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sábado, 13 de outubro de 2012

Reciclagem: Mineração urbana pode ser fonte de ouro no lixo, diz relatório do Greenpeace

Lixo eletrônico pode ser fonte de metais preciosos após reciclagem
Lixo eletrônico pode ser fonte de metais preciosos após reciclagem



 Um relatório da organização ambientalista Greenpeace afirma que no ano passado os argentinos jogaram no lixo o equivalente a 228 kg de ouro, 1,7 mil kg de prata e 81 mil kg de cobre, por falta de reciclagem.
Segundo o Greenpeace, o material está presente em dez milhões de celulares que são jogados fora por ano no país, e que – para piorar – poluem a terra, o ar e a água.

O relatório chama atenção para um setor conhecido como mineração urbana, uma atividade muito pouco difundida na América Latina, mas que na Europa, no Japão e na Coreia do Sul está se transformando em um importante gerador de emprego e riqueza, comparável até à mineração tradicional.

Ouro inexplorado

Mineração urbana é a reciclagem de materiais de valor presentes em resíduos eletrônicos, como ouro, prata, cobre, platina, alumínio, aço, terras raras e até mesmo plástico.
O ouro é um dos diversos componentes de computadores e celulares devido às suas propriedades de condução e estabilidade.

Um estudo recente da Universidade das Nações Unidas no Japão estima que a fabricação de equipamentos tecnológicos receba o equivalente a US$ 16 bilhões de ouro e US$ 5 bilhões de prata. De acordo com a pesquisa, apenas 15% deste material é reaproveitado via reciclagem.

A proliferação de dispositivos eletrônicos e o curto período para que eles se tornem obsoletos geram milhões de toneladas de resíduos. O número de depósitos para lixo eletrônico cresce exponencialmente por ano. A reciclagem ainda é limitada, mas alguns analistas acreditam que exista neste setor uma grande oportunidade de negócios.

Um estudo da empresa Frost & Sullivan destaca que a mineração urbana gerou US$ 1,42 bilhões em 2011. A expectativa – segundo o relatório “Oportunidades globais no mercado dos serviços de reciclagem de lixo elétrico e equipamento eletrônico” – é que este mercado alcance um valor de US$ 1,8 bilhões até 2017.
O mercado crescente é o dos países emergentes. Mas na América Latina, este tipo de reciclagem ainda é incipiente.

Recente

Dados da Plataforma Regional de Resíduos Eletrônicos na América Latina e Caribe – uma iniciativa chilena com financiamento canadense – mostram que países como Brasil, Chile, Argentina, Peru e Colômbia ainda não têm a infraestrutura necessária para a reciclar mais resíduos eletrônicos.
O índice chileno de reciclagem deste tipo de resíduo é de 1,5% a 3%. Na Argentina, o percentual chega a 10%.

“A Argentina é um dos países que mais destacou a reciclagem de lixo eletrônico”, disse Verônica Calona, da empresa de reciclagem Silke, ao serviço em espanhol da BBC.

“Nós somos operadores 100% de resíduos de aparelhos eletrônicos. O resto [do mercado] são empresas que trabalham com outro tipo de atividade e foram incluindo isso pouco a pouco. Há metais que comercializamos no mercado interno e material das placas eletrônicas que exportamos, porque não existem na Argentina empresas de tecnologia que reciclem este tipo de material.”
“A mineração urbana é muito recente, é preciso esperar e ver se a atividade vai evoluir um pouco.”

Terras raras

Além das perdas econômicas por falta de reciclagem, ambientalistas alertam para os crescentes riscos de poluição. Nos Estados Unidos, a agência ambiental do governo EPA estima que o lixo eletrônico é 70% da fonte de contaminação de rios e do ar por metais pesados como mercúrio, cádmio, chumbo, bromo e selênio. “Na Argentina, se descartam 10 milhões de celulares por ano e um milhão de computadores, e a metade termina em lixões”, diz Lorena Pujó, do Greenpeace na Argentina. A entidade produziu um relatório especial sobre a Argentina em um momento em que o Congresso do país discute uma legislação especial sobre resíduos eletrônicos.

“Estamos tentando expor publicamente a falta de sentido de todo esse sistema. Por um lado estamos esgotando recursos naturais finitos com a mineração, mas jogamos no lixo um monte de recursos sem reciclagem.” Com intuito de mudar esta situação, vários países como Costa Rica, Peru e Colômbia contam com leis que regulam a gestão de resíduos eletrônicos. Um novo fator pode contribuir para o aumento da reciclagem no futuro: o fato de que a indústria de eletrônicos depende cada vez mais de terras raras – minerais especialistas que estão concentrados na China. Atualmente, 97% das reservas conhecidas de terras raras estão na China. Neste contexto, a reciclagem de resíduos eletrônicos pode se transformar em um novo “eldorado” para investidores.
Matéria de Anahí Aradas, da BBC Mundo / BBC Brasil, publicada pelo EcoDebate

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César Torres

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