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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Recuperação de áreas degradadas por desmatamentos


Os modelos de recuperação de áreas degradadas por desmatamentos ainda não são consensuais entre pesquisadores, autoridades de órgãos ambientais e proprietários. As dificuldades econômicas vividas pela agricultura fazem com que algumas recuperações de áreas degradadas sejam um arremedo, porque não faz sentido órgãos ambientais exigirem a recuperação quando produtores rurais não dispõe das mínimas condições para executarem os projetos.

Seria mais coerente uma análise integral da situação ambiental e situação econômica antes de exigir a recuperação. O mais sensato no caso de não existirem condições financeiras é protelar a recuperação, para que seja bem implantada quando possível.

Os custos de implantação e manutenção ainda são elevados e os métodos controversos (KAGEYAMA, P. Y. & GANDARA, F. B. Dinâmica de população de espécies arbóreas: implicações para o manejo e a conservação. 1994. In: III Simpósio de Ecossistemas da Costa Brasileira. Anais… vol. 2, p.1-9). É necessário pesquisa científica no desenvolvimento de tecnologias mais acessíveis.

Em geral, os maiores projetos são custeados por concessionárias de água, energia ou rodovias, obrigadas pela legislação ambiental a reparar os danos decorrentes de sua atividade.

Existem vários métodos desde a hidrossemeadura, até a dispersão de sementes por aviação agrícola e uma grande quantidade de variações. A SABESP implantou um modelo de módulos bi-específicos, com plantios em sulcos, procurando alias os conceitos de sucessão secundária com a disponibilidade de mudas e incremento contínuo da biodiversidade nos reflorestamentos.

Esta metodologia procura facilitar a implantação de recuperações florestais em campo, com redução de custos e aplicabilidade em diferentes sítios e situações sócio-econômicas (CATHARINO, E. L. M.; RIBEIRO, W.; MENNELLA, M.A. & ALVES, M.A. Avaliação e implementação dos trabalhos de recuperação vegetal de áreas de empréstimo dos reservatórios Jacareí, Jaguari e Cachoeira e da Reserva Florestal do Morro Grande. SABESP. Relatório Técnico, SMA/Instituto de Botânica de São Paulo (Fundepag – Stemag 80-00). São Paulo – SP. 2001. 62p). É um modelo de fácil implementação e que minimiza a eventual falta de mudas, simulando a distribuição das espécies arbóreas como acontece naturalmente.

Para implantação de projetos de recuperação de áreas degradadas, é necessária a avaliação e recuperação da estrutura e da fertilidade dos solos, que podem estar comprometidas devido a lixiviação ou outras restrições químicas e hidrológicas. Este tema poucas vezes é tratado com a atenção necessária e compromete os resultados.

É necessário estabelecer parâmetros de avaliação e monitoramento, capazes de verificar a qualidade dos reflorestamentos heterogêneos, bem como indicar a capacidade de resiliência em áreas implantadas (BARBOSA, L. M. Considerações gerais e modelos de recuperação de formações ciliares. In: Rodrigues, R. R.; Leitão Filho, H. F. (eds.). Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo, EDUSP: FAPESP, 2000. p. 289-312.

A resiliência significa mensurar se a capacidade de recuperação natural do ecossistema não foi ultrapassada. Se for ultrapassada se tornam necessárias medidas adicionais.

Após o estabelecimento adequado das espécies que serão utilizadas em plantios de recuperação, a garantia de sucesso depende da capacidade da vegetação implantada de se auto-regenerar. Isto justifica os estudos sobre a produção de serrapilheira, chuva de sementes, banco de sementes e características ecológicas e genéticas das populações implantadas (SIQUEIRA, L.P. Monitoramento de áreas restauradas no interior do Estado de São Paulo, Brasil. 2002. 116f. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. 2002; SORREANO, M.C.M. Avaliação de aspectos da dinâmica de florestas restauradas, com diferentes idades. 2002. 145f. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2002).
Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do EcoDebate.
EcoDebate, 25/10/2010

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