A cultura da impunidade atinge todos os níveis sociais, e seus tentáculos alcançam aqueles que deveriam combatê-la, como: a polícia, o judiciário e os políticos. A população às vezes não percebe que se tornou também um elo para disseminação dessa cultura. No transito, não damos conta de quantos motoristas avançam sinal, estacionam em locais proibidos, formam fila dupla nos centros urbanos em um trânsito já caótico na maioria dos municípios brasileiros, dirigem bêbados infringindo as leis acintosamente. Para o agravamento da criminalidade, temos ainda na classe média, a maior consumidora de drogas, se tornando a responsável pela alimentação e patrocínio do crime, que tornou incompetente o poder público para o seu combate.
O meio ambiente é outro que sofre as agressões em razão dessa cultura, é comum no meio rural, as queimadas intencionais, onde os autores denunciam o fato e passam por vítimas. As indústrias tentam burlar as leis encobrindo os impactos causados por suas ações poluidoras. Os licenciamentos ambientais dos grandes empreendimentos é uma farsa. O cidadão joga o lixo nas ruas como se a cidade não fosse um patrimônio público, ou melhor, a extensão de sua morada.
A sonegação de impostos se tornou uma prática comum, desculpas como: os impostos não são justos, carga tributária elevada, desvio de recursos públicos, corrupção do governo, etc., então, sonegar é ilegal, mas, não é imoral, e assim continua o círculo vicioso. É absurdamente incoerente a aceitação da sociedade esta mudança de conceitos, onde a cultura da desonestidade é implantada e entendida por quase todos como natural, e continuam as cobranças das autoridades POR mais seriedade e soluções para o caos implantado, sem contribuir com as mudanças desejadas.
Os escândalos no governo continuam a todo vapor, e ninguém é punido exemplarmente. O voto é a única arma que possuímos, mas a maioria dos cidadãos ainda não percebeu a letalidade dessa arma para os corruptos. A Lei da Fixa Limpa, uma conquista popular, mas não foi suficiente para coibir a compra de votos que continuou sem limites, comprou-se votos nas últimas eleições com promessas de emprego, materiais de construção, dinheiro em espécie e a retenção de documentos, tudo isso praticado em todos os municípios brasileiros. Pergunto! Uma geração perdida?
A famosa lei de Zico imperou durante décadas, onde a vantagem individual era tudo, e foi uma forma sutil das pessoas tratarem desonestidade como sabedoria e transformarem a impunidade como os louros de sua conquista. Hoje os atos aparentemente pequenos e inocentes, escondem o avassalador dragão que devora uma geração de brasileiros que se perdeu nas infinitas dúvidas, de que lado deve caminhar, se é com a Lei de Zico, e sujeitar a ver o Brasil desabando e impotente na promoção das mudanças, ou a nobreza e honradez de um caráter ilibado. Nesse momento nos faz lembrar a célebre mensagem deixada pelo ilustre escritor Rui Barbosa, “ De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. “
Estamos também na contramão dos ensinamentos cristãos, onde a vida valia uma vida, onde o homem se orgulhava em ostentar um fio de bigode como um documento. Hoje estamos vendo uma escalada assombrosa das ações de criminosos, que invadem residências, matam, estupra, dominam os centros urbanos, intimidam e matam policiais como retaliação das ações de combate ao crime organizado, tudo isso visto como parte da nossa rotina, considerados fatos normais quando não atinge, um ente querido nosso ou a nós mesmos. Os presídios brasileiros se tornaram centro de comando, o QG dos criminosos, e o pior, recebendo todos os privilégios como: proteção de suas vidas, quatro refeições diárias, assistência médica odontológica, da melhor qualidade, sem ter que trabalhar por tudo isso e o pior, pago com dinheiro dos brasileiros honestos. É inadmissível uma quadrilha de dentro de um presídio comandar ações de dezenas de bandidos fora da cadeia. São as autoridades muito incompetentes, ou todos possuem alguma cumplicidade? Quando um policial atinge um bandido, são investigados com rigor, com processo e punição, e em primeira mão a punição psicológica. Estamos todos perdidos sem saber onde queremos chegar, ou estamos todos loucos? O ser humano perdeu a noção do perigo e dos limites.
Fica uma pergunta no ar! A quem interessa esse caos social? Quando se fala em diminuir a idade penal, aparecem inúmeros juristas, “religiosos”, comissão dos Direitos Humanos e uma Lei ultrapassada, “Código de Proteção ao Menor e ao Adolescente”, impedindo ações mais enérgicas, protegendo quem deveria ser punido. Será que esse protecionismo interessa a alguém? Será que as autoridades, principalmente as autoridades políticas não percebem que o mundo mudou e que estamos em uma guerra urbana? A Comissão de Direitos Humanos no Brasil só está servindo para garantir integridade física aos criminosos. O Código de Proteção ao Menos adolescente, não passa de uma Lei ultrapassada e se tornou um código de proteção ao marginal adolescente.
Pena de morte? Prisão perpétua? Acho que já devemos pensar no assunto sem demagogia, bandido solto é sociedade presa. Se não tomarmos uma atitude mais séria não conseguiremos assumir o controle no futuro sem derramar muito sangue de inocentes. Tolerância zero? Um sonho muito distante, considerando os nossos governantes atuais que se acovardam e maquiam as ações em nome do populismo político eleitoral.
Quando lutamos para acabar com a ditadura para se implantar a democracia, não era para políticos incompetentes, corruptos e irresponsáveis, dominarem o país e deixarem o caos ser implantado sem um esforço visível na busca de soluções. Está chegando o momento que muitos duvidarão da eficiência de uma democracia demagógica como a nossa, nos trazendo o medo de um retrocesso da luta que custou a vida de muitos. O momento nos lembra da frase também eternizada de um grande revolucionário, Che Guevara, “É preciso endurecer, sem perder a ternura, jamais."
A democracia também tem que impor seus limites, como os previstos em nossa Carta Magna, onde, o seu limite termina quando o outro começa, e devem ser aplicados com rigor máximo para surtir os seus efeitos, a exemplo da operação “Mãos Limpas” na Itália, que culminou com a diminuição expressiva da criminalidade. Caso contrário, acabaremos sofrendo medidas extremas como em Singapura, onde um General mão de ferro exterminou todos os criminosos, implantando uma democracia controlada e se tornando um país seguro com uma qualidade de vida invejável, com zero de droga e zero de criminalidade O que não quer dizer que o modelo aplicado lá dará certo aqui, mas alguma ação mais positiva deve ser tomada para não sentirmos vontade de o Brasil ver se transformar em uma Singapura para coibir a criminalidade e a paz voltar a reinar..
A educação é ainda o melhor caminho, mas a verdadeira educação deixou de existir no Brasil, foi abandonada faz muito tempo, ensinar o b+a=ba a matemática e geografia, ainda estão presentes, mas não é essa educação que ira tornar o jovem comprometido com um mundo melhor. São as boas maneiras, o caráter, o respeito, o amor, é que deveria ser pano de fundo da educação, mas para isso é preciso também o exemplo de nossas autoridades e poderes constituídos, lembrando que as palavras ensinam, mas o exemplo arrasta.
Como analisamos os pontos importantes citados, o comportamento dos níveis baixos da camada social se reflete nas camadas de cima. O povo mal educado, e cada vez menos preocupado com o semelhante, reflete o momento de crise comportamental do país. Se a educação não melhorar sua estrutura e seu alcance e voltar o foco para os conceitos cidadão, seremos eternamente o país da Impunidade, e o crime a cada dia mais ousado e mais cruel.
Será que estou vendo fantasmas, ou estão todos cegos? Acredito que consegui desagradar alguns, mas esses certamente estão entre os que não querem as mudanças. Somos fortes, se buscarmos os nossos direitos cobrando dos nossos políticos ações mais efetivas. Faça sua parte! Ou vamos apenas esperar que Deus nos ajude.
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César Torres