O dióxido de carbono tem um sério impacto no clima global, mas também gera um
efeito terrível nos oceanos. Quando o gás se dissolve na água, forma ácido
carbônico, que resulta em acidificação. Alguns experimentos já demonstraram que
organismos calcificados, como os corais, e também o fitoplâncton, são afetados
por esse processo.
Cientistas demonstraram agora, pela primeira vez, o potencial da alga
unicelular Emiliania huxleyi de se adaptar
às mudanças de pH oceânico.
Essa espécie foi isolada nas águas costeiras da Noruega e cultivada com
condições de CO2 previstas para o futuro oceânico. Após um ano e 500 gerações
(já que se reproduzem muito rápido), as populações se adaptaram e se
desenvolveram melhor do que as não adaptadas.
“Da perspectiva biogeoquímica, a descoberta mais interessante foi
provavelmente o restauro parcial nos níveis de calcificação”, afirma o cientista
Ulf Riebesell.
O que foi revelado nesse estudo foram os diferentes genótipos e a acumulação
de mutações benéficas. Esse tipo de mudança não havia sido descoberta antes.
“Com esse estudo mostramos pela primeira vez que os processos evolucionários têm
o poder de agir nas mudanças climáticas e na acidificação dos oceanos”, afirma o
biólogo Thorsten Reusch. “Precisamos agora levar em consideração a evolução nos
próximos estudos das consequências das mudanças globais”.
Mas isso não significa que a evolução vai parar a acidificação
dos oceanos. Essa espécie de alga foi escolhida para o estudo exatamente
pela rapidez reprodutiva. Espécies de vida mais longa e menos reprodução possuem
um potencial de adaptação muito menor. “A história da Terra mostra as limitações
da adaptação. Mudanças ambientais comparáveis as que estão acontecendo agora nos
oceanos já levaram à extinções em massa rapidamente, mesmo que essas mudanças
tenham sido 10 a 100 vezes mais lentas do que as que observamos hoje”. [ScienceDaily]
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César Torres