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terça-feira, 10 de maio de 2011

Menos nuclear no futuro japonês

Equipe do Greenpeace monitora radiação no Japão.
Primeiro-Ministro japonês anuncia que vai cancelar investimentos em novas usinas nucleares. O país tem potencial para ser renovável e investir em eficiência energética.

Na proximidade do aniversário de dois meses do acidente nuclear em Fukushima, o Primeiro-Ministro japonês Naoto Kan traz um anúncio alentador para a população do seu país. Vai abandonar de vez novos projetos de construção de reatores. Até o ano passado, as projeções eram de construção de 14 novos reatores até 2030, em um país que já conta com 54 usinas, responsáveis por 30% da energia produzida internamente.

“A decisão pode colocar o Japão no rumo certo das políticas energéticas, um rumo limpo e renovável”, comemorou Junichi Sato, Diretor Executivo do Greenpeace no Japão. “Precisamos agora ver o comprometimento do Primeiro-Ministro em eliminar gradualmente toda a energia nuclear no país e garantir os investimentos certos”, complementou Sato.

O sonho está mais próximo do que parece. De acordo com o estudo Revolução Energética, desenvolvido pelo Greenpeace, o Japão tem tudo para se ver livre de nuclear até 2050, sem prejuízo ao abastecimento e com crescimento limpo e seguro.

Lançado em 2008, a versão japonesa do relatório, estudo que traz previsões de como os países podem se desenvolver mais e melhor com o uso das energias limpas, mostra que o Japão pode ter sua matriz energética 60% renovável nos próximos 40 anos. Neste cenário, o último reator nuclear daria adeus ao país até 2045.

O segredo está em focar seus investimentos em eólica, biomassa, geotérmica e solar. Graças ao seu alto grau de desenvolvimento tecnológico, o país tem potencial de sobra para investir em eficiência energética, com aparelhos mais modernos que consomem menos energia. A queda progressiva do crescimento populacional do Japão ajudaria no resto: consumo 53% menor nos próximos 40 anos.

“Este passo importante, dado por um país conhecido pela alta dependência de usinas nucleares, é mais um aviso ao governo brasileiro de que o mundo está dando as costas para este tipo de energia insegura, cara e desnecessária. Especialmente para o Brasil, o país do sol e dos ventos, que tem potencial de sobra para ser 100% renovável”, afirma Ricardo Baitelo, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.

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César Torres

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