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sábado, 30 de abril de 2011

Os desafios da Rio+20

Renato Grandelle
Duas décadas depois, cidade volta a sediar conferência sobre sobrevivência do planeta

Um mundo dividido, em crise financeira, irresponsável na exploração de recursos naturais e de instituições obsoletas. Alguns desses sintomas, senão todos, poderão ser remediados na Rio+20, a conferência sobre desenvolvimento sustentável que a ONU promoverá no Brasil em junho do ano que vem, duas décadas após a Eco 92. As palavras de ordem do encontro serão economia verde e erradicação da pobreza, diz o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, também subsecretário-geral da ONU. Em visita ao Rio, onde participou de uma mesa-redonda na Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, Steiner elogiou as políticas públicas brasileiras e revelou que medidas espera da comunidade internacional daqui até o fim do evento carioca.

EXEMPLO BRASILEIRO: “O Brasil pode dizer ao mundo que enfrentou muitos desafios em busca do desenvolvimento e, assim, conseguiu exemplos significativos em relação a algumas questões sociais. No governo do presidente Lula houve muitos temas sobre os quais o mundo mostrou interesse. As taxas de desflorestamento na Amazônia foram tão reduzidas que, talvez, tenham sido as maiores baixas deste índice em todo o planeta nos últimos anos. A transição para a economia verde, em diversos setores, já está em curso no país.”

UM BALANÇO DO PAÍS: “Um ponto positivo do Brasil é seu nível de inovação na busca por uma economia de baixo carbono. É um setor que, aqui, gera 2,6 milhões de empregos, quase o mesmo que toda a indústria de construção. Mas, como este assunto provoca debates intensos e competição de interesses, às vezes o ritmo das mudanças é mais lento do que muitos brasileiros gostariam.”

DA ECO 92 À RIO+20: “O mundo concordou, em 1992, que o desenvolvimento sustentável, com as questões econômicas, sociais e ambientais que implica, deveria ser o foco. Mas, 20 anos depois, o progresso não tem sido suficientemente rápido. Vivemos em uma época de crise financeira, alimentar, de mudanças climáticas. São desafios para o futuro de nossas economias, sociedades e mesmo para a paz social. Por isso, o desenvolvimento sustentável mantém-se como o grande tema de 2012.”

A NOVA CONFERÊNCIA: “Queremos promover a Rio+20 como a grande oportunidade para que a comunidade internacional reconheça a necessidade de mudar seu curso. Que desenvolva acordos internacionais sobre como trabalhar juntos na transição para uma economia verde, que é um desafio global. A ONU e setores científicos e econômicos já identificaram em que áreas devemos mudar de direção. A questão é: teremos compromissos? Os países podem não ver as negociações internacionais apenas como um mercado de barganha, em que se dá uma coisa e se espera algo em troca?”

GLOBALIZAÇÃO: “Não adianta contemplar os problemas apenas em nível nacional. Mesmo um país grande como o Brasil não escapa, por exemplo, da necessidade de uma ação global contra as mudanças climáticas. No mercado de alimentos, uma seca ou uma enchente na Austrália faz com que os latino-americanos aumentem os preços dos alimentos da América Latina no dia seguinte. Essa é a forma como a economia está amarrada hoje. Precisamos de um local, e por isso a ONU é importante, em que as nações ajam solidariamente. Os grandes desafios do nosso tempo não serão resolvidos por meio de competições; eles requerem cooperação. É por isso que as conferências das Nações Unidas, por mais frustrantes que pareçam as negociações, são vitais para a História das relações humanas.”

MUDANÇAS CLIMÁTICAS: “As negociações não vão bem. Este é um assunto de importância e dramaticidade crescentes. Se você o leva a sério, está falando de mudanças em todos os setores econômicos. E ainda não se conseguiu chegar a um acordo considerado justo por todas as partes. Não é a tecnologia, a economia ou a ciência que têm nos segurado. Não é mais sobre países desenvolvidos contra países pobres e em desenvolvimento. É uma realidade mais diversa. Chegar a um acordo provou-se extremamente difícil, particularmente porque dois ou três grandes jogadores não avançaram tanto como seria necessário, fazendo os demais frearem. Para o futuro do clima, isso é lamentável.”

NOVA ECONOMIA: “Enquanto a biodiversidade e os recursos naturais não forem contemplados como recursos fundamentais de um país, eles não têm valor. O PIB não pode ser o único índice para medir o sucesso de uma economia.”

INSTITUIÇÕES ULTRAPASSADAS: “Um dos temas principais da Rio+20 é como fazer as nações trabalharem melhor juntas. Os países têm instituições suficientemente robustas para uma transição para a economia verde? Não, estamos trabalhando com um sistema de governança que tem 20, 30 ou 40 anos. Muitos se perguntam se é preciso reformar nossas instituições no plano internacional. Há claramente um senso global de que elas não estão adequadas para responder aos novos desafios.”

O FUTURO: “Temos de pensar em um mundo com as necessidades de 9 bilhões de pessoas, porque esta será a população daqui a apenas 40 anos. Precisamos de mais comida, energia, mobilidade. Sabemos que, em muitas partes do mundo, estamos atingindo o limite sobre o quanto é possível extrair do planeta. Enfrentamos carência de água e insegurança alimentar. Sem investimentos em sustentabilidade, haverá um colapso.”

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