Brasil protagonista
Assim como nas últimas COPs sobre mudanças
climáticas, o governo brasileiro assumiu em Doha um papel de liderança ao
aceitar a missão de coordenar os esforços por um acordo que garanta a segunda
fase do Protocolo de Kyoto. A ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, chegou na quarta-feira (5) ao Catar enfatizando a importância do
prosseguimento de Kyoto e também da adoção da Plataforma de Durban a partir de
2020: “Estamos caminhando para uma nova fase, que fortalecerá ainda mais o
princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas”,disse.
Apesar das boas intenções manifestadas pelos
líderes globais, o problema continua sendo a urgência imposta pela crise
climática, que se agrava em velocidade inversamente proporcional às negociações
diplomáticas. Enquanto se comemora a sobrevida de um Protocolo de Kyoto cada
vez mais fragilizado, uma pesquisa realizada pelo grupo Global Carbon Project e
divulgada durante a COP-18 mostra que as atuais emissões globais de gases
estufa estão 54% acima do patamar de 1990, ano-base utilizado para o cálculo
das metas impostas por Kyoto.
A
conferência sobre as mudanças climáticas de Doha entrou na segunda-feira,
03/12/2012, em sua fase final com a participação dos ministros de mais de 190
países nas negociações, que devem alcançar um acordo sobre o segundo ato do
protocolo de Kyoto e a ajuda financeira aos países mais frágeis.
Crédito da foto: Agência AP
Paralelamente a estes longos e complexos debates
característicos da ONU, as más notícias sobre o aquecimento do planeta
continuavam se acumulando. Segundo um estudo recente, no ritmo em que aumentam
as emissões de COº2 , a mais de 3% anuais entre 2000 e 2011, o aumento da
temperatura pode superar 5ºC em 2100, ou seja, três graus a mais do que os
cientistas apresentam como o limite a partir do qual a maquinaria climática
pode se acelerar.
Por sua vez, a estimativa mais precisa realizada até
a data sobre o degelo das calotas polares mostrou que se acelerou nos últimos
20 anos, contribuindo em 20% para o aumento dos oceanos durante este período.
"O que me frustra é que estamos muito longe do
que a ciência nos indica que devemos fazer" para conter o aquecimento,
reconheceu nesta segunda-feira a responsável pelo Clima das Nações Unidas,
Christiana Figueres, durante uma coletiva de imprensa. "O que me dá
esperanças é que nos últimos dois ou três anos este processo fez mais
progressos do que os obtidos nos dez anos anteriores", acrescentou.
Um dos objetivos da conferência de Doha, que
terminou na sexta-feira, é assinar o segundo ato do protocolo de Kyoto, único
instrumento legalmente vinculante que compromete os países industrializados a
reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEI), depois da expiração do
primeiro período de compromisso, no fim de dezembro.
Um acordo global, que nesta oportunidade envolveria
todos os países, incluindo os principais poluidores - Estados Unidos e China,
que não ratificaram Kyoto -, deve ser assinado em 2015 para entrar em vigor em
2020."No fim da conferência de Doha, teremos aprovado as emendas
necessárias para entrar em um segundo período de compromisso do protocolo a
partir de 1 de janeiro de 2013", sustentou Figueres.
No entanto, depois de uma semana de negociações, os detalhes não foram resolvidos e eram registradas divergências entre a Aliança das Ilhas Pequenas (AOSIS), muito vulneráveis ao aumento do nível dos mares, e a União Europeia (UE), o ator principal de Kyoto 2 depois da renúncia de Japão, Canadá e Rússia.
No entanto, depois de uma semana de negociações, os detalhes não foram resolvidos e eram registradas divergências entre a Aliança das Ilhas Pequenas (AOSIS), muito vulneráveis ao aumento do nível dos mares, e a União Europeia (UE), o ator principal de Kyoto 2 depois da renúncia de Japão, Canadá e Rússia.
Entre os muitos pontos de tensão, a AOSIS exige que
Kyoto 2 dure apenas cinco anos, e não oito, como pede a UE, para "evitar fixar
durante muito tempo objetivos de redução de GEI que não são suficientemente
ambiciosos".
Outro ponto delicado é "o ar quente", um
superávit de quotas de emissões que os ex-países da Europa Oriental e,
sobretudo, a Polônia, herdaram de Kyoto 1 e querem prorrogar em Kyoto 2
Mulher usa adesivo na boca durante protesto no
último dia da COP 18, cúpula anual da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre
o clima. Ativistas de ONGs pedem que os países ricos firmem compromissos e
apoios financeiros para ações de mitigação e adaptação das mudanças climáticas Karim A 18ª conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a mudança climática começou em Doha, capital do Catar, com a presença de representantes de 190 países. A cúpula, que acaba no próximo dia 7 de dezembro, busca avançar nas complexas negociações sobre a limitação das emissões de gases que provocam o efeito estufa Mais Mohammed Dabbous/Reuters
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César Torres