Um novo relatório da organização conservacionista WWF traz descobertas surpreendentes: Madagascar, a quarta maior ilha do mundo, provou ser o sonho dos taxonomistas. Desde 1999, em uma base quase semanal, os cientistas descobriram um desfile de 615 novas espécies.
No total, ao longo dos últimos 12 anos, os pesquisadores identificaram 17 peixes, 41 mamíferos, 61 répteis, 69 anfíbios, 42 invertebrados e 385 plantas novas a ciência.
E o ritmo da descoberta não mostra sinais de desaceleração. Devido ao crescente interesse científico em Madagascar, e graças aos avanços tecnológicos que permitem identificação rápida, como codificação de DNA, a descrição de novas espécies pode continuar ou até aumentar.
Uma delas é o menor primata do mundo, o lêmur rato de Berthe, uma criatura pequena o suficiente para caber dentro de um copo de 9 centímetros que pesa apenas 30 gramas.
Também foram descobertos um lagarto que usa uma casca de árvore para se disfarçar e um inhame não tão fotogênico quanto o lêmur. Todas as espécies são especiais, coloridas ou bizarras, e muitas são exclusivas de Madagascar.
As espécies únicas da ilha derivam de seu relativo isolamento. Madagascar se separou da África e do subcontinente indiano nos últimos 80 a 100 milhões de anos, permitindo que seus moradores (plantas e animais) evoluíssem em formas fantásticas. Cerca de 70% das espécies da ilha não são vistas em nenhum outro lugar do planeta.
Mas nem tudo são rosas. Segundo os cientistas, a parte triste é que muitas espécies podem desaparecem antes mesmo de serem descobertas. Muitas das criaturas descobertas já estão ameaçadas e a perda de habitat é muito rápida.
As florestas de Madagascar foram devastadas em uma taxa de cerca de 2% ao ano entre 1950 e 1990. Segundo a WWF, a ilha perdeu 90% de sua cobertura florestal original. Isso porque os seres humanos dependem das florestas da ilha também. Cerca de 80% da população malgaxe utiliza a madeira como principal fonte de energia.
Além disso, grandes áreas de floresta são desmatadas para agricultura de subsistência. E, embora a taxa de desmatamento tenha reduzido pela metade entre 1990 e 2005, continua a ser um problema sério.
Hoje em dia, existem esforços para capacitar as comunidades locais a fim de que eles gerenciem melhor os recursos da ilha, porque são eles que tomam as decisões diárias de como usar a floresta.
Porém, uma peça importante desse quebra-cabeça está em melhorar a situação econômica da população. O país é um dos mais pobres do planeta, e um golpe de 2009 complicou ainda mais a situação financeira da nação.
No meio desse fuzuê político, o financiamento internacional para programas ambientais no país foi cortado e houve um aumento no tráfico de animais exóticos e árvores raras. No entanto, apesar de seus problemas, a WWF e outras organizações internacionais continuam tentando conservar a ilha. Segundo eles, é um lugar extraordinário que precisa de muito apoio para sobreviver.[LiveScience]
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César Torres