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sábado, 7 de janeiro de 2012

Mercúrio torna a lâmpada compacta fluorescente um produto controverso

Indústria, políticos e ambientalistas apostaram na lâmpada compacta fluorescente como substituta da tradicional incandescente. Mas o produto é controvertido, sobretudo por conter mercúrio, substância prejudicial à saúde.

Em 17 de fevereiro 2009, a Comissão Europeia determinou, por decreto, o fim da lâmpada clássica. Desde então, as tradicionais lâmpadas incandescentes estão sendo gradualmente retiradas do mercado na União Europeia e substituídas por lâmpadas econômicas – geralmente por lâmpadas compactas fluorescentes, que são energeticamente mais eficientes.

Esses tipos de lâmpadas deveriam contribuir para a proteção do clima, por consumirem menos energia, com maior eficiência luminosa, reduzindo as emissões de gases do efeito estufa. Isso foi motivo suficiente para a Comissão Europeia dar fim à carreira das lâmpadas incandescentes, que convertem apenas 5% da energia fornecida em luz visível: o restante vira calor.

Finalmente parece começar a era das novas e mais caras lâmpadas econômicas. A indústria fica satisfeita por lucrar com ela. Os políticos ficam felizes por poderem exibir um sucesso na luta contra a mudança climática. E grupos ambientalistas, como Greenpeace e WWF, dão boas vindas às lâmpadas econômicas. Niklas Schinerl, porta-voz do Greenpeace austríaco para energia, deseja há tempos que a lâmpada tradicional seja retirada do mercado e substituída por sistemas de iluminação mais eficientes.

Boa imagem arranhada

Mas a boa imagem da lâmpada – vendida pela indústria como mercadoria eficiente e de longa vida útil – é logo arranhada quando se fica sabendo que ela contém mercúrio altamente tóxico, sendo, portanto, um produto que deve ser eliminado separadamente, e não jogado no lixo doméstico.

Muitos grupos ambientalistas ignoraram durante muito tempo as desvantagens da lâmpada econômica. Tecnicamente, ela é uma variante complexa de um tubo fluorescente e emite um espectro de luz que se assemelha muito menos ao da luz solar do que o das lâmpadas tradicionais. Foi deixada de lado, por muito tempo, até mesmo a cintilação típica das luzes fluorescentes, cujo efeito sobre o organismo humano ainda não está totalmente esclarecido. Assim como a longa durabilidade do produto alegada pela indústria: um argumento publicitário que se revelou uma meia verdade.

O cineasta austríaco Christoph Mayr tentou provar em seu documentário Bulb fiction que a lei europeia contra a lâmpada tradicional foi criada por pressão da indústria. “A proibição de lâmpadas incandescentes é uma intervenção única nos direitos dos cidadãos da UE”, diz Mayr, “porque pela primeira vez se proíbe um produto que não é perigoso”.

Com a lâmpada econômica, chega ao mercado um produto que pode conter até cinco miligramas de mercúrio, substância altamente tóxica, mesmo em doses baixas. Por isso, as lâmpadas econômicas pertencem ao lixo especial. Mas apenas cerca de 20% delas são realmente recicladas: o resto acaba mesmo entre os dejetos comuns.

Erros deturpariam análises da UE

O físico Georg Steinhauser, do Instituto Atômico da Universidade Técnica de Viena, considera um “escândalo” o processo de análise que a União Europeia utiliza para determinar o teor de mercúrio de lâmpadas econômicas. “A deficiência está no fato de a concentração de mercúrio só poder ser especificada depois da destruição da lâmpada, e a destruição libera os componentes gasosos da lâmpada. Esse detalhe não é comentado pelo regulamento europeu. Em outras palavras, há aqui um erro sistemático que possivelmente distorce drasticamente os resultados da análise.”

“Qualquer cientista deveria ter notado esse detalhe”, diz Steinhauser. O físico quer tornar públicas suas próprias investigações, depois que forem comprovadas cientificamente. Pois em 2014 deve ocorrer uma avaliação do regulamento de Bruxelas: “Em minha opinião, o limite o máximo de cinco miligramas ou mesmo um miligrama que seja – esse é o limite técnico com o qual se pode produzir lâmpadas econômicas – é uma quantidade que não gostaria de ter no ar que respiro.”

Será que a economia de energia prometida torna aceitável a taxa de mercúrio contida na lâmpada econômica? O porta-voz do Greenpeace Nicholas Schinerl calcula uma economia anual de cerca de 30 milhões de toneladas de dióxido de carbono. “De acordo com nosso cálculo, cerca de meia dúzia de usinas nucleares poderiam ser desligadas, se pudéssemos poupar luz dessa forma extensivamente”, disse Schinerl. “Isso não é nada mal! Mas é claro que o Greenpeace não fica feliz com o fato de existirem eletrodomésticos contendo mercúrio.”

A partir de 1° de setembro de 2012, somente as lâmpadas de eficiência energética de classe C poderão ser lançadas no mercado, o que significará o fim da lâmpada tradicional.

Autor: Alexander Musik (md)
Revisão: Augusto Valente
Matéria da Agência Deutsche Welle, DW, publicada pelo EcoDebate

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