Na proximidade do natal, época que muitos cidadãos deixam aflorar um sentimento que durante todo o ano se mantem reprimido, sentimento de solidariedade, sentimento fraternal e por último a lembrança que Jesus Cristo nasceu e morreu para nossa redenção.
Todo esse
comportamento pontual nos dá a dimensão das mudanças do comportamento social
nas últimas décadas e o quanto os nossos valores foram substituídos pelos medos
que nos deprime, a ponto de não nos identificarmos com o nosso semelhante.
Medo de
perder o emprego, medo de sermos assaltados na rua, medo de doenças, medo do
médico, medo de alimentos contaminados, medo de desastres naturais, medo de
nosso vizinho, medo do empregado comprometer nosso negócio, medo de termos
nossa casa invadida por ladrões enfim, medo!
O medo de nossa infância era de assombração, de
mula sem cabeça de fantasmas que desparecia com a presença dos pais ou com o
amanhecer. Hoje se tem medo de tudo e a modernidade está criando os
prisioneiros do medo.
As lembranças de minha infância, de como era farto
os recursos naturais, imaginávamos que a água jamais iria acabar. Nadar ou
pescar no Rio Caratinga com uma varinha de anzol era uma prática comum e saudável.
Meus filhos não tiveram o mesmo privilégio, aprenderam na escola que hoje não é
mais possível devido a escassez da água e a inexistência de peixes. A poluição
e a contaminação da pouca água existente podem provocar doenças. E que a água é
um recurso finito. Como é diferente.
Na verdade nos dias de hoje mantemos os nossos sentidos
sempre em estado de alerta: quando será a próxima enchente em nossa região?
Quando será o próximo terremoto na Ásia? E o próximo furacão nos USA? Ou o próximo deslizamento de terras nas
nossas metrópoles? Quando irá chover no Nordeste e diminuir a seca que extermina
toda vida na região? Transformamos nosso planeta, hoje sentimos o medo de sua
reação.
Percebemos nos projetos e ações, que as autoridades
negligenciam a consciência ecológica e a necessidade de uma educação
transformadora. Os pais por sua vez se acomodam e entregam a educação dos
filhos para internet, que sem qualquer limite é responsável por transformações
sociais por minuto. A criança de um mês atrás não será a mesma no mês seguinte,
o seu comportamento está vinculado com as informações obtidas nas redes, isso é
possível porque a família também se tornou negligente e acha cômodo não
interferir.
Os educadores estão passando por dificuldades no
controle disciplinar de seus alunos, as licenças médicas de professores é comum,
o estado de stress que vivem é o maior motivo. A modernidade e a falta de
limites e leis protecionistas transformaram os alunos em pequenos gigantes que
não possuem o limite necessário para um comportamento ideal, e compromete assim
o desempenho esperado, razão do baixo índice da educação no Brasil.
Se as mudanças sociais deveriam vir pela educação,
onde iremos chegar na atual conjuntura? Continuarmos formando os prisioneiros
do medo. A sociedade atemoriza diante do crescimento da violência urbana e que refletem
na educação das crianças que assistem diariamente as redes de comunicação
mostrar todas as ações dos criminosos como parte de nossa cultura e o desamor
de pais que matam filhos, filhos que matam pais e irmãos.
Evidenciar
as desgraças na mídia é o que da audiência, vivemos uma cultura onde os
conceitos foram distorcidos e os valores, a ética perde o seu lugar no pódio
para o lixo televisivo que toma conta dos lares e influencia também na educação
e comportamento social.
As cidades de menor porte estavam isentas desse
crescimento da criminalidade, mas hoje estamos vivendo proporcionalmente o
mesmo índice dos grandes centros. Assaltos a bancos, assassinatos por
traficantes, roubos seguidos de morte, invasões domiciliares, aliciamento de
jovens para drogas dentro das escolas, saímos para trabalhar sem saber se
iremos voltar. Que mundo é este que construímos? Teremos volta? Qual a receita
ideal? Muitas perguntas sem respostas.
Como é importante toda sociedade lembrar que sua
atuação é vital para mudança de nossa realidade, lembrar que o problema de seu
vizinho também é problema seu, que o problema de sua rua e de seu bairro também
é problema seu, e que sua cidade é também problema seu e que a política também
é problema seu, que a administração pública também é problema seu e que a
atuação dos políticos também é problema seu.
Não viva somente o seu mundo, participe das ações
de sua comunidade, participe da vida da escola de seus filhos, denuncie o
tráfico de drogas, proteja o meio ambiente, se torne um cidadão proativo e verá
que muito ainda poderá ser mudado com a sua colaboração e poderemos assim
oferecer um mundo melhor para as futuras gerações. Aproveite o Natal e a
expectativa do Novo Ano e reveja os seus conceitos e não esperar o próximo
natal para deixar aflorar os seus sentimentos mais puros. Feliz Natal e Um novo
ano cheio de boas ações.
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César Torres