariado pode se mobilizar para dar cada vez mais preferência à compra de itens produzidos por empresas que já empreguem medidas "verdes" no processo produtivo, gerando aumento de competitividade. Neste ano, foi criada a norma ISO 50001 para orientar organizações na elaboração de processos de gestão do uso da energia, para que sejam capazes de avaliar os próprios desempenhos energéticos e reduzir custos. A área industrial, inicialmente, é onde se concentra uma das maiores possibilidades de redução. Há possibilidades de reaproveitamento de subprodutos para geração de energia e mesmo a produção de energia de biomassa (queima de produtos de origem orgânica para geração de energia). No entanto, apesar de a indústria responder por mais de 40% do consumo total de energia no Brasil, o setor não é prioridade nos programas governamentais de eficiência energética, que focam os setores público, residencial e comercial, responsáveis por apenas 16% do consumo brasileiro. Paralelamente, cerca de 80% das oportunidades de economia de energia na indústria provêm de processos térmicos, enquanto as ações de eficiência energética do governo focam mais no consumo da energia elétrica. No Brasil, esse tipo de projeto começa a ganhar força. No Rio Grande do Sul, já operamos uma planta que produz energia elétrica com a queima da casca de arroz, até então rejeitada pelos agricultores locais. O projeto trouxe uma nova renda para as famílias, uma nova utilidade ao que antes era considerado lixo e um enorme benefício ao meio ambiente. Mas ainda temos muito o que fazer no caminho da sustentabilidade. Buscar inspiração em projetos que dão bons resultados pode ser um início. Nas cidades de Campinas, Guarulhos, São Carlos e Araraquara, em São Paulo e em Vila Velha, no Espírito Santo, por exemplo, foram implantados projetos que oferecem benefícios fiscais para proprietários de imóveis que adotem princípios de sustentabilidade (desconto de até 20% do valor atual do IPTU, por um período de até 5 anos). Um incentivo ainda tímido, mas com grande potencial de crescimento e replicação para várias outras cidades. A boa intenção é fundamental, mas a realidade é que o comportamento só muda quando há uma relação de benefício.
Daniel Figueiredo - Diretor Comercial da Dalkia Brasil
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César Torres