A campanha “Mangue Faz a Diferença” ganhou forças no início deste ano, quando
a organização conseguiu o apoio de pescadores e pessoas que passavam as férias
no litoral brasileiro. l Foto: #Manguefazadiferença
Existem muitos pontos ambientalmente preocupantes na proposta de mudança do
Código Florestal. Um deles é a questão dos mangues, considerados Áreas de
Preservação Permanente (APP), que podem perder de 10% a 35% de sua área
protegida.
O tema serviu de inspiração para que a ONG ambiental SOS Mata Atlântica
criasse uma campanha contra a mudança na legislação, utilizando o argumento de
que muitas espécies, famílias e até mesmo a economia podem ser prejudicados pela
perda do mangue.
A campanha “Mangue Faz a Diferença” ganhou forças no início deste ano, quando
a organização conseguiu o apoio de pescadores e pessoas que passavam as férias
no litoral brasileiro. A proximidade dos grupos que estavam no litoral com os
mangues, fez com que o tema fosse enxergado de maneira diferente e ganhasse
grande popularidade e apoio.
A conscientização gira em torno do fato de o manguezal ser considerado o
“berçário da vida”. O bioma abriga diversas espécies e também funciona como
fonte de renda e alimento para muitas famílias de pescadores. Portanto, o grande
desafio e o principal motivador da mobilização é conseguir conscientizar as
pessoas que estão na cidade. Conforme explicado por Beloyanis Monteiro,
coordenador de mobilizações da SOS Mata Atlântica, em entrevista ao Programa
CicloVivo.
“A maior parte das pessoas já viu um mangue. Esta não é uma realidade muito
distante. Talvez as pessoas não saibam da importância, e esse é o nosso desafio:
passar a mensagem de que o mangue é importante”, explicou.
Os esforços da ONG contra o Código Florestal têm surtido efeito. A campanha
de popularizou com as hashtags #manguefazadiferenca e #florestafazadiferenca.
Assim, diversos jovens e pessoas que não costumam ter contato com a área
ambiental, mas estão ligados às redes sociais, tomaram conhecimento sobre os
impactos que a legislação pode causar à natureza.
O resultado deste viral foi a coleta de mais de um milhão e meio de
assinaturas, pedindo que a presidente Dilma Rousseff vete a proposta de mudança
no Código. O material foi levado ao planalto, pare ser entregue em mãos à
presidente. No entanto, ela não recebeu os ativistas e o abaixo-assinado teve
que ser entregue ao secretário Gilberto Carvalho.
“O Código Florestal é um a história de todo mundo, não é só de ambientalista.
É uma questão que envolve o pequeno produtor, envolve o pescador, envolve o cara
da cidade. Não dá para ficar quieto. Como cidadãos nós temos um papel muito
importante. Então agora é o momento de unir forças”, argumentou Monteiro.
O ambientalista ainda esclarece que o movimento não é necessariamente
contrário à mudança, mas sim à maneira como ela vem sendo proposta. O Código
Florestal atual é muito antigo, datado de 15 de setembro de 1965, portanto, é
indiscutível que existe a necessidade de uma reformulação e atualização. No
entanto, a proposta atual é tida como um retrocesso ambiental, capaz de, até
mesmo, deixar o Brasil em situação pouco confortável durante a Rio+20, evento
ambiental que será realizado no Rio de Janeiro, em junho deste ano.
Diante da importância do impedimento desta decisão, Monteiro explica que a
hora de os brasileiros agirem é agora. “Se a gente achar que a batalha está
ganha, a gente vai entregar de ‘mão beijada’. Nós temos que nos engajar e
pressionar [as autoridades]”, finalizou.
Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo
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