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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Salvar o planeta de nos mesmos.

Publicado Diário das Gerais 29/11/2012 - PG 7

O Planeta terra a caminho da extinção da vida. Uma afirmativa que mostra nossa realidade, ou apenas uma farsa para criação de outros nichos de mercado? Ou uma investida dos loucos que não tem algo mais importante para fazer? As pessoas não dão a importância que a situação requer. Somente diante de alguma fatalidade, quando as catástrofes ocorrem à nossa volta ou nos atinge diretamente é que a ficha cai. Assim você começa a entender o quanto é importante dar atenção a esses assuntos.

Podemos verificar que inúmeros movimentos são iniciados somente diante de eventos que causam comoção social, assim nascem ONGs, fundações etc. Por que não iniciarmos esses movimentos antes de sofrermos os efeitos com maior intensidade? Porque não começamos agora mesmo a ver nosso planeta com outro olhar?

Infelizmente a sociedade funciona assim, somente com a dor e não apenas por amor. Deveria dar importância e visualizar um futuro diante das evidências, ainda que distante. Agir sem necessariamente começar porque estamos em situação emergencial, mas sim acreditar que os cientistas afirmam que a questão climática já é uma questão emergencial, e não achar que o aquecimento global e derretimento das calotas polares estão afetando somente a sobrevivência dos ursos polares. E que a poluição dos rios e do ar está afetando somente os centros urbanos industrializados e de maior concentração populacional. E que os efeitos não estão atingindo  todo planeta.

Quando falamos, “salvar o planeta de nós mesmos”, é afirmando diante das evidências, que nós humanos, sugamos do planeta mais do que ele pode suportar. São muitas as ações que foram cruciais para chegar ao limite de degradação que estamos, mas, um dos fatores do crescimento acelerado de degradação está em nosso modo de vida e dos conceitos da modernidade. A palavra chave é o “Consumismo”.

Existe um crescente desenvolvimento de novas tecnologias que se pautam na ecoeficiência, de forma a gerar recursos ambientais e produtos com o menor impacto ambiental. Mas mesmo este esforço ainda é muito tímido em relação ao tamanho do problema, e exigiria muito mais investimento e apoio das instituições oficiais. São muitos os trabalhos apresentados com inúmeras fórmulas e iniciativas variadas de Órgãos Públicos e ONGs buscando diminuir os impactos ambientais. Tudo que é feito, não atinge os seus objetivos, é insuficiente, o povo está surdo e cego, não dão a menor importância às evidências, como se tudo fizesse parte de um processo natural. Não estamos recuperando o planeta na mesma velocidade do consumo e degradação, e assim reverter a crise ambiental apresentada, e o problema só aumenta.

A relação de crescimento econômico e consumo se tornou um antagonismo, que, o equacionamento desta fórmula impõe uma mudança comportamental importante, ou seja, equilibrar o consumo. Esta relação é apenas um dos indicativos de que se fala muito para salvar o planeta. Mas pouco é o foco sobre esse, que é problema crônico da humanidade, consumismo.

          Os relatórios apresentados por diversas organizações internacionais vêm alertando para o fato de que, se toda a população humana tivesse o mesmo nível de consumo que a população dos países desenvolvidos, seria necessários recursos ambientais equivalentes a cerca de 4 a 5 planetas, ou seja, é evidente que não há como dar este mesmo conforto a todos os atuais habitantes da Terra.

Considerando a equidade aos habitantes, e que vem sendo apregoada pelos direitos humanos, de que todos tem o direito de usufruir igualmente dos benefícios de um mundo moderno e evoluído. Na tentativa de redução desta desigualdade, vem sendo criados alguns mecanismos de compensação que, mesmo resultando em algum ganho sobre os impactos ambientais globais, tem mais efeito no abrandamento da crise de consciência dos grandes consumidores, como por exemplo, a compra de créditos de carbono. Se paga aos pobres para se ter o direito de poluir mais que eles e manter sua confortável vida e seu consumismo, com a consciência limpa.

            O aumento do consumo também nos países em desenvolvimento está relacionado ao aumento populacional, a inovação tecnológica em uma velocidade alucinante, e o crescimento econômico. A mídia estimula as pessoas de forma massificante, mostrando que a felicidade está em ter, e não em ser. O melhor carro, o novo modelo de computador, o celular mais moderno, uma roupa de grife, etc. e outros produtos que são adquiridos e servem somente para entulhar os porões das casas, sem a menor utilidade. Considerando ainda que a maioria dos produtos é fabricada para durar pouco, o que pressiona ainda mais o consumo de recursos naturais.

          Esta demanda cada vez maior por recursos ambientais, além de impactar os ecossistemas, aumenta a produção de resíduos, a poluição atmosférica e das águas, em níveis que já ultrapassam a capacidade de autorregeneração do planeta. Como consequência, tem-se o aquecimento global, as alterações climáticas, a redução dos recursos pesqueiros, a desertificação de áreas importantes, extinção de espécies da fauna e da flora e muitos outros efeitos de ordem planetária ainda pouco conhecidos.

              O “desenvolvimento sustentável” tão apregoado por todos, infelizmente  se transformou em um conceito apenas para propaganda e não um princípio. Diante do quadro catastrófico anunciado surgem diariamente inúmeros grupos de salvadores do planeta, principalmente nos países desenvolvidos, mas nenhum dos atores abre mão do seu conforto. Perguntamos; quem vai salvar nosso planeta? Diante do quadro atual temos a resposta, ninguém!

            A sociedade deveria deixar a hipocrisia e não olhar apenas para o próprio umbigo pensando em si próprio. Sabemos que quando se fala em temas importantes para diminuição da degradação ambiental, muitos se sentem incomodados, a exemplo do controle de natalidade de forma institucional. Sabendo que a população do planeta já atingiu a marca de sete bilhões e o consumo já supera em muito a capacidade de regeneração. É um tema proibitivo, ninguém ousa se levantar em defesa. São muitos os grupos sociais que impedem essa prática.

             A população tem que entender que a terra é como qualquer espaço possui o seu limite de ocupação. O limite de habitantes tem que ser considerado para o consumo de recursos naturais e para a geração de impactos sobre os ecossistemas. Na próxima coluna daremos alguns exemplos de como cada cidadão pode contribuir para o planeta, e deixando um pouco a hipocrisia de lado e partindo para prática de fato.

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César Torres

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