O investimento em tecnologia de
ponta nas últimas décadas colocou o Brasil entre os países mais competitivos do
agronegócio no mercado internacional, mas não foi suficiente para acabar com um
problema básico: o desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva.
O
Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam comida no mundo. Cerca de
35% de toda a produção agrícola vão para o lixo. Isso significa que mais de 10
milhões de toneladas de alimentos poderiam estar na mesa dos 54 milhões de brasileiros
que vivem abaixo da linha da pobreza. Segundo dados do Serviço Social do
Comércio (Sesc), R$ 12 bilhões em alimentos são jogados fora diariamente, uma
quantidade suficiente para garantir café da manhã, almoço e jantar para 39
milhões de pessoas. O Brasil como um país considerado o primeiro em terras
agricultáveis com recursos hídricos abundantes, também ostenta um índice triste
de irresponsabilidade alimentar com desperdícios e grande impacto ambiental na
produção.
A população mundial superou os sete bilhões de pessoas no
final de 2011, e as Nações Unidas calculam que poderá atingir os 9,5 bilhões
até 2075, aumentando o risco de uma crise alimentar, significa
que pode haver mais um terço de habitantes para alimentar até o final deste
século. Essa projeção nos dá a dimensão dos problemas que deveríamos dar
prioridade para o enfrentamento dessa realidade futura.
A chave da questão é a produção
maior de alimentos de forma sustentável, sabendo da finitude dos recursos
naturais. As questões sociais também implicam na diminuição dos impactos
ambientais, onde uma população socialmente inserida possibilitará uma maior
consciência da necessidade de consumir menos e proteger mais os recursos
naturais.
Quase a metade dos alimentos produzidos no mundo, ou seja,
dois bilhões de toneladas anuais, acaba parando no lixo, segundo um novo
relatório publicado no dia 10 de Janeiro por uma organização britânica que
pediu urgência na luta contra este tipo de desperdício. A notícia foi destaque
em todos os telejornais e jornais do país.
A Instituição de Engenheiros Mecânicos avalia, em seu
relatório, que este desperdício se deve a múltiplos fatores, incluindo a falta
de estruturas adequadas, as rígidas datas de validade, as ofertas comerciais
que obrigam a comprar em grandes quantidades e as manias dos consumidores.
Sendo esse um fator importante, devendo o consumidor mudar o seu comportamento comprando
o suficiente para o consumo evitando o desperdício.
O estudo, que tem por título "Global Food, Waste Not,
Want Not", enfatiza que entre 30% e 50% dos quatro bilhões de toneladas de
alimentos que são produzidos anualmente no planeta nunca chegam a ser
consumidos.
Só no Reino Unido, até 30% dos cultivos de hortaliças não são
colhidos porque sua aparência não cumpre com os critérios exigidos pelos
consumidores. Critérios esses que denota uma exigência baseada em uma condição
social elevada e uma consciência ambiental ignorada.
Nos Estados Unidos, cerca de 30% dos alimentos, no total de
US$ 48,3 bilhões, são jogados no lixo todos os anos somente nas residências,
chegando a 100k per capta ano. “É como deixar a torneira aberta e jogar 40
bilhões de litros de água na lata de lixo, suficientes para atender as
necessidades domésticas de 500 milhões de pessoas”, diz um estudo elaborado em
conjunto pelo SIWI, pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação (FAO) e pelo Instituto Internacional de Administração da Água
(IWMI). O trabalho diz que a comida desperdiçada é como a água desperdiçada,
devido à grande quantidade do liquido usada no cultivo e no processamento dos alimentos.
São alimentos que poderiam ser utilizados para alimentar a
crescente população mundial, assim como os que hoje sofrem com a fome, afirmou.
Também é um desperdício desnecessário de terra, água e recursos energéticos que
se utilizam para a produção, o processamento e a distribuição desses alimentos.
O que causa um impacto ambiental importante.
Por exemplo, cerca de 550 bilhões de metros cúbicos de água -
outro bem escasso em muitos países - são usados anualmente para cultivar
produtos que nunca chegam ao consumidor, assinala o estudo. Lembrando que a
agricultura é responsável por até 70% do consumo da água potável do planeta.
Foram abordados também na pesquisa fatores importantes como
as técnicas agrícolas e de engenharia ineficientes, a infraestruturas de transporte
e o armazenamento inadequado que contribuem para deterioração de grande parte
dos alimentos. Também com grande influência é a exigência dos supermercados por
produtos perfeitos e promoções que estimulam o consumidor a comprar mais que o
necessário.
A ONU deverá promover ações em conjunto com as nações para
ajudar a mudar a mentalidade das pessoas sobre o desperdício e desincentivar
práticas que conduzem ao desperdício por parte de fazendeiros, produtores de
alimentos, supermercados e consumidores. Sabemos que somente uma ação global
poderá tornar eficiente a busca por um planeta sustentável.
O
mundo produz diariamente comida em quantidade suficiente para alimentar toda a
população do planeta, no entanto a fome mata uma pessoa a cada 3,5 segundos no
mundo por não ter acesso a ela. Segundo o Relatório Mundial Sobre a Fome 2006
da ONU, estima-se que existam hoje 854 milhões de pessoas subnutridas no mundo.
O documento revela que 300 milhões de crianças passam fome no mundo e 25 mil
pessoas morrem por dia de má nutrição ou doenças associadas ao problema. Uma
triste realidade que terá obrigatoriamente de ser mudada ou todos sofrerão as
consequências sombrias da falta de atitudes dos governantes e do descaso da
maioria da população.
Fonte:
http://www.imeche.org/Libraries/News/Global_Food_Waste_Not_Want_Not.sflb.ashx
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelos comentários.
César Torres