
As soluções técnicas convencionais propostas até hoje para os problemas sanitários e ambientais mostram-se insuficientes e ineficazes para reverter esse quadro melancólico do saneamento e da gestão ambiental no Brasil. Elas incluem, principalmente, a construção dos sistemas de abastecimento de água (com as fases da captação, adução, tratamento, reservação e distribuição da água), saneamento dos esgotos (com construção de redes coletoras, estações de tratamento e disposição final), saneamento do lixo urbano (onde o aterro sanitário é a solução técnica freqüentemente aceita para o destino final do lixo urbano), atuações de controle de enchentes (galerias de drenagem cada vez maiores e “piscinões) e outras. No entanto, essas soluções clássicas são mais caras e, normalmente, as prefeituras no Brasil não dispõem de recursos financeiros para construção, operação e manutenção do sistema, o que usualmente inviabiliza a utilização dessas soluções convencionais.
Além do problema de ordem financeira, as soluções técnicas habituais possuem algumas limitações. O descarte de esgoto tratado está cada vez mais problemático pela poluição crescente dos corpos d’água, naturais receptores. A construção de aterros sanitários também tornou-se mais difícil pelas maiores restrições de áreas para a sua implantação e pela reação negativa das comunidades locais próximas. O tratamento da água de abastecimento, por sua vez, torna-se também problemático devido à poluição crescente dos mananciais hídricos, associada à maior escassez de água natural nos períodos de estiagem (decorrente da degradação ambiental das bacias hidrográficas, o que tem gerado falta de água na estiagem e enchentes nas épocas chuvosas).
A “luz no fim do túnel” para todos esses problemas sanitários e ambientais está na adoção de soluções técnicas sustentáveis para o saneamento ambiental. A gestão sustentável de bacias hidrográficas permitirá a recuperação ecológica desses ecossistemas naturais, o que facultará a maior recarga da água subterrânea (lençóis freáticos e artesianos) e conseqüentemente aumentará as vazões mínimas dos rios nos períodos de estiagem. Os esgotos sanitários também podem, em lugar de gerar a poluição hídrica, como acontece hoje, se transformar em soluções para o problema da desertificação e da falta de produtividade dos solos. O lodo dos esgotos pode ser útil para a recuperação do húmus do solo e o esgoto tratado pode ser usado para recarga de água subterrânea, combate à erosão do solo, combate à cunha salina em regiões costeiras, geração de energia (biogás), criação de peixes, criação de espelhos d’água artificiais e áreas de lazer. Já o lixo urbano, com a criação de políticas públicas para a redução de lixo e a solução da coleta seletiva e reciclagem, pode gerar empregos e minimizar os problemas socioeconômicos urbanos. Assim, o reaproveitamento da matéria descartada não poluirá o meio ambiente e trará economia de energia pela utilização da matéria-prima proveniente da reciclagem, possibilitando a minimização da exploração dos recursos naturais, podendo haver a recuperação de solos degradados com o composto orgânico do lixo, produção de biogás, além de outros usos sustentáveis.
Adacto Ottoni - publicado pelo EcoDebate, 19/10/2009
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César Torres