Cientistas da América do Sul e Europa iniciam pesquisa para prever impactos do desflorestamento e das mudanças climáticas globais nas águas, clima e sociedade da Amazônia.
Cientistas de 14 renomadas instituições europeias e sul-americanas (Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru) iniciaram um novo e ambicioso programa de pesquisa para prever o que poderá acontecer com a Amazônia ao longo das próximas décadas. Alguns relatórios sugerem que sob contínuas mudanças climáticas e desflorestamento, as florestas da região amazônica poderão estar vulneráveis a alguma forma de degradação (die-back) em diversos aspectos, como suas águas, seu clima e sua sociedade. O Amazalert tem como objetivo testar o quanto essas previsões são prováveis e, em caso positivo, antecipar onde, como e quando isso deve acontecer.
A equipe, liderada pelos pesquisadores Bart Kruijt, da Universidade de Wageningen, Países Baixos (WUR), e Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), irá estudar um possível sistema que detecte sinais de degradação de grandes dimensões na floresta, e que inclui um sistema de alerta caso uma situação de perda de floresta irreversível pareça provável. O Amazalert também irá avaliar os impactos e efetividade de políticas públicas e medidas para a prevenção da degradação da Amazônia.
A reunião inaugural do projeto, orçado em 4,7 milhões de euros financiados conjuntamente pelo “European 7th Framework Programme” e organizações nacionais, acontecerá entre 3 a 5 de outubro, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, SP.
Antecedentes – Para atingir suas metas, a equipe do Amazalert irá reunir informações disponíveis em trabalhos anteriores sobre clima regional, sensibilidade das florestas e ciclo da água, desflorestamento, os impactos sobre as leis e respostas aos impactos na Bacia Amazônica. Por exemplo, existe uma riqueza de observações resultantes de programas como o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e simulações de mudanças climáticas globais, conduzidas pelos relatórios do IPCC, que também serão exploradas em detalhes.
No entanto, modelos de clima, vegetação, e suas interações estão em constante desenvolvimento e informações sistemáticas sobre o papel das pessoas e da sociedade na funcionalidade da Amazônia como uma região são escassas. Em particular, é necessário um melhor conhecimento dos sistemas de retroalimentação dentro do sistema – por exemplo, as interações entre a mudança da cobertura vegetal e o clima na região amazônica. Um importante objetivo é a compreensão dos funcionamentos e impactos da reciclagem da água da chuva pela presença da floresta. Se esse processo for alterado – talvez por meio de perda de floresta de grande escala – pode ocorrer uma deterioração dos ecossistemas da Amazônia.
O Amazalert também irá melhorar a nossa compreensão do papel do fogo, e como as pessoas, a agricultura e os governos irão responder às mudanças do clima e do meio ambiente. A equipe envolverá diretamente atores de instituições e governamentais para que suas perspectivas sejam incluídas na modelagem e para auxiliar no desenvolvimento de um modelo para um Sistema de Alerta.
Dentro de três anos, o projeto deve fornecer um conjunto de ferramentas aprimoradas para avaliar, e assessorar as tomadas de decisão na gestão futura da região amazônica, incluindo formas de monitorar o funcionamento da Amazônia para se evitar mudanças irreversíveis em seus serviços ambientais.
Mais informações: www.eu-amazalert.org. Fonte: INPE
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César Torres