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domingo, 1 de maio de 2011

O biocombustivel e a fome

Todos nós temos consciência de que as reservas de petróleo são finitas. Segundo analistas e especialistas nesta área, existe ainda petróleo para os próximos 40 anos dentro dos padrões de consumo atual (75 milhões barris/dia), que em termos de tempo é extremamente exíguo. Por outro lado, o que nos choca é pensar que a natureza levou milhões, talvez bilhões de anos fermentando nas entranhas da terra para se transformar neste precioso líquido que a civilização dos anos recentes está transformando tudo em fumaça ou em produtos que levarão centenas de anos para serem digeridos novamente pela mesma mãe natureza.

Pelo conceito do “sino” de Hilbert, já alcançamos a curva superior em termos de reservas. A não ser que descobertas surpreendentes façam mudar este quadro, a civilização do petróleo está chegando ao seu fim, isto é, durou apenas trezentos anos. Diante deste quadro da extinção próxima do petróleo, o homem se atira desesperadamente, em furar a barriga de nossa mãe terra, cada vez mais profunda na busca deste precioso líquido.

Com os preços do petróleo acima de US$ 100,00 o barril, começou tornar-se viáveis outras alternativas de energia onde uma delas é o da biomassa. No desespero, para não dizer despreparo ou falta de visão das elites políticas, se lançam naquela alternativa que esteja mais próxima, ou seja, solução de curto prazo: Biocombustivel. A natureza nos oferece miríades de possibilidades neste campo, principalmente aqueles que para consumo humano são tóxicos, que poderiam ser opções valiosas como o óleo de mamona e de tungue entre outras.
A insanidade do ser humano, na busca de lucros imediatos, encontrou a solução justamente naqueles produtos nobres de consumo enérgico humano que são a cana de açúcar, o milho, oleaginosas comestíveis (soja) etc. Ou seja, estamos desviando a energia do ser humano, para uso em fins industriais e mais particularmente em combustível para automóvel. Diante deste absurdo, toda a cadeia alimentar do ser humano, pela lógica de mercado, os preços irão para as nuvens. É fácil raciocinar que milhões (talvez bilhões) de seres humanos serão sacrificados, pela força dos preços de mercado a morrerem de fome, para que outros milhões possam andar impunemente de automóveis ou adquirindo bens para satisfazerem seus sonhos e prazeres lúdicos.

Sem perda de generalidades com outras fontes de energia mais barata e menos poluente, a busca alternativa dos chamados biocombustíveis, tem se revelado como uma oportunidade de eficiência promissora, se os atuais preços do petróleo no mercado continuarem em ascensão, mas que tenhamos ao mesmo tempo superprodução de alimentos.

A grande questão está centrada no fator ambiental. O raciocínio é obvio, se a produção de alimentos for desviada para o combustível, teremos (talvez) um preço para estes mais barato, mas em contra partida o preço dos alimentos serão elevados a níveis socialmente insuportáveis. Haverá assim uma população reduzida com os confortos da civilização contra um exército de miseráveis de pires na mão. Em outros termos, o fosso entre ricos e pobres (ou miseráveis) será simplesmente humilhante. Jacques Diouf presidente da FAO, alerta para os biocombustíveis como o maior responsável pelo aumento geral dos preços dos alimentos no mundo, embora não seja a única, diante das catástrofes climáticas que estamos presenciando.

Se por outro lado, for explorado outras fontes para combustível de massa biológica não consumível pelo ser humano, veremos grandes áreas devastada para seu plantio comprometendo cada vez mais a biodiversidade. A não ser que tenhamos bom senso de explorar imensas áreas de deserto em todo o mundo com a utilização da tecnologia hoje disponível em termos agrícola.

Estamos diante do paradoxo do petróleo, embora as quantidades sejam limitadas que leva a condição de extinção, ele jamais será consumido totalmente em decorrência do efeito mercado. Ou seja, a medida do esgotamento das reservas o preço assumirá valores tão elevados, onde neste caso outras formas de energia serão utilizadas, de sorte que as reservas jamais serão esgotadas.

Sergio Sebold – Economista e Professor de Pós-Graduação do ICPG/UNIASSELVI – Blumenau – SC - EcoDebate, 28/04/2011

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