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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Impactos sociais e ambientais dos agrotóxicos e defensivos agrícolas


Os agrotóxicos e defensivos agrícolas tem a mesma origem dos fertilizantes sintéticos: a reciclagem pela indústria química das sobras e tecnologias de armamentos e explosivos, que após o fim da 2ª Guerra Mundial em 1945 foram redirecionados para o desenvolvimento de um modelo de agricultura extensiva e relacionada diretamente com insumos artificiais, mecanização da produção agrícola e industrialização dos alimentos.

A denominada revolução verde foi imposta aos países menos desenvolvidos com o objetivo de padronizar suas produções primárias e torná-los dependentes dos pacotes agroindustriais estabelecidos pelas multinacionais de sementes, fertilizantes, agrotóxicos e máquinas agrícolas. Assim como na guerra, os agrotóxicos devem ser eficientes como biocidas, possibilitando o desenvolvimento adequado somente das culturas selecionadas e impedindo as espécies inimigas (animais ou vegetais) de interagirem e se desenvolverem, transformando as áreas de monoculturas agrícolas em campos de extermínio em que somente uma espécie predomina.

A revolução verde uniformizou a produção e possibilitou a concentração das propriedades agrícolas, com a substituição da agricultura em que a produção de alimentos estava relacionada às necessidades locais e autonomia das comunidades pelo agronegócio, estabelecendo o êxodo rural para os centros urbanos, principalmente onde se localizaram as multinacionais associadas com o modelo agroindustrial. Isto pressionou o crescimento desordenado das cidades e a proletarização dos ex agricultores e seus descendentes, transformados em reservas de mão de obra e excluídos do acesso aos benefícios do desenvolvimento econômico agroindustrial.

As monoculturas afetam a qualidade do solo através da substituição das áreas nativas por grandes extensões de cultivos padronizados, reduzindo de modo drástico a biodiversidade, a fertilidade, as reservas de água e a saúde dos trabalhadores agrícolas. Os desequilíbrios ambientais da agricultura industrial são em grande parte relacionados ao uso de agrotóxicos, intrinsecamente ligados às sementes híbridas ou transgênicas e aos adubos sintéticos.

Os desequilíbrios ambientais e o uso excessivo de “defensivos” ao invés de diminuir os ataques às lavouras, possibilita o desenvolvimento de espécies resistentes, tanto vegetais quanto animais e requer mais aplicações com doses mais elevadas, aumentando as contaminações ambientais e humanas e também os lucros das empresas fornecedoras dos pacotes e maquinários agrícolas. A utilização de agrotóxicos falsificados também é comum, principalmente em países menos desenvolvidos e com mais dificuldades para controlarem as fronteiras.

Para as indústrias de agrotóxicos, “pragas e plantas invasoras” são lucros e mais pragas ou pragas mais resistentes significam mais lucro. A agricultura industrial baseada nas monoculturas não pode prescindir dos agrotóxicos que ao lado dos adubos sintéticos, principalmente os nitrogenados, da mecanização tecnológica e das sementes híbridas e transgênicas contaminaram grande parte dos recursos hídricos disponíveis, inclusive os subterrâneos, destruíram paisagens naturais e sítios arqueológicos, deterioraram terras produtivas, expulsaram camponeses, posseiros, caboclos e ribeirinhos de suas áreas, concentraram renda e estabeleceram o êxodo rural e a favelização como única alternativa de quem antes era autosuficiente e autônomo. Estes “desgarrados” passaram a se encontrarem “pelas calçadas, pelos butecos, pelas esquinas” como descreveu a música de Vitor Ramil, um compositor do RS e não mais no mais no “buliço da lida pesada, das roça e dos eito” (Patativa do Assaré).

Este foi o maior impacto dos agrotóxicos e do modelo estabelecido com a revolução verde: tiraram a dignidade de quem já tinha pouco, muito pouco! Reforma Agrária (e urbana) Já!
Antonio Silvio Hendges- ECODEBATES - 07/10/2010

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