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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tecnologias ajudam a reduzir queimadas

A Embrapa Amazônia Oriental está engajada na diminuição das queimadas e do desmatamento na Amazônia

A Embrapa Amazônia Oriental está engajada na diminuição das queimadas e do desmatamento na Amazônia. A instituição tornou-se referência no assunto, em decorrência de desenvolver tecnologias e processos de agricultura sem queima que substituem o sistema nômade de derruba-e-queima por sistemas de produção agrícola capazes de manter a capacidade produtiva dos solos em níveis adequados e competitivos, beneficiando simultaneamente o meio ambiente e a sociedade.

A agricultura sem queima diminui a emissão de carbono para a atmosfera, pois não utiliza a prática ancestral de queimadas sucessivas como instrumento de manejo, já que estas empobrecem o solo, aceleram a erosão, aumentam a infestação de mato e contribuem para o aquecimento global.

As recomendações básicas da Embrapa aos produtores rurais da Amazônia têm sido intensificar e diversificar a produção com opções tecnológicas sem uso do fogo que incluem, entre outras boas práticas, a rotação de áreas e de culturas como forma de promover a exploração sustentável em uma mesma unidade de área ao longo de determinado período de tempo.

CONSERVAÇÃO

Três tecnologias agrícolas disponibilizadas aos produtores pela Embrapa Amazônia Oriental ilustram como é possível evitar as queimadas e recuperar áreas degradadas: Roça sem Fogo, Tipitamba e Plantio Direto de Base Agroecológica. Em conseqüência da adoção gradativa dessas práticas conservacionistas e alternativas à derruba-e-queima, os agricultores amazônicos assumem cada vez mais seu papel de emitir menos carbono para a atmosfera e de preservar os recursos naturais, garantindo, para suas famílias, comunidades e sociedade, melhor qualidade de vida e de atividade produtiva.

TIPITAMBA

Técnicas de manejo da vegetação secundária (capoeira) podem aumentar a sustentabilidade produtiva, a exemplo das recomendadas pelo sistema da Embrapa conhecido na região como Tipitamba, nome que na língua dos índios Tiriyó, do norte do Estado do Pará, quer dizer ex-roça ou capoeira.

O Tipitamba propõe o corte, a trituração, o enriquecimento e a incorporação da capoeira no solo como alternativa ao uso do fogo no preparo da área. A biomassa da vegetação secundária com idade de três a cinco anos de idade é cortada com o uso de máquinas trituradoras (Tritucap) e utilizada como cobertura morta do solo para os cultivos em sistema de plantio direto. A Tritucap é acionada por um trator, corta a vegetação rente ao chão e picota o material vegetal, distribuindo os pedaços uniformemente sobre o solo, em uma só passada.

A incorporação da capoeira como biomassa vegetal no solo, além de ser mais adequada ao uso a terra, diminui a pressão para a expansão agrícola sobre novas áreas de floresta, ou seja, contribuiu para diminuir o desmatamento. Outras vantagens do método Tipitamba de agricultura sem queima com plantio direto na capoeira são a possibilidade de plantar duas safras seguidas e a melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

Simples, baratos e eficientes

A adoção do processo Roça sem Fogo no preparo de área vem crescendo no Pará e tem chamado a atenção de produtores de outros estados da Amazônia por sua simplicidade, baixo custo e eficiência, contribuindo para eliminar o nocivo processo de queima das capoeiras na Amazônia.

O processo já é conhecido como a primeira etapa da implantação do Trio da Produtividade na Cultura da Mandioca, um sistema que, por sua vez, chega a duplicar a produtividade dessa que é a mais tradicional cultura agrícola da Amazônia, tendo no Pará seu maior produtor nacional.

Fazer Roça sem Fogo inclui a realização prévia de inventário das espécies de valor econômico (madeireiras e frutíferas) que devem permanecer na área a ser preparada sem o uso de fogo. Com o auxílio de facões, machados e motosserra, faz-se o corte rente ao solo da vegetação da capoeira que depois, juntamente com a copa das árvores lenhosas, formará a palhada de matéria orgânica que cobrirá o solo. A área pode ser preparada em qualquer época do ano.

Como alternativa agroecológica para a agricultura familiar na região, o processo Roça sem Fogo resulta em renda extra para o agricultor (com a venda de troncos como caibros, lenha e para produção de carvão) e reduz o trabalho de capina (a ocorrência de mato é três vezes menor do que nos roçados queimados).

PLANTIO DIRETO

Outra opção tecnológica é o Plantio Direto de Base Agroecológica para Agricultura Familiar na Amazônia, recomendado para praticantes da agricultura de subsistência sem meios para incorporar insumos químicos e maquinário no seu sistema, ou seja, a maioria dos agricultores familiares da região.

Esse sistema melhora a fertilidade do solo, especialmente de suas propriedades físicas (como a diminuição da compactação e aumento da porosidade e da retenção de umidade no solo). Diferencia-se de outros recomendados pela Embrapa porque incorpora ao processo leguminosas arbóreas de rápido crescimento plantadas justamente para esse fim.

É um ciclo. A fertilidade do solo melhora em decorrência do uso de adubo orgânico produzido pela decomposição da biomassa de leguminosas arbóreas de rápido crescimento plantadas especialmente para depois formarem palhada. O aumento da produtividade das culturas decorre da melhoria da fertilidade do solo. O plantio é feito sobre a palhada das leguminosas. Quem cultiva as leguminosas é o próprio agricultor.

Cabe ao agricultor cultivar as leguminosas em sua propriedade. Assim formará seu próprio banco de sementes e terá condições de se tornar auto-sustentável no cultivo das leguminosas que precisará usar como palhada. Isso exige uma transformação cultural da parte dos agricultores, pois plantar algo para não comer ou não vender foge ao padrão da agricultura familiar praticada na Amazônia. (Ascom Amazônia Oriental)  

Fonte original: Diário do Pará

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César Torres

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