Poluição, desmatamento e a perda da biodiversidade são problemas decorrentes de um jeito de viver, da forma de desenvolvimento e dos padrões de consumo que adotamos, que pena! Soma-se a isso a grande quantidade de pessoas no mundo, cada uma produzindo impactos sobre a Terra.
A preocupação com esse cenário acompanha muitos que conheço e a própria humanidade há décadas, e a problemática socioambiental está em pauta – no cotidiano, na educação, nos jornais, nas políticas públicas.
Já faz tempo, foi em 1983, que a Assembléia Geral da ONU criou uma comissão para inovar com propostas para harmonizar as questões de meio ambiente e desenvolvimento. O resultado dos trabalhos desta comissão foram apresentados em 1987 com o lançamento do “Nosso Futuro Comum” (Relatório Brundtland). Apontava ali, para a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e de consumo vigentes.
Participei da Rio-92 (Eco 92) realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Compareceram delegações de 175 países. Após a Conferência foi construído um conjunto de princípios e compromissos assumidos pelos países, como as convenções, sobre Mudança do Clima, Biodiversidade, uma Declaração sobre Florestas. A Conferência aprovou também documentos de objetivos mais abrangentes e de natureza mais política: a Declaração do Rio e a Agenda 21. Todos endossam o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável.
A Rio-92 contou com a participação de inúmeros representantes da sociedade civil de todo o Planeta e como resultado gerou outro importante documento: o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”, na qual a educação para a sustentabilidade foi revelada na época com muito entusiasmo.
Estados, municípios e comunidades foram estimulados e muitos desenvolveram suas Agendas 21 Nacionais, Regionais e Locais.
Foi assim que raiou na década de 1990, o desenvolvimento sustentável, transmitindo a todos nós uma imagem positiva de engajamento para o desenvolvimento social e ambiental. E que com o passar dos anos se cunhou esse termo hoje tão usado e apropriado, a sustentabilidade.
Sou testemunha que o ambientalismo brasileiro permitiu que o campo da sustentabilidade se desenvolvesse possibilitando que num país com diferenças sociais, incremente-se a sustentabilidade social, além da sustentabilidade ambiental.
Está em construção uma nova visão?
Mudanças no Código Florestal, índices de desmatamento aumentando no Centro-Oeste, violência no campo contra pessoas que lutam a favor da terra e pelo meio ambiente (Pará e Roraima) e outros acontecimentos não asseguram a sustentabilidade.
Hoje há um entendimento da sociedade de que a sustentabilidade deve se aplicar a qualquer empreendimento, ser humano, país e família. A regra é clara: para ser sustentável, precisa ser economicamente viável, socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta. Um conceito sistêmico, que conecta e integra de forma organizada os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade em continuidade com essas vertentes e em equilíbrio ao longo do tempo.
Mas, temos muito ainda por fazer, para que retrocessos não interrompam todos os esforços dessa historia.
Imbuídos de criatividade e inovação, o entendimento tem que se transformar em atitude e atividades que de fato transformem a cultura, o jeito de construir, de fazer negócio, de comprar, de separar os resíduos, enfim um jeito diferente de viver.
Patricia Otero é fundadora do Instituto 5 Elementos. Formada em Pedagogia, especialista em Meio Ambiente; em Mídias Interativas e Práticas Pedagógicas, fez Curso de Redes Sociais e Inteligência Coletiva. E membro da rede Lead-Leadership for Environmental and Development. Ambientalista desde 1987. Atualmente é Secretária Municipal de Meio Ambiente em Itu (SP); elo da REPEA; Conselheira do COMDEMA-Itu e Membro do CBH - Sorocaba Médio Tietê.
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César Torres