14 matérias-primas minerais usadas na fabricação de equipamentos eletrônicos, entre elas ouro, cobre, cromo, nióbio e lítio, já estão em estado crítico de escassez no mundo. | Foto: Phil Roeder/Flickr
O aumento da produção e do consumo de bens eletrônicos pode levar o mundo a uma situação preocupante: risco de escassez de recursos naturais, devido aos baixos índices de reaproveitamento e reciclagem dos produtos. Esse é o cenário apresentado pela ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
A afirmação é baseada em relatório da Comissão Europeia, segundo o qual 14 matérias-primas minerais, entre elas ouro, cobre, cromo, nióbio e lítio, já estão em estado crítico de escassez no mundo. “Se a extração desordenada prosseguir, o ouro pode se extinguir em menos de duas décadas”, aponta Carlos Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE, ao destacar que o metal é um dos principais componentes das TVs de LCD e LED.
Silva Filho alerta ainda que, se não houver uma alteração nos hábitos e padrões de produção e consumo, os índices negativos tendem a se agravar, e apenas um planeta não será suficiente para satisfazer a demanda da sociedade. “De acordo com recente pesquisa à qual tivemos acesso, se todos os habitantes tivessem, por exemplo, os mesmos hábitos de consumo dos Emirados Árabes Unidos, seriam necessários mais de cinco planetas Terra”, compara.
A solução para esse problema contempla, entre outros aspectos, a implementação da gestão de resíduos sólidos baseada em uma hierarquia de ações que priorize a redução, o reuso e a reciclagem, aliada a sistemas de logística reversa. “No caso específico do Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 2010, estabelece regras para isso. Também já estão sendo estabelecidos os primeiros acordos setoriais que vão pautar a logística reversa de uma série de produtos”, explica o diretor, ao salientar que a adoção da logística reversa, assim como adaptações no processo produtivo, são fundamentais para garantir o reaproveitamento dos materiais, principalmente dos metais e minerais ameaçados.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a geração de lixo eletrônico no mundo cresce cerca de 40 milhões de toneladas por ano, dos quais 80% acabam em países em desenvolvimento e são responsáveis por 70% dos metais pesados encontrados nos aterros e lixões, que contaminam solos e recursos hídricos. Atualmente, o Brasil produz mais de 100 mil toneladas de lixo eletrônico por ano, e está entre os países que mais descartam televisores – 700g/habitante/ano –, ficando atrás apenas do México e da China.
“O setor de resíduos tem o potencial de alterar esse quadro dramático e preocupante de escassez de uma série de matérias-primas e além disso também contribuir de maneira efetiva e diferenciada para a redução das emissões de gases de efeito estufa, desempenhando um papel fundamental no encaminhamento de ações direcionadas ao desenvolvimento sustentável”, conclui o Silva Filho.
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César Torres