A bióloga Kethlen Rose Inácio da Silva: “Processo é extremamente complexo e exige a análise de inúmeras variáveis” (Foto: Antoninho Perri)
A bióloga Kethlen Rose Inácio da Silva utilizou linhagens específicas de fungos para biodegradação de garrafas PET e de material bruto ou pellets, que são usados na produção das garrafas. Segundo a bióloga, a metodologia utilizada foi produzida em laboratório pela primeira vez na qual se utilizou a técnica de Planejamento Experimental para chegar a uma condição adequada para a biodegradação. Foram realizados mais de 600 ensaios com diversas variáveis envolvendo duas linhagens de fungos denominados Ligninolíticos, além de resíduos agroindustriais. “É um processo extremamente complexo e que exige a análise de inúmeras variáveis para verificar a interferência destes na biodegradação dos polímeros”, explica Kethlen.
Na pesquisa, orientada pela professora Lúcia Regina Durrant, a chamada fermentação semi-sólida foi o processo que mais apresentou resultados positivos. Isto porque os microrganismos crescem em condições muito semelhantes ao seu habitat natural, o que os torna capazes de produzir determinadas enzimas e metabólitos, que usualmente não seriam produzidas em outros tipos de fermentação, e se fossem o rendimento seria baixo. “Ainda são necessários outros estudos para atestar a eficiência do processo, mas trata-se de um avanço considerável”, destaca.
Kethlen já havia estudado o processo de biorremediação para resíduos agroindustriais quando realizou pesquisa de iniciação científica na FEA, em 2003. Os resultados satisfatórios levaram à possibilidade de se utilizar os polímeros para os testes. Para a bióloga, a reciclagem de garrafas PET ainda é um desafio.
Ela lembra que para conseguir reciclar uma garrafa e transformá-la novamente em produto aceitável é um longo processo no qual ocorre a produção de impactos, como o consumo de recursos naturais – água e energia –, geração de resíduos sólidos, emissões atmosféricas e efluentes líquidos, além do consumo de parte da matéria bruta. “Os estudos são iniciais e a viabilidade é questionada”, argumenta.
Neste sentido, Kethlen acredita que a melhor forma de contribuir para o meio ambiente seja desenvolver novos produtos baseados em metodologias eficientes e adequadas à gestão ambiental, como foi o processo que desenvolveu.
Matéria de Raquel do Carmo Santos, do Jornal da Unicamp, ANO XXIII – Nº 423 [EcoDebate, 26/03/2009]
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César Torres