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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Desperdício alimentar causa Impacto Ambiental

Publicação do Diário das Gerais 16/01/13 PG-09

O investimento em tecnologia de ponta nas últimas décadas colocou o Brasil entre os países mais competitivos do agronegócio no mercado internacional, mas não foi suficiente para acabar com um problema básico: o desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva.

O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam comida no mundo. Cerca de 35% de toda a produção agrícola vão para o lixo. Isso significa que mais de 10 milhões de toneladas de alimentos poderiam estar na mesa dos 54 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza. Segundo dados do Serviço Social do Comércio (Sesc), R$ 12 bilhões em alimentos são jogados fora diariamente, uma quantidade suficiente para garantir café da manhã, almoço e jantar para 39 milhões de pessoas. O Brasil como um país considerado o primeiro em terras agricultáveis com recursos hídricos abundantes, também ostenta um índice triste de irresponsabilidade alimentar com desperdícios e grande impacto ambiental na produção.

A população mundial superou os sete bilhões de pessoas no final de 2011, e as Nações Unidas calculam que poderá atingir os 9,5 bilhões até 2075, aumentando o risco de uma crise alimentar, significa que pode haver mais um terço de habitantes para alimentar até o final deste século. Essa projeção nos dá a dimensão dos problemas que deveríamos dar prioridade para o enfrentamento dessa realidade futura.

A chave da questão é a produção maior de alimentos de forma sustentável, sabendo da finitude dos recursos naturais. As questões sociais também implicam na diminuição dos impactos ambientais, onde uma população socialmente inserida possibilitará uma maior consciência da necessidade de consumir menos e proteger mais os recursos naturais.

Quase a metade dos alimentos produzidos no mundo, ou seja, dois bilhões de toneladas anuais, acaba parando no lixo, segundo um novo relatório publicado no dia 10 de Janeiro por uma organização britânica que pediu urgência na luta contra este tipo de desperdício. A notícia foi destaque em todos os telejornais e jornais do país.

A Instituição de Engenheiros Mecânicos avalia, em seu relatório, que este desperdício se deve a múltiplos fatores, incluindo a falta de estruturas adequadas, as rígidas datas de validade, as ofertas comerciais que obrigam a comprar em grandes quantidades e as manias dos consumidores. Sendo esse um fator importante, devendo o consumidor mudar o seu comportamento comprando o suficiente para o consumo evitando o desperdício.

O estudo, que tem por título "Global Food, Waste Not, Want Not", enfatiza que entre 30% e 50% dos quatro bilhões de toneladas de alimentos que são produzidos anualmente no planeta nunca chegam a ser consumidos.

Só no Reino Unido, até 30% dos cultivos de hortaliças não são colhidos porque sua aparência não cumpre com os critérios exigidos pelos consumidores. Critérios esses que denota uma exigência baseada em uma condição social elevada e uma consciência ambiental ignorada.

Nos Estados Unidos, cerca de 30% dos alimentos, no total de US$ 48,3 bilhões, são jogados no lixo todos os anos somente nas residências, chegando a 100k per capta ano. “É como deixar a torneira aberta e jogar 40 bilhões de litros de água na lata de lixo, suficientes para atender as necessidades domésticas de 500 milhões de pessoas”, diz um estudo elaborado em conjunto pelo SIWI, pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e pelo Instituto Internacional de Administração da Água (IWMI). O trabalho diz que a comida desperdiçada é como a água desperdiçada, devido à grande quantidade do liquido usada no cultivo e no processamento dos alimentos.

São alimentos que poderiam ser utilizados para alimentar a crescente população mundial, assim como os que hoje sofrem com a fome, afirmou. Também é um desperdício desnecessário de terra, água e recursos energéticos que se utilizam para a produção, o processamento e a distribuição desses alimentos. O que causa um impacto ambiental importante.

Por exemplo, cerca de 550 bilhões de metros cúbicos de água - outro bem escasso em muitos países - são usados anualmente para cultivar produtos que nunca chegam ao consumidor, assinala o estudo. Lembrando que a agricultura é responsável por até 70% do consumo da água potável do planeta.

Foram abordados também na pesquisa fatores importantes como as técnicas agrícolas e de engenharia ineficientes, a infraestruturas de transporte e o armazenamento inadequado que contribuem para deterioração de grande parte dos alimentos. Também com grande influência é a exigência dos supermercados por produtos perfeitos e promoções que estimulam o consumidor a comprar mais que o necessário.

A ONU deverá promover ações em conjunto com as nações para ajudar a mudar a mentalidade das pessoas sobre o desperdício e desincentivar práticas que conduzem ao desperdício por parte de fazendeiros, produtores de alimentos, supermercados e consumidores. Sabemos que somente uma ação global poderá tornar eficiente a busca por um planeta sustentável.

O mundo produz diariamente comida em quantidade suficiente para alimentar toda a população do planeta, no entanto a fome mata uma pessoa a cada 3,5 segundos no mundo por não ter acesso a ela. Segundo o Relatório Mundial Sobre a Fome 2006 da ONU, estima-se que existam hoje 854 milhões de pessoas subnutridas no mundo. O documento revela que 300 milhões de crianças passam fome no mundo e 25 mil pessoas morrem por dia de má nutrição ou doenças associadas ao problema. Uma triste realidade que terá obrigatoriamente de ser mudada ou todos sofrerão as consequências sombrias da falta de atitudes dos governantes e do descaso da maioria da população.

Fonte: http://www.imeche.org/Libraries/News/Global_Food_Waste_Not_Want_Not.sflb.ashx
            www.anvisa.gov.br - http://www.opovo.com.br/ 

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César Torres

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