Parece difícil dizer quem é mais corrupto, se é o politico ou o eleitor, é como se perguntássemos, “quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha”. Mas podemos afirmar que existe uma resposta correta para a dúvida em questão, os dois são corruptos igualmente. Quando afirmo essa máxima não quero generalizar, pois, sabemos que existem muitos eleitores conscientes e que também abominam essa prática, e políticos cônscios de suas responsabilidades como representantes da sociedade e que acreditam em ideais, sendo possível trabalhar com honradez e ajudar a combater os maus políticos.
Nós lamentamos que a imagem do político como
homem corrupto e sem caráter, tem afastado de participar da política homens
íntegros que temem ser confundidos e classificados como tal, pois não acreditam
mais em mudança de comportamento e eficiência da justiça no combate a essa
epidemia. E quem perde com essa triste realidade é a sociedade.
Recentemente assistimos pela mídia ao
julgamento dos figurões no processo do mensalão. O que nos deixa triste é ver
que o STJ a mais alta Corte do País levou meses discutindo o destino dos
culpados apesar de tantas evidências que não deixaram qualquer dúvida do
comprometimento de todos os envolvidos. E para nossa maior tristeza é de ver alguns
dos juízes tentando diminuir a responsabilidade e a pena de muitos dos
envolvidos.
Os valores e conceitos de moralidade e
respeito à sociedade parecem irremediavelmente perdidos, isso porque
acompanhamos nas redes sociais os incontáveis elogios ao Ministro Joaquim
Barbosa, como o salvador da pátria, o último homem sério desse país, chegando
em algum momento coloca-lo como um provável candidato a Presidência da
República. Não que ele não mereça o nosso respeito, mas o Ministro Joaquim
Barbosa está simplesmente cumprindo o seu dever de Juiz, que jurou quando
assumiu o cargo de trabalhar pela justiça e a moralidade do país e não deveria
ser ele uma exceção, mas uma regra em nossos tribunais.
Quando
falamos em valores, ética, moralidade nos enoja ver o
ex-presidente do PT José Genoíno (SP), condenado no julgamento do mensalão por
corrupção ativa e formação de quadrilha, tomar posse como deputado federal.
Quando se candidatou em 2010 já era réu no processo que apurava corrupção o que
a legislação deveria na época ter indeferido o seu registro.
Como moralizar um país que sua
legislação é tão condescendente aos bandidos de colarinho branco? Como
valorizar políticos que saqueiam nossos recursos? Como respeitar os responsáveis
pela péssima condição da Educação? Como valorizar os homens que roubam os
recursos da saúde permitindo que pessoas morram na porta dos hospitais? Como
aceitar políticos que negociam a degradação ambiental em benefício das grandes
empresas? O pior de tudo é que são eles os únicos que poderiam alterar nossa
legislação e dar mais rigidez e eficiência aos tribunais para colocar na cadeia
os criminosos de colarinho branco. E agora como ficamos?
Quando chegam as eleições tudo
isso fica esquecido, os eleitores acabam vendendo o seu voto de inúmeras
formas, elegendo esses que a nossa falha e casuística legislação permitem que
concorram a cargos públicos. Dentre os milhares de candidatos eleitos no Brasil
nas últimas eleições, existem centenas de candidatos respondendo por processos
de improbidade administrativa por lesar o erário público e quase que a
totalidade desses candidatos eleitos tomou posse, raríssimas foram as decisões
impeditivas.
Como político há mais de trinta anos, acompanho a evolução social e as mudanças na
legislação eleitoral buscando uma solução para essa desagradável e nociva
política do “toma lá da cá” e não vejo muita evolução no processo, pois a
maioria de nossos legisladores não interessa pela moralidade. Vale lembrar que
a Lei da Ficha Limpa só existe porque foi uma iniciativa popular e levou quase
dez anos par ser sancionada. Hoje ainda é possível comprar uma eleição sem ser
punido pela justiça. O que presenciamos é a dificuldade da justiça em decidir a
condenação de alguém, exige-se muito de alguém para provar uma corrupção e
muito pouco para se provar a inocência, além das inúmeras possibilidades de
recursos jurídicos favorecendo os criminosos.
A justiça deveria ser mais bem aparelhada,
considerando material humano para dar agilidade aos processos. Os Juízes deveriam
ter mais autonomia, ou se já possuem ser mais corajosos em suas decisões. Quando
o ministério público decide por fazer uma denúncia solicitando a cassação de
uma candidatura ou um mandato, ele não o faz sem uma fundamentação baseado em
provas e evidências. Contudo os juízes na sua maioria sempre preferem as
entrelinhas para a absolvição aos contundentes argumentos para condenação.
O princípio da presunção de
inocência, hoje convertido em garantia fundamental do indivíduo pela
Constituição Federal de 1988, no inciso LVII, do art. 5º, estabelece que "
ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória." Sempre recorrem a conhecida expressão: “In dubio pro reo é uma expressão latina que significa literalmente na dúvida,
a favor do réu”. O argumento para esse
comportamento é que, um erro a favor do réu lhes dá um maior conforto de
consciência do que uma condenação injusta. Infelizmente esse argumento e amparo
constitucional vêm norteando a maioria das decisões, trazendo assim a certeza
da impunidade e aumentando assustadoramente as ações criminosas nas eleições e
nas administrações públicas.
A
nossa crítica é mais um desabafo. Acreditamos apesar dos tristes
acontecimentos, que nosso Brasil tem jeito. Depende apenas do eleitor se conscientizar
da importância do voto para eliminar os maus políticos não se tornando um
instrumento de corrupção nas eleições “vendendo o seu voto”.
Indignada eu, também, fico, meu Amigo César!Suas sábias e realistas palavras nos levam a reavaliar, onde posso ajudar a melhorar este quadro caótico!? Estáticos não podemos permanecer! Seria uma covardia conosco, mesmos, e com nosso semelhante! Sabemos que vem sendo muito difícil e ultrajante... Mas vamos continuar a nossa luta por uma sociedade bem mais justa!!!
ResponderExcluirBelo texto! Disse tudo!
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